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Ao Ponto (podcast do jornal O Globo)

Portuguese, News magazine, 1 season, 212 episodes, 4 days, 1 hour, 30 minutes
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Aqui ninguém perde tempo, é direto ao ponto. O podcast do GLOBO, publicado de segunda a sexta-feira às 6h, aborda os principais temas do Brasil e do mundo, para que você compreenda tanto os desafios da economia e os trâmites da política, quanto as inovações tecnológicas e a efervescência cultural. É muito? Os jornalistas Carolina Morand e Roberto Maltchik, apresentadores do AO PONTO, encaram o desafio. A cada episódio eles recebem convidados para uma conversa sobre os acontecimentos mais relevantes do dia.
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NÃO VALE

Alvo de uma série de processos na Justiça Eleitoral, e também incluído pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre os ataques em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terá muito com o que se preocupar quando retornar de Orlando, nos EUA, onde está desde o fim do ano passado. Em Brasília, muitos já dão como certa uma decisão sobre sua inelegibilidade, mesmo entre seus aliados. Se a situação já era complicada para o ex-presidente, as invasões lideradas por bolsonaristas radicais podem dar novos elementos para uma condenação, e os autores de denúncias contra Bolsonaro, como o PT, acreditam que possam até acelerar uma decisão por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mudanças previstas para a Corte até o final do ano, como a troca do corregedor-geral Benedito Gonçalves, aliado de Alexandre de Moraes, por Raul Araújo, considerado mais “palatável” pelos bolsonaristas, também fazem com que os petistas cobrem mais pressa nos processos. O episódio desta terça-feira do Ao Ponto discute os muitos problemas de Jair Bolsonaro com a Justiça Eleitoral, e até que ponto os ataques em Brasília podem prejudicá-lo nos tribunais. Para tal, o programa recebe o repórter Rafael Moraes Moura, da coluna da Malu Gaspar, que traz os bastidores diretamente de Brasília.
1/17/202427 minutes, 56 seconds
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Desafios do Banco Central e a revolução dos pagamentos digitais| E AGORA, BRASIL?

O contexto atual de transformações econômicas, políticas e tecnológicas exige uma discussão profunda sobre o papel dos Bancos Centrais e sobre a evolução das formas de dinheiro e meios de pagamento. São temas essenciais para entendermos as dinâmicas financeiras que impactam na vida de cada cidadão e nas estratégias nacionais e globais para a estabilidade e o crescimento econômico. Nesta edição do E AGORA, BRASIL?, a quinta e última de 2023, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, falou sobre o que esperar sobre o dinheiro no futuro, o PIX, o anúncio do DREX e como é possível alinhar segurança às novas tecnologias. A política monetária brasileira também foi tema da conversa, que teve mediação de Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Alex Ribeiro, colunista do Valor Econômico. Este episódio de Podcast é um resumo do debate. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
11/25/202330 minutes, 36 seconds
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As 'caravanas federativas' e as eleições municipais de 2024

A menos de um ano das eleições municipais, governo e oposição deixam à mostra suas estratégias para garantir o maior número possível de governos locais e comandos de Câmaras Municipais. No caso do governo federal, o Palácio do Planalto tem usado os meses finais de 2023 para estreitar suas relações pelo país. Um instrumento para isso é a chamada "caravana federativa", formada por representantes de ministérios e órgãos públicos, que tenta levar serviços e orientações aos municípios e, em consequências, pavimentar a relação com os políticos locais. A resposta da oposição, capitaneada pelo PL, partido de Jair Bolsonaro, foi imediata. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, barrou a participação de filiados nos atos do governo federal, depois que vários de seus aliados foram vistos nos comícios. O Planalto, por sua vez, nega que a iniciativa tenha caráter eleitoral, apontando que o objetivo oficial é facilitar o trabalho da burocracia local e destravar projetos. O objetivo do PL é ambicioso para 2024: conquistar mais de mil prefeituras pelo país, mas ainda não se sabe qual papel o ex-presidente Bolsonaro terá na campanha. Ele é alvo de uma série de processos, incluindo os relacionados aos ataques de 8 de janeiro em Brasília, e ainda não se sabe a extensão dos danos à imagem dele e da própria oposição. Já o PT tentará se recuperar do mau desempenho em 2020, quando não elegeu nenhum prefeito de capital e conseguiu apenas 183 municípios, ficando atrás de dez outros partidos. A prioridade é ter candidatos próprios em municípios com mais de 100 mil habitantes, porém também sinalizou que vai apoiar aliados em capitais como Rio, onde o apoio deve ser a Eduardo Paes (PSD), São Paulo, com apoio a Guilherme Boulos (PSOL), e Recife, com o atual prefeito, João Campos (PSB). Nesta quarta-feira, o último Ao Ponto analisa as ações de Lula na tentativa de ampliar sua base de apoio entre os municípios, e também como a oposição pretende reagir. No episódio, o repórter Bruno Góes, da sucursal de Brasília, explica o que são as caravanas federativas, e o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo, destaca a importância das votações municipais, especialmente para o chamado Centrão.
11/8/202325 minutes, 44 seconds
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A guerra Israel x Hamas e os impactos na eleição nos EUA

Já se passou um mês desde o início do conflito entre Hamas e Israel, uma guerra que provocou mais de dez mil mortos, dezenas de milhares de feridos e que, além de ameaçar a segurança regional do Oriente Médio, deve produzir seus impactos também na eleição presidencial nos Estados Unidos. A votação acontece daqui a um ano, e, neste momento, o cenário mais provável é de uma disputa entre o presidente Joe Biden, democrata, e o republicano (e ex-presidente) Donald Trump, repetindo o cenário da última eleição. para uma revanche da última eleição. Israel é um dos poucos temas de política externa que rende ou tira votos nos Estados Unidos, e Biden vem demonstrando apoio aos israelenses, seja através de declarações públicas, envio de armas e a fuga de uma pauta que vem ganhando corpo mundo afora: um cessar-fogo na Faixa de Gaza. E ao mesmo tempo em que ele consolida essa posição pró-Israel, o discurso da Casa Branca não agrada eleitores progressistas e de algumas parcelas da população, como os árabes-americanos, que deram apoio maciço a Biden em 2020. A guerra é mais uma questão em uma longa lista de alertas dentro da campanha do democrata, a começar pela economia. O Bidenomics, como o presidente vem se referindo às suas ações, não entusiasma os americanos, e é fator crucial no derretimento de sua candidatura nas pesquisas. No fim de semana, uma pesquisa do New York Times mostrou Biden atrás de Trump em cinco dos seis estados mais decisivos na disputa pela Presidência dos EUA — em 2020, ele venceu nestes estados. Do lado republicano, Trump, que deve ser o indicado do partido, se apresenta como o candidato "mais pró-Israel", e frequentemente destaca suas ações quando presidente, como a mudança da embaixada para Jerusalém. Contudo, algumas falas depois do início do conflito, como as críticas ao Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, levantaram algumas questões entre seus apoiadores. Isso sem contar a longa lista de problemas dele com a Justiça. O Ao Ponto desta terça-feira discute os impactos da guerra entre Israel e Hamas nas eleições do ano que vem nos EUA. E quem detalha até que ponto o conflito pode ser decisivo na hora do voto, um ano antes da eleição, é Carlos Gustavo Poggio professor do departamento de ciência política, do Berea College, nos Estados Unidos.
11/7/202324 minutes, 58 seconds
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Os bastidores da entrevista exclusiva de Janja ao Globo

Diante de um governo em que as mulheres são minoria nos cargos de destaque, Rosângela Lula da Silva, a Janja, tem tentado ressignificar o papel da primeira-dama. A paranaense de União da Vitória com frequência se pronuncia sobre temas prioritários do Planalto, e chegou a ser apontada pelo jornal frânces Le Monde como uma "vice-presidente" informal" de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas essa influência e presença na vida pública também resultaram em críticas, vindas de adversários de Lula, das redes sociais e até de integrantes do próprio governo. Mas isso não parece intimidá-la, tampouco interfere nas suas próprias pautas sociais e políticas. Uma dessas iniciativas é a luta contra o feminicídio — no dia 31 de outubro, Lula sancionou uma lei lei que cria uma pensão especial para filhos e dependentes, menores de 18 anos, de mulheres vítimas desse crime. Apesar de ser uma figura pública de destaque, Janja não costuma dar entrevistas à imprensa — uma das poucas exceções foi para a repórter Jeniffer Gularte, para a revista ELA, do GLOBO. Uma conversa na qual ela contou alguns dos detalhes desses pouco mais de dez meses no Palácio da Alvorada, dos desafios enfrentados nesse período e revela alguns detalhes de sua vida particular com Lula. No Ao Ponto desta segunda-feira, Jeniffer Gularte conta os bastidores da conversa com Janja, ocorrida no Palácio da Alvorada e que teve um ensaio fotográfico assinado por Bob Wolfenson. Ela fala ainda sobre como Janja encara temas espinhosos, como a divulgação de fake news em redes sociais, o papel das mulheres no governo Lula e também como usa a moda como forma de transmitir mensagens sobre causas por ela defendidas. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
11/6/202330 minutes, 55 seconds
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A regulamentação (ou não) do cigarro eletrônico no Brasil

Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes ou pods, voltaram a protagonizar debates de saúde pública e até de política tributária: a venda está proibida no Brasil desde 2009 pela Anvisa, mas não é difícil encontrar equipamentos e insumos em lojas especializadas, e seu consumo está em alta no país. A Anvisa já discute uma reavaliação da decisão de 14 anos atrás, e escuta argumentos de todos os lados, incluindo da indústria do tabaco e associações médicas. No ano passado, o corpo técnico da Anvisa orientou manter a proibição, e existe a expectativa de que seja realizada uma consulta pública até o fim deste ano Pelo lado político, tramita no Senado um projeto de lei (PL), de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos - MS), que propõe o estabelecimento de regras para produzir, vender, importar e exportar os vapes — um argumento para a defesa do texto é o impacto nas contas públicas, uma vez que seria uma importante fonte de arrecadação. Segundo estimativas, o valor anual poderia superar os R$ 2 bilhões. Os defensores da regulamentação dos vapes alegam que ele é menos nocivo do que os cigarros tradicionais, e até usam decisões de agências de outros países, como do Reino Unido, para defender essa posição. Contudo, esse argumento é refutado por especialistas e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entidades médicas também se posicionam contra o texto — a Associação Médica Brasileira (AMB), declarou que a proposta é um "desserviço aos cidadãos". No Ao Ponto desta sexta-feira, o repórter Bernardo Yoneshigue faz uma análise dos planos para regulamentar (ou manter a proibição) os cigarros eletrônicos no Brasil, e traz os principais argumentos dos especialistas da Anvisa, de organizações médicas e do setor tabagista.
11/3/202321 minutes, 34 seconds
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O debate sobre a meta fiscal do governo federal em 2024

Em um café da manhã com jornalistas na última sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que seria "muito difícil" zerar o déficit das contas públicas em 2024, uma meta estabelecida pela equipe econômica e que mesmo antes das declarações de Lula vinha causando um debate intenso dentro do governo. A equipe econômica, liderada por Haddad, havia proposto zerar o déficit em 2024 — com uma margem de tolerância de 0,25% do PIB, para mais ou para menos. Um dos grandes desafios para a Fazenda é a elevação da arrecadação federal, que vem registrando queda no final do ano, apesar da economia estar crescendo em um ritmo acima do esperado. Segundo estimativas do mercado, o déficit esperado para 2023 é de R$ 110 bilhões, cerca de 1,1% do PIB, e há expectativa de que o número fique em R$ 84 bilhões no ano que vem, cerca de 0,8% do PIB, valor bem acima da margem prevista pela equipe econômica. Contudo, alguns setores do governo defendem que a meta seja modificada, e preveja um déficit maior do que a margem da tolerância, de até 0,75% do PIB. Os argumentos para tal decisão, que precisaria ser enviada e referendadas pelo Congresso, incluem a necessidade de gastos públicos, como os do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), cujas promessas de investimento chegam a R$ 1,3 trilhão até 2026. Ontem, uma reunião chegou a ser marcada entre Lula, Haddad e lideranças do Congresso, mas segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o tema não esteve sobre a mesa no Planalto. Nos bastidores, alguns aliados e integrantes do governo afirmam que a mudança das metas é dada como certa, a grande questão é saber como ela irá mudar. O Ao Ponto desta quarta-feira fala das muitas pontas soltas no debate sobre a meta fiscal do ano que vem, e quais são as posições que estão ganhando mais força dentro do Planalto e da Esplanada dos Ministérios. Neste episódio, o repórter especial Alvaro Gribel detalha os argumentos de lado a lado, o que dizem as lideranças no Legislativo e como o ministro Fernando Haddad está relativamente isolado na defesa do déficit zero em 2024.
11/1/202319 minutes, 6 seconds
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A 'segunda etapa' da guerra entre Israel e Hamas

A guerra entre Hamas e Israel entrou na quarta semana com a maior série de bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, e com a expansão das operações terrestres dentro do território palestino. Com o conflito longe do fim, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou que os combates estão entrando em uma "segunda fase", e que serão "longos de difíceis". Mesmo diante de pedidos globais para um cessar-fogo, para tentar avançar na libertação dos mais de 200 reféns em poder do Hamas, para garantir a segurança dos civis e a entrega da ajuda humanitária, Netanyahu, com o aval dos Estados Unidos, vem rejeitando a suspensão dos combates. Ontem, ele alegou que o pedido de um cessar-fogo "é um pedido para que Israel se renda à barbárie, ao terrorismo" e que "isto não vai acontecer". Contudo, uma ofensiva terrestre em Gaza não deve ser simples. O território é uma das áreas mais densamente povoadas do planeta, e os combates devem ocorrer em um cenário urbano e parcialmente destruído pelos centenas de ataques aéreos israelenses desde o começo do mês. O Hamas e seus aliados ainda contam com uma ampla rede de túneis subterrâneos, construída ao longo de décadas. Segundo o Ministério da Saúde deGaza, comandado pelo Hamas, 8.306 pessoas morreram no enclave palestino até o dia 30 de outubro, entre eles, 3.457 crianças e 2.136 mulheres. Mais de 21 mil pessoas feridas. Do lado israelense, o número de mortos, em grande parte vítimas dos ataques do dia 7 de outubro, passa de 1,4 mil O episódio do Ao Ponto de hoje faz uma análise do estado da guerra entre Israel e Hamas, e quais os riscos presentes nessa etapa de combates. Nosso convidado é Gunther Rudzit, cientista político e professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e ele discute as peculiaridades de um combate em ambiente urbano, e discute os riscos de que novas frentes de combate surjam na Cisjordânia e no Líbano.
10/31/202323 minutes, 50 seconds
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Os tentáculos econômicos das milícias no Rio de Janeiro

Há uma semana, o caos foi instaurado pelas ruas do Rio de Janeiro em uma demonstração de força das milícias que atuam na cidade. Foram 35 ônibus incendiados, quatro caminhões e um trem da Supervia, afetando mais de um milhão de pessoas. Os atos, em represália à morte de um dos integrantes — Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, apontado como número 2 da hierarquia —, em uma operação da Polícia Civil, jogaram luz sobre a extensão dos domínios das organzações criminosas na cidade, e sobre seus muitos braços econômicos. Um cenário que foi detalhado em uma série especial de reportagens do GLOBO. Nas matérias, os repórteres Rafael Galdo, Rafael Soares e Selma Schmidt detalham algumas das histórias de moradores e comerciantes que vivem na áreas dominadas pelos milicianos. Serviços básicos, como água, luz e internet, são controlados pelos criminosos, que obrigam os moradores a pagar taxas por vezes exorbitantes. O comércio de itens como água e gás também é regulamentado pelos milicianos, e as extorsões — incluindo vendedores de balas nos sinais — cobram valores que afetam diretamente a capacidade de subsistência das pessoas. Como mostrou o episódio do Ao Ponto do dia 25 de outubro, a organização criminosa vem passando por turbulências desde a morte de seu ex-chefe, Wellington da Silva Braga, o Ecko — outro tio de Faustão —, em 2021. Atualmente, existem dois grandes grupos de milicianos em guerra, além da maior organização do tráfico no estado, com disputas abertas pelo controle de áreas da cidade. De acordo com levantamento realizado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF), são 284,3 quilômetros quadrados da Região Metropolitana fluminense dominados pelas milícias. O estudo mostra que somente na Zona Oeste da cidade do Rio, onde a presença é mais agressiva, moram cerca de um terço dos 6,2 milhões de cariocas. O Ao Ponto começa a semana falando sobre os tentáculos econômicos das milícias no Rio de Janeiro. Neste episódio, o repórter Rafael Galdo dá detalhes sobre a capilaridade das organizações criminosas, que controlam desde o transporte de vans até obras do poder público, sempre com cobrança de taxas abusivas e o uso recorrente da violência.
10/30/202323 minutes, 46 seconds
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A mudança na Caixa e a relação do Planalto com o Centrão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, na última quarta-feira, dia 24, a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. A troca no comando do banco estava sendo desenhada desde julho e envolvia negociações para aproximar ainda mais o Centrão do governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), participou ativamente das conversas e da indicação de Antônio Vieira Fernandes, servidor de carreira do banco, para o comando da instituição. Como mostrou O GLOBO, a estratégia de Lira é dividir as 12 vice-presidências com PP, Republicanos, PSD e União Brasil. O Centrão vinha pressionando o Planalto para que Lula anunciasse o novo nome ainda no início de outubro. A decisão atrasou devido a recuperação do presidente após uma cirurgia no quadril, que ocorreu em 29 de setembro. Depois do anúncio da saída de Rita, Lira retomou a votação do projeto que taxa offshores e fundos exclusivos, travado há semanas considerado parte importante da agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O texto, aprovado horas depois da troca na Caixa, contou com apoio de 70% das bancadas do Republicanos e do PP. A maneira como o texto foi aprovado mostrou que o Centrão continuará buscando por cargos no governo. Além disso, antes mesmo da troca na Caixa, o governo já havia consolidado a aliança com o Centrão ao ceder os ministérios do Esporte e de Portos e Aeroportos. No lugar de Ana Moser, foi nomeado o deputado André Fufuca (PP-MA), que era o líder do PP na Câmara. E a pasta de Portos e Aeroportos ficou com o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). O Ao Ponto desta sexta-feira analisa a troca no comando da Caixa e como os cargos no governo estão sendo uma ferramenta para destravar a pauta econômica no Congresso.Neste episódio, os convidados são Alvaro Gribel e Sergio Roxo, da sucursal do GLOBO em Brasília, que trazem os bastidores das mudanças e quais devem ser os próximos projetos econômicos a entrar em pauta.
10/27/202325 minutes, 48 seconds
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A guerra Israel x Hamas e o impasse sem fim na ONU

A guerra entre Hamas e Israel entra na terceira semana sem sinais de acordo para um cessar fogo ou para a facilitação da entrada de ajuda humanitária. E o clima na ONU está cada vez mais quente: na última terça-feira, a delegação israelense pediu a renúncia de António Guterres, secretário-geral, após considerar que ele amenizou os ataques do grupo palestino no início de outubro. Na fala, disse que o ataque do Hamas, no dia 7 de outubro, não veio "do vácuo" e que o povo palestino estava exposto a "56 anos de ocupação sufocante" — o secretário-geral negou qualquer tipo de apologia ao grupo palestino. A tensão entre a ONU e Israel ocorre em meio a um impasse aparentemente sem fim no Conselho de Segurança. Depois de vetarem uma resolução apresentada pelo Brasil, na semana passada, os EUA apresentaram um texto próprio, enfatizando o direito à autodefesa de Israel. Como esperado, a proposta foi vetada por Rússia e China — dois membros com assento permanente no Conselho. Pouco depois, um texto de Moscou foi rejeitado no mesmo plenário. Organizações humanitárias vêm enfatizando a necessidade de permitir o acesso a ajuda à população em Gaza, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas. Mas os poucos caminhões vindos do Egito estão entrando aos poucos no território, em um ritmo considerado insuficiente. Ao mesmo tempo, Israel dá sinais de que uma ofensiva terrestre pode estar em suas etapas finais de preparação, mas o premier Benjamin Netanyahu ainda não se manifestou sobre quando ou como ela acontecerá. Ainda assim, continuam os ataques aéreos que vem atingindo praticamente todo o território onde as agências de ajuda humanitária alertam que as condições ficarão cada vez mais precárias. Há preocupação ainda com o contexto regional: milícias pró-Irã vêm atacando forças dos EUA no Iraque e na Síria, e o Hezbollah mantém um conflito de baixa intensidade com os israelenses na fronteira com o Líbano. O governo de Joe Biden reforçou as posições militares na região, e mandou alguns recados para o Irã, sinalizando que não vai tolerar qualquer ação mais contundente. No Ao Ponto desta quinta-feira, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Havard, Vitelio Brustolin, faz uma análise do momento da guerra entre Israel e Hamas, e do papel da ONU no conflito. Ele ainda fala sobre como algumas lideranças de países como a Turquia estão prestando apoio direto aos palestinos, tanto por cálculos diplomáticos como por questões internas.
10/26/202333 minutes, 10 seconds
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A guerra das milícias no Rio de Janeiro

Na última segunda-feira, uma das milícias que atuam no Rio de Janeiro instaurou o caos na cidade em uma demonstração de força. Os atos foram em represália à morte de um dos integrantes da cúpula durante uma operação da Polícia Civil: Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, foi morto a tiros pelos policiais. Depois disso, os milicianos incendiaram 35 ônibus, quatro caminhões e um trem da Supervia, afetando mais de um milhão de pessoas. Há mais de uma década, a organização criminosa responsável pelos ataques de ontem atua no Rio, e passa por turbulências desde a morte de seu ex-chefe, Wellington da Silva Braga, o Ecko — outro tio de Faustão —, em 2021. Hoje, há dois grupos de milicianos em guerra, além da maior organização do tráfico no estado, com disputas abertas pelo controle de áreas da cidade, e que não raro envolvem ataques violentos com muitas vítimas. Em vários bairros da Zona Oeste, o número de mortes violentas aumentou em 2023, justamente no momento em que os homicídios estão em queda no estado. Agora, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está sob pressão para agir de forma contundente e rápida, e ele sinalizou que vai aceitar ajuda do governo federal. Contudo, a maneira como ocorrerá essa cooperação ainda não está clara. Castro chegou a sinalizar que gostaria de ver as Forças Armadas atuando no estado em funções pontuais, mas o Palácio do Planalto não dá sinais de que ampliará esse escopo de atuação, tampouco de que vai declarar uma intervenção. No Ao Ponto desta quarta-feira, o repórter especial Rafael Soares detalha as origens das milícias no Rio de Janeiro, que traz ligações com agentes do Estado desde seu início, no começo do século, e como o perfil dos líderes das organizações criminosas foram mudando ao longo do tempo. Ele também fala sobre como os milicianos conseguiram estender seus braços para dentro do sistema político do estado, com representantes eleitos pelo voto popular nos últimos anos.
10/25/202328 minutes, 34 seconds
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O inquérito sobre a espionagem da Abin no governo Bolsonaro

A Polícia Federal (PF) realizou na última sexta-feira, dia 20, uma operação para investigar o uso de um programa secreto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que monitorou, durante o governo de Jair Bolsonaro, a localização de cidadãos por meio do celular. Com o desenrolar da investigação, dois servidores da agência foram presos e cinco afastados, e as operações de busca e apreensão também encontraram US$ 171,8 mil em dinheiro vivo. As buscas foram realizadas em diversos endereços, incluindo a sede da agência em Brasília, e a sede brasileira da empresa israelense que fabrica o programa espião, o First Mile. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o afastamento de cinco servidores pelo uso indevido de sistema de geolocalização. Paulo Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e Gestão da agência, está estre eles. O número 3 da Abin estava à frente do setor de operações na época, e tem longa carreira no sistema de inteligência, incluindo uma passagem pelo Serviço Nacional de Informações, o SNI, um órgão de arapongagem na ditadura militar. A operação da semana passada vem meses depois do GLOBO revelar, em março, que a Abin teria monitorado a localização de milhares de pessoas durante o governo Bolsonaro — de acordo com a colunista do GLOBO Bela Megale, o sistema foi acionado mais de 30 mil vezes. Desse total, os investigadores detalharam cerca de dois mil usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo de Jair Bolsonaro. No Ao Ponto desta terça-feira, a colunista Bela Megale dá detalhes sobre o inquérito, e também fala sobre como o governo de São Paulo contratou o programa, e também e utilizaram o First Mile. O repórter Dimitrius Dantas, da sucursal do GLOBO em Brasília, também detalha quem são os servidores da agência que foram afastados de seus cargos ou até mesmo presos.
10/24/202331 minutes, 58 seconds
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O acordo entre governo e oposição na Venezuela

O governo e a oposição na Venezuela fecharam na semana passada, um acordo que viabiliza a realização de eleições presidenciais em 2024. O acerto foi firmado após anos de acusações, prisões políticas e aplicação de sanções internacionais. Entre os compromissos para restauração da normalidade democrática na Venezuela, além da eleição, está a atualização dos registros eleitorais, incluindo os mais de 6 milhões que moram foram do país. A suspensão das sanções só foi possível após uma negociação de pelo menos seis meses entre os governos de Joe Biden e de Nicolás Maduro, e se concentra especialmente no mercado de petróleo e gás, onde há o maior interesse para os Estados Unidos e Europa. Desde a chegada de Biden à Casa Branca, há contatos entre Caracas e Washington, focados no fornecimento de petróleo aos americanos, e a invasão russa da Ucrânia, no ano passado, acelerou o processo: afinal, o petróleo da Rússia está sob embargo do Ocidente e uma série de países, e os EUA precisavam garantir o insumo de maneira segura e regular. O Brasil teve participação decisiva no acordo, pós anos deixado de fora de negociações entre governo e oposição na Venezuela. O presidente Lula investiu nessa questão desde que assumiu o Planalto e, com isso, o Brasil foi convidado a participar da cerimônia em que o acordo foi firmado, mesmo não tendo feito parte do grupo formado em 2019 para as discussões. Até então, o presidente brasileiro era Jair Bolsonaro, que junto aos EUA e outros países, chegou a reconhecer o líder da oposição, Juan Guaidó, como o presidente venezuelano. Na última quarta-feira, um dia depois da assinatura do acordo, Gerardo Blyde, líder da delegação opositora na mesa de diálogo, publicou uma lista com cinco presos políticos libertados, como o jornalista Roland Carreño, próximo a Juan Guaidó e opositor de Maduro. Entre os presos políticos estão Mariana Barreto, detida por protestar contra irregularidades no fornecimento de gasolina no estado de Trujillo em 2019; o ex-deputado venezuelano Juan Requesens, condenado pela acusação de tentativa de magnicídio contra Maduro; Marco Garcés Carapaica, estudante universitário detido em 2020 por estar no mesmo veículo que um ex- oficial da Marinha dos EUA. Até 10 de outubro, a Venezuela tinha 273 presos políticos, segundo a ONG Foro Penal. Ainda há pontos a serem decididos no acordo, como a participação de elementos da oposição na disputa que foram considerados inabilitados para estarem nas cédulas, como Maria Corina Machado e Henrique Capriles. O texto estabelece que será promovida a “autorização a todos os candidatos presidenciais e partidos políticos, desde que cumpram os requisitos estabelecidos na lei". Com isso, o documento mantém em aberto a possibilidade de que os atuais vetos judiciais sejam utilizados para impedir a inscrição dos candidatos. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter do GLOBO Marina Gonçalves fala sobre o cenário político que se desenha na Venezuela, além dos impactos financeiros do acordo. Ela ainda comenta como o Brasil entra nesta equação, com a mudança das relações com a Venezuela após o presidente Lula assumir o governo.
10/23/202319 minutes, 49 seconds
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O parcelado sem juros no cartão | E AGORA, BRASIL?

