Agora, agora e mais agora é um podcast de histórias da história para tempos de quarentena. Baseado num livro em progresso com o mesmo título, de Rui Tavares, Agora, agora e mais agora percorrerá mil anos de história europeia e global tendo por objetivo atualizar os dilemas das pessoas do passado e colocar em perspectiva histórica os dilemas das pessoas do presente.
Agora, agora e mais agora chega a livro para “ajudar a revalorizar o conceito de sabedoria”
Os dilemas que se viviam há mil anos são muito semelhantes aos de hoje. É Rui Tavares que o diz em “Agora, agora e mais agora”, o podcast criado durante a pandemia que agora toma a forma de uma colecção de livros. Nela, o autor conta-nos, em conversas, as preocupações de há um milénio, actualizando-as e dando-nos uma nova perspectiva sobre os nossos dias. Neste P24 ouvimos o autor do livro, Rui Tavares.
2/16/2023 • 16 minutes, 40 seconds
Epílogo: figos e filosofia
Este é o epílogo do podcast “Agora, agora e mais agora” — seis memórias do último milénio (um episódio que pode ser acompanhado por figos, de preferência secos, para quem assim o desejar). Se entre a nossa primeira, segunda e terceira memória há traços de união, uns fios de seda translúcida, quase transparentes, que antes ignorávamos, e se entre a quarta, quinta e sexta memória — as da emancipação, do ódio e da pergunta do destino humano — há traços de união mais fortes e celebrados, corriqueiramente glosados como sendo os que unem iluminismo a modernidade e contemporaneidade — que ligação há entre a primeira, segunda e terceira memória, por um lado, e a quarta, quinta e sexta memória? Haverá um elo perdido entre a primeira e a segunda metade da nossa história? A haver, o elo perdido teria de ser Espinosa. “Agora, agora e mais agora” — seis memórias do último milénio é um podcast de história para tempos de quarentena por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
6/17/2020 • 1 hour, 29 minutes, 16 seconds
Alfarrábios e algoritmos
Esta é a quinta e última conversa da nossa sexta e última memória, intitulada "A Pergunta", dedicada aos direitos humanos. Este podcast cobre mil anos de história. Mais ou menos. De 950, ano em que morre Al Farabi, até 1948, ano da Declaração Universal de Direitos Humanos — e do 1984 de George Orwell. Vá, mil e setenta e seis se considerarmos o ano de nascimento de Al Farabi, no ano de 872. Deixamos-lhe um convite: tenha consigo um figo seco quando estiver a ouvir o último episódio — o epílogo deste podcast —, que será publicado nos próximos dias. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
6/2/2020 • 38 minutes, 44 seconds
Mil novecentos e quarenta e oito
Esta é a quarta conversa da nossa sexta e última memória, intitulada "A Pergunta", dedicada aos direitos humanos. Seis dias antes de a Declaração Universal de Direitos Humanos ser consagrada no Palais de Chaillot, em Paris, um escritor inglês enviou a versão final do seu novo romance, que ele não sabia que seria o seu último, para o seu editor. O escritor chamava-se George Orwell e o romance chamava-se 1984. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
5/29/2020 • 40 minutes, 38 seconds
O momento cosmopolita
Esta é a terceira conversa da nossa sexta e última memória, intitulada "A Pergunta", dedicada aos direitos humanos. Não houve praticamente discussão de direitos humanos na Conferência de Teerão, no fim de 1943, que juntou Roosevelt, Churchill e Stalin, e que conseguiu o acordo deste para fazer parte das Nações Unidas também após a Guerra — ficando de qualquer forma definido que haveria um direito de veto para cada um dos três governos. Dois anos depois, a Conferência de Ialta, no início de 1945, entre os mesmos três homens, foi principalmente dedicada a questões de partilhas, ou seja, de definição de esferas de influência entre cada uma das potências vitoriosas, a que se juntaria depois a China republicana, de Cheng-Kai Shek. Mais tarde, relutantemente, Churchill lá consegue agregar a França de Charles de Gaulle aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, com o mesmo veto que fora prometido antes. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
5/26/2020 • 47 minutes, 1 second
Recomeçar
Esta é a segunda conversa da nossa sexta e última memória, intitulada "A Pergunta", dedicada aos direitos humanos. As malhas que a ideia dos direitos humanos tece são agora muitas; poderíamos contar uma infinitude de histórias com elas. O rio subterrâneo de que tenho vindo a falar apareceu agora à superfície, mas não julguem que foi num enorme caudal. Os direitos humanos não são, ainda, uma ideia dominante entre as elites políticas e económicas e provavelmente também não entre as massas. A imagem que podemos ter não é a de um enorme estuário de um rio prestes a entrar no mar, mas antes a de inúmeras pequenas correntes num solo seco e crestado, prestes a engoli-las de novo. Ainda assim, à diferença de outras histórias que contámos antes, a ideia de direitos humanos não está agora dependente de apenas uma linhagem. São agora umas centenas, talvez milhares ou, com sorte, milhões de humanos que são capazes de levar essa ideia para a frente. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
5/18/2020 • 34 minutes, 49 seconds
Os sobreviventes
Esta é a primeira conversa da nossa sexta e última memória, dedicada aos Direitos Humanos. Gaetano Salvemini entra no anfiteatro, encara os seus alunos, esboça talvez um sorriso, e diz: “como estávamos a dizer na nossa última aula”. E continua. Como se não tivesse havido nada. Como se o mundo dentro da sala de aula, a aula de história nem mais nem menos, permitisse pôr um parêntesis à volta de tudo o que tinha acontecido. Ou como se o exilado saboreasse, com aquela travessura, a sua sobrevivência sobre os seus carrascos — vejam a pouca importância que vos dou, faço aqui de conta que não tentaram destruir a minha vida, que não existiram sequer. Ou talvez fosse aquela uma demonstração de resiliência e de coragem. Não nos vergaram, é manter a calma e seguir em frente. Pode ter sido tudo isso. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
5/15/2020 • 40 minutes, 57 seconds
A verdade acerca da verdade
Esta é a quinta conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. Admito que a ideia que em geral tenhamos do Caso Dreyfus, mesmo quando temos pouca ideia dele, seja mais ou menos a seguinte: um erro judiciário em que um capitão judeu é acusado e condenado por espionagem, num primeiro momento. E um segundo momento em que a verdade vem ao de cima trazida à tona de água por salvadores heróicos como Émile Zola. Assunto esclarecido. Os bons ganharam. Vitória, vitória, acabou-se a história. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
5/10/2020 • 33 minutes, 4 seconds
O meu problema com Bernard Lazare
Esta é a quarta conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. O meu problema com Bernard Lazare é que não consigo fazê-lo caber num episódio, nem provavelmente numa memória inteira, nem sequer num livro. Para isso, devo confessá-lo já, o melhor é lerem uma das biografias que lhe foram consagradas, ou por Jean-Cristophe Bredin — que vamos aqui seguir em traços largos — ou por Phillippe Oriol. Mas mesmo depois de tirar uns dias para poder esquecer-me do excesso de leituras sobre ele, para poder resumi-lo ao essencial aqui, eu não consigo pôr Bernard Lazare num só episódio, agora que começamos a aproximar-nos do fim, não tenho outra hipótese senão enfiá-lo mais ou menos à força num episódio apenas. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça outros podcasts em publico.pt/podcasts.