Um grupo de trabalho formado por bancos, bandeiras de cartão de crédito, empresas de maquininhas, representantes do varejo, além do Banco Central busca alternativas para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito. Um dos argumentos do setor financeiro é que seria necessário rever o parcelamento sem juros no cartão, apontado como responsável pelas altas taxas cobradas. Para o varejo, porém, essa modalidade tem papel relevante no consumo. Para debater o tema e seus impactos na vida dos brasileiros, o E AGORA, BRASIL? recebeu Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); Marcos Pinto, secretário de Reformas Econômicas do Ministério do Planejamento; Raul Moreira, membro da Diretoria da Associação Brasileira de Bancos (ABBC); e Vinicius Carrasco, diretor-executivo da Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag). A mediação foi realizada por Renato Andrade, diretor da sucursal de São Paulo do GLOBO, e Talita Moreira, editora de Finanças do Valor Econômico. Este podcast é um resumo do que foi discutido, com apresentação da jornalista Roberta Pennafort. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
10/21/202339 minutes, 36 seconds
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Milei, Massa ou Bullrich? O primeiro turno da eleição na Argentina

Milhões de eleitores na Argentina vão às urnas no domingo escolher governadores, parlamentares e, na disputa que é a mais esperada, os dois candidatos que disputarão o segundo turno para a Presidência — ou então definir quem comandará o país pelos próximos quatro anos. A maior parte das pesquisas dá vantagem ao candidato da extrema direita, Javier Milei, que venceu em agosto as Primárias Abertas Simultâneas Obrigatórias (Paso), e que fala abertamente em se eleger no primeiro turno. Autointulado um candidato "de fora da política" (apesar de ser deputado desde 2021), Milei tem angariado apoio de boa parte dos argentinos ao apostar em um discurso de quebra com a classe política tradicional e de fazer promessas para a economia argentina, hoje em situação difícil. Sua maior bandeira de campanha é a dolarização da moeda argentina, uma medida polêmica e que é questionada por muitos economistas, incluindo os da oposição tradicional. Por outro lado, algumas ideias, como sobre o fim do Banco Central e a privatização do ensino, além de falas consideradas desrespeitosas com as vítimas da ditadura e até com a Igreja Católica desagradaram setores da sociedade argentina. Hoje o principal adversário de Milei é Sergio Massa, o atual ministro da Economia, que ao longo da campanha tentou passar a ideia de que o pior da crise ficou para trás, além de se desvencilhar, sempre que possível, do presidente Alberto Fernández, hoje uma das figuras mais detestadas da Argentina. Na reta final da campanha, ele fez promessas de todo o tipo, incluindo sobre o fim da torcida única nos estádios de futebol, e apostou em ações para denunciar uma suposta alta de preços em serviços públicos, como os transportes, caso seja derrrotado. Correndo por fora está Patricia Bullrich, aliada do ex-presidente Mauricio Macri, que chegou a mostrar força nas primárias de agosto, mas que, agora, aparece em terceiro nas pesquisas. Há dúvidas sobre qual caminho tomará caso não chegue ao segundo turno, mas alguns de seus companheiros de chapa, incluindo o próprio Macri, defendem o voto em Milei. A eleição também é acompanhada de perto pelo Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a possível vitória do candidato de extrema direita é preocupante por suas falas recentes contra Lula — ele chegou a chamar o presidente brasileiro de "comunista raivoso" —, contra o Mercosul e contra alguns parceiros comerciais históricos da Argentina, como a China. Porém, Haddad afirma que "não se transpõe para as relações internacionais as questões internas", afirmando que o presidente Lula mantém relações amigáveis com chefes de Estado de várias vertentes políticas. No Ao Ponto desta sexta-feira, a repórter especial do GLOBO, Janaína Figueiredo, fala sobre a expectativa para a votação de domingo, o que dizem as últimas pesquisas e o que esperar do dia seguinte ao primeiro turno — segundo analistas, há o risco de uma nova disparada do dólar já na segunda-feira, repetindo o visto nas primárias de agosto.
10/20/202327 minutes, 38 seconds
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O veto dos EUA à resolução do Brasil sobre Gaza na ONU

Os Estados Unidos barraram, nesta quarta-feira, uma resolução apresentada pelo Brasil ao Conselho de Segurança da ONU, pensada para levar ajuda humanitária à Gaza. Entre os quinze países do Conselho, doze aprovaram o texto, dois não se posicionaram e apenas os americanos, que têm o poder de veto, foram contra a resolução. Historicamente, os EUA tendem a blindar questões envolvendo Israel, país que é seu principal aliado no Oriente Médio. O Conselho de Segurança é o único órgão da ONU com resoluções de caráter vinculante, ou seja, que devem necessariamente ser seguidas pelos países envolvidos. O texto apresentado pelo Brasil, que ocupa a presidência rotativa do órgão, previa a libertação imediata de reféns, uma "pausa humanitária" nos confrontos e a garantia de acesso à gás, eletricidade e insumos médicos a Gaza. A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a resolução não poderia ser aprovada porque não trazia explicitamente a previsão do direito de defesa de Israel, algo que está previsto na Carta das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, reiterou que os EUA seguem comprometidos com a proteção de civis e funcionários de organizações humanitárias. O direito ao veto é um dos mecanismos mais questionados do Conselho de Segurança da ONU: ele permite que os cinco países com assento permanente no órgão — EUA, Rússia, China, França e Reino Unido — vetem decisões que considerem inadequadas, mesmo que todos os demais membros aprovem ou se abstenham. O recurso foi utilizado à exaustão durante a Guerra Fria, mas apesar de hoje ser menos utilizado, se faz presente em crises como a de Gaza e a guerra na Ucrânia, quando a Rússia usou seu poder de veto. Neste episódio do Ao Ponto, o professor de Política Internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Paulo Velasco, discute o veto dos EUA à nova resolução sobre o conflito em Gaza, e os dilemas das instituições internacionais diante de crises de segurança e humanitárias.
10/19/202326 minutes, 54 seconds
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O relatório da CPI do 8 de Janeiro e as acusações contra Bolsonaro

O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, foi apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) ontem, e deve ser votado nesta quarta. Com mais de mil páginas, o documento pede o indiciamento de 61 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex- ajudante de ordens, Mauro Cid, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Luis Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), além da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O relatório aponta Jair Bolsonaro como principal autor, intelectual ou moral, dos ataques contra as instituições. O A relatora acusa o ex-presidente de quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, todos previstos no Código Penal. Ao longo dos quase cinco meses de trabalhos, a comissão, que foi iniciada a pedido da oposição com o objetivo inicial de atingir o governo Lula, ouviu dezenas de pessoas, incluindo vários dos indiciados, e analisou milhares de páginas de documentos, alguns deles sigilosos. Mas os parlamentares reclamaram de alguns obstáculos, como a dificuldade para conseguir acesso a alguns itens, como a delação premiada fechada por Mauro Cid em setembro, e de algumas decisões judiciais que permitiram aos depoentes permanecer em silêncio ou não comparecer — uma dessas decisões, do minstro Kassio Nunes Marques, do STF, suspendeu a quebra de sigilo de Silvinei Vasques, algo que foi duramente criticado pela comissão. No episódio do Ao Ponto desta quarta-feira, a repórter da sucursal do GLOBO em Brasília, Camila Turtelli, explica os detalhes do relatório final da senadora Eliziane Gama. O colunista do GLOBO, Bernardo Mello Franco, destaca o embate entre Legislativo e Judiciário no inquérito e quais impactos a CPMI pode trazer aos militares e às demais figuras políticas citadas pela senadora.
10/18/202328 minutes, 18 seconds
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A guerra Israel-Hamas e o papel dos países árabes no conflito

O colunista Guga Chacra explica como os interesses dos governos vizinhos pode influenciar nos rumos da guerra, e como podem moldar o futuro do Oriente Médio
10/17/202326 minutes, 41 seconds
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O avanço do EAD no ensino superior no Brasil

O Censo da Educação Superior 2022, divulgado na última terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelou uma fotografia do estado atual da educação brasileira, desde o número de jovens que ingressaram no ensino superior, à modalidade de ensino escolhida por cada um. O Censo traz ainda impactos possíveis da pandemia de Covid-19 no setor. O estudo revelou que menos de 25% dos jovens de 18 a 24 anos acessam o ensino superior no país. Ao todo, 75,7% pessoas da faixa etária não ultrapassaram a educação básica, sendo que 43,4% conseguiram concluir o ensino médio. Dentro do número de alunos que ingressaram no ensino superior, 72% dos aprovados em universidades optaram por estudar à distância. Nos últimos 10 anos, o crescimento do setor chegou a 700%. O Ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que a pasta se preocupa com esse aumento diante das vagas para o ensino presencial, principalmente porque cada vez mais alunos são atribuídos a docentes no formato de ensino à distância, o que pode comprometer a qualidade do ensino oferecido e na formação de profissionais de qualidade, inclusive de novos professores. Além do ensino superior, a educação infantil também sofre com impactos da crise de saúde enfrentada pelo país a partir de 2020. De acordo com estudo da Unicef, o número de crianças entre sete e nove anos que não sabem ler dobrou em três anos, um fator ligado diretamente ao aumento da pobreza no país e à evasão escolar. No Ao Ponto desta segunda-feira, a Presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, fala sobre os números da educação em 2022 de acordo com o Censo do Inep, que oferecem um panorama da educação infantil ao ensino superior. Além disso, a especialista comenta os riscos do aumento da quantidade de alunos nos cursos à distância na formação de novos profissionais.
10/16/202323 minutes, 55 seconds
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A aliança EUA-Israel e a nova guerra no Oriente Médio

No discurso mais duro desde o início do conflito, e apontado por analistas como o mais contundente desde sua chegada à Presidência dos EUA, Joe Biden reiterou seu apoio irrestrito a Israel na terça-feira, destacando que chamou de "bárbárie" do Hamas e prometendo ampliar o já bilionário apoio militar aos israelenses. Alguns aviões com equipamentos militares já chegaram a Israel, e navios de guerra foram posicionados na costa israelense, como uma mensagem de apoio e como um recado a outros atores — estatais ou não — para que não aproveitem a confusão para atacar o país. O apoio de Biden a Israel não é algo que surpreende observadores da política americana. A questão israelense habita os corredores de prédios do governo americano desde a fundação do país, em 1948, mas nos anos 1960 a relação de cooperação, especialmente de segurança, foi consolidada no contexto da Guerra Fria. Em paralelo, o lobby pró-Israel em Washington é um dos mais poderosos do país, e se contam nos dedos os políticos que ousam fazer críticas públicas ao governo israelense — ao contrário de outras pautas de política externa, Israel fala diretamente a uma parcela considerável de eleitores, dos dois lados do espectro político. Com a guerra, o apoio a Israel foi quase uníssono no cenário político — até democratas da ala progressista, que por vezes defendem a Palestina, se levantaram contra protestos vistos como favoráveis ao Hamas, como o fez a deputada Alexandria Ocasio-Cortez depois de um protesto do tipo na Times Square. Republicanos, por sua vez, aprovaram sem delongas as propostas de ajuda para Israel. No momento, é consenso que a situação do Oriente Médio vai respingar na campanha para a Casa Branca e boa parte do Congresso no ano que vem: enquanto Biden tenta mostrar suas credenciais pró-Israel, Donald Trump tem inflamado suas palavras, e até usando notícias falsas, como a de que militantes do Hamas estavam se infiltrando no país pela fronteira com o México, algo que não tem qualquer comprovação. Neste episódio do Ao Ponto, o especialista em ciência política, Maurício Santoro, traz um panorama da relação entre Israel e EUA, que já define rumos e decisões dentro da política norte-americana há décadas. Além disso, o especialista analisa como esse conflito no Oriente Médio com apoio dos EUA pode afetar a ajuda ocidental à Ucrânia, que enfrenta uma invasão da Rússia desde o ano passado. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e na Globoplay.
10/13/202325 minutes, 58 seconds
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Como a questão Israel-Palestina se tornou pauta política no Brasil

O novo conflito entre Israel e Hamas, iniciado no último sábado, vem servindo de combustível para debates, por vezes acalorados, entre políticos da esquerda e da direita no Brasil. Por um lado, aliados de Jair Bolsonaro e lideranças evangélicas saíram em defesa de Israel e condenaram explicitamente o Hamas. Por outro, governistas preferiram a cautela, e embora tenham condenado os ataques do fim de semana, evitaram mencionar o nome do Hamas — em setores da esquerda, houve manifestações de apoio à "resistência palestina", e até atos de apoio aos palestinos em algumas cidades,. Mas esse embate político no Brasil envolvendo palestinos e israelenses não é exatamente novo. A bandeira da defesa dos povos palestinos é levantada pela esquerda há décadas — em seus primeiros mandatos, Lula faz gestos contundentes para pressionar por um acordo de paz entre os dois lados, e em 2010 chegou a reconhecer a soberania do Estado palestino, algo que serviu de fagulha para a politização interna do tema no Brasil. Em 2014, uma condenação explícita de Israel por parte de Brasília, relacionada a uma ofensiva em Gaza, foi recebida com ironia pelos israelenses, que chamaram o Brasil de "anão diplomático". Bolsonaro, por sua vez, escolheu priorizar as relações com Israel em seu governo, atendendo também o eleitorado evangélico, que constituiu base importante de sua vitória nas eleições de 2018. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, foi um dos líderes estrangeiros que acompanharam a posse de Bolsonaro em 2019, e o então presidente brasileiro prometeu transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, seguindo os passos de Donald Trump, presidente americano na época. Mas ao contrário do gesto dos EUA, a representação do Brasil continuou em Tel Aviv. Hoje, o Brasil ocupa a presidência rotativa Conselho de Segurança da ONU e, segundo Lula, o país não poupará esforços para conter a escalada de violência na região. Lula reafirmou a posição da diplomacia brasileira, em defesa de dois Estados: o de Israel e o da Palestina, e vem sinalizando que tentará chegar a uma solução para pôr fim à violência e à perda de vida dos dois lados. Neste episódio do Ao Ponto, o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, Guilherme Casarões, fala sobre o embate entre Israel e Palestina e como o tópico aprofunda fissuras já existentes na política brasileira, à ponto de influenciar as campanhas eleitorais municipais do próximo ano.
10/11/202323 minutes, 54 seconds
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As perspectivas para Israel e para os palestinos após o ataque do Hamas

Desde sábado, Israel enfrenta a maior ofensiva militar em décadas contra seu território, protagonizada pelo grupo militante palestino Hamas e que deixou mais de 1.200 mortos, entre israelenses e palestinos — cerca de 100 pessoas feitas de reféns, entre civis e soldados israelenses. O ataque não escolheu alvos: militares e civis foram alvejados, incluindo centenas de pessoas que participavam de uma rave perto da Faixa de Gaza. A resposta não tardou. No próprio sábado, ocorreram os primeiros bombardeios contra a Faixa de Gaza, que é controlada militarmente pelo Hamas desde o início do século. Mas esse seria apenas o prelúdio de uma ação que, segundo o premier Benjamin Netanyahu, "está apenas começando". Com a declaração de estado de guerra, mais de 300 mil reservistas foram convocados, e colunas de tanques e blindados estão sendo vistos perto do território, sugerindo que uma operação terrestre está perto de acontecer. Netanyahu, que autorizou um bloqueio total a Gaza, também instou os palestinos a saírem da região, e prometeu "reduzir os esconderijos do Hamas a ruínas". O fator que destacou o ataque foi o fracasso da inteligência israelense em prevê-lo. Exatos cinquenta anos depois da Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando a inteligência de Israel foi acusada de não ter sido capaz de prever com eficácia o ataque de uma coalizão árabe liderada pelos vizinhos Egito e Síria, o país se encontra novamente em situação similar. O último conflito de grandes proporções entre Israel e Hamas foi uma guerra de 10 dias em 2021. O território onde vivem dois milhões de pessoas está cercado e sem acesso à água, energia e alimentos. Para se salvar dos ataques, israelenses começaram a traçar rotas de fuga. Alguns queriam ir ao aeroporto, mas os voos pareciam estar suspensos. Outros pegaram a estrada, se afastando do Norte, onde a fronteira próxima com o Hezbollah é uma ameaça maior do que os foguetes de Gaza, ou das cidades mistas. Em meio ao cenário de guerra, brasileiros buscam formas de voltar ao Brasil em segurança. Cerca de mil cidadãos e seus dependentes procuraram a embaixada brasileira em Israel para terem o nome incluído na lista de possíveis repatriados pelo governo do Brasil. De acordo com o Itamaraty, quase todos são turistas hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. No Ao Ponto desta terça-feira, o professor da UFRJ Fernando Brancoli comenta a operação do Hamas, os fracassos dos serviços de segurança israelenses e quais são as perspectivas envolvendo outros atores do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, que discute a normalização de relações com Israel, e o Irã, que em suas primeiras declarações sinalizou apoio ao Hamas.
10/10/202340 minutes, 52 seconds
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O Nobel da Paz e a difícil luta pelos direitos humanos

A ativista iraniana Narges Mohammadi ganhou o Prêmio Nobel da Paz, anunciado na sexta-feira,"pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos", de acordo com a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo. Porém, Mohammadi não deve receber o prêmio pessoalmente pois está cumprindo uma pena de dez anos de prisão em Teerã, acusada de atentar contra a segurança nacional — a pena também inclui mais de cem chibatadas, que, segundo informações de pessoas próximas a Mohammadi, não foram aplicadas. Nos últimos anos, ela foi presa 13 vezes, e condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão. O comunicado divulgado após o anúncio do prêmio afirma ainda que "reconhece as centenas de milhares de pessoas que se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático contra as mulheres". Em nota, a família da ativista destacou que o prêmio marca "um momento histórico para a luta do Irã pela liberdade". A ONU também defendeu a soltura da ativista: “O caso de Narges Mohammadi é emblemático dos enormes riscos que as mulheres assumem para defender os direitos de todos os iranianos. Pedimos sua libertação imediata e a de todos os defensores dos direitos humanos dos encarcerados no Irã”, declarou, em nota, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O governo iraniano afirmou que a escolha foi um movimento tendencioso e anti-iraniano, que tem objetivo de politizar a premiação, e alguns jornais, próximos às autoridades, afirmaram que ela é uma "condenada" e que atuou "com grupos terroristas". Há o temor de que o prêmio sirva como pretexto para ampliar a repressão a quem se levanta contra o regime, seja por razões sociais, incluindo a obrigatorieade do uso do véu, seja por razões econômicas, ligadas ao desemprego em alta, à inflação e à deterioração das condições de vida dos iranianos. O anúncio da vencedora do Nobel também relembra o estado atual dos direitos humanos em todo o mundo. Países que cometem violações já não sofrem punições e até mesmo usam o capital voltado para política, economia e esportes para limpar a própria imagem. Um exemplo é a Arábia Saudita, que aposta em um plano de modernização do país, que inclui investimentos trilionários, para passar a ideia de que é uma nação cosmopolita, apesar de suas incontáveis denúncias de graves violações. Neste episódio do Ao Ponto, a professora de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Flávia Loss, fala sobre a vencedora do Nobel da Paz, Narges Mohammadi e sobre a situação e garantia dos direitos humanos ao redor do mundo. Ela ainda comenta a eficácia (ou não) dos mecanismos de punição a países que desrespeitam os direitos das populações, incluindo as sanções, um dos tópicos mais quentes de discussão nas relações internacionais hoje.
10/9/202325 minutes, 34 seconds
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A 'agenda anti-STF' no Congresso e as reações da Corte

Em uma votação que durou 42 segundos, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou um projeto que impõe limites a decisões individuais de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros tribunais. O avanço do texto amplia a lista de divergências entre a mais alta instância do Judiciário e uma ala do Congresso Nacional, que discute ainda a imposição de mandatos aos integrantes da Corte e a possibilidade de o Legislativo reverter decisões do STF. O texto propõe medidas como a definição de prazos para pedidos de vista em processos judiciais e a exigência de maioria absoluta para suspender a eficácia de leis e de atos normativos de amplo alcance, vedando assim decisões unilaterais e monocráticas. A medida causou reações entre os ministros do Supremo. Gilmar Mendes questionou não só o projeto, que considera "reformista", como o fato de o STF ser o alvo, principalmente após uma tentativa comprovada de golpe de Estado. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente da corte, afirmou que não existem poderes hegemônicos. A votação em tempo recorde foi mais um episódio de um tensionamento que vem ganhando força na Praça dos Três Poderes. No Congresso, há uma percepção de que os ministros do Supremo estão entrando em pautas que, em sua visão, seriam do Legislativo, como a relativa à descriminalização do porte de drogas, a discussão sobre o aborto e, mais recentemente, a que declarou o marco temporal das terras indígenas inconstucional — no mesmo dia em que foi concluído o julgamento, o Senado aprovou um projeto sobre o tema, que agora está na mesa do presidente Lula. Além do projeto sobre as decisões monocráticas, aprovado na CCJ, outros textos já circulam no Senado e na Câmara dos Deputados. Eles incluem, por exemplo, a determinação de mandatos para os ministros e até a possibilidade de revisão de decisões do plenário, algo que é considerado inconstitucional por especialistas. E além da discordância com as ações do STF, outros fatores, como a disputa pelo comando do Senado, também influem nessa "ofensiva". No Ao Ponto desta sexta-feira, a colunista do GLOBO Vera Magalhães fala sobre a tensão crescente entre o Senado e o STF, trazendo os bastidores desse tensionamento, e também como o governo Lula vê essa disputa, que pode eventualmente atrapalhar pautas importantes que estão prestes a serem votadas pelo Congresso.
10/6/202321 minutes, 51 seconds
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A ‘guerra civil’ no Partido Republicano dos EUA

O republicano Kevin McCarthy foi destituído do cargo de presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, algo que jamais havia acontecido na História do país, após uma manobra liderada pela ala mais extremista do partido. Foi o ápice de meses de conflitos internos, que envolveram pautas como o impeachment de Joe Biden — uma concessão do próprio McCarthy para que os extremistas aceitassem sua liderança — e um acordo para manter o governo federal funcionando até o fim do ano, algo que a facção mais radical do Partido Republicano considerou inaceitável. Depois da votação na terça-feira, o deputado Patrick McHenry, republicano da Carolina do Norte, foi nomeado presidente interino da Câmara, com a função de liderar a eleição de um novo presidente. A primeira votação está prevista para quarta-feira, 11 de outubro, mas dada a peculiaridade da situação, não é possível estabelecer como o processo será conduzido, tampouco quando será finalizado. Na lista de possíveis nomes que podem ocupar o cargo, alguns republicanos chegaram a sugerir o ex-presidente Donald Trump — a deputada Marjorie Taylor Greene, conhecida por sua afeição a teorias da conspiração, como o QAnon, alegou que Trump é “o único candidato a presidente da Câmara que apoio atualmente”. Pela Constituição, a indicação é possível, e caso Trump, que hoje enfrenta uma série de processos na Justiça, receba a maioria dos votos ele será conduzido à Presidência da Casa. Enquanto não há uma definição, a pauta ficará travada, o que não é exatamente interessante para a Casa Branca. O governo Biden quer avançar com as negociações sobre uma medida para garantir o orçamento federal até o final do ano — no sábado, um acordo foi fechado para manter o financiamento por 45 dias, um prazo que chega ao fim em meados do mês que vem. Há ainda planos envolvendo um novo pacote de apoio financeiro à Ucrânia e medidas relacionadas à imigração, considerado um calcanhar de Aquiles para o democrata. No episódio do Ao Ponto desta quinta-feira, o colunista do GLOBO Guga Chacra fala sobre a 'guerra civil' no Partido Republicano, como o Partido Democrata tenta usar a crise para explorar as fissuras na oposição, e como as turbulências em Washington podem impactar as eleições do ano que vem.
10/5/202322 minutes, 15 seconds
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A seca histórica na Amazônia e os impactos a curto e médio prazo

A Amazônia sofre os efeitos do que cientistas já consideram que será a maior seca da História, com impactos que poderão ser sentidos até o primeiro semestre de 2024. Os efeitos são evidentes em grandes rios, como o Negro, Solimões, Purus, Juruá e Madeira. O nível do Rio Negro caiu em média 20 cm por dia de agosto ao início de setembro, segundo o Serviço Geológico do Brasil. A Bacia do Rio Madeira, uma das mais importantes da região, também tem rios estão abaixo das cotas mínimas históricas. Dezenas de cidades estão em estado de emergência, com problemas no abastecimento de água e dificuldades no transporte fluvial, principal modalidade de locomoção de pessoas e de mercadorias na região Amazônica. Comunidades ribeirinhas apontam para a redução dos cardumes de peixes nos rios, e em Tefé (AM), mais de cem botos-rosa e tucuxis foram encontrados mortos em um lago, e cientistas acreditam que o calor extremo pode ter contribuído para essa tragédia ambiental. O fenômeno El Niño, que tem levado a culpa pelos eventos extremos no Brasil em 2023, não é o único responsável pela estiagem: além dele, cientistas apontam para o aquecimento excepcional do Oceano Atlântico Tropical Norte, que também tem causado um número acima do normal de furacões no Caribe e nos Estados Unidos. Porém, o ápice do El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, acontecerá perto do final do ano, e pode estender os efeitos já catastróficos sobre o clima vistos em 2023. Serviços de meteorologia alertam para novas ondas de calor, secas prolongadas — não apenas na Amazônia — e chuvas acima da média, em diferentes regiões do país. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter especial Ana Lúcia Azevedo fala sobre os impactos já visíveis da seca na Amazônia, as perspectivas futuras para o clima da região e o que dizem cientistas sobre o que esperar do El Niño até meados de 2024, quando o fenômeno deve perder força. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
10/4/202323 minutes, 40 seconds
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A crise de segurança na Bahia e os planos do governo federal

A guerra de facções na Bahia consolidou o estado no topo do ranking de assassinatos em números absolutos no país. Por ser um ponto estratégico para traficantes de drogas, a Bahia passa por disputas sangrentas de criminosos por território. A localização do estado permite que drogas cheguem tanto pela região Norte quanto pelas regiões Sul e Centro-Oeste. De lá, as substâncias entorpecentes são muitas vezes enviadas para Europa partindo dos três maiores portos baianos. No último ano, a Bahia teve 6.659 casos de mortes violentas, contra 4.485 no Rio de Janeiro. O cenário fez com que Jequié, a 365 km de Salvador, se tornasse a cidade mais violenta do país, com uma taxa de 88,8 mortes por 100 mil habitantes. Hoje há cerca de dez facções rivais disputando áreas da região Metropolitana e do interior baiano, um cenário que não acontece em nenhuma região do país. Em meio a este cenário, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou na segunda-feira um plano de combate às organizações criminosas, batizado de Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (ENFOC). O objetivo é fortalecer a investigação criminal, atividade de inteligência e um enfrentamento sistêmico das organizações criminosas. O Ministério da Justiça ainda anunciou ações de segurança pública específicas para a Bahia e para o Rio de Janeiro. Cerca de R$ 900 milhões devem ser investidos na iniciativa, que terá cinco eixos principais: integração institucional e informacional; aumento da eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; aumento da eficiência do sistema de Justiça Criminal e cooperação entre governo, estados e municípios. O plano prevê a implementação das medidas gradualmente, com a última etapa em 2026. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter especial Rafael Soares, fala sobre a crise de segurança na Bahia e a guerra territorial entre facções — no episódio, ele, que há anos cobre o noticiário de segurança pública no Brasil, afirma que jamais viu um cenário de tamanha fragmentação de organizações criminosas e confrontos localizados. Além dele, o repórter Sérgio Roxo, da sucursal do GLOBO em Brasília, comenta a implementação do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (ENFOC), e fala sobre a recepção entre grupos ligados à esquerda de um discurso de enfrentamento à criminalidade que, na visão de críticos, se assemelha à chamada "linha dura" do setor. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
10/3/202335 minutes, 37 seconds
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O aumento dos casos de câncer entre pessoas mais jovens

Um estudo feito por uma equipe internacional de pesquisadores e publicado na revista científica BMJ Oncology mostrou que os casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos cresceram 79% pelo mundo nas últimas três décadas, de 1990 a 2019. Com base nas tendências, os estudiosos estimam que os casos e as mortes na faixa etária vão aumentar 31% e 21%, respectivamente, até 2030. Existem muitas razões pelas quais uma célula humana pode se multiplicar incontrolavelmente até gerar um tumor, como fumar e beber álcool em excesso. A idade sempre foi um fator determinante além dos hábitos pouco saudáveis, mas os números indicam que algo está mudando nos diagnósticos: a idade continua a ser um fator importante, mas cada vez há mais casos entre adultos jovens e as causas não são claras. Os pesquisadores analisaram os números sobre incidência de novos casos de câncer, mortes, consequências para a saúde e fatores de risco entre indivíduos de 14 a 49 anos por meio do Global Burden of Disease, um amplo estudo sobre doenças com informações de 29 tipos de câncer em 204 países e territórios. As evidências passadas já apontavam para um aumento nos diagnósticos pessoas mais jovens pelo mundo, mas muitos estudos focavam em regiões ou países específicos, sem uma perspectiva global. Porém, dessa vez, foi constatado que, em 2019, foram 1,82 milhão de novos casos de câncer em pessoas abaixo dos 50, um aumento de 79% em relação aos dados de 1990 – quando foram pouco mais de um um milhão. Além disso, 1,06 milhão de indivíduos na faixa etária morreram em 2019, um crescimento de 28% em comparação com três décadas antes. Os pesquisadores acreditam que fatores genéticos influenciam o diagnóstico de câncer em pessoas mais jovens, mas reforçam que a má alimentação, como dietas ricas em carne vermelha e sal, e pobres em frutas e leite, aumentam o risco da doença. Além disso, alertam para outros fatores conhecidos, como o consumo de álcool e tabaco, o sedentarismo, a obesidade e o excesso de açúcar. Neste episódio do Ao Ponto, o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Carlos Gil, fala sobre os possíveis fatores que levaram ao aumento expressivo nas taxas de câncer em adultos com menos de 50 anos. Ele também fala sobre a recente aprovação, pela Anvisa, de ensaios clínicos da nova terapia com células CAR-T, considerado revolucionário, mas restrito a poucos por conta do alto preço. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
10/2/202318 minutes, 24 seconds
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O debate no Supremo e no Congresso sobre o marco temporal

O Senado aprovou por 43 a 21 o projeto que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas.A votação vai contra uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a mesma tese inconstitucional. O projeto, além do apoio da oposição, teve muitos votos favoráveis de congressistas de partidos com lugar na Esplanada dos Ministérios, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP). Os ministros do STF que foram contra o projeto de marco temporal entendem que não é necessária a comprovação de que os povos originários ocupavam a terra no momento da promulgação da Constituição de 1988 para ter direitos sobre o solo. Seria, portanto, inconstitucional estabelecer esse critério, como pretende o Congresso Nacional, por meio de lei, ou por decisão do Poder Judiciário. O texto segue agora para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode sancioná-lo ou exercer o veto, seja ele total ou de alguns pontos. Na quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) endossou, por 16 votos a favor e 10 contra, o relatório do senador Marcos Rogério (PL-RO) que define o ano de promulgação da Constituição (1988) como marco para demarcação de terras indígenas. O texto foi para votação em plenário pouco depois, onde foi aprovado, e ele traz mudanças profundas e importantes, como sobre o uso da terra e até sobre o contato com comunidades isoladas. Para especialistas, tanto a decisão do STF como a aprovação do projeto no Congresso podem levar a uma judicialização crescente da questão das terras indígenas — mais do que isso, as decisões antagônicas também podem sinalizar tensões crescentes entre o Legislativo e o Judiciário, embora o próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, rejeite tal cenário. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter do GLOBO em Brasília Camila Turtelli e a professora da Unilab, Andressa Lewandowski, falam sobre o futuro do debate a respeito do marco temporal, em um cenário de divisão em diferentes áreas da justiça brasileira, com o STF que considera o marco temporal inconstitucional de um lado, diante do Senado que aprovou o projeto. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/29/202333 minutes, 47 seconds
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O impasse sobre o piso constitucional da saúde

O volume de gastos com a saúde este ano está diante de um impasse bilionário para o governo Lula. Com a aprovação do arcabouço fiscal e o fim do teto de gastos, a antiga regra constitucional para o piso de gastos públicos com o setor, de 15% da receita corrente líquida (o recurso disponível para gastar), volta a valer, e isso já está dando dor de cabeça na Esplanada dos Ministérios. De acordo com cálculos do Ministério da Fazenda, isso significaria, já em 2023, despesas adicionais de R$ 20 bilhões, que teria de sair de outras áreas, uma vez que não estão previsto no Orçamento atual. A equipe econômica tenta conseguir que essa implementação do piso passe a valer apenas em 2024, mas a hipótese é considerada cada vez mais difícil, e alternativas estão sendo postas à mesa. Uma delas foi apresentada pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), líder do PT na Câmara: ele propôs a inclusão de um "jabuti" (a inserção de um tema em um texto com o qual não tem relação direta) no projeto de lei de compensação dos estados pelo ICMS reduzido em combustíveis e energia. Ele considera o percentual da receita corrente líquida com base no Orçamento de 2023, que é menor, o que reduziria o gasto adicional para bancar o piso de R$ 20 bilhões para R$ 5 bilhões. O texto foi aprovado na Câmara, mas depende de aval do Senado, onde parlamentares já indicaram não concordar com a proposta — afinal, até o presidente Lula vem defendendo o incremento dos gastos com o SUS. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter especial do GLOBO, Victoria Abel, fala sobre o impasse relacionado ao piso constitucional na saúde, e como evetuais mudanças poderão afetar a promessa do governo de zerar o déficit das contas públicas já no ano que vem. Mesmo antes da questão do piso, especialistas apontavam dificuldades para a equipe econômica cumprir a meta, especialmente por conta das receitas adicionais. Com a elevação de despesas previstas, a tarefa parece ainda mais complicada. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/28/202326 minutes, 49 seconds
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A crise humanitária e de segurança em Nagorno-Karabakh

A região de Nagorno-Karabakh,, uma pequena área montanhosa no Cáucaso, está no centro de uma disputa diplomática e militar entre Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas que travaram duas guerras por este enclave. Apesar da maioria da população de cerca de 120 mil pessoas ser etnicamente armênia,, o território é reconhecido como parte do Azerbaijão. A crise de segurança entre Armênia e Azerbaijão tem origem antiga, com raízes no final da década de 1980, em meio ao processo de desmantelamento da União Soviética. Entre 1988 e 1994, os dois países travaram uma violenta guerra sobre o enclave, que deixou cerca de 30 mil mortos, e terminou com um acordo de cessar-fogo mediado pelos russos, que passaram a atuar como uma força de manutenção de paz. Nas décadas seguintes, conflitos de pequena escala deixaram centenas de vítimas, mas em 2020, uma nova ofensiva liderada pelo Azerbaijão levou a uma segunda guerra aberta entre os dois países, que causou grande destruição material e provocou mais de seis mil mortes. Na ocasião, Baku recuperou parte da região, e usou seus ganhos com gás natural para comprar armamento superior da Turquia e de Israel, que lhe garantiu vantagem no campo de batalha. Essa guerra é considerada uma espécie de prelúdio às ações do governo azeri, que em dezembro do ano passado impôs um bloqueio às regiões armênias, e que, na semana passada, lançou uma ofensiva contra o que restava de resistência local, forçando a saída de dezenas de milhares de pessoas rumo à Armênia. A crise humanitária, até o momento, está sendo contida dentro do território armênio, enquanto uma resposta mas ampla da comunidade internacional ainda não saiu do papel. Neste episódio do Ao Ponto, o pesquisador-associado do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Oriente Médio (Gepom), Heitor Loureiro, fala sobre o conflito territorial que já dura décadas e sua relação com o desmanche da União Soviética. Ele também discute o papel de outros países na crise, como a Turquia, que presta apoio aberto ao governo de Baku, e da Rússia, que apesar do papel de mediador tem trocado farpas com as autoridades da Armênia, a ponto do contestado premier Nikok Pashinyan, ter declarado, no dia 13 de setembro, que não podia mais contar com os russos para garantir a segurança de seu país — isso, meros seis dias antes da operação azeri. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/27/202324 minutes, 20 seconds
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A disparada dos atos de extrema direita depois das eleições de 2022

Um estudo da cientista política Lilian Sendretti, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), revelou que o Brasil registrou mais manifestações de extrema direita nos dois meses após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do que nos quatro anos anteriores. Entre novembro de 2022 e 8 de janeiro, aconteceram 1.666 atos, contra 1.548 entre 2018 e 2022. O monitoramento utiliza dados de um banco de dados internacional que mapeia violência política, e além de episódios noticiados em jornais nacionais e regionais. Um dos acontecimentos determinantes para o aumento das manifestações foi a onda de bloqueios nas estradas iniciados por bolsonaristas radicais, em protesto à vitória de Lula no segundo turno das eleições. O aumento em números, mas também na violência dos atos, tem ainda relação direta com a pandemia e o ganho de força de discursos negacionistas. Para a pesquisadora, a concentração dessas manifestações também é influenciada pela radicalização do meio político nos últimos anos. No Ao Ponto desta terça-feira, a cientista política e pesquisadora Lilian Sendretti, autora do estudo, fala sobre a mudança nas tendências de protestos da extrema direita no último ano. Além da quantidade de atos, a violência também cresceu, junto às pautas com teor antidemocrático, como pedidos por uma intervenção militar no Brasil. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/26/202328 minutes, 35 seconds
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Milei, Massa e os momentos decisivos da eleição na Argentina

Falta menos de um mês para o primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina e o candidato de extrema direita, Javier Milei, é hoje o favorito. Em agosto, ocorreram as chamadas de "Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso)", que definem os candidatos estarão nas cédulas no dia 22 de outubro. Milei obteve 30,06% dos votos, surpreendendo as principais forças políticas do país. As pesquisas mais recentes também lhe dão vantagem sobre os demais, e uma vitória no primeiro turno não está fora de cogitação. O candidato defende o fim do Banco Central, o porte de armas e a venda de órgãos. Sem conseguir ter o mesmo impacto social com seus programas de governo, os demais candidatos dedicaram grande parte do tempo a comentar as ideias de Milei. Nas ruas da Argentina se ouve com frequência a frase: “O único que tem propostas, mesmo que não sejam perfeitas, é Milei.” Em 2021, em entrevista à repórter especial Janaína Figueiredo, Milei afirmou que seu "alinhamento com Trump e Bolsonaro é quase natural" e que seu posicionamento é, principalmente, contra o socialismo. A crise econômica na Argentina atual, somada à outros cenários de crise no país, podem explicar o favoritismo de Milei. Neste ano, na semana em que a cotação do dólar chegou a quase 500 pesos, Milei lançou um livro sobre seu projeto de dolarizar a economia, sua principal estratégia para conter a inflação, que em março chegou a 7,7% e acumulou, em 12 meses, aumento de 104,3%. A escalada dos preços internos é um dos maiores dramas que a Argentina enfrenta e que pode provocar a pior derrota já sofrida pelo peronismo nas urnas. Neste episódio, a repórter especial do GLOBO, Janaína Figueiredo, revela o panorama da corrida presidencial na Argentina e o cenário que pode se desenhar no país caso o candidato de extrema direita, Javier Milei, seja o vencedor das eleições. A jornalista conta ainda sobre o lançamento de seu livro, "Que Pasa, Argentina", o primeiro da jornalista e que traça um retrato da Argentina nas últimas décadas, e traz impressões pessoais sobre o país onde vive há tanto tempo. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/25/202332 minutes, 11 seconds
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Bolsonaro e a delação de Cid sobre um plano golpista

Menos de duas semanas depois de ter seu acordo de delação premiada homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), novos detalhes sobre o que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, disse aos investigadores da Polícia Federal não param de surgir. Na semana passada, foram divulgados detalhes relacionados à venda de jóias dadas ao Estado brasileiro, e que incriminariam diretamente o ex-presidente. Nesta quinta-feira, a colunista Bela Megale trouxe, em primeira mão, aquela que promete ser a mais bombástica das revelações do militar: a de que Bolsonaro teria discutido com a cúpula das Forças Armadas um plano para um golpe no Brasil, no final do ano passado. Segundo a delação, Bolsonaro teria se encontrado com os comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha, e conversado abertamente sobre um plano para impedir a troca pacífica de poder, depois da proclamação dos resultados da eleição presidencial do ano passado, vencida por Lula. Cid afirma que esteve no encontro, e que pelo menos um dos comandantes, o almirante Almir Garnier, da Marinha, teria dito que apoiaria a intentona. O comando do Exército se recusou a fazer parte da iniciativa. A informação, publicada ainda pela manhã, caiu como uma bomba entre as Forças Armadas. Além das negativas formais, surgiu uma visão, expressada por parte do Exército, de que a postura do então comandante, Freire Gomes, de não embarcar nos planos golpistas poderia ser encarada como um "copo meio cheio" em uma crise que promete afetar a imagem dos militares, além de trazer possíveis problemas com a Justiça. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que vai colaborar com as investigações, mas destacando que é importante "separar culpados dos suspeitos", e que, em sua opinião, as Forças Armadas estavam "100% ao lado da lei". As revelações vindas da delação de Mauro Cid se integram a uma longa trama golpista que tem Bolsonaro como um personagem recorrente. Desde os ataques às urnas, que vêm desde sua eleição, em 2018, quando foi vitorioso, passando pelas duras palavras dirigidas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial Alexandre de Moraes, até a atuação de alguns aliados próximos, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP), e de órgãos de Estado, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nas eleições do ano passado. Este episódio do Ao Ponto recebe a colunista do GLOBO, Bela Megale, para debater as novas revelações de Cid em delação e como as informações sobre um plano de golpe podem impactar nos integrantes da antiga cúpula do ex-presidente e no próprio Jair Bolsonaro. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e na Globoplay.
9/22/202322 minutes, 13 seconds
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Tributos, ofertas e promessas: as idas e vindas das regras para compras no exterior

Na terça-feira, a Shein, a gigante chinesa do comércio eletrônico, revelou à coluna Capital, do GLOBO, que quer passar a pagar o ICMS de compras feitas dentro de sua plataforma até o valor de US$ 50 (R$ 244,02), uma medida anunciada depois da adesão da empresa ao programa Remessa Conforme, anunciado pela Receita Federal como saída à taxação de importações de baixo valor. A Shein não informou quanto deve gastar com a iniciativa, porém, somente no ano passado, ela vendeu cerca de R$ 8 bilhões no Brasil, segundo analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA. Aplicando-se alíquota de 17% sobre esse valor, que é o ICMS cobrado sobre esse tipo de transação, o valor poderia chegar a R$ 1,3 bilhão. A decisão provocou críticas entre varejistas e representantes do setor industrial, que veem na iniciativa uma ameaça aos seus negócios — alguns deles inclusive questionam a legalidade da medida, mas especialistas dizem que há previsão legal para o pagamento. O episódio é mais um da longa novela envolvendo o governo Lula e as compras do exterior. No começo do ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que eliminaria uma regra que permitia a importação de itens com valor menor de US$ 50, como vinha sendo feito há algum tempo, uma decisão que provocou críticas até entre aliados e que foi revertida depois de pressão do próprio presidente Lula. A alternativa foi centrar as ações na fiscalização, e um programa em vigor desde agosto, o Remessa Conforme, se tornou a ferramenta para tentar acalmar os ânimos. Para aderir ao programa, as empresas devem estar em dia com as obrigações tributárias que o governo demanda, além de fornecer informações mais incisivas, como sobre a procedência de seus produtos. Em troca, seus clientes não precisarão pagar o imposto de importação sobre as compras de menos de US$ 50 — acima desse valor, nada muda. De acordo com o Ministério da Fazenda, as empresas já certificadas no programa representam 67% de todas as remessas de produtos e itens importados no Brasil de janeiro a julho de 2023. Neste episódio, os repórteres do GLOBO, Rennan Setti e Glauce Cavalcanti, respondem as dúvidas a respeito das compras em lojas internacionais, como Shein e AliExpress, incluindo sobre a possibilidade de taxação, sobre as regras do Remessa Conforme e sobre os planos dessas empresas, especialmente a Shein, de intensificar os investimentos em produção dentro do Brasil. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/21/202326 minutes, 41 seconds
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O calor extremo no Brasil e os alertas para os próximos meses