5/7/2020 • 32 minutes, 30 seconds
Antes de a verdade calçar as botas
Esta é a terceira conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. Houve anti-semitismo antes e depois do Caso Dreyfus mas o anti-semitismo moderno nasce com o Caso Dreyfus. O solo fértil da França revancharde, regado por doses copiosas de ressentimento e vitimização das elites católicas e monárquicas faz germinar este fenómeno. Ele não é, contudo, exclusivo deles. Há que dizer que, mesmo na esquerda republicana, muitos admitem desde logo e sem questionar que Dreyfus será certamente culpado. Políticos como o republicano Clémenceau ou o socialista Jaurès, que mais tarde serão vigorosos dreyfusards, dão nestes primeiros tempos por adquirida a culpabilidade de Dreyfus e lamentam até que a pena de morte tenha sido abolida pois consideram-na inteiramente adequada a este caso. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Conheça os podcasts do PÚBLICO em www.publico.pt/podcasts
5/1/2020 • 26 minutes, 57 seconds
A desunião geral
Esta é a segunda conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. Até 1870, a França é um império governado por um Napoleão: o Segundo Império e o Imperador é o Luís Napoleão Bonaparte, Napoleão III Imperador dos franceses e sobrinho do Napoleão Bonaparte. Mas o Império perdeu-se por causa de um telegrama. Em 1870, uma troca de mensagens entre o Embaixador de França e o Rei da Prússia é adulterada pelo Chanceler Bismarck de maneira a parecer que o Rei da Prússia se referira ao embaixador francês de forma humilhante. O episódio, em si insignificante, vai excitar o nacionalismo francês e levar Napoleão III a declarar guerra à Prússia. Grave erro. O que era para ser um momento de glória transformou-se numa catástrofe: a França perde rapidamente a guerra e, com ela, as suas Províncias da Alsácia e da Lorena e, finalmente, o próprio império. Humilhação suprema: é em Versalhes que o Rei da Prússia vai ser coroado imperador do Império Alemão. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Mais programas em publico.pt/podcasts.
4/29/2020 • 22 minutes, 48 seconds
A senda do ódio
Esta é a primeira conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. Léon Daudet era um escritor de algum talento. Mas era um autor que detestava, detestava e detestava. Logo nas primeiras páginas anuncia-se que o autor detesta a democracia. Detesta o parlamento e o parlamentarismo. Detesta a ideia de que a ciência "não tenha pátria nem fronteiras”. Detesta a ideia dos Estados Unidos da Europa (mais sobre isto à frente). Detesta a ideia da igualdade, e a ideia de que “o povo queira igualdade”. Detesta a ideia de que “a democracia seja a paz”. Detesta a ideia de que “a ciência seja boa e que o futuro pertença à ciência”. Detesta a ideia da "instrução laica” e mais ainda a ideia de que “a instrução laica seja a emancipação do povo”. Detesta “a igualdade entre religiões”. Há muitas razões para acreditar que o século XIX tenha sido estúpido, como há muitas razões para encontrar estupidez em todos os séculos da história da humanidade. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Mais programas em publico.pt/podcasts.
4/28/2020 • 24 minutes, 2 seconds
Um português pousa a pena no século XVIII
Esta é a quinta conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. No dia 15 de Novembro de 1759 um português pousou a pena com que escrevera em Paris um tratado sobre reformas da educação — tema de actualidade naquele ano, como vimos atrás — a que deu o título de "Cartas sobre a Educação da Mocidade". O homem que escrevia não estava em Portugal, de onde fugira aos 27 anos com medo da Inquisição, e aonde nunca mais voltara. Passou por Londres, onde se converteu brevemente ao judaísmo, religião dos seus antepassados. Foi para a Holanda, onde estudou medicina, e ficou racionalista para o resto da vida. Acabou na Rússia, onde foi médico da czarina Anna Ivanovna. Esteve na Crimeia, onde conviveu com muçulmanos e budistas. Passou pela Prússia a visitar Frederico II. E agora está em Paris, onde tenta sobreviver sem pensão até que Catarina a Grande se lembrará dele e o deixará confortável em rublos até ao fim da vida. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em https://www.publico.pt/podcasts
4/27/2020 • 23 minutes, 26 seconds
Homens que nunca se aborrecem