O verão só começa oficialmente no dia 22 de dezembro, porém, as altas temperaturas da reta final do inverno já são dignas da estação mais quente do ano, e a previsão aponta para a possibilidade de quebra de recordes ao redor do país. Um chamado 'domo quente', uma área de alta pressão atmosférica de tamanho e intensidade colossais, levará a temperatura para acima dos 40º C em cerca de um terço do país. Tanto calor, associado a baixos níveis de umidade do ar, traz riscos para a saúde, para agricultura e aumenta muito o risco de queimadas, principalmente no Cerrado e no Pantanal. Porém, Amazônia e Mata Atlântica também estão em perigo devido à combinação de seca e alta temperatura. A maioria das capitais e áreas agrícolas está dentro da zona quente. Os termômetros vão marcar acima dos 30°C, com exceção de uma faixa do litoral do Sudeste e no Sul do Rio Grande do Sul. A onda de calor deve se estender até a próxima semana no Sudeste, mas seguirá estacionado em boa parte do país, que inclui o Centro-Oeste, Sul da Amazônia, a maior parte do Nordeste e partes de São Paulo e Minas Gerais, segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe). Nessa área, o calor não tem fim à vista. Ondas de calor extremo como essa foram previstas pela ciência por conta da combinação de fatores agravantes, como um ano de atuação poderosa do fenômeno El Niño, mudanças climáticas e calor significativo no Atlântico Sul. O fenômeno El Niño deve atingir seu auge por volta de dezembro, mas antes disso teremos novos extremos. O Ao Ponto desta quarta-feira recebe a repórter do GLOBO, Ana Lucia Azevedo, para falar sobre a onda de calor intensa que chega para fechar o inverno deste ano e quais impactos as altas temperaturas podem ter na saúde e rotina dos brasileiros. No episódio, Gilvan Sampaio, coordenador geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), fala ainda sobre as mudanças no clima em outras regiões do mundo, como o calor extremo no Hemisfério Norte e a recente tragédia em Derna, na Líbia, onde uma tempestade, combinada com o rompimento de barragens, pode ter causado a morte de mais de 11 mil pessoas. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/20/202326 minutes, 39 seconds
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O discurso de Lula na ONU e as prioridades da diplomacia brasileira

Catorze anos depois, o presidente Lula abre hoje a sessão de Debates Gerais na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O líder brasileiro deve defender ações para o clima, combate à desigualdades sociais e criticar o atual modelo de governança global, que permite, na sua visão, que o lado desenvolvido do planeta afaste das grandes decisões o chamado Sul Global. O governo brasileiro recebeu mais de 50 pedidos de encontros bilaterais e há reuniões confirmadas com o presidente americano, Joe Biden e com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, após vários desencontros nos últimos meses. A expectativa é de que Lula seja pressionado para mudar a posição brasileira sobre a guerra na Ucrânia, e passe a apoiar Kiev, inclusive com equipamentos militares. Ainda sobre a guerra, Lula levará ao plenário um antigo pleito da diplomacia brasileira: a reforma do Sistema ONU, incluindo do Conselho de Segurança, que hoje tem cinco países com poder de veto e assento permanente. Um dos argumentos do Itamaraty é que, mais de um ano e meio após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o órgão fracassou na busca de soluções para a paz. Além disso, Lula ainda defende que a ONU tenha poder de forçar países a cumprir metas de combate ao aquecimento global, por exemplo. O Ao Ponto desta terça-feira recebe a doutora em Relações Internacionais e professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Flavia Loss, para debater a presença do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU catorze anos depois de seu último discurso, em um cenário nacional e mundial muito distintos desde sua última participação. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/19/202322 minutes, 6 seconds
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Impeachment de Biden? Trump fortalecido? Os novos debates eleitorais nos EUA

O presidente da Câmara dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, autorizou, na semana passada, que os republicanos abrissem um inquérito sobre o impeachment contra o presidente dos EUA, o democrata Joe Biden. McCarthy, que inicialmente relutava em aceitar esse movimento, agora deu sinal verde ao início de uma investigação que terá como foco as finanças da família Biden, mais especificamente o papel de um dos filhos do presidente, Hunter, um alvo recorrente do Partido Republicano. O presidente da Câmara acusou Biden de mentir sobre o conhecimento acerca dos negócios de Hunter Biden, e levantou questões sobre o dinheiro que ele e outros membros da família ganharam com empresas estrangeiras, como da empresa ucrananiana Burisma, ironicamente ligada ao primeiro processo de impeachment contra Donald Trump, em 2020. McCarthy também acusou o governo Biden de dar "tratamento especial" a Hunter em uma investigação fiscal criminal contra ele. O filho do presidente é alvo de um processo de 2018 que apura se foram cometidos crimes como fraude fiscal, lavagem de dinheiro ou lobby ilegal envolvendo os seus negócios na Ásia e na Europa. A maioria republicana entre os componentes da Câmara quer usar a ameaça a Biden como tentativa de resposta aos diversos inquéritos contra o ex-presidente Donald Trump na Justiça, em especial a investigação sobre o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e sobre a tentativa do ex-presidente de reverter a derrota nas urnas em 2020. E apesar do afastamento de Biden ser pouco provável, as investigações devem servir de combustível para discursos políticos, especialmente de Trump, que deve ser o indicado do partido para a disputa presidencial do ano que vem. O Ao Ponto desta segunda-feira recebe o colunista do GLOBO Guga Chacra, que fala sobre a abertura do processo de impeachment contra o presidente Joe Biden e como podem se desenrolar as investigações sobre as finanças da família do representante norte-americano às vésperas de um novo ano de eleição nos EUA. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/18/202327 minutes, 34 seconds
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A visita de Kim Jong-un à Rússia e a questionada parceria com Putin

Os líderes da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e da Rússia, Vladimir Putin se reuniram no Extremo Oriente russo em um encontro cercado de mistério, e que pode ter impactos à segurança regional na Ásia e sobre a guerra na Ucrânia. De concreto, foi revelada a promessa (ou intenção) da Rússia de ajudar no programa espacial norte-coreano, que vem tentando lançar um satélite de monitoramento ao espaço há algum tempo, sem sucesso — o encontro dos dois ocorreu, inclusive, no Cosmódromo de Vostochny, o mais moderno usado pelos russos hoje. Contudo, a contrapartida da Coreia do Norte acendeu sinais de alerta pelo mundo. De acordo com analistas militares e com informações de serviços de inteligência dos EUA, Coreia do Sul e Japão, Kim Jong-un cruzou a fronteira para debater um suposto acordo de venda de armas para os russos, ajudando no esforço da guerra de Putin na Ucrânia. O governo americano também ameaçou impor sanções contra os dois países caso a transferência de equipamentos militares se concretize. Kim, que já foi acusado de fornecer mísseis e itens de artlharia ao Grupo Wagner, em 2022, chegou a declarar seu apoio a Putin no que chamou de "guerra sagrada contra o imperialismo ocidental". A suspeita sobre um acordo de venda de armas fica mais forte pois a Coreia do Norte tem grandes reservas de projéteis de artilharia, resultado de décadas de uma guerra congelada contra o Sul e, que poderiam ser usadas para reabastecer os estoques russos esgotados no conflito da Ucrânia. A visita de Kim Jong-un também foi a primeira do líder norte-coreano ao exterior desde 2019, ano em que fracassou a iniciativa de aproximação diplomática com os EUA, à época liderados por Donald Trump. Naquele mesmo ano, Kim foi a Vladivostok, na Rússia, onde se encontrou com Vladimir Putin, mas em uma visita sem a mesma importância da realizada nesta semana. O Ao Ponto desta sexta-feira recebe Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da Universidade Fluminense e esquisador da Universidade Harvard, para falar sobre a relação entre Putin e Kim Jong-un e os possíveis impactos dessa união para o mundo, além da ameaça de aplicação de sanções pelos EUA e aliados. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/15/202330 minutes, 29 seconds
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Os detalhes do inquérito que apura suposta fraude na intervenção federal no Rio

Na terça-feira, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Perfídia, centrada na suspeita de fraude na compra de coletes por parte dos responsáveis pela intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, em 2018, no governo de Michel Temer. Segundo os investigadores, a empresa americana CTU Security e o governo brasileiro celebraram contrato com suposto sobrepreço para a aquisição de 9.360 coletes balísticos, e é nesse negócio que estão centradas as investigações. Na operação, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, e foi determinada a quebra do sigilo telefônico do general Walter Braga Netto, que estava no comando da intervenção. Ele não foi alvo dos mandados de busca, mas figura entre os investigados, e os agentes esperam obter informações relevantes depois da quebra do sigilo. Além do general, que também estava na chapa de Jair Bolsonaro na disputa presidencial do ano passado e que figura como um potencial candidato à Prefeitura do Rio, em 2024, o inquérito traz alguns personagens conhecidos do noticiário político. Um deles é o coronel Glaucio Guerra, que teria atuado para direcionar a compra dos coletes junto à CTU — ele esteve no alvo da CPI da Covid, em 2021, no caso da suposta cobrança de propinas para a compra de vacinas. Outro "conhecido" é o lobista Fernando Baiano, condenado no âmbito da Operação Lava Jato e apontado pela PF como um dos investidores da operação que culminou na fraude. Já o coronel da reserva do Exército Diógenes Dantas Filho, que compareceu a sessões públicas do processo de compra em nome da empresa, atuava como lobista junto aos militares e trabalhou, segundo a PF, para enquadrar as especificações do colete de acordo com aqueles fornecidos pela empresa. O Ao Ponto desta quinta-feira recebe o repórter especial do GLOBO, Rafael Soares, para falar sobre os desdobramentos da operação sobre possíveis fraudes na intervenção federal no Rio de Janeiro, além da ligação desse inquérito com as investigações, nos Estados Unidos, sobre o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, em 2021. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/14/202334 minutes, 2 seconds
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Os debates e disputas em torno da regulamentação das apostas esportivas

O projeto de lei das apostas online, relatado pelo deputado Adolfo Viana (PSDB-BA), está perto de ser votado na Câmara dos Deputados, e é um texto que mesmo antes de ser finalizado já atrai atenções de parlamentares e de integrantes do governo Lula. O principal motivo é a expectativa de arrecadação com a regulamentação: segundo o governo, o valor poderia chegar a até R$ 2 bilhões já em 2024, com perspectivas ainda maiores para os anos seguintes. O tema começou a ser discutido no governo ainda no começo do ano, quando o governo buscava novas fontes de arrecadação — o funcionamento dos sites de apostas é permitido desde 2018, ainda no governo de Michel Temer, mas havia a necessidade de um conjunto de regras concisas e amplas, algo que até as empresas desejavam. Como resultado, foi emitida uma Medida Provisória (MP) em julho, mas depois de articulações, especialmente por parte do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a opção pelo projeto de lei foi a preferida. O ponto central do plano é justamente aquele que não encontrou consenso entre os envolvidos: a alíquita cobrada sobre a receita das empresas de apostas. A MP traz uma taxa de 18% (sem contar a taxação sobre os prêmios pagos aos apostadores), mas o setor pede um número mais baixo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou com taxa menor que 18% para cobrança de impostos das empresas, mesmo que isso signifique uma queda na arrecadação. Há ainda a expectativa pela inclusão de mecanismos para impedir o uso dos sites de apostas para a manipulação de resultados esportivos, como tem sido revelado pelas autoridades policiais e esportivas ao longo dos últimos meses (e relatado no Ao Ponto em abril), e que levou a punições duras a atletas, incluindo o banimento do futebol. O Ao Ponto desta quarta-feira recebe os repórteres Victoria Abel e Bernardo Mello para discutir a disputa em torno do dinheiro das apostas esportivas dentro do governo, no momento em que a Fazenda está negociando qual será a taxa cobrada das bets e em que cada qual está em busca de seu quinhão nessa quantia. Os dois também comentam a mudança no Ministério do Esporte, com saída de Ana Moser e a chegada de André Fufuca (PP-MA), representante do Centrão. Apesar de justificada politicamente pelo Planalto, a saída de Ana Moser foi criticada por aliados de Lula e representantes do esporte no Brasil. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/13/202332 minutes, 16 seconds
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A delação de Mauro Cid e as reações de Bolsonaro e aliados

No último sábado, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, teve seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O militar estava preso desde maio e agora precisa usar tornozeleira eletrônica e seguir regras como não sair à noite e não usar redes sociais. Cid prestou, ao todo, mais de 24 horas de depoimento aos investigadores. O tenente-coronel responde a oito inquéritos no Supremo e pode ser responsável por revelar supostos crimes envolvendo Jair Bolsonaro, já que foi o auxiliar mais próximo do presidente durante o mandato, além de aliados próximos e integrantes do seu governo. Uma das acusações, e justamente a que está dando mais dor de cabeça ao ex-presidente, é a relacionada à venda dos presentes oficiais ao longo dos quatro anos de mandato. Mauro Cid, junto ao pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, foram identificados como responsáveis pela venda de alguns dos itens, incluindo dois relógios de luxo. Contra Mauro Cid pesa ainda a acusação de falsificação de comprovantes da vacina da Covid-19 para a própria família, para o ex-presidente e sua filha caçula, Laura Bolsonaro. Sua prisão, em maio, foi decretada justamente nas investigações relacionadas à fraude, e no mesmo dia houve uma operação de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em Brasília. A delação está incluída em uma investigação ainda mais ampla, a das milícias digitais, que apuram a existência de uma organização criminosa que teria o objetivo de atentar contra o Estado de Direito. Ao aceitar a delação, Cid se compromete a fornecer novas informações não apenas sobre as acusações que pesam contra si, mas também contra outros dos acusados, incluindo Bolsonaro, que tem adotado uma estratégia de silêncio nas últimas semanas, inclusive no depoimento que prestou à Polícia Federal no começo do mês. Nos bastidores, não são poucos os aliados que consideram sua situação legal cada vez mais complicada, e que também pode afetar seu capital político O Ao Ponto desta terça-feira discute a delação de Cid, e o que esperar dos próximos movimentos na Justiça. Direto de Brasília, a jornalista Mariana Muniz conta os detalhes das investigações e o que esperar da delação, e a colunista Bela Megale traz reações de aliados do ex-presidente, e revela como o partido de Bolsonaro, o PL, está se preparando para uma eventual condenação . Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/12/202337 minutes, 24 seconds
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Os ecos do 11 de Setembro, mais de duas décadas depois dos ataques

Um dia que ficou gravado na memória como um dos momentos mais sombrios da História contemporânea: 11 de setembro de 2001, quando quatro aviões foram sequestrados para atingirem as Torres Gêmeas, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, nos Estados Unidos — uma quarta aeronave, que rumava em direção à capital americana, caiu na Pensilvânia. E embora muitos recordem esses eventos apenas através de vídeos e livros de história, seus efeitos continuam a reverberar pelo mundo. Após os ataques, os Estados Unidos lançaram uma série de intervenções mundo afora. O Afeganistão, invadido em outubro de 2001, voltou a ficar sob controle da milícia Talibã, que impõe uma deturpada interpretação do Islã à população. No Iraque, ocupado pelas forças americanas em 2003, a instabilidade política e as crises de segurança, que ainda ecoam os conflitos que se seguiram à queda de Saddam Hussein, seguem parte do cotidiano. As duas décadas viram ainda mudanças significativas na Política Externa dos Estados Unidos. As intervenções militares foram deixadas para trás, e não são poucas vozes, incluindo entre republicanos, que defendem o fim do papel de "xerife do mundo". O foco no combate ao terrorismo, personificado pela "Guerra ao Terror", deu lugar a outras questões internacionais, como as tensas relações com a China e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia e o antagonismo em relação à Rússia. No vigésimo segundo aniversário dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o Ao Ponto recebe o professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio João Daniel Almeida, que traz uma análise histórica e política sobre os ataques e como eles ainda são percebidos na sociedade americana. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/11/202332 minutes, 7 seconds
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A reunião do G20 na Índia e a chegada do Brasil à presidência do grupo

Acontece neste final de semana em Nova Délhi, na Índia, um dos principais fóruns de líderes mundiais: a cúpula do G20. E antes do evento começar, uma série de questões já começam a ser debatidas, como as ausências do presidentes chinês, Xi Jinping, e russo, Vladimir Putin, a guerra na Ucrânia e as prioridades do Brasil, que assume a presidência rotativa do bloco após o encontro em Bharat — nome que autoridades indianas pretendem utilizar para se referir ao país. A ausência de Xi Jinping marca uma grande mudança do presidente chinês em sua política externa. Participante de todas as cúpulas de líderes do G20 desde que assumiu o poder, em 2012, ele será substituído pelo primeiro-ministro Li Qiang. O motivo da ausência não é tão claro, mas pode ter relação com a disputas diplomáticas com a Índia, com o desejo de Xi de reforçar o recém-ampliado Brics ou ainda com os problemas econômicos de seu país. Já a falta de Vladimir Putin era mais esperada. Assim como ocorreu durante a cúpula do Brics, na África do Sul, ele será representado por seu chanceler, Serguei Lavrov, apesar da ausência do risco de ser preso por ordem do Tribunal Penal Internacional, como ocorreu na reunião sediada pelos sul-africanos. Pelo lado dos Estados Unidos, há a expectativa de que a cúpula na Índia confirme o G20 como o principal fórum de cooperação econômica, principalmente após a expansão dos Brics. Atualmente, o G20 é formado pela União Europeia e 19 países: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Há ainda a expectativa com a liderança do grupo pelo Brasil a partir de 1º de dezembro deste ano. O presidente Lula terá o desafio de tentar emplacar suas prioridades ao mesmo tempo em que busca consensos e o equilíbrio em um mundo polarizado. No ano que vem, a reunião de líderes deve acontecer no Rio de Janeiro. O Ao Ponto desta sexta-feira recebe o professor de Política Internacional da Universidade Federal de Minas Gerais Dawisson Belém Lopes, que discute a reunião do G20 e as chances do encontro de líderes e representantes terminar sem um comunicado conjunto. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/8/202320 minutes, 31 seconds
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O que muda (e o que não muda) com a minirreforma eleitoral debatida na Câmara

Está em discussão na Câmara dos Deputados um pacotão de mudanças nas regras eleitorais. Apelidado de 'minirreforma eleitoral', o projeto, que ainda não foi finalizado, tem como alvo ações como a flexibilização das regras de publicidade em campanhas, simplificação na prestação de contas e uma revisão na contagem do período de inelegibilidade estipulado pela Lei da Ficha Limpa — o prazo continuaria o mesmo, 8 anos, mas ele começaria a contar a partir do momento da condenação, e não após o cumprimento da pena. As propostas também incluem a antecipação do registro de candidatura em 15 dias, ampliação da possibilidade de prestação de contas simplificada e a flexibilização da propaganda eleitoral. No entanto, ainda há pontos nebulosos, como as cotas de gênero e raça para candidatos e a distribuição do fundo eleitoral. A minirreforma pretende adotar mudanças na federações partidárias, criadas pelo Congresso em 2021 como uma forma de contornar a cláusula de barreira e garantir a existência de partidos menores. O relator da minirreforma, deputado Rubens Pereira Júnior (PT - MA), tem destacado que a prioridade é ações de consenso, que permitam uma aprovação rápida — afinal, o texto final precisa ter o aval das duas Casas e receber a sanção do presidente Lula até o dia 5 de outubro para que as mudanças se tornem efetivas nas eleições municipais de 2024. Na prática, isso significa que pontos mais polêmicos, como as fake news, ficarão fora desse projeto. O relator do PL do tema, o deputado Orlando Silva (PC do B - SP), chegou a sugerir a inclusão de propostas sobre a propagação de notícias falsas e desinformação no período eleitoral, mas foi voto vencido no fim das contas. O Ao Ponto de hoje discute o pacotão de mudanças na legislação eleitoral e o que dizem especialistas sobre um texto que deve correr a toque de caixa no Congresso. Quem explica os detalhes e os bastidores da proposta é a repórter Camila Turtelli, da sucursal do Globo em Brasília. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
9/6/202324 minutes, 44 seconds
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Os planos do governo e do Congresso para mudanças no regime de MEI

Segundo a Receita Federal, há hoje no Brasil registros de 15,44 milhões de microempreendedores individuais, os chamados MEIs. São pessoas que, na esteira do empreendedorismo, escolhem este tipo de formalização para seus negócios, de campos que vão desde a prestação de serviços de reparos de equipamentos eletrônicos até confecções e fornecimento de refeições. E um projeto articulado pelo Congresso e pelo Governo Federal pode fazer com que esse número dê um salto: pelo plano, que está em fase de elaboração, o teto de faturamento anual para os MEIs passaria dos atuais R$ 81 mil para R$ 144,9 mil, o que poderia trazer para o regime até 470 mil novas empresas, que hoje têm faturamentos maiores do que o limite. Pelas regras, se uma empresa ultrapassar esse patamar, ela passa a se enquadrar como microempresa (ME), que traz vantagens, mas também obrigações — inclusive tributárias — mais pesadas, e que por vezes inviabilizam a continuação do empreendedor no negócio. A figura do MEI surgiu em 2008, como uma forma de formalizar trabalhadores brasileiros que, até então, desempenhavam diversas atividades sem nenhum amparo legal ou segurança jurídica. Com a legislação em vigor desde 2009, o microempreendedor consegue regularizar seu negócio, ter um CNPJ e emitir notas fiscais — e com isso poder vender e prestar serviços para outras empresas e para o governo. Há ainda a possibilidade de pagar a contribuição previdenciária e ter acesso a aposentadoria por idade ou por invalidez, licença maternidade, auxílio-doença, entre outros benefícios. A tributação mensal é fixa, e o volume de declarações tributárias é bem menor do que nas demais modalidades Especialistas da área destacam que o limite de faturamento para a classe não é reajustado há cinco anos. A mudança no teto poderia incentivar empresários a regularizarem suas operações, já que hoje não são raros os casos de empreendedores que evitam emitir notas fiscais perto do fim do ano para evitar estourar o limite de faturamento. Para entender melhor as mudanças propostas para os microempreendedores individuais e os impactos da alteração para a arrecadação do Governo Federal, o Ao Ponto desta terça-feira conversa com a repórter de economia Pollyanna Brêtas, que também conta se há algum prazo para o projeto entrar na pauta de votações no Congresso Federal. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e na Globoplay.
9/5/202319 minutes, 5 seconds
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A sequência de golpes na África e as novas disputas por influência no continente

No mês passado, o Gabão, país na África Central e lar de cerca de 2,3 milhões de pessoas, foi cenário de um golpe de Estado, protagonizado por elementos das Forças Armadas, insatisfeitos com o resultado da eleição presidencial, que deu mais um mandato a Ali Bongo, que comanda o governo desde 2009. Bongo, que está em prisão domiciliar, chegou ao poder depois da morte de seu pai, Omar Bongo, que ficou quase 40 anos à frente da Presidência. O golpe no Gabão foi mais um de uma série de levantes vistos ao redor da África, uma longa lista que inclui Burkina Faso, Mali e o Níger, um movimento também liderado por militares e que está no meio de uma discussão sobre uma potencial intervenção externa liderada por nações da região. Movimentos que, embora tenham suas particularidades dentro de seus próprios contextos nacionais, têm alguns pontos em comum, incluindo mudanças na percepção sobre as lideranças locais e sobre as potências que as apoiam e apoiaram ao longo das décadas. A França, que mesmo depois dos movimentos de independência dos anos 1960 e 1970, ainda tem uma presença considerável no Continente, especialmente em países que foram suas colônias. Contudo, um discurso anticolonial, de questionamento à ordem apoiada pela França vem ganhando força — no Níger, independente desde 1960, os golpistas cortaram relações com Paris dias depois do levante. No próprio Gabão, o apoio dado pela França à família Bongo por mais de cinco décadas também serviu de combustível para a revolta. Ao mesmo tempo, Rússia e China têm intensificado suas presenças política, econômica e de segurança na África. Os dois países apoiaram ativamente os movimentos de independência no continente nos anos 1960 e 1970, e agora veem na retração da França um espaço livre para reforçar seus laços com velhas e novas lideranças. Pequim tem apresentado planos de infraestrutura e crédito fácil para países com contas fragilizadas, e a Rússia, especialmente através do Grupo Wagner, tem dado apoio militar a países como a República Centro-Africana. Um sinal de como a imagem dos russos está em alta foi a presença de bandeiras russas em protestos a favor dos levantes no Níger e mesmo no Gabão. O Ao Ponto começa a semana analisando as peculiaridades e as semelhanças entre os golpes recentes na África, e quais são os fatores que podem incitar novos levantes na região, especialmente na África Ocidental. Nosso convidado, Alexandre dos Santos, jornalista, professor de História e Política do Continente Africano no Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, traça um histórico do cenário político e faz uma análise das disputas entre potências por influência regional. Ele também discute como a entrada de dois novos países africanos no Brics — Etiópa e Egito — poderá impactar nessa balança de poder e influência.
9/4/202331 minutes, 4 seconds
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A maratona de depoimentos na PF e os avanços na investigação sobre Bolsonaro

Os repórteres Patrik Camporez e Eduardo Gonçalves, além da colunista Bela Megale, contam os detalhes dos oito depoimentos realizados nesta quinta-feira, no âmbito do caso das jóias
9/1/202335 minutes, 51 seconds
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Uma conversa com Miriam Leitão sobre seu novo livro, 'Amazônia na Encruzilhada'

Num caminho, a maior floresta tropical do planeta, o maior rio, o maior patrimônio de biodiversidade e o mais completo dos ecossistemas da Terra. No outro, Miriam Leitão, uma jornalista que viu a questão ambiental e climática invadir a lógica econômica e a economia chegar, aos poucos, aos debates ambientais, quando essas conexões ainda não eram tão evidentes. Entre os dois caminhos, surgiu “Amazônia na Encruzilhada”, livro lançado hoje pela Editora Intrínseca. A obra é uma ampla reportagem sobre os avanços e os retrocessos da luta do Brasil contra o desmatamento, com bastidores da política ambiental, viagens à Amazônia e entrevistas com especialistas, pessoas que atuam diretamente na elaboração (ou descumprimento) das normas ambientais, além de personagens que vivem a realidade amazônica de perto. Além de destacar os riscos que a destruição da floresta representam para toda a Humanidade, Miriam tenta mostrar que nem sempre o pior caminho é tomado em uma encruzilhada. A mudança de governo, com a chegada de Lula, marcou a reversão de políticas de devastação incentivadas por Jair Bolsonaro, e o retorno de Marina Silva ao Ministério do Meio Ambiente, mais de uma década depois de sua conturbada saída, serviu como um compromisso a mais do país com a preservação. Iniciativas locais, como as de comunidades extrativistas no Pará, também revelam como é possível usar o potencial econômico da Amazônia sem destruí-la. Ao invés de motosserras, correntes que derrubam em segundos árvores de centenas de anos e do mercúrio que polui os rios e contamina as crianças, ferramentas tecnológicas simples são opções mais que viáveis, necessárias para o futuro. O Ao Ponto de hoje conversa com Miriam Leitão sobre o livro, que além de ser uma narrativa jornalística sobre a mata, serve como um documento histórico de nossas políticas ambientais. Na conversa, Miriam detalha os primeiros momentos do projeto, que deu seus passos iniciais nos momentos mais críticos da pandemia — para ela, um momento de muito trabalho, mas também de limitações por causa do próprio vírus, e de sofrimento diante da tragédia sanitária vivida pelo país, que perdeu 700 mil vidas de 2020 até aqui.
8/31/202334 minutes, 25 seconds
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A disputa pela nova indicação de Lula ao STF e quem são hoje os favoritos

Ao contrário da relativa certeza que envolveu a indicação de Cristiano Zanin para o Supremo Tribunal Federal (STF), a sucessão da vaga da ministra Rosa Weber, que se aposenta no mês que vem, está incerta. Nomes de vários setores, incluindo juristas, advogados, ministros e políticos estão sobre a mesa de Lula há meses, mas até agora o presidente não dá sinais sobre sua escolha. Mas, nos bastidores, dois nomes surgem como favoritos nessa reta final da decisão. Os nomes mais cotados são Jorge Messias, advogado-geral da União (AGU), e Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). Os dois homens, brancos, têm se empenhado para mostrar proximidade com o presidente Lula, além de alinhamento às tais pautas progressistas, e contam com diferentes torcidas no entorno do presidente da República. No PT, o advogado da AGU é o nome que tem ganhado cada vez mais força pelas estreitas ligações com o partido. De perfil discreto e evangélico, Messias construiu uma relação pessoal com a ex-presidente Dilma Rousseff, é fiel a Lula e tem a confiança do petista. Já Bruno Dantas capitaliza um apoio amplo no Congresso e no meio político — apesar de não ter tanta proximidade com o PT, tem como padrinho o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Em abril, durante a posse do Conselho de Participação Social, foi elogiado por Lula e chamado de “companheiro Bruno Dantas”. Correm ainda por fora os nomes de Flávio Dino, Benedito Gonçalves, Simone Schreiber, Regina Helena Costa e Rodrigo Pacheco, e apesar do favoritismo de Dantas e Messias, não se pode descartar esses concorrentes logo de cara, afinal, os ventos em Brasília são conhecidos por mudanças bruscas e inesperadas. O Ao Ponto de hoje fala da expectativa com a vaga da ministra Rosa Weber e a disputa pela preferência de Lula para a Casa. Quem conversa com a gente, direto de Brasília, são as repórteres Mariana Muniz e Jeniffer Gularte, da sucursal do Globo da capital federal. As duas também comentam a repercussão no governo e no STF das decisões recentes do primeiro indicado por Lula neste terceiro mandato, Cristiano Zanin, seu advogado no processo da Operação Lava-Jato. Seus votos em temas como a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal, quando foi contra a tese da liberação, mesmo que parcial, foram alvo de críticas em setores progressistas e aliados de Lula.
8/30/202331 minutes, 2 seconds
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O caso Faustão e o sistema público de transplantes no Brasil

O transplante de coração ao qual o apresentador Fausto Silva foi submetido neste domingo suscitou um longo debate nas redes sociais. Faustão, como ficou conhecido, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde o último dia 5 aguardando o órgão, e a relativa “agilidade” no processo levou pessoas a espalharem desinformação sobre como ele foi escolhido para receber o novo coração. O procedimento foi um sucesso, segundo o hospital. De acordo com o comunicado, "o Einstein foi acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo na madrugada de hoje (domingo), quando foi iniciada a avaliação sobre a compatibilidade do órgão, levando em consideração o tipo sanguíneo B". Faustão segue na UTI para “adaptação do órgão e controle de rejeição”. O caso do apresentador jogou luz sobre o sistema público de transplantes no Brasil, considerado o maior do tipo do mundo. Feito para garantir que todos os pacientes sejam atendidos no menor tempo possível, o modelo da lista brasileira leva em conta diversos critérios, como tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade, distintos para cada órgão, determinam a ordem dos transplantes De acordo com o Ministério da Saúde, em nota divulgada após a repercussão do caso, pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica, e nem sempre quem está há mais tempo na lista é atendido antes. O Ao Ponto de hoje fala da cirurgia de Fausto Silva em São Paulo e sobre como funciona o modelo brasileiro de transplantes, responsável por milhares de procedimentos todos os anos. Nosso convidado é é o Dr. Valter Duro Garcia, editor-chefe do RBT (Registro Brasileiro de Transplantes), duas vezes Presidente da Asssociação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e hoje Coordenador do Departamento de Ética em Transplantes da Associação. Além de detalhar o modelo de transplantes, ele desfaz algumas das informações incorretas sobre os procedimentos que vêm povoando debates e as redes sociais desde a cirurgia.
8/29/202320 minutes, 26 seconds
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A missão indiana à Lua e o novo capítulo da corrida espacial

Na semana passada, a Índia fez história ao pousar o módulo lunar Chandrayaan-3 em uma região quase inexplorada próxima ao Pólo Sul da Lua. Direto do encontro do Brics, na África do Sul, o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, interrompeu suas atividades para entrar em uma transmissão ao vivo e acompanhar o pouso. Após o sucesso da missão, ele disse que "o céu não é o limite". A missão foi a primeira a pousar com sucesso nesta região da Lua, e agora vai começar a explorar uma área onde a Nasa já confirmou haver depósitos de água em estado sólido. É com outro integrante do Brics, a China, que a Índia compartilha o feito de ser o único país a atingir a superfície do satélite terrestre neste século. No entanto, o sucesso indiano veio depois do fracasso de uma outra nação do bloco, a Rússia: dias antes do pouso do Chandrayaan-3, a sonda Luna-25 foi destruída quando tentava pousar na mesma região. A nave deveria marcar o retorno de Moscou à Lua quase meio século após a última missão soviética, a Luna-24. O incidente jogou ainda mais dúvidas sobre o futuro do programa espacial russo. No ano passado, já em meio à invasão da Ucrânia, a Rússia anunciou que suspenderia cooperações no campo espacial com o Ocidente, e que deixaria a Estação Espacial internacional no ano que vem, além de apresentar planos para uma nova estação espacial, mais de 20 anos depois que a Mir, estação que foi colocada em órbita pelos soviéticos, se desintegrou na atmosfera terrestre. A missão da Índia se insere em uma espécie de nova corrida rumo à Lua. Países como Coreia do Sul, Japão e Israel têm seus próprios planos para enviar naves de reconhecimento ao satélite — alguns já saíram do papel, e tiveram fins desastrosos, como a nave israelense Beresheet, que foi destruída em um pouso malsucedido na Lua, em 2019. A missão foi a primeira do tipo que contou com financiamento privado. Já as chamdas potências espaciais têm planos mais ousados. Os EUA querem mandar uma missão tripulada para sobrevoar a Lua já no ano que vem, e colocar astronautas em solo lunar em 2025, depois de um hiato de mais de 50 anos. A China, que em maio revelou seus próprios planos de exploração lunar, quer ver seus taikonautas pisando na Lua até 2030, ao mesmo tempo em que expande a sua estação espacial, a Tiangong.
8/28/202323 minutes, 52 seconds
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A morte de Yevgeny Prigojin e o futuro do Grupo Wagner

Nesta quarta-feira, um avião que seguia de Moscou para São Petersburgo, na Rússia, caiu perto da cidade de Tver, a 160 km da capital russa. E entre os dez passageiros do jato particular Embraer Legacy 600, estavam o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigojin, o comandante da organização de mercenários e paramilitares, Dmitry Utkin, duas das pessoas mais importantes da milícia. Todos morreram, segundo a Agência Federal de Transporte Aéreo, e o caso levantou algumas suspeitas: foi um acidente, atentado...ou uma execução? A desconfiança em relação às circunstâncias da queda da aeronave vem após dois meses do motim do Grupo Wagner contra o exército russo. Apesar de fracassado, o levante mudou a imagem de Prigojin diante da elite russa, pasando de um aliado próximo para a de um de traidor . Informações da inteligência dos Estados Unidos chegaram a apontar que o avião foi atingido por um míssil, possivelmente disparado de dentro da Rússia. No entanto, posteriormente, o Pentágono descartou a ideia e afirmou que "não tem informações que sugiram que houve um míssil terra-ar". O presidente russo, Vladimir Putin, só se pronunciou um dia depois do incidente, prestando condolências às famílias das dez vítimas. Segundo ele, Prigojin "era um homem com destino complicado, que cometeu erros graves em sua vida, mas que obteve os resultados de que precisava". Putin ainda prometeu "levar até ao fim" a investigação do caso. Forças que invadiram mansão do líder do Grupo Wagner encontram fotos de Prigozhin com disfarces Reprodução O Ao Ponto de hoje discute os impactos da morte de Yevgeny Prigojin para a Rússia, desde a relação próxima entre o Grupo Wagner e o Kremlin, até à percepção do incidente nos círculos do poder. Para isso, conversamos com Vitelio Brustolin, professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade Harvard, que ainda comenta o fato da morte de Prigojin ter ocorrido em meio à reunião do Brics, da qual Putin participou a distância.
8/25/202326 minutes, 51 seconds
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A aprovação do arcabouço fiscal e os próximos itens da pauta econômica do governo

Sai teto de gastos, entra o arcabouço fiscal. O novo regime para as contas públicas do país foi aprovado nesta terça-feira na Câmara dos Deputados, uma votação que foi recebida com otimismo pelo governo, apesar das alterações feitas pelas duas Casas. Agora, o texto desenhado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com a participação de técnicos de outras pastas e negociado com lideranças partidárias, segue para sanção do presidente Lula. Mas, afinal, o que muda? Criado em 2016 na gestão do então presidente Michel Temer (MDB), o teto de gastos tinha como principal função impedir o crescimento das despesas federais acima da inflação. Por ser excessivamente rígida, ao menos na visão dos críticos, a âncora fiscal teve recorrentes exceções aprovadas por propostas de emendas constitucionais que permitiram aumentos de despesas — como a que autorizou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro a gastar R$ 41,2 bilhões para conceder benefícios a menos de três meses das eleições de 2022. Com o novo arcabouço fiscal, o governo fica autorizado a aumentar os gastos acima da inflação. Esse crescimento irá variar entre 0,6% e 2,5% todos os anos, a depender do aumento da arrecadação. A meta é sair do vermelho e zerar o déficit fiscal em 2024 e produzir, a partir de 2025, resultados positivos, no azul. O projeto também tem reverberações em diversos setores da vida dos brasileiros, como a queda dos juros, o aumento da confiança de investidores estrangeiros e diminuição do valor do dólar, redução da inflação, maiores investimentos e, claro, o crescimento econômico do país. Pelo menos é o que se espera. Como nem tudo são flores: o ponto que tratava do cálculo da inflação que irá servir de base para o arcabouço fiscal no ano que vem foi deixado de fora na Câmara. Com isso, vai valer a inflação em 12 meses terminados em junho deste ano e, na prática, um corte de R$ 30 a 40 bilhões em despesas que seriam permitidas no ano que vem. Mas o governo já tem uma espécie de "plano B". O Ao Ponto de hoje fala sobre a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara, as mudanças em relação ao texto original e as relações entre o Planalto e o Congresso daqui pra frente. Quem conversa com a gente é a repórter Victoria Abel, da sucursal do GLOBO de Brasília, que também conta os detalhes de outros projetos da área econômica que podem ser votados em breve.
8/24/202324 minutes, 8 seconds
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A crise da 123milhas e quais são as opções para os consumidores afetados

A viagem dos sonhos pode ter se tornado um pesadelo para quem comprou passagens pela 123milhas. Isso porque a empresa anunciou que não irá emitir bilhetes da linha “Promo” com embarques programados entre setembro e dezembro deste ano. A medida pegou muita gente de surpresa e, claro, revoltou milhares de clientes. O pacote promocional da empresa era semelhante ao adotado pelo Hurb — hoje colapsado —, com preços muito abaixo dos praticados no mercado e uma viagem sem data predefinida nem reservas confirmadas em empresa aérea ou hotel. Em maio, o governo já havia proibido o Hurb de vender pacotes nesse modelo, depois que a empresa não conseguiu honrar viagens vendidas. Em comunicado, a 123milhas disse que o motivo da suspensão foi “devido à persistência de circunstâncias de mercado adversas. Dessa forma, na hora da companhia comprar efetivamente as passagens junto às companhias aéreas, os bilhetes custavam muito mais do que foi cobrado dos clientes. Para especialistas, no entanto, a justificativa não é aceitável. Jeanine Pires, consultora do setor de turismo e ex-presidente da Embratur, por exemplo, qualifica como “um mecanismo para gerar caixa e brincar com o dinheiro das pessoas”. Como solução aos prejudicados pela medida, a empresa ofereceu a devolução do valor pago em vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI para compra de passagens, hotéis e pacotes na própria empresa. Cerca de 40 mil pedidos de vouchers foram feitos desde a suspensão, mas essa solução não foi aceita por muitos, que já acionaram a Justiça para que as passagens sejam honradas. Em resposta à crise, o Ministério do Turismo anunciou a suspensão de cadastro público da 123milhas junto ao órgão e a pasta da Justiça afirmou que “a empresa tem que ressarcir em dinheiro se o consumidor preferir.” O Ao Ponto de hoje analisa a crise na 123milhas, aponta caminhos para os consumidores atingidos e também quais são os impactos sobre o setor do turismo no Brasil. Para isso conversamos com Mariana Barbosa, da coluna Capital, que explica o que está por trás da suspensão na emissão de passagens, e Luciana Casemiro, da coluna Defesa do Consumidor, que conta quais são as opções além dos vouchers oferecidos pela empresa. E para quem quer economizar nas viagens mas não pretende correr riscos, o GLOBO traz algumas dicas para viajar gastando menos.
8/23/202333 minutes, 48 seconds
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Expansão, economia e guerra: a complexa pauta da cúpula do Brics

Representantes dos países do Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — começam hoje a reunião anual do grupo em Joanesburgo, na África do Sul. O encontro é o primeiro de forma presencial desde 2019, e promete levantar questões cruciais. A China, maior economia dos Brics, quer expandir e fortalecer o grupo e criar uma espécie de concorrente do G7, formado por sete das maiores potências do planeta. Mas há impasses, como sobre a inclusão de novos membros. O Brasil questiona o modelo de ampliação, além dos critérios que serão aplicados, como, por exemplo, uma eventual adesão desses candidatos ao Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido popularmente como Banco dos Brics, hoje comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff. A reunião também será marcada pela ausência do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele é alvo de uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), e poderia ser detido caso viajasse à África do Sul. Putin será representado pelo veterano chanceler Sergei Lavrov, e a expectativa é de que, repetindo um enredo visto em 2022, a invasão russa da Ucrânia seja mencionada brevemente no comunicado final. O Ao Ponto discute a reunião dos Brics, e como os membros de um grupo tão diverso poderão encontrar consensos sobre temas estratégicos, como a economia global e a guerra na Ucrânia. Quem conversa com a gente é o Maurício Santoro, cientista político e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha — para ele, essa é a mais importante reunião do bloco até hoje, e que deve pautar os passos para seu futuro. Santoro também fala sobre os planos do Brasil para retomar os laços com a África: além da África do Sul, Lula também irá a Angola e a São Tomé e Príncipe.
8/22/202327 minutes, 34 seconds
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As questões em torno da nova variante Eris

Cientistas da Inglaterra estão orientando que as pessoas voltem a usar máscaras, assim como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que orientou seus alunos e funcionários a utilizarem a proteção em ambientes fechados e evitarem aglomerações. O motivo? A Eris, a nova subvariante do coronavírus que está sendo associada a surtos nos EUA, China e Japão, e foi classificada como “de interesse” pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na quinta-feira, a variante foi identificada pela primeira vez no Brasil, em um paciente sem histórico de viagens, em São Paulo. A especificação da OMS é pelo fato que a EG.5, nome técnico da Eris, tem alterações genéticas em sua estrutura que lhe conferem vantagens, como a capacidade de escapar dos anticorpos desenvolvidos pelo sistema imunológico em resposta a variantes anteriores e pelas vacinas. Provavelmente por isso, ela se tornou a cepa dominante em todo o mundo e pode ser o motivo pelos quais os casos de Covid-19 voltaram a aumentar em algumas regiões. Apesar do alerta, especialistas dizem que a Eris não representa uma nova ameaça substancial ao público, pelo menos não mais que outras variantes que já são conhecidas. Eles alertam, no entanto, a importância da vacinação, em especial as doses de reforço, já que a EG.5 é uma subvariante da Ômicron XBB.1.9.2. Mas a maioria da população apta a receber a vacina bivalente no Brasil, que protege contra a Ômicron, ainda não foi aos postos de saúde se imunizar. Covid: Ministério não vê ameaça de gravidade em nova variante e descarta mudanças nas recomendações Para tirar dúvidas e desfazer ideias erradas, o Ao Ponto de hoje conversa com o infectologista Julio Croda, da Fiocruz, que discute as variantes, suas diferenças em relação a variantes anteriores e como está sendo a resposta das autoridades sanitárias. Ele ainda fala sobre os impactos que os três anos de pandemia causaram no sistema de saúde.
8/21/202319 minutes, 43 seconds
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O depoimento bomba na CPMI, a confissão de Cid e outras más notícias para Bolsonaro

O hacker Walter Delgatti Netto, em depoimento à CPI do 8 de janeiro, ontem, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou uma ação para fraudar as urnas eletrônicas e prometeu indulto como o de Daniel Silveira, caso fosse flagrado durante o plano. Em outra ocasião, o ex-titular do Planalto teria pedido ainda para Delgatti assumir a autoria por um grampo contra Alexandre de Moraes. Em troca, Bolsonaro prometeu conceder indulto ao hacker. O depoimento é apenas uma das más notícias que se acumularam contra o ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos dias. Além da fala na CPMI, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, teve os celulares apreendidos nesta quarta-feira pela Polícia Federal (PF). No dia anterior, ele admitiu ter recomprado o relógio Rolex que foi vendido ilegalmente nos Estados Unidos pelo ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, no âmbito da operação que investiga um suposto esquema de venda de presentes dados ao Estado brasileiro. A apreensão repercute a ação deflagrada na última sexta-feira pela PF, batizada de “Lucas 12:2”, em referência ao versículo bíblico que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”. Entre os principais alvos, estão o pai do tenente-coronel Mauro Cid, general Mauro Lourena Cid; o ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti e Wassef. De acordo com a investigação, "os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior", como diz a nota da PF. A defesa de Mauro Cid também deu mais um nó complexo nesse cenário. No começo da noite de ontem, o novo advogado do ex-ajudante de ordens, Cezar Bitencourt, afirmou que ele vai prestar novo depoimento à Polícia Federal, agora admitindo ter negociado um Rolex nos EUA, e ter entregado uma quantia em dinheiro vivo, relacionada à venda, nas mãos de Bolsonaro. Na véspera, o advogado admitiu, em entrevista ao GLOBO, que mudaria a estratégia da defesa, e que alegaria que Cid apenas seguia ordens de alguém com patente (ou cargo) superior. Para entender os últimos acontecimentos que rondam o antigo governo e como os fatos repercutiram no entorno de Jair Bolsonaro, o Ao Ponto de hoje conversa com Paolla Serra, repórter da sucursal do GLOBO em Brasília, e com a colunista e Bela Megale.
8/18/202325 minutes, 33 seconds
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O debate sobre mudanças no rotativo do cartão de crédito

Basta deixar de pagar o valor integral da fatura do cartão e se tem a linha de crédito mais cara do mercado: o rotativo, próximo de 440% ao ano. Uma operação que o governo quer mudar com urgência, e já teria até o martelo batido para seu fim. Uma decisão definitiva sobre o tema está em discussão no Congresso, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que deve apresentar propostas sobre o rotativo ainda em 2023. Esse debate esquentou diante de declarações do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, na última terça-feira, durante um reunião com parlamentares. Segundo Campos Neto, “a solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito possa ir direto para o parcelamento (mensal) e seja uma taxa ao redor de 9% (juro)". Contudo, os bancos não querem abrir mão do rotativo neste momento, e fazem propostas alternativas para reduzir as taxas, como mudanças no modelo de parcelamento no cartão de crédito, algo que, por sua vez, nem o comércio nem o governo querem. Hoje, o rotativo tem uma taxa de inadimplência de 52%, e as dívidas com cartões de crédito são as mais numerosas no universo de milhões de brasileiros endividados. E a discussão ocorre em meio à implementação do programa Desenrola Brasil, em vigor desde julho, e que tem como objetivo renegociar dívidas em atraso. O Ao Ponto de hoje conversa com o repórter Manoel Ventura, da sucursal do GLOBO em Brasília, e com Fábio Bentes, economista chefe da Confederação Nacional do Comércio e Serviços, para entender melhor as propostas e as críticas sobre o tema, a possibilidade do fim do parcelado sem juros e também se é possível reduzir, a curto prazo, os juros do rotativo.
8/17/202334 minutes, 31 seconds
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A alta na aprovação de Lula e os destaques da nova pesquisa Genial-Quaest

A mais recente pesquisa Genial-Quaest sobre a avaliação do governo Lula, divulgada hoje, trouxe dados positivos para o presidente. De acordo com os dados, 60% dos entrevistados aprovam o trabalho que o presidente está fazendo, contra 35% que desaprovam. A melhora ocorreu, sobretudo, em espaços onde o político não tinha bom desempenho, como na região Sul, onde foi derrotado na eleição do ano passado, e entre os evangélicos, grupo que havia dado forte apoio a Jair Bolsonaro. Agora, a avaliação positiva do presidente nesta parcela da população supera a avaliação negativa. Os números mostram a progressiva aprovação de Lula entre as classes média e alta. Segundo a Genial-Quaest, 49% dos brasileiros com renda superior a cinco salários mínimos aprovam a forma como o presidente está trabalhando, contra 48% que reprovam — em junho, a reprovação era de 49%, enquanto a aprovação de 46%. Contudo, essa parcela da população ainda é reticente quando o assunto é a atuação do governo como um todo: neste caso, 36% a veem como negativa, 34% como positiva e 28% como regular. Em mais um sinal positivo para o governo, 59% dos entrevistados acreditam que a economia vai melhorar nos próximos 12 meses — um ponto de destaque é essa avaliação entre os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro em outubro do ano passado: para 40% deles, a economia vai piorar nos próximos meses, enquanto 35% acreditam em melhoras das condições econômicas. Em junho, eram 48% de eleitores do ex-presidente que apostavam em uma piora do cenário nacional. O Ao Ponto de hoje traz uma análise dos números da nova pesquisa Genial-Quaest sobre a avaliação do governo Lula, pouco mais de oito meses depois de sua posse, em janeiro. E para entender os dados nós conversamos com Felipe Nunes, diretor da Quaest, que também destaca quais são os principais problemas do Brasil, na visão dos entrevistados. A economia segue em primeiro lugar, mas a violência também figura entre as maiores preocupações dos brasileiros.
8/16/202333 minutes, 17 seconds
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O 'tsunami eleitoral' de Javier Milei nas primárias da Argentina