Esta é a quarta conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. John Stuart Mill é principalmente conhecido como pai do liberalismo clássico do século XIX. Mas antes de o ter sido, foi filho — e afilhado — do utilitarismo iluminista do século XVIII, tendo visto a sua infância sacrificada à mesma organização do tempo que tinha nascido antes com Benjamin Franklin, inspirada numa figura como a de Robinson Crusoe, e que no outro lado do mundo formava mentalidades como a do velho general Bolkonski, aquele que em Guerra e Paz dizia “em verdade vos digo, nunca me aborreci um único dia da minha vida”. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em https://www.publico.pt/podcasts
4/26/2020 • 31 minutes, 34 seconds
A modernidade como pontapé na bunda
Esta é a terceira conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. Pelos mesmos dias de outubro e novembro de 1755 em que Benjamin Franklin andava por Filadélfia a tentar convencer a assembleia da Pensilvânia a alterar as políticas radicalmente pacifistas do fundador William Penn, ocorria do outro lado do Atlântico um daqueles acontecimentos de que se diz que “mudam o mundo”. Nove em cada dez vezes, não é verdade. Esta é uma das outras. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça outros podcasts do PÚBLICO em https://www.publico.pt/podcasts
4/24/2020 • 28 minutes, 46 seconds
A solução Quaker para a Europa
Esta é a segunda conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. No final do século XVII, quase todos os cristãos tinham uma certeza e uns quantos deles tinham uma preocupação. A certeza era a de que o cristianismo era a verdadeira religião. A preocupação era que, nesse caso, se tornava difícil saber qual cristianismo. Se o cristianismo era a verdadeira religião, então por que raio os cristãos estavam num estado de guerra e discórdia permanente entre católicos e protestantes, entre protestantes e protestantes, entre seitas dentro de cada igreja e tendências dentro de cada seita? Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/22/2020 • 26 minutes, 2 seconds
O lado B
Esta é a primeira conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. Um dia, quando estava mais ou menos a começar a escrever este livro, decidi ir a uma igreja assistir a uma missa. Bem, isto é mentira, não era uma igreja e não era uma missa, mas é maneira mais aproximada que eu tenho de vos explicar. Além disso, eu sou ateu. Mas se fosse religioso acho que estava sempre lá caído para as missas e não só. Se eu não fosse ateu gostaria de ser devoto, do judaísmo ao candomblé. Como não sou religioso, gosto de ser ateu, e gosto de gostar de religiões. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/21/2020 • 24 minutes, 7 seconds
O amor é um jogo perdido
Esta é a quinta conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Em 1560, um jovem de 21 anos, filho de pai espanhol e de mãe inca, saiu da cidade de Cuzco, nos Andes, e fez os mais de mil quilómetros de montanha e selva que o separavam de Lima, cidade fundada há apenas 25 anos e há menos de 20 anos capital do Vice-Reino do Peru, para poder apanhar um barco para a Europa. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/18/2020 • 30 minutes, 35 seconds
O ódio sagrado ao mundo
Esta é a quarta conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Fuga sæculi, o ódio sagrado ao mundo, era um sentimento comum a gente religiosa de várias religiões na transição entre a Idade Média e o Renascimento. Neste episódio veremos como Isaac Abravanel, o judeu, abandonou os seus entusiasmos aristotélicos para se dedicar a estudar uma data para o fim do mundo. Outros odeiam o mundo, detestam-no com uma força tal precisamente por ele não ter ainda acabado e para demonstrarem o seu amor maior pela espiritualidade que há-de vir, desprezando a carnalidade, a corporeidade deste mundo desgraçado em que vivemos. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/17/2020 • 36 minutes, 28 seconds
Memória, medo e media
Esta é a terceira conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Há 500 anos, por estes dias, um jovem monge alemão enviou para o seu bispo um texto composto por uma série de 95 curtas teses de uma ou duas linhas cada, escritas em latim. Pode ser que tenha também pregado o mesmo texto na porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg, no dia 31 de Outubro de 1517, dando assim início à Reforma Protestante. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/15/2020 • 27 minutes, 52 seconds
Como escrever sobre um amigo decapitado?