As primárias que definiram os candidatos que vão concorrer à Presidência da Argentina em outubro deste ano foram um “tsunami eleitoral”, como definiram os jornais locais. Especialmente por conta da vitória surpreendente de Javier Milei, o político de extrema direita admirador de Jair Bolsonaro e Donald Trump , e que tem propostas peculiares para o país. Entre elas, a liberação da venda de órgãos humanos, a dolarização da economia e a promessa de acabar com o Banco Central — incluindo com a demolição do prédio da instituição, em Buenos Aires. Além do desempenho de Milei, um candidato que está em campanha para Casa Rosada desde sua eleição à Câmara, em 2021, chamou a atenção o desempenho abaixo do esperado dos candidatos da centro-direita e da esquerda, que está no governo hoje. Tanto que há dúvidas sobre quem estará em um potencial segundo turno contra a extrema direita — na votação de domingo, a aliança Juntos pela Mudança, capitaneada por Patricia Bullrich, recebeu 28% dos votos, enquanto os governistas do União Pela Pátria, que terá como candidato o ministro da Economia Sergio Massa, teve 27%. Para analistas, mais do que as propostas de Milei , o resultado também foi uma espécie de recado aos atores tradicionais da política argentina, depois de décadas de sucessivas crises sociais e econômicas. Falando em economia, o desempenho de Milei, um economista que diz se guiar por cartas de tarô e conselhos de seu cão que morreu há alguns anos, provocou abalos práticos, especialmente sobre a moeda argentina. Logo no começo do dia, o BC argentino decidiu desvalorizar em 22% o câmbio oficial e elevou a taxa básica de juros para 118% ao ano, um aumento de 21 pontos percentuais, o mais alto patamar em 20 anos. O Ao Ponto de hoje fala sobre as primárias na Argentina, e como a vitória de Javier Milei mexe em uma campanha marcada pela crise econômica e por polêmicas diárias. Quem explica esse cenário político é a repórter especial Janaina Figueiredo, direto de Buenos Aires, que também fala sobre as implicações regionais do resultado, incluindo no Brasil. Afinal, Milei é crítico do presidente Lula, e não esconde sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
8/15/202323 minutes, 37 seconds
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As novas propostas do MEC para o Ensino Médio

Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) divulgou propostas de mudanças no Ensino Médio, mexendo diretamente em diretrizes aprovadas no governo de Michel Temer e que começaram a ser implementadas no ano passado. O ponto central é o retorno à lista de disciplinas obrigatórias de matérias como História e Geografia, além do aumento da carga horária para a formação básica e a redução do número dos chamados itinerários formativos, de cinco para três. A proposta também veda a educação à distância para o curso das disciplinas básicas. Cabe ressaltar que as propostas ainda serão consolidadas antes de serem enviadas ao presidente Lula, que decidirá como as mudanças serão encaminhadas. A expectativa é de que um projeto definitivo seja enviado ao Congresso em setembro, onde será analisado pelos parlamentares e poderá sofrer modificações antes de seguir para plenário. A mudança no modelo do Ensino Médio que começava a ser implementado era uma demanda de educadores e políticos próximos a Lula. Havia queixas quanto à divisão da carga horária, além da supressão de matérias ligadas às Ciências Humanas do currículo básico obrigatório, e questões diretamente relacionadas à infraestrutura das escolas — para especialistas, em algumas unidades seria impossível implementar as mudanças propostas em 2017, ampliando o abismo dentro do sistema educacional brasileiro. Desde abril, a implementação desse modelo de ensino médio está suspensa, para permitir um debate sobre um sistema mais eficiente e abrangente. O Ao Ponto começa a semana discutindo os planos do MEC para o Ensino Médio, e conversa com o colunista de Educação do GLOBO, Antônio Gois. Ele fala sobre as propostas que devem ser enviadas ao Congresso, apontando alguns pontos ainda não esclarecidos, e como eles podem afetar a vida dos estudantes. O colunista debate ainda os planos do governo de São Paulo para adotar, de forma mais ampla, livros digitais nas escolas do estado — planos esses que estão sob pesadas críticas de professores e especialistas.
8/14/202328 minutes, 3 seconds
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O atentado político no Equador e a sequência de crises no país

O assassinato a tiros de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, foi um dos maiores baques políticos dos últimos anos em um país que vive uma quase interminável série de crises sociais e políticas. O político foi morto em Quito, depois de sair de um comício, a menos de duas semanas da eleição, marcada para o dia 20 de agosto. Quase imediatamente, todos os candidatos condenaram o atentado político, que deixou pelo menos nove feridos, e que desencadeou uma caçada aos responsáveis. Um homem apontado como o assassino chegou a ser morto horas depois do crime, e uma das maiores faccões criminosas do Equador reivindicou o ataque, em meio a ameaças ao meio político equatoriano. O episódio de violência ocorre em um contexto de grave crise de segurança no Equador. O país, apesar de não ser produtor ou um grande consumidor de cocaína, passou a ser cada vez mais utilizado por organizações criminosas transnacionais como ponto de transporte e distribuição de drogas para a Europa, EUA e para a Ásia. A presença de facções acarretou em um aumento da violência, com saltos expressivos no número de homicídios e massacres recorrentes em prisões. Pelo lado político, a própria eleição é um resultado da instabilidade. Sem governabilidade e ameaçado pelas ruas e por um processo de impeachment, em maio, o presidente Guillermo Lasso fez uso de uma medida até então inédita no país, a chamada "morte cruzada", com a qual dissolveu a Assembleia Nacional e deixou o cargo, sendo obrigado a realizar novas eleições. Ele segue como presidente interino até a posse do novo ou nova presidente — a líder das pesquisas é Luisa Gonzáles, apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa, condenado por corrupção mas que hoje vive na Bélgica. O Ao Ponto de hoje discute o assassinato de Fernando Villavicencio, e como ele poderá impactar o cenário político e social do Equador. Nossos convidados são Manuela Picq, cientista social e coordenadora da campanha de Yaku Pérez, hoje segundo colocado nas pesquisas, e Mauricio Santoro, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha (CEPE-MB).
8/11/202322 minutes, 29 seconds
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O atentado político no Equador e a sequência de crises no país

O assassinato a tiros de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, foi um dos maiores baques políticos dos últimos anos em um país que vive uma quase interminável série de crises sociais e políticas. O político foi morto em Quito, depois de sair de um comício, a menos de duas semanas da eleição, marcada para o dia 20 de agosto. Quase imediatamente, todos os candidatos condenaram o atentado político, que deixou pelo menos nove feridos, e que desencadeou uma caçada aos responsáveis. Um homem apontado como o assassino chegou a ser morto horas depois do crime, e uma das maiores faccões criminosas do Equador reivindicou o ataque, em meio a ameaças ao meio político equatoriano. O episódio de violência ocorre em um contexto de grave crise de segurança no Equador. O país, apesar de não ser produtor ou um grande consumidor de cocaína, passou a ser cada vez mais utilizado por organizações criminosas transnacionais como ponto de transporte e distribuição de drogas para a Europa, EUA e para a Ásia. A presença de facções acarretou em um aumento da violência, com saltos expressivos no número de homicídios e massacres recorrentes em prisões. Pelo lado político, a própria eleição é um resultado da instabilidade. Sem governabilidade e ameaçado pelas ruas e por um processo de impeachment, em maio, o presidente Guillermo Lasso fez uso de uma medida até então inédita no país, a chamada "morte cruzada", com a qual dissolveu a Assembleia Nacional e deixou o cargo, sendo obrigado a realizar novas eleições. Ele segue como presidente interino até a posse do novo ou nova presidente — a líder das pesquisas é Luisa Gonzáles, apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa, condenado por corrupção mas que hoje vive na Bélgica. O Ao Ponto de hoje discute o assassinato de Fernando Villavicencio, e como ele poderá impactar o cenário político e social do Equador. Nossos convidados são Manuela Picq, cientista social e coordenador da campanha de Yaku Pérez, hoje segundo colocado nas pesquisas, e Mauricio Santoro, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha (CEPE-MB).
8/11/202322 minutes, 29 seconds
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E-mails, Silvinei preso e a CPMI: os problemas dos aliados de Bolsonaro

Depois da relativa calmaria do recesso de julho, agosto, um mês historicamente complexo na política brasileira, chegou com toda força no Planalto Central. A revelação de milhares de e-mails de ex-ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro, dos dias em que ele ainda estava na Presidência, deram aos integrantes da CPI do 8 de janeiro uma janela para a rotina do núcleo do governo passado, e informações potencialmente comprometedoras a muitos atores políticos, incluindo Bolsonaro. Uma dessas informações, revelada pelo GLOBO na terça-feira, apontou algumas "agendas privadas" de Bolsonaro com o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o seu braço-direito, Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral, no Palácio da Alvorada, em 2022. E como revela a reportagem, pelo menos quatro pareceres favoráveis ao ex-presidente foram emitidos por Lindôra Araújo em dias próximos a essas reuniões. Entre os temas estavam investigações sobre ataques à a lisura do processo eleitoral, sobre empresários bolsonaristas e a sobre a atuação de dois pastores lobistas na liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC). Os e-mails também mostram detalhes sobre uma negociação feita pelo ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, relativa à tentativa de venda de um Rolex, recebido durante uma visita oficial à Arábia Saudita, pelo equivalente a R$ 300 mil. As mensagens, contudo, não detalham o contexto do recebimento do relógio. Para ampliar a série de problemas de aliados de Bolsonaro, ontem o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso pela Polícia Federal (PF), em uma operação que mirou a tentativa de impedir que eleitores votassem no segundo turno da eleição do ano passado. A ação, de acordo com a PF, tinha como alvo cidades onde o hoje presidente e então candidato Lula havia recebido a maior quantidade de votos, especialmente no Nordeste. A prisão ocorreu um dia depois do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, prestar depoimento à CPMI, no qual negou a existência de ações do tipo no dia 30 de outubro de 2022. O Ao Ponto de hoje analisa os muitos problemas legais enfrentados pelos aliados do ex-presidente, e se ele poderá se ver envolvido diretamente nas graves acusações que não param de surgir todos os dias. Neste episódio, o repórter Eduardo Gonçalves, da sucursal do GLOBO em Brasília, detalha algumas das informações dos e-mails, e o colunista Bernardo Mello Franco analisa quais são as maiores preocupações do núcleo bolsonarista.
8/10/202331 minutes, 13 seconds
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A nova polêmica sobre a ozonioterapia no Brasil

A sanção sem vetos de Lula a um projeto de lei aprovado pelo Congresso reacendeu um debate intenso dentro das comunidades médica e científica, e que promete novos e intensos capítulos. O texto, conhecido agora como Lei 14.648/23, libera a prática da ozonioterapia por profissionais de saúde do país como tratamento complementar. A ozonioterapia é uma técnica antiga que envolve o uso terapêutico do gás ozônio, e que há tempos é propagandeada como uma espécie de prática revolucionária no tratamento de diversas doenças, desde dores crônicas até diabetes e alguns tipos de câncer. Como revelou uma reportagem do GLOBO de 2021, algumas clínicas afirmavam que a terapia oferecia mais de 200 benefícios, a custos que poderiam chegar a algumas dezenas de milhares de reais. Contudo, como afirmam cientistas, especialistas e entidades médicas, até hoje não há estudos suficientes para comprovar tais benefícios. Como revelou o GLOBO em julho, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, também chegou a recomendar que Lula vetasse o projeto na íntegra. Em 2018, pouco depois do Ministério da Saúde incluir a ozonioterapia na lista de técnicas contempladas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu que sua aplicação estava restrita "ao ambiente de estudos científicos". Durante a pandemia, a ozonioterapia voltou a circular com força em alguns meios, apontada como uma terapia eficaz contra infecções pela Covid-19, novamente, sem qualquer tipo de comprovação científica. Depois da sanção, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), reiterou que os equipamentos usados na terapia só são aprovados para fins odontológicos e estéticos, e que qualquer uso fora dessas circunstâncias constitui uma infração sanitária. O Ao Ponto de hoje analisa como a decisão de liberar a ozonioterapia no Brasil,, mesmo em um escopo reduzido, levou a uma enxurrada de críticas ao governo, e como até defensores da terapia reconhecem que ela não tem eficácia comprovada para a maioria dos tratamentos que são oferecidos muitas vezes de forma indiscriminada pelo Brasil. Nosso convidado, o repórter da editoria de Saúde Bernardo Yoneshigue conta os detalhes por trás da decisão, e se há algum tipo de mudança prevista no SUS relacionada à prática.
8/9/202322 minutes, 32 seconds
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A Cúpula da Amazônia e as questões que unem (e dividem) a região

Começa hoje em Belém (PA) a Cúpula da Amazônia, que reunirá chefes de Estado e representantes de oito países da região Amazônica, incluindo a França que tem na Guiana Francesa uma "porta" para a floresta. A reunião vai até quarta-feira, e é esperada uma declaração conjunta ao final do encontro, contudo, como todas as decisões da chamada Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), ela precisará ser adotada em consenso. Uma das propostas mais importantes do governo Lula é pressionar os países por algum tipo de compromisso para zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. O presidente tem feito essa promessa a líderes internacionais desde sua eleição em outubro do ano passado, e garantir esse compromisso seria considerada uma vitória para o país, dois anos antes da mesma capital paraense sediar a Conferência da ONU para o Clima, a COP30. Contudo, há pontos ainda em aberto. Governos como o da Colômbia querem compromissos para reduzir ou suprimir a exploração de petróleo na Amazônia, algo com o qual nem todos os países concordam. O próprio governo brasileiro não desistiu de uma polêmica proposta para explorar petróleo na Foz do Amazonas, mesmo depois de uma negativa do Ibama, e pode apresentar novos argumentos para viabilizar o plano, que é criticado por ambientalistas. Outro ponto central é a participação dos povos indígenas na reunião. Organizações indígenas cobram maior representatividade e poder de influenciar as decisões sobre a região, além de ações mais inclusivas de desenvolvimento da economia sustentável e, especialmente, de proteção dos povos originários. Em maio, o governo enviou ao Congresso o o texto do chamado Acordo de Escazú para ratificação: o texto é o primeiro tratado regional com foco em meio ambiente e direitos humanos, e traz compromissos relacionados à proteção de ativistas e populações indígenas. O acordo foi assinado pelo Brasil em 2018, mas só agora foi enviado para a posterior ratificação do Congresso. O Ao Ponto de hoje traz um roteiro sobre a reunião em Belém, e o repórter Rafael Garcia, enviado especial do GLOBO à capital paraense, aponta os principais tópicos de discussão e de divergência no encontro de cúpula. Na conversa, ele também fala sobre a atuação do lobby de setores como a mineração, a agricultura e o petróleo — um dos convidados é Ahmed al-Jaber, presidente da COP28, que acontece em novembro em Dubai, e também CEO da empresa estatal de petróleo dos Emirados Árabes Unidos.
8/8/202322 minutes, 37 seconds
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A queda no lucro da Petrobras e as perspectivas para a empresa

A semana terminou com um anúncio de uma forte queda nos lucros trimestrais da Petrobras: 47% em relação ao trimestre anterior, somando R$ 28,78 bilhões, o menor valor desde o primeiro trimestre de 2021. Mas o tombo já era esperado por analistas e pelo mercado. Afinal, esse é um movimento encontrado também em outas empresas do setor petrolífero, e tem relação direta com a queda no preço do barril, hoje abaixo dos US$ 80. Aos acionistas, serão distribuídos R$ 15 bilhões em dividendos. Além disso, economistas apontam que mudanças internas da empresa também podem ter contribuído para o resultado. A Petrobras abandonou o modelo de preços de paridade de importação (PPI), em vigor desde 2016 e que atrelava os preços dos combustíveis vendidos no Brasil aos preços praticados no exterior. No começo do ano, ele foi substituído por um outro modelo, que usa fatores internos e externos para definir os preços nas distribuidoras. Contudo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, refutou que a mudança de modelo tenha influenciado no resultado. Agora, a expectativa é pelos resultados futuros da empresa, e também por respostas a algumas perguntas de economistas e investidores. A começar pelo nível de investimento, uma promessa de investimentos feita por Lula desde a campanha eleitoral do ano passado — no trimestre, a alta nos gastos com investimentos foi de 5%. Também restam dúvidas sobre o modelo para a elaboração dos preços, e sobre a defasagem dos valores cobrados nas bombas aqui no Brasil em relação ao exterior. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter Bruno Rosa, da editoria de Economia, explica os números do resultado da Petrobras, e algumas das questões que seguem em aberto, na opinião de economistas, investidores e acionistas. Ele também discute os planos para explorar petróleo na Foz do Amazonas, uma iniciativa barrada pelo Ibama, mas que ainda ronda a Esplanada dos Ministérios e o Palácio do Planalto.
8/7/202329 minutes, 26 seconds
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A regulação das plataformas digitais | E AGORA, BRASIL?

Conhecido como PL das Fake News, o Projeto de Lei 2630/2020 busca instituir a Lei de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Entre outras medidas, ele estipula mecanismos de fiscalização contra notícias falsas e discurso de ódio, além de prever a responsabilização de plataformas de redes sociais, ferramentas de busca e de mensagens instantâneas. O PL também exige que as empresas tenham representação legal no Brasil e mantenham regras transparentes de moderação de conteúdo. Em maio, a votação do PL foi adiada na Câmara, mas o tema segue em discussão no Brasil e no mundo. O E AGORA, BRASIL? reuniu autoridades e especialistas para mostrar o que está em jogo no PL e por que as plataformas fizeram campanha contra a aprovação do projeto. Participaram do debate o ministro da Justiça, Flávio Dino; o deputado federal Orlando Silva, relator do PL 2630 na Câmara; e Rose Marie Santini, diretora do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A mediação foi de Merval Pereira, colunista do GLOBO, e de Fernando Exman, chefe da redação em Brasília do Valor Econômico. Este podcast é um resumo do que foi discutido, sob apresentação da jornalista Roberta Pennafort. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
8/5/202336 minutes, 37 seconds
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A nova visita de Trump aos tribunais e os riscos jurídicos para o ex-presidente

Pela terceira vez desde que deixou a Presidência, Donald Trump, morador da Casa Branca entre 2017 e 2021, compareceu a um tribunal para ouvir acusações formais e para declarar diante da Corte se ele se declara culpado ou inocente. Mas a visita de ontem a um tribunal de Washington foi um pouco diferente das anteriores: ao invés de alegações relacionadas à compra do silêncio de uma atriz, com quem teria tido um caso, ou à manutenção de documentos sigilosos em sua casa na Flórida, ele se viu diante de um indiciamento considerado extremamente grave. Neste caso, Trump é acusado por quatro crimes graves, todos relacionados à tentativa liderada por ele de reverter a derrota nas eleições de 2020, vencidas por Joe Biden. Segundo a denúncia, o ex-presidente tentou usar métodos pouco republicanos, como a falsificação da lista de eleitores do Colégio Eleitoral, responsável por, na prática, escolher o novo chefe do Executivo do país. As mentiras contadas sobre fraudes no processo eleitoral, jamais comprovadas, também serviram de combustível, segundo o Departamento de Justiça, para a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Apesar da gravidade dos crimes, que potencialmente podem render uma pena de mais de 30 anos de prisão, Trump não parece ter se abalado. No tribunal, se declarou inocente, como tem feito em todos seus processos, e não pensou duas vezes antes de usar as acusações a seu favor, apontando uma suposta conspiração para tirá-lo da disputa presidencial do ano que vem. E ele não está só: a maioria do Partido Republicano está com ele, e deve, salvo uma hecatombe, confirmá-lo como candidato em 2024. O Ao Ponto de hoje explica o tamanho dos novos problemas de Donald Trump com a Justiça americana, assim como as chances dos processos serem votados antes da disputa do ano que vem, e até que ponto o ex-presidente pode se beneficiar das alegações. Neste episódio, o professor de Ciência Política no Berea College Carlos Gustavo Poggio fala sobre os processos do ex-presidente e também conta os detalhes dos problemas legais de Hunter Biden, filho de Joe Biden, algo que promete ser uma pedra no sapato das pretensões do democrata de se reeleger.
8/4/202330 minutes, 32 seconds
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O corte nos juros e os recados no comunicado do Copom

O corte na taxa Selic, anunciado ontem pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC), era algo dado como certo tanto pelo governo quanto por analistas e economistas. Mas a escala do corte sem dúvidas surpreendeu algumas pessoas. Ao invés de 0,25 ponto percentual, como vinham apontando alguns gestores de fundos, o Copom decidiu por um corte mais ambicioso, de 0,5 ponto percentual, reduzindo a taxa Selic pela primeira vez desde agosto de 2020, e que agora está em 13,25% ao ano. O comunicado emitido pelo Copom no começo da noite trouxe algumas mensagens, a começar pela divisão no comitê: foram cinco votos a favor do corte de 0,5 ponto percentual contra quatro que defendiam uma redução mais comedida, de 0,25 ponto percentual. Entre os que defenderam a redução maior estavam os dois indicados por Lula para o BC, Gabriel Galipolo, diretor de Política Monetária, e Ailton Aquino, diretor de Fiscalização, e o próprio presidente da instituição, Roberto Campos Neto, alvo recorrente de críticas do governo, especialmente do presidente Lula. Além disso, o comunicado apontou que o Copom vê sinais de melhora na economia, incluindo na inflação, e afastou as menções a riscos fiscais, um termo que apareceu em comunicados anteriores. Ao mesmo tempo em que defende a manutenção de ações para controlar a inflação, também abriu a porta para o início de um período de cortes na Selic, provavelmente de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões — a próxima está prevista para os dias 19 e 20 de setembro. Agora, a expectativa é sobre os próximos passos. A começar pela manutenção da perspectiva de cortes nas próximas reuniões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não esconde que seu desejo é ver a taxa de juros de volta à casa de apenas um dígito, mas isso só deve acontecer em 2024. Muitos também aguardam para ver se a relação pouco amistosa entre Lula e Campos Neto, indicado por Bolsonaro, seguirá o mesmo rumo. No Ao Ponto de hoje, analisamos os recados do comunicado do Copom, e também como o mercado recebeu a notícia do corte. Nossos convidados são os repórteres Renan Monteiro, da sucursal do GLOBO em Brasília, e Letycia Cardoso, da editoria de Economia.
8/3/202329 minutes, 1 second
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Os drones em Moscou e a visita russa à Coreia do Norte

Na segunda e na terça-feira, prédios de Moscou foram atingidos por drones carregados com explosivos, que provocaram alguns danos mas não deixaram vítimas. Os ataques repetem um roteiro visto nos últimos meses ao redor da Rússia, desde a Crimeia ocupada até o centro do poder do país, e que tem levado algum grau de insegurança ao governo. Afinal, ao ver explosões em áreas como o moderno distrito de Nova Moscou, a população poderia começar a se perguntar se está mesmo a salvo de efeitos colaterais da guerra de Vladimir Putin na Ucrânia. Oficialmente, ninguém assumiu a autoria pelas dezenas de ataques, mas no fim de semana o presidente Volodymyr Zelensky ficou a um passo de confirmar que a Ucrânia é a responsável pelas ações: segundo ele, a guerra "está retornando à Rússia", uma declaração que teve a intenção de ser enigmática, mas que comprova a intenção ucraniana de retaliar em solo russo. Hoje, Kiev está nos estágios iniciais de uma aguardada contraofensiva, que conseguiu alguns ganhos pontuais em áreas de Donetsk (Leste), mas que parece muito distante de obter avanços contra as linhas russas. Mais de um ano depois do início do conflito, as posições de Moscou em áreas ocupadas estão fortalecidas, e quebrar linhas inimigas, como foi comprovado em algumas batalhas cruciais da guerra, pode levar semanas ou meses, a um elevadíssimo custo humano. Por isso, os ucranianos têm elevado o tom dos pedidos para que os países da Otan forneçam caças F-16 o quanto antes — para a Ucrânia, as aeronaves garantiriam uma capacidade hoje quase inexistente para realizar ataques de precisão contra posições russas, permitindo avanços maiores e mais consistentes. Nas próximas semanas, começará um programa de treinamento de pilotos ucranianos, na Romênia, voltado à operação do F-16, mas até agora nenhum país sinalizou que vá disponibilizar um ou mais caças — um dos motivos para isso é o preço do avião, até US$ 80 milhões — tampouco os EUA confirmaram se permitirão que eles sejam repassados à Ucrânia. Do outro lado do front, uma visita do ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, a Pyongyang também levantou algumas questões. Oficialmente, ele foi à Coreia do Norte acompanhar os festejos pelos 70 anos do armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-1953). Mas as animadas conversas com Kim Jong-un, líder norte-coreano, e uma visita a um salão onde estão expostas algumas das armas do país sugeriram que essa poderia ser também uma viagem de compras. Afinal, quase de um ano e meio depois, a Rússia está com dificuldades para manter os arsenais em dia, e a Coreia do Norte tem estoques disponíveis. No Ao Ponto de hoje, Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, coronel da reserva e mestre em Ciências Militares, faz uma análise sobre o impacto, inclusive psicológico, da estratégia ucraniana de usar drones para atacar cidades russas. Ele também fala sobre as perspectivas da guerra no contexto da eleição presidencial russa, em março do ano que vem, e como Putin deve usar o conflito na campanha.
8/2/202322 minutes, 10 seconds
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CPIs, reformas e votações cruciais: a agenda do Congresso após o recesso

Depois de algumas semanas de relativa calmaria no recesso parlamentar, o Congresso retoma os trabalhos nesta terça-feira, 1º de agosto, e terá pela frente meses de pautas cheias, com temas cruciais para o governo e também para as lideranças partidárias. Além, claro, das CPIs que devem entrar em suas retas finais, e das negociações para aumentar o espaço do Centrão no governo. A começar pela agenda econômica, hoje uma prioridade para o governo Lula. O projeto do novo arcabouço fiscal, aprovado pela Câmara, sofreu alterações no Senado, e retornará à Casa em breve para receber o sinal verde antes de ser levado para sanção de Lula. Nos bastidores, o relator do texto na Câmara, o deputado Carlos Cajado (PP-BA), já sinalizou que defenderá que as alterações dos senadores sejam descartadas, mas o resultado final ainda depende das negociações partidárias. Por outro lado, o texto da reforma tributária, aprovado pela Câmara no final de julho, está agora no Senado, onde deve seguir um roteiro menos apressado do que entre os deputados. Eduardo Braga (MDB-AM), apontado relator da matéria, deve apresentar um plano de trabalho até a semana que vem, e o governo aposta em mudanças mais favoráveis às visões do Planalto. Além das pautas econômicas, há pressão para que o Congresso aprecie o quanto antes outros temas. Um deles é o novo marco temporal das terras indígenas, aprovado pela Câmara em maio e que é alvo de pesadas críticas de especialistas, de representantes dos povos indígenas e integrantes do governo. O Planalto também está interessado na votação do PL das Fake News, aprovado ainda em 2020, mas que está no meio de um debate que inclui também as grandes empresas de tecnologia. Por fim, as CPIs abertas no início do ano legislativo chegam às suas retas finais, como a CPI do MST, que serviu de palco para embates entre governistas e bolsonaristas, e a CPI do 8 de janeiro, que chegou a ser criticada por uma suposta lentidão em realizar convocações e fazer pedidos de quebras de sigilo e de documentos relevantes. O Ao Ponto de hoje faz um resumo para você se situar nesse reinício de trabalhos no Legislativo, e quem explicas os destaques é a repórter Camila Turtelli, da sucursal do GLOBO em Brasília. Ela também fala sobre a iminente reforma ministerial, que pode sacramentar um aumento do papel do Centrão na Esplanada, mas sem uma garantia de que isso se traduzirá em votos no Congresso.
8/1/202328 minutes, 18 seconds
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Caso Marielle: os detalhes do passado dos acusados e as lacunas na investigação

Após anos de uma investigação morosa, o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes ganhou novos contornos com a delação premiada de Élcio de Queiroz. Ex-sargento da Polícia Militar, ele confessou ter dirigido o carro que perseguiu a vereadora e detalhou o envolvimento de outras figuras no crime, como o também ex-PM Ronnie Lessa, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, e o policial reformado Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé. Além do motorista do crime, Ronnie Lessa era o único acusado que estava preso até a última semana. Ele é apontado como o responsável por efetuar os disparos naquela noite de março de 2018. Segundo o inquérito, o atirador possui ligações com atividades ilegais, como a exploração de "gatonet", além de homicídios pelos quais nunca foi condenado ou sequer investigado. Preso na última semana pela Operação Élpis, do Ministério Público do Rio e da Polícia Federal, o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, já havia sido detido anteriormente em 2020. De acordo com as investigações, ele cedeu um carro para a quadrilha de Lessa esconder as armas por uma noite, logo após a prisão do sargento, ocorrida em março de 2019. A delação trouxe à tona um personagem novo: Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé, que teria intermediado a contratação de Ronnie Lessa para assassinar Marielle Franco. O nome que poderia indicar o mandante do crime foi executado em novembro de 2021, aos 54 anos. O Ao Ponto começa a semana debruçando-se sobre os novos detalhes do crime que ainda assombra o país. Conversamos com o repórter Rafael Soares, da editoria Rio, que publicou duas reportagens — no domingo e na segunda-feira — com os detalhes sobre os acusados e listando as muitas pontas soltas no inquérito.
7/31/202329 minutes, 53 seconds
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As negociações e disputas nas sucessões no STF e na PGR

Com o recesso de julho chegando ao fim, a relativa calmaria de Brasília começa a dar lugar a intensas conversas e negociações sobre duas importantes sucessões na capital federal: no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria-Geral da República (PGR). No STF, a recente indicação de Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula, à vaga de Ricardo Lewandowski frustrou quem esperava que o presidente aumentasse a representatividade de mulheres e negros na Corte. Agora, com a saída da ministra Rosa Weber, que se aposenta em outubro, aumenta a pressão para uma indicação feminina. Alguns ministros esperam ter participação no processo de escolha —Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, por exemplo, têm demonstrado preferências claras. Ainda não há, no entanto, uma definição sobre quem vai sucedê-la, e outros fatores podem pesar na escolha do presidente, como a proximidade com o titular do Planalto, o chamado "Fator Zanin". Antes da aposentaroria, Rosa Weber terá alguns meses à frente da Presidência do STF, e questões importantes, como a descriminalização das drogas e do aborto, estão na mesa. A expectativa é de que pelo menos uma delas seja analisada pelo plenário em breve, antes da saída da magsistrada da Corte. Já na PGR, o cenário é ainda mais incerto Augusto Aras, o procurador-geral, conta com apoios de peso no governo para seguir no cargo e acredita que pode ser reconduzido. Ele tem agendada uma reunião com Lula nos próximos dias, assim como outros candidatos. Paralelamente, não são poucos os que defendem outro nome. Em entrevista à Globonews, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que expressou sua decepção com a possibilidade de uma recondução de Aras. Alguns petistas lembram ainda do papel de Aras durante a pandemia, quando foi acusado de não agir com o vigor necessário contra as ações do então presidente Jair Bolsonaro. Quanto a aceitar um nome da lista tríplice apresentada pela Associação Nacional de Procuradores da República, formada por Luiza Frischeisen, Mário Bonsaglia e José Adonis Callou, Lula tem se mostrado reticente, apesar de ele e Dilma terem seguido essa prática em seus mandatos. O episódio de hoje do Ao Ponto fala sobre a sucessão no STF e na PGR, e o que está em jogo nas escolhas que serão feitas por Lula. Quem conta os bastidores é a colunista Bela Megale, que também traz alguns nomes que estão sendo considerados pelo Planalto.
7/28/202319 minutes, 50 seconds
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O verão mortal no Hemisfério Norte e os novos alertas do clima no mundo

A emergência climática é aqui e agora. Após o planeta ter registrado o mês de junho mais quente da história, julho caminha para o mesmo sentido. Como reflexo, o Hemisfério Norte da Terra vive um verão incandescente com ondas de calor extremo, uma violenta série de incêndios florestais e um rastro ainda incalculável de estragos. Na Europa, a Grécia é um dos países que mais tem sofrido com o calor extremo. Um avião que combatia incêndios florestais caiu durante uma das longas jornadas para combater as chamas na Ilha de Evia, a leste de Atenas — os dois tripulantes morreram. São mais de 100 incêndios ativos na região, enquanto ventos fortes dificultam os esforços para conter o fogo que atinge todo o Mediterrâneo, da Argélia, onde 34 pessoas morreram, à Turquia, onde os termômetros estão perto dos 49ºC. O efeito “air fryer” ainda se estende para Ásia e América do Norte. Além de um conjunto de fatores climáticos pontuais, como o aquecimento do Oceano Atlântico e o efeito El Niño, a ação humana está diretamente ligada ao calor intenso dos últimos meses, como apontam cientistas, e as perspectivas futuras não são nada animadoras. A demora dos países em seguirem seus compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa, estabelecidos no Acordo de Paris, em 2015, sugere que a meta de conter o aquecimento do planeta em 1,5ºC, relativo ao período pré-Revolução Industrial, pode estar cada vez mais distante. Clima e ciência: Quase metade da população da Terra já enfrentou extremos de calor recentes O Ao Ponto de hoje discute a emergência climática no Hemisfério Norte e o que dizem os novos e alarmantes estudos divulgados nos últimos dias. A gente conversa com a repórter Ana Rosa Alves, da editoria Mundo, que também fala sobre as expectativas para a conferência do clima da ONU em Dubai, a COP28, no fim do ano.
7/27/202324 minutes, 59 seconds
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A reforma judicial de Netanyahu e a pressão das ruas em Israel

Em meio a um cenário de crise política e social, o Parlamento de Israel aprovou, na segunda-feira, uma controversa medida que acabou com uma ferramenta crucial para a Suprema Corte barrar medidas consideradas "não razoáveis" do governo. A queda do chamado "“princípio da razoabilidade” era um dos pilares da igualmente controversa reforma do Judiciário, defendida pelo premier Benjamin Netanyahu, e que vem servindo de combustível para gigantescos protestos nas ruas do país desde o começo do ano. A decisão do Parlamento israelense pode ter um grande efeito prático, uma vez que Israel não tem uma Constituição. Assim, a condução harmoniosa da democracia é feita com base na jurisprudência e na tal “razoabilidade” revisada, sobretudo pela Suprema Corte, que exerce um papel importante de freios e contrapesos. Netanyahu, um dos mais longevos, influentes e controversos políticos da História de Israel, retornou ao poder depois das eleições de novembro do ano passado, a quinta votação em um espaço de quatro anos, e formou um governo que é considerado o mais conservador já visto pelo país. Além do Likud, a sigla de direita da qual Neyanyahu faz parte, há partidos religiosos e integrantes da extrema direita, como o controverso Itamar Ben Gvir, frequentemente associado a movimentos extremistas. Outro aliado do premier é o ministro das Finanças Bezalel Smotrich — em discursos públicos, já afirmou ser um "homofóbico orgulhoso". A reação das ruas tem sido intensa, e tem ganhado o apoio de setores importantes da sociedade. Paralisações de categorias como os médicos e a sinalização de que milhares de reservistas poderão cruzar os braços se a reforma não sair de pauta tentam pressionar o premier, mas até agora sem sucesso. Novas medidas, que podem cercear ainda mais o papel da Suprema Corte, estão a caminho, e podem ser votadas em breve. Neste episódio do Ao Ponto, o colunista Guga Chacra discute os impactos da reforma judicial sobre a democracia israelense, e como Netanyahu deve intensificar suas ações militares em territórios palestinos, até como forma de tentar obter mais apoio de uma socidade cada vez mais dividida. Ele também fala sobre o relativo silêncio dos Estados Unidos (e do presidente Joe Biden) sobre a crise.
7/26/202332 minutes, 9 seconds
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Mais de cinco anos depois, as novas revelações do caso Marielle

“Quem mandou matar Marielle?” é a pergunta que vai direcionar os novos rumos da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mortos em março de 2018 no Rio de Janeiro. O avanço no caso ocorreu após a delação premiada do ex-policial Élcio de Queiroz, réu que confessou dirigir o carro que perseguiu a vereadora, e foi detalhada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, e o diretor-geral da Polícia Federal(PF), Andrei Rodrigues, nesta segunda-feira. Com as informações da delação, a PF deflagrou a operação Élpis junto com o Ministério Público do Rio de Janeiro e prendeu o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, o "Suel". Ele é acusado de ser cúmplice de Ronnie Lessa, apontado como o responsável por fazer os disparos que mataram Marielle e Anderson. Suel já tinha sido condenado por atrapalhar as investigações, mas cumpria pena em regime aberto. De acordo com as investigações, ele ajudou no descarte de armas escondidas por Lessa. A primeira operação da investigação federal sobre o assassinato também cumpriu sete mandados de busca e apreensão. A PF passou a investigar o caso em fevereiro deste ano e revisou as provas obtidas até então pela Polícia Civil do Rio, além de coletar novos elementos. Na delação, Queiroz detalhou 'com minúcias' a fuga e os detalhes do crime que ainda assombra o país. O Ao Ponto de hoje discute as novas revelações sobre o caso Marielle, e quais devem ser os próximos passos das autoridades. Quem conta os detalhes da investigação é a repórter Vera Araújo, que atua na editoria Rio do Globo e é coautora do livro “Mataram Marielle: Como o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes escancarou o submundo do crime carioca”.
7/25/202325 minutes, 27 seconds
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A balsa do Reino Unido e a nova crise migratória na Europa

Comandado pelos Conservadores desde 2010, o Parlamento britânico adicionou mais um capítulo a um complexo histórico quando o tema é a imigração. Dessa vez, o governo do primeiro-ministro Rishi Sunak aprovou um plano de usar uma balsa atracada no porto da ilha de Portland, na costa sul da Inglaterra, para abrigar pessoas que pediram asilo no país. A nova norma tem enfrentado fortes críticas dentro e fora das terras do rei Charles III. A Anistia Internacional chamou o plano de "crueldade ministerial", enquanto organizações humanitárias definem a nova aquisição como uma "prisão flutuante". De propriedade da empresa Bibby Marine Ltda, a estrutura tem capacidade para acomodar 506 pessoas, mas ainda não se sabe em quais condições eles ficarão na balsa — tampouco por quanto tempo lá serão mantidos. No ano passado, o governo britânico já tinha aprovado uma medida que determinava a transferência de pessoas que fizeram pedidos de asilo no Reino Unido para Ruanda, a 7 mil quilômetros de distância, independente do país de origem do refugiado. No último instante, a Justiça do país impediu que os aviões decolassem, e mais tarde considerou a medida ilegal, na prática jogando o plano para um limbo legal, sem que fosse completamente descartado em Londres. Mas essa não é uma questão apenas do Reino Unido. Desde o começo dos anos, milhares de pessoas vindas de países da África, Ásia e Oriente Médio, tentam uma perigosa travessia rumo às fronteiras da União Europeia, especialmente pelo Mar Mediterrâneo. Os naufrágios são recorrentes, e as vítimas numerosas — no mês passado, mais de 300 pessoas morreram quando uma embarcação afundou perto da costa da Grécia. O Ao Ponto começa a semana analisando a nova crise migratória na Europa e seus impactos humanos e políticos no continente. Nosso convidado hoje é Paulo Velasco, professor de política internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que também analisa como a extrema direita europeia tem usado os imigrantes para ganhar votos e influência.
7/24/202322 minutes, 30 seconds
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Homicídios, estupros e abusos de crianças: um retrato da violência no Brasil

O recém-divulgado Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que, no último ano, o país registrou o menor número de mortes violentas intencionais da última década. O índice reúne crimes como homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais. Mas apesar da queda de 2% nas mortes, ainda somos uma nação violenta e marcada pelas diferenças raciais, de gênero, geracionais e regionais: além das 47 mil mortes violentas, houve 75 mil estupros e um aumento considerável em agressões, golpes e fraudes. O retrato divulgado pelo Anuário destaca o perfil majoritário das vítimas de mortes violentas, formado por homens negros e moradores de regiões periféricas, e ainda aponta para o aumento dos feminicídios, que chegaram a 1.437 em 2022, das agressões domésticas e das importunações sexuais, geralmente perpetradas por parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Os estupros, quase 75 mil, também bateram recorde, o que sinaliza um cenário ainda mais preocupante: segundo pesquisa recente do Ipea, menos de 10% dos casos são notificados às autoridades. Neste quadro já sombrio, as crianças são as principais vítimas: houve um aumento exponencial nos casos de estupros de menores, em especial com menos de 14 anos — muitas vezes, os estupradores são pessoas do próprio núcleo familiar, e os abusos por vezes ocorrem dentro de casa. Essa faixa também esteve mais sujeita a agressões, homicídios, maus tratos, exploração sexual e abandono. Outra modalidade de crime apontada pelo relatório foi o roubo de celulares — foram quase um milhão de aparelhos roubados em 2022 —, e os golpes por meio eletrônico, que registraram uma igualmente elevada alta, e que especialistas afirmam se tratar de um movimento de "migração" dos criminosos, em parte também pela pouca capacidade atual das autoridades para evitar e punir essas quadrilhas. No episódio de hoje, o Ao Ponto aborda o alarmante cenário da violência no Brasil. O programa conta com a participação de Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que analisa os indicadores e conclusões do anuário e ainda discute as lacunas nas políticas de estados e do governo federal.
7/21/202331 minutes, 24 seconds
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Os lançamentos de 'Barbie' e 'Oppenheimer' e a greve em Hollywood

pós muita expectativa, o filme “Barbie”, da diretora Greta Gerwig, finalmente chega às telas dos cinemas nesta quinta-feira. O longa promete lotar as sessões de espectadores vestindo rosa. O filme deve duelar nas bilheterias com outro lançamento mais que esperado, “Oppenheimer”, drama de Christopher Nolan, baseado na biografia do pai da bomba atômica, Julius Robert Oppenheimer, que estreia no mesmo dia do live-action da icônica boneca loira. Antes mesmo de chegarem às salas, os dois filmes ajudaram jornalistas de todo o mundo a produzir um número incontável de matérias. Detalhes sobre a preparação do elenco de "Barbie", a escolha de Margot Robbie como protagonista e participações especiais, como a da cantora Dua Lipa, atraíram a atenção dos fãs, assim como os misteriosos detalhes da preparação da cena em que Oppenheimer conduz a primeira detonação nuclear da História. Isso sem contar a batalha de memes nas redes sociais, que por vezes juntavam os dois filmes em uma mesma obra: "Barbieheimer". Mas os lançamentos acontecem em um momento tenso da indústria cinematográfica dos EUA. Hollywood, que abriga grande parte das produções audiovisuais, vive sua primeira paralisação total em 63 anos, motivada pelas dificuldades financeiras dos estúdios, que ainda enfrentam os desafios impostos pela pandemia e pela ascensão do streaming. Uma das pautas reivindicadas por atores e roteiristas é a remuneração mais adequada e novas proteções em um ambiente de trabalho que vem mudando rapidamente — há pressão ainda para que os estúdios se comprometam com regras mais claras sobre o uso da inteligência artificial, para evitar que a tecnologia eventualmente substitua os profissionais humanos. O Ao Ponto de hoje conversa com o editor-executivo do GLOBO André Miranda, e o repórter de Cultura Lucas Salgado, que falam sobre o impacto de Barbie e Oppenheimer no mercado cinematográfico e na cultura pop. Spoiler: eles já viram os filmes e vão responder a pergunta que muita gente está se fazendo: vale a pena sair de casa para ver um dos dois? Ou ambos?
7/20/202331 minutes, 16 seconds
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O fim do acordo de grãos e o impacto na guerra na Ucrânia

Em meio a relatos de avanços das forças russas e das ucranianas, a guerra de Vladimir Putin na Ucrânia reservou dois episódios que podem ter impactos duradouros sobre o conflito. O primeiro foi um ataque contra a ponte que cruza o Estreito de Kerch, ligando o território russo à Crimeia, península anexada por Moscou em 2014. O segundo, a decisão do líder da Rússia de abandonar, de forma unilateral, um acordo que permitia a exportação de grãos e insumos da Ucrânia (e da própria Rússia) pelo Mar Negro, através de rotas estabelecidas e sob supervisão da Turquia e da ONU. Com a suspensão do único acordo em vigor entre dois dos maiores produtores de alimentos do mundo, a expectativa é de uma possível nova disparada na inflação em todo o mundo, com impactos inclusive para o agro brasileiro. Por aqui, o setor protagonizou grande parte do alívio inflacionário sentido em 2023 após dois anos de disparada nos preços dentro dos supermercados. Além do ataque que matou duas pessoas e colapsou parte da construção de 19,2 km sobre o Estreito de Kerch, forçando o fechamento temporário da principal artéria usada pelos militares russos para abastecer seus soldados no Sul da Ucrânia, a Rússia também acusa o Ocidente de não cumprir sua contrapartida, em referência às sanções econômicas das quais Moscou é alvo da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos. O argumento é de que os bloqueios comerciais e ao sistema bancário internacional prejudicam as transações com países que importam commodities, como alimentos e fertilizantes, na prática inviabilizando as vendas dos produtos russos. Esses dois eventos cruciais ocorreram em um momento complexo da guerra: os dois lados vêm realizando operações pontuais, sem grandes avanços ou conquistas de territórios. Especialistas militares acreditam que levará algum tempo até que tenhamos ações de grande porte, como as vistas nos primeiros movimentos do conflito, mas também apontam que o conflito apresenta algumas características que sugerem um desfecho "congelado", ou seja, focado na manutenção de posições já conquistadas, com embates pontuais e alguma abertura para a diplomacia. O Ao Ponto de hoje analisa a decisão russa de abandonar o acordo de exportação de grãos e como ela pode afetar os preços de alimentos em todo o mundo, incluindo no Brasil. Para explicar esse cenário complexo, dentro de uma guerra sem qualquer sinal de uma trégua, conversamos com Fernando Brancoli, professor de Geopolítica do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
7/19/202333 minutes, 13 seconds
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Aspartame pode causar câncer? O que dizem as novas diretrizes da OMS

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), decidiu incluir o aspartame na lista de substâncias "possivelmente cancerígenas". Presente nas gotas que substituem o açúcar dentro de casa e principalmente em refrigerantes denominados “zero”, o edulcorante também teve seu uso desaconselhado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que repercutiu a decisão da OMS e orientou que a população geral evite o consumo de qualquer tipo de adoçante artificial. A decisão pegou muita gente de surpresa e aconteceu semanas depois da nova diretriz do órgão mundial de saúde, que indicou que adoçantes sem açúcares não devem ser usados para controle de peso. No entanto, ainda não há mudanças nas recomendações sobre quanto o aspartame pode ser consumido de forma segura. A ingestão diária aceitável, segundo a OMS, é de 40 mg por quilo de peso corporal. O aspartame é um adoçante artificial (químico) amplamente utilizado em vários produtos alimentícios desde a década de 1980, incluindo bebidas dietéticas, goma de mascar, gelatina, sorvete, produtos lácteos como iogurte, cereais matinais, pasta de dente e medicamentos como pastilhas para tosse e vitaminas mastigáveis. Agora, figura no grupo 2B em relação ao potencial cancerígeno, junto com escapamento de motor, ocupação de cabeleireiro e chumbo. Na classificação acima (2A), encontram-se itens “provavelmente cancerígenos”, como frituras, carne vermelha e trabalho noturno. No topo da classificação da OMS, está o grupo 1, com substâncias tidas como “cancerígenas”: cigarro, radiação solar, bebida alcoólica e radiação ionizante, entre outros. O Ao Ponto de hoje fala das novas orientações da OMS sobre o aspartame e até que ponto é seguro consumir esse e outros adoçantes artificiais. Para isso conversamos com o repórter Bernardo Yoneshigue, que também conta se a decisão pode ter impacto na indústria alimentícia e no lucrativo mercado dos produtos “diet”.
7/18/202318 minutes, 18 seconds
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Conheça os detalhes do Desenrola, o programa do governo para renegociar dívidas