Esta é a segunda conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. No dia 26 de Janeiro de 1536, o português Damião de Góis, que se encontrava na cidade italiana de Pádua, respondeu a uma carta de Erasmo de Roterdão, que estava em Basileia, na Suíça, e que era o mais célebre autor europeu do seu tempo. Entre novidades sobre amigos, livros, mudanças de casa e saúde — Damião de Góis destruíra, em frustração, o bilhete em que Erasmo lhe enviara comunicando-lhe que estava cada vez mais doente com gota — há algo que Damião sente que tem de dizer ao seu amigo e mentor. Trata-se de falar da morte de Tomás Moro (ou Thomas More, ou ainda Morus, o político e jurista inglês que escrevera "A Utopia") que ocorrera no Verão passado, a 6 de Julho de 1535, através de execução por decapitação. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/14/2020 • 18 minutes, 30 seconds
A casa das perguntas
Esta é a primeira conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Passaram mais de 200 anos sobre a nossa última conversa. Estamos agora no dia 4 de Abril de 1571, uma quarta-feira no antigo calendário juliano. Damião de Góis tem 69 anos, é guarda-mor da Torre do Tombo, historiador do reino e autor da "Crónica do Felicíssimo Rei Dom Manuel". Vive entre Alenquer, a sua terra natal, e Lisboa. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/13/2020 • 17 minutes, 38 seconds
Passado, prosperidade e pandemia
Esta é a quinta e última conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização. Quando Boccaccio se recolheu à vila de Fiesole, nos arredores de Florença, durante a peste de 1348, e teve a sua ideia para o "Decameron" de cem histórias contadas por sete mulheres e três homens que fazem uma quarentena, já era de um exercício de nostalgia que a sua vida literária tratava. Dante morrera uma geração antes, em 1321, no exílio, em Ravena. Boccaccio tinha por ele uma admiração profundíssima. Nós, que conhecemos o título da maior obra de Dante, a “Divina Comédia”, ignoramos na maioria que ela só se chama assim por causa de Boccaccio. Dante chamara ao seu poema apenas a “Comédia”. Foi Boccaccio que lhe acrescentou o adjectivo “Divina” de cada vez que falava ou escrevia sobre ela, de forma que a qualificação acabou por se tornar inseparável do título. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/9/2020 • 24 minutes, 2 seconds
O espanto do mundo
Esta é a quarta conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização. Em plena epidemia da gripe pneumónica a que chamaram “espanhola”, em 1919, um padre católico em professor da Universidade Complutense de Madrid, chamado Miguel Asin Palacios, que tinha então 48 anos, publicou um livro com o título “A escatologia muçulmana na Divina Comédia”. A ligação entre a escatologia muçulmana e a Divina Comédia é que não pareceu a toda a gente assim tão evidente. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/6/2020 • 22 minutes, 18 seconds
O tempo do notário
Esta é a terceira conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização. Vamos falar hoje de uma pessoa nascida em 1220, o que quer dizer há exatamente oitocentos anos de nós. O seu nome era Brunetto Latini, era florentino, era do partido guelfo, e era notário — um dos notários mais interessantes e importantes da história, embora isso não seja à partida motivo para que ele seja muito famoso, até porque as pessoas não são em geral muito fascinadas por notários. Mas fazem mal: o facto de os notários existirem e de poderem assumir os papéis que Brunetto Latini desempenhou durante a sua vida é em si mesmo indicativo dessa revolução perdida — ou dessa revolução não bem chegada a nascer — de que andamos à procura nesta nossa memória. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/2/2020 • 21 minutes, 58 seconds
No princípio era o fim do mundo
Esta é segunda conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização. Entre 500 e 1500 não há praticamente geração que não acredite ser a última, e o mais notável é que quem faz essas previsões não são só profetas loucos ou marginais, mas os mais importantes bispos, teólogos e autores de três religiões, duas delas cada vez mais dominantes desde a Ásia Central até à Europa Ocidental. A crença no fim do mundo para breve, para hoje, para este ano, até para ontem, não é uma maluqueira das franjas da sociedade mas um facto perfeitamente assumido por estas sociedades a partir do topo da sua hierarquia religiosa, num tempo em que a religião se foi tornando o discurso determinante, ou até mesmo o pensamento único. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
4/1/2020 • 22 minutes, 38 seconds
Guelfos e Gibelinos
Esta é a primeira conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização. O que acontecerá às nossas polémicas quando já ninguém se lembrar delas? Quando já ninguém entender o significado das palavras com que tanta energia gastamos, tanto fôlego perdemos? Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
3/30/2020 • 26 minutes, 18 seconds
Make Aristotle Great Again
Esta é a quinta conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo. Al Farabi define os seres humanos como “os membros daquela espécie na qual não conseguem cumprir com aquilo de que necessitam sem viverem juntos em muitas associações num único lar”. Essas “associações dos humanos” são: “as aldeias, os bairros, as cidades, os conjuntos de cidades, as nações e as associações de nações” até à “associação cívica” da humanidade inteira que é a “associação humana inqualificavelmente perfeita”. A linguagem é do século X, o pensamento é útil para o nosso tempo. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
3/29/2020 • 33 minutes, 8 seconds
Os zoroastrianos
Esta é a quarta conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo, dedicada ao filósofo medieval Al Farabi. Provavelmente Zaratustra não se terá pensado a si mesmo como o fundador de uma religião, mas mais como o sistematizador e simplificador de crenças antigas dos seus povos das estepes. Durante uma fase da sua vida, Zaratustra tentou persuadir os seus conterrâneos na sua aldeia das suas ideias mais sistemáticas sobre as crenças que todos partilhavam, mas só conseguiu converter o seu primo. Passado alguns anos Zaratustra decidiu mudar de aldeia e aliar-se a um chefe que aceitou as suas ideias como religião “oficial” e as espalhou através das suas conquistas.Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts
3/26/2020 • 22 minutes, 46 seconds
Os calendários
Esta é a terceira conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo, dedicada ao filósofo medieval Al Farabi. O agora, agora e mais agora de Al Farabi era uma realidade de religiões encavalitadas umas nas outras, umas recentes que se viriam a tornar dominantes, outras antigas que viriam a quase desaparecer, impérios em fluxo e refluxo, batalhas fratricidas entre seitas, e elementos cada vez mais fortes de messianismo e milenarismo. Grande parte dos contemporâneos de Al Farabi, seus correligionários muçulmanos ou também cristãos e judeus, acreditavam que o fim do mundo estava para muito breve, e que poderia ocorrer naquela geração ou na seguinte, perto do ano mil.Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts
3/25/2020 • 24 minutes, 50 seconds
O viajante
Esta é a segunda conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo. O conceito de nacionalidade era no tempo de Al Farabi ainda mais fluido do que na nossa — ele pode de facto ter sido sogdiano, persa, turco e ainda outras coisas ao mesmo tempo e de maneiras diferentes — e sobretudo jamais seria capaz de corresponder às expectativas do nacionalismo que acha que responder à pergunta “de onde vem Al Farabi” seria o mesmo que responder à pergunta “o que era Al Farabi” e que isso arrumaria mais ou menos definitivamente com o assunto “como era Al Farabi”. A única coisa que podemos dizer sem medo é que ele vem daquela parte do mundo a que poderíamos chamar “caravanistão”; uma parte do mundo onde os movimentos pendulares dos pastores, guerreiros e mercadores traziam marés de pessoas de oriente para ocidente e vice-versa, onde essas marés de pessoas paravam junto a fogueiras à noite, e onde junto a essas fogueiras se tocava música que os filósofos antigos, e os letrados judeus, cristãos e muçulmanos acreditavam compartilhar a sua natureza com a dos astros. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts
3/24/2020 • 23 minutes, 28 seconds
A caravana
Esta é a primeira conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo. Por volta do ano 900, um homem viajava pelos caminhos da Ásia Central, certamente ao longo de uma das várias estradas a que coletivamente damos o nome de Rota da Seda. Viajava a pé, a cavalo ou de camelo. Provavelmente integrado num grupo, mas não sabemos se integrou esse grupo sozinho ou acompanhado. Vinha de oriente para ocidente, mas não sabemos exatamente de onde nem quando. Talvez tenha feito desvios, ou interrompido a sua viagem a meio do caminho, por alguns dias, meses ou até anos. Também não sabemos. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts
3/23/2020 • 15 minutes, 50 seconds
Episódio zero: o prospecto
Agora, agora e mais agora é um podcast de histórias da história para tempos de quarentena. Baseado num livro em progresso com o mesmo título, de Rui Tavares, Agora, agora e mais agora percorrerá mil anos de história europeia e global, ao longo de seis “memórias”, tendo por objetivo atualizar os dilemas das pessoas do passado e colocar em perspectiva histórica os dilemas das pessoas do presente. Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts
3/21/2020 • 18 minutes, 50 seconds
Teaser
Com Rui Tavares, no PÚBLICO. Brevemente.Conheça outros programas em www.publico.pt/podcasts