Começa a sair do papel nesta segunda-feira uma das maiores promessas de campanha do presidente Lula: um programa para ajudar os milhões de brasileiros que estão com dívidas em atraso a limparem seus nomes. O problema, que já era grave antes da pandemia, se agravou com a retração econômica e fatores como a inflação e a alta dos juros. Segundo estimativas, mais de 70 milhões de pessoas estão com pelo menos uma dívida em atraso. A proposta, chamada de Desenrola, tem alguns pontos centrais. O primeiro trata das dívidas envolvendo o setor bancário, e está disponível para renegociações de dívidas de pessoas físicas com renda de até R$ 20 mil. Para incentivar as instituições a oferecerem condições melhores para a quitação de débitos, o programa vai acelerar o processo de reconhecimento de créditos tributários dos bancos. Na prática, a cada R$ 1 de dívida renegociada, o banco terá R$ 1 a mais para novos empréstimos. Na segunda etapa, focada na população que ganha até dois salários mínimos e tem dívidas de até R$ 5 mil, será aberto uma plataforma digital de renegociação, mantida pelo governo federal, que deve dar mais poder de negociação aos credores. Contudo, esse mecanismo ainda não está operacional, e a previsão é de que saia do papel em setembro. Há ainda uma outra novidade no programa: dívidas de até R$ 100 serão excluídas do cadastro de inadimplentes, limpando o nome dos devedores, muito embora o débito não desapareça automaticamente. Além de reduzir o número de devedores, o governo quer liberar espaço no orçamento das famílias para que consumam mais e até contratem novos tipos de crédito, mas com responsabilidade. Tanto que todos que aderirem ao programa terão acesso a um programa de educação financeira. Dessa forma, acredita o Ministério da Fazenda, poderá ser estabelecido mais um caminho para a sequência do crescimento da economia do país. O Ao Ponto de hoje conta os detalhes do Desenrola, incluindo quem pode ser incluído no programa, quais dívidas podem (ou não podem) ser renegociadas com as novas condições e quais podem ser os impactos econômicos da iniciativa. Neste episódio, conversamos com a repórter Geralda Doca, da sucursal do GLOBO em Brasília, e com Carla Beni, economista e professora da Fundação Getúlio Vargas.
7/17/202325 minutes, 53 seconds
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Os eventos climáticos extremos cada vez mais comuns no Brasil

Nos últimos dias, estados do Sul e do Sudeste do Brasil enfrentam os efeitos de um ciclone extratropical de grandes proporções, que causou estragos, deixou milhares de pessoas desabrigadas e sem acesso a energia elétrica e que provocou transtornos em aeroportos e rodovias. A expectativa é de que o fenômeno perca força com a chegada do fim de semana, mas mesmo áreas que não foram diretamente atingidas pelo ciclone, como o Rio de Janeiro, devem ter queda de temperatura, chuva e ressaca nos oceanos, com ondas de até quatro metros de altura. Embora comuns nessa época do ano, chamou a atenção a força do ciclone, que registrou ventos de mais de 100km/h, além da chuva forte, e que se insere em um roteiro cada vez mais comum no Brasil: o de eventos climáticos extremos. Períodos prolongados de secas, episódios de chuvas volumosas localizadas em uma região específica e ondas de frio e calor já não são fenômentos pontuais, vêm causando estragos humanos e econômicos nas últimas décadas, e estão em boa parte ligados às mudanças climáticas em nosso planeta. Neste inverno, os meterologistas também estão atentos aos impactos de um fenômeno já conhecido, mas que também está ganhando força em suas últimas ocorrências: o El Niño, o aquecimento de parte da água no Oceano Pacífico, e que está ligado a mudanças nos padrões do clima no mundo. Para os próximos meses no Brasil, a expectativa é de secas prolongadas e chuvas intensas em diferentes regiões, além de temperaturas bem acima da média para o período. O Ao Ponto desta sexta-feira discute a passagem do ciclone extratropical, e os riscos de novos eventos similares a curto e médio prazo, além dos possíveis impactos do El Niño no país. Os convidados são o coordenador-geral de Operações do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), Marcelo Seluchi, e a repórter especial do GLOBO Ana Lucia Azevedo.
7/14/202327 minutes, 35 seconds
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Mapa da Fome: um retrato dos milhões de brasileiros que não têm o que comer

Um novo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), antecipado pelo GLOBO, traçou um dramático retrato da fome no Brasil e no mundo. Segundo o documento, 70,3 milhões de brasileros enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar entre 2020 e 2022, enquanto 21,1 milhões de pessoas, ou 9,9% da população brasileira, se encontram em um quadro de insegurança alimentar severa — ou seja, ficaram um ou mais dias sem ter o que comer. Os números revelam que houve um agravamento da fome no Brasil durante os anos de pandemia. No levantamento anterior, feito entre 2019 e 2021, 61,3 milhões enfrentavam algum tipo de segurança alimentar, enquanto 15,4 milhões estavam em situação de insegurança alimentar severa. Mas a FAO aponta que a pandemia não foi a única culpada: o Brasil segue como um dos países mais desiguais do mundo, e a desaceleração econômica e o impacto da inflação também pesaram neste quadro. O relatório da FAO também revela que 29,6% da população global — ou seja, 2,4 bilhões de pessoas —, não têm acesso constante a alimentos e estão em situação de segurança alimentar moderada ou grave. Desse total, 900 milhões de indivíduos enfrentam segurança alimentar grave, um aumento em relação ao levantamento anterior. Entre os fatores apontados estão a pandemia e conflitos armados, como o da Ucrânia, que levou a uma alta global nos preços de alimentos. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter Alice Cravo, da sucursal de Brasília, fala sobre os detalhes do relatório da FAO, e também sobre números obtidos com exclusividade pelo GLOBO sobre os impactos do Bolsa Família neste primeiro semestre, depois das mudanças no programa. O diretor-executivo da Ação da Cidadania Rodrigo "Kiko" Afonso discute as dificuldades no combate à fome no Brasil, e os impactos dessa nossa crise humanitária no presente e futuro do país.
7/13/202325 minutes, 57 seconds
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A reunião da Otan e a pressão da Ucrânia para entrar na aliança militar

Representantes dos 31 países da Otan se reúnem na terça e na quarta desta semana em Vilnius, na Lituânia, para um encontro de cúpula que traz uma carga política um pouco mais elevada do que a vista em reuniões anteriores, mesmo aquelas ocorridas desde o início da guerra na Ucrânia. Além dos ataques da Rússia, a expansão da principal aliança militar do Ocidente é tema central, pelo sucesso de uma candidatura, a da Suécia, e pelas críticas sobre um outro processo de adesão que ainda não tem um prazo para sair do papel, o da Ucrânia. No caso ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky não tem poupado críticas ao que vê como "inaceitável" falta de prazos para que seu país integre a aliança. Zelensky aponta que a eventual adesão seria uma garantia futura contra novas invasões russas, e que fortaleceria o papel da Ucrânia na segurança coletiva da Europa a médio e longo prazo. A Otan vem destacando que o "caminho natural" de Kiev é se tornar parte da organização, mas apesar de trazer promessas de um processo facilitado de adesão, a aliança militar não quer cravar com quanto tempo isso levaria — afinal, as regras da Otan impedem que um país em guerra seja aceito como membro, o que é o caso da Ucrânia desde 2014. No caso sueco, há mais motivos para se comemorar. Até agora, a Turquia vinha se opondo à entrada do país na Otan, mas essas restrições foram abandonadas após negociações com o presidente Recep Tayyip Erdogan, e a confirmação da Suécia como 32º país da aliança militar é uma realidade cada vez mais próxima. Com isso, o Mar Báltico estará praticamente "cercado" pelos países da Otan, com exceção dos trechos do litoral russo, incluindo no enclave de Kaliningrado. A reunião em Vilnius, por sinal, é acompanhada com atenção em Moscou. O Kremlin já deixou clara sua insatisfação com a entrada da Suécia, e afirma que a aliança militar está se tornando cada vez mais "anti-Rússia". No radar da Rússia também estão as novas promessas de envio de ajuda militar a Kiev, que hoje totalizam mais de € 100 bilhões, cerca de meio trilhão de reais. O Ao Ponto de hoje analisa o contexto da reunião da Otan na Lituânia, incluindo até que ponto as críticas de Zelensky à falta de um cronograma de adesão podem influenciar em decisões sobre essa questão, e se esse discurso inflamado pode ser malvisto pelos governos ocidentais. Quem nos ajuda a entender as conversas em Vilnius é Vitelio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard. Ele também fala sobre as novas menções à China no comunicado do encontro de líderes.
7/12/202328 minutes, 57 seconds
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O 'climão' no PL depois das votações na Câmara

O clima esquentou no PL, sigla de Jair Bolsonaro, depois de parlamentares do partido terem dado importantes votos para o governo na aprovação de pautas econômicas importantes, como a reforma tributária, analisada e aprovada na Câmara na semana passada. A situação chegou a tal ponto que um grupo de WhatsApp usado por parlamentares da sigla se tornou palco de agressões verbais explícitas. Outro alvo dos ataques foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que embora seja do Republicanos é um dos mais leais aliados do ex-presidente. Ao contrário de Bolsonaro, Tarcisio apoiou a reforma tributária, e essa posição lhe rendeu críticas públicas dos bolsonaristas, incluindo o ex-presidente, levantando questões sobre a coesão do bloco de direita. Depois da disputa pública, os dois se reuniram e Tarcísio voltou a jurar lealdade a Jair Bolsonaro. Contudo, há lideranças parlamentares próximas ao ex-presidente que vêm se aproximando da base do governo Lula. Na semana passada, o presidente do Republicanos Marcos Pereira, fez críticas a Bolsonaro em entrevista ao GLOBO, e há negociações em curso na Esplanada para que a sigla ocupe cargos no governo, incluindo um possível ministério. O Ao Ponto de hoje discute essa autêntica "torta de climão" servida no PL, e como ela pode abalar os planos de Jair Bolsonaro de se consolidar como um líder da oposição ao governo Lula — planos esses já abalados pela decisão do TSE de tornar o ex-presidente inelegível por oito anos. Neste episódio, a colunista Bela Megale e a repórter Jeniffer Gularte discutem os impactos da crise, e trazem informações de bastidores dos próximos capítulos dessa crise.
7/11/202333 minutes, 15 seconds
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Quem são os supostos articuladores de atos golpistas na mira da Abin

Uma reportagem do GLOBO, publicada na sexta-feira, revelou documentos sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que apontam para supostos articuladores de atos golpistas, não apenas a invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, mas também bloqueios em estradas e divulgação de discursos incompatíveis com a normalidade democrática. A lista de suspeitos é longa. Ela inclui produtores rurais, muitos deles organizados no chamado Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), cujos membros “lideraram” bloqueios de caminhoneiros em novembro de 2022, com o objetivo de contestar, sem provas, a vitória de Lula na eleição presidencial do mês anterior. Segundo a Abin, a organização tem “recursos econômicos para financiar transporte de manifestantes e ações extremistas, como as ocorridas no 8 de janeiro”. Em outros documentos, a Abin aponta para um grupo suspeito de ter organizado, articulado e participado d dos ataques em Brasília. O “Boinas Vermelhas”, que tinha como um de seus líderes o reservista do Exército Marcelo Soares Correa, conhecido como cabo Correa, chegou a se organizar no acampamento golpista diante do Quartel General do Exército, em Brasília. Para a Abin, a organização era formada “por reservistas autônomos que compartilham informação política ideológica semelhante, discurso radical de deslegitimação às instituições e propensão à ação violenta”. As revelações surgem no momento em que o STF e a Polícia Federal avançam nas investigações sobre os envolvidos nos ataques. Ao mesmo tempo, a CPI mista instalada no Congresso destinada a investigar os atos golpistas caminha a passos lentos, com poucas convocações e nenhum pedido de quebra de sigilo aprovado. O Ao Ponto abre a semana contando os detalhes do que dizem os documentos da Abin, e quem são os citados nas investigações. Neste episódio, conversamos com os repórteres Camila Turtelli e Eduardo Gonçalves, da sucursal de Brasília, que tiveram acesso aos relatórios sigilosos.
7/10/202326 minutes, 12 seconds
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Twitter, Threads e Bluesky: a guerra aberta entre as redes sociais

Desde o fim de semana, os usuários do Twitter e o setor de tecnologia como um todo estão vivendo dias pra lá de movimentados. O estopim foi a decisão do dono da plataforma, o bilionário Elon Musk, de limitar a quantidade de postagens que os usuários poderiam ver por dia — uma decisão criticada por quem usa a rede social e considerada equivocada por especialistas. A medida se somou a outras decisões controversas de Musk tomadas desde que assumiu o controle do Twitter, comprado por US$ 44 bilhões, como a retirada do selo de verificado de contas de jornalistas, acadêmicos e figuras públicas (agora condicionado ao pagamento de uma assinatura mensal), restrições de acesso aos dados e inúmeras questões técnicas, associadas aos consideráveis cortes nas equipes técnicas da plataforma. Diante de tantas questões, muitos usuários começaram a olhar para outros lados...e plataformas. Redes menores, como o Mastodon e o Bluesky, de um dos criadores do Twitter, Jack Dorsey, viram um crescimento considerável nos últimos dias. Mas os modelos dessas plataformas não permitem expansões mais robustas, e jamais chegaram a incomodar o Twitter. Mas na quarta-feira, a rede de Elon Musk viu um competidor incômodo surgir no retrovisor. A Meta, a gigante do setor de tecnologia de Mark Zuckerberg, anunciou com estrondo o lançamento do Threads, uma rede similar ao Twitter, sem limitações técnicas e que em poucas horas arrebatou alguns milhões de usuários. O incômodo de Musk foi palpável, tanto que ele ameaçou, na quinta-feira, processar a Meta, alegando que a empresa contratou "dezenas" de funcionários do Twitter para criar uma plataforma semelhante e rival. Neste episódio do Ao Ponto, vamos discutir os detalhes dessa guerra no setor de tecnologia, que promete mudar um cenário até então estagnado e que via o Twitter como a maior força no campo das postagens curtas. Nosso convidado, Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e especializado em Ciência Cognitiva, IA, Design Especulativo e Ficção, fala sobre as características das redes, como as decisões de Musk trazem impactos que vão além dos tuítes, e como as disputas afetam os usuários, incluindo a segurança dos dados e o combate à desinformação.
7/7/202326 minutes, 15 seconds
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Venezuela, UE e China: os recados da reunião do Mercosul na Argentina

Na terça-feira, líderes do Mercosul se reuniram em Puerto Iguazú, na Argentina, em um encontro que marcou o início da Presidência rotativa do Brasil no bloco, e também que mostrou algumas divergências entre os quatro países-membros — divergências de ordem econômica e política. A começar pelo hoje travado desfecho do acordo com a União Europeia (UE), apontado como prioritário pelos governos da região. O acordo foi fechado em 2019, no primeiro ano do governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), e foi seguido por quatro anos de relações instáveis entre Brasília, Bruxelas e algumas das capitais do Mercosul. Com a chegada de Lula ao poder, a esperança de uma retomada nas negociações para finalizar o acordo ressurgiu, mas em março, em um gesto chamado de "inaceitável" pelo líder brasileiro, a UE anunciou uma série de novas exigências, na maior parte focadas na parte ambiental, e que lideranças e analistas apontam como um fator de desequilíbrio nas conversas. Outro ponto mais uma vez levantado foi a insatisfação do Uruguai com os atuais rumos do bloco. O país de três milhões de habitantes tem boa parte de sua economia ligada a Argentina e Brasil, mas tem olhado com mais afinco para a China, com quem estuda firmar um acordo de livre comércio, teoricamente longe das alçadas do Mercosul. Tal gesto, caso confirmado, poderia abalar as bases do bloco, na visão de diplomatas e lideranças, mas ainda não há qualquer gesto prático no sentido de firmar tal acordo entre Montevidéu e Pequim. As divergências também apareceram quando o assunto foi a Venezuela. Na semana passada, uma das favoritas para ser o nome da oposição na eleição presidencial do país no ano que vem, Maria Corina Machado, foi inabilitada por 15 anos, o que inviabiliza sua candidatura. Lula evitou a condenação durante o encontro do Mercosul, um gesto que foi criticado por lideranças políticas e pela própria Corina Machado, que em entrevista ao GLOBO disse ser "inadmissível". Neste Ao Ponto, a repórter Janaina Figueiredo detalha os assuntos que hoje pautam o Mercosul, com informações de bastidores quentinhas, e conta como as novas declarações de Lula sobre a Venezuela repercutiram entre os países do bloco e entre a oposição venezuelana.
7/6/202322 minutes, 47 seconds
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Os ataques israelenses na Cisjordânia e a crise de segurança na região

A semana começou com uma das maiores operações militares recentes de Israel na Cisjordânia, com foco na cidade de Jenin, onde fica um extenso e antigo campo de refugiados palestinos, aberto ainda nos anos 1950. Os ataques envolveram a ação de drones, tanques e tropas terrestres, e as autoridades locais apontam que pelo menos 12 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O governo israelense justificou a ação, afirmando que os alvos eram supostos grupos terroristas baseados em uma cidade que há décadas é considerada símbolo da resistência palestina, e que não raro é chamada de "capital dos mártires". De fato, várias ações contra cidades israelenses e assentamentos judaicos na Cisjordânia, considerados ilegais pelas leis internacionais, foram lançadas a partir de Jenin. Apesar das justificativas, organizações humanitárias, como a Médicos Sem Fronteiras e o Crescente Vermelho, além das Nações Unidas, apontaram para a escala desproporcional de destruição causada pelas forças israelenses em Jenin. Há relatos de que as equipes de resgate não podem chegar a determinadas áreas bombardeadas para resgatar feridos, e de centenas de famílias deixando a região em busca de um pouco de segurança. Em mensagem à população, o premier Benjamin Netanyahu sinalizou que a operação poderá se alongar por mais algumas horas...ou dias. Antes mesmo da operação em Jenin, a Cisjordânia vinha enfrentando uma alta considerável nas mortes em episódios de violência, especialmente de cidadãos palestinos, mas também de colonos que vivem nos assentamentos e integrantes das forças de segurança. Um cenário que traz sinais compatíveis com o que seria o início de uma potencial e trágica nova Intifada, como são chamados os grandes levantes palestinos contra Israel, e que já ocorreram em duas ocasiões. Essa crise de segurança também ocorre no momento em que a sociedade israelense está dividida em torno de um projeto de Netanyahu para reformar o Judiciário do país, para fazer o que o premier diz ser uma "correção de rumo". Contudo, o projeto é apontado como uma tentativa de Netanyahu de ampliar seu controle sobre as instituições de Estado, e desde o começo do ano tem levado multidões às ruas do país, incluindo integrantes das forças de segurança. O Ao Ponto desta quarta-feira analisa os ataques em Jenin e como o cenário político em Israel pode contribuir para o agravamento da situação de segurança na região. Quem conversa com a gente é a correspondente Paola de Orte, direto de Tel Aviv, que explica o contexto por trás da operação militar e como os principais atores políticos locais estão agindo na atual crise.
7/5/202319 minutes, 9 seconds
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A vacina contra dengue e o aumento de casos da doença no Brasil

Começa a ser aplicada nos próximos dia uma nova vacina contra a dengue, a Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda e que foi liberada pela Anvisa em março. O imunizante tem uma eficácia geral comprovada de 80%, e pode ser um grande aliado no controle de novos casos de uma doença que deixar centenas de mortos todos os anos. Mas, por enquanto, a vacina está disponível apenas na rede privada e a um preço salgado: a dose pode chegar a R$ 500, e são necessárias duas para completar o ciclo vacinal. Por enquanto, não há previsão de que a Qdenga seja incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) — o laboratório ainda não deu entrada no pedido junto à Anvisa para tal, e mesmo depois do início do processo, a expectativa da empresa é de que a liberação ocorra entre dez e doze meses depois. O Ministério da Saúde também não determinou se vai incorporar a Qdenga ao rol de vacinas disponíveis no SUS. Por enquanto, a pasta afirma que quer priorizar um outro imunizante, desenvolvido nacionalmente pelo Instituto Butantan, mas que hoje está em fase de testes e que só deve ser liberada para o público geral no final do ano que vem ou no começo de 2025. Ao mesmo tempo em que saúdam a chegada da Qdenga, especialistas apontam para a urgência de começar a aplicar a vacina de forma mais ampla no Brasil. Afinal, só em 2023 já foram registrados quase 1,5 milhão de casos suspeitos, com 731 mortes, números similares aos vistos no ano passado, quando o país teve um recorde de mortes relacionadas à doença. Também há um número considerável de casos de chikungunya e zika, enfermidades transmitidas pelo Aedes aegypti. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter Karolini Bandeira, da sucursal do GLOBO em Brasília, conta detalhes da estratégia do governo federal para enfrentar a dengue, e fala das perspectivas para a liberação das vacinas ao público. Também no programa, Raphael Rangel, biomédico virologista e professor do Centro Universitário IBMR explica como a vacina japonesa (e a imunização do Butantan) podem ser decisivas no combate a uma doença endêmica no Brasil.
7/4/202322 minutes, 13 seconds
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O que está em jogo na votação da reforma tributária

A semana começa intensa na Câmara dos Deputados, com a aproximação do recesso de julho, iniciado no dia 18, e com uma pauta extensa de temas especialmente de ordem econômica, e que são de primeira importância para o governo Lula e para o próprio presidente da Casa, Arthur Lira. A começar pelo projeto que trata da reforma tributária — o texto apresenta uma série de mudanças destinadas a modernizar o sistema tributário brasileiro e a própria economia do país. Mas essa não é uma discussão simples. Nesta primeira etapa da reforma, serão alterados os impostos cobrados sobre o consumo, com a unificação de tributos federais, como o IPI e o Cofins, e estaduais, como o ICMS, com o estabelecimento de novos mecanismos, como o estabelecimento de um conselho federativo para concentrar a gestão dos recursos, um ponto questionado por estados e municípios. A pauta é complexa, e apesar do texto já estar prestes a ir a plenário, as discussões prometem se alongar. Governos estaduais afirmam que perderão arrecadação com as mudanças, que passarão por uma fase de transição. No mês passado, uma reunião com representantes dos estados terminou com um "climão", e pesadas críticas. Além da reforma tributária, Lira quer colocar em votação outros temas cruciais: a começar pelo projeto que faz mudanças na sistemática de votos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal administrativo do Carf. Outro tema igualmente caro ao Planalto é o arcabouço fiscal, que sofreu alterações no Senado e precisa novamente ser votado na Câmara. Para garantir a apreciação dos textos, Lira anunciou, na sexta-feira, a convocação de uma sessão extraordinária na segunda-feira, dia em que normalmente não são realizadas votações. No Ao Ponto de hoje, a repórter Victoria Abel explica as propostas da reforma tributária em discussão no Congresso, qual o potencial impacto delas sobre a economia (e sobre a vida dos brasileiros), e discute as negociações para garantir sua aprovação antes do recesso parlamentar de julho.
7/3/202332 minutes, 54 seconds
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O dia decisivo do julgamento de Jair Bolsonaro no TSE

A sexta-feira promete ser o dia decisivo no julgamento do processo que pode deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos. Até o momento, há três votos de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) favoráveis à condenação, enquanto apenas um magistrado, Raul Araújo, divergiu do relatório do ministro Benedito Gonçalves e decidiu pela absolvição no caso. O processo, aberto a pedido do PDT no ano passado, se refere à reunão convocada por Bolsonaro com embaixadores, em julho do ano passado, na qual fez longas críticas à lisura do processo eleitoral no Brasil, especialmente das urnas eletrônicas. Para a maioria dos ministros que já votaram, o ato, transmitido por canais oficiais da Presidência, se tratou de um abuso de poder político cometido por Bolsonaro, e que era um caso clássico de punição com a dura pena da inelegibilidade. A única divergência até o momento foi a do ministro Raul Araújo, que centrou parte de seu voto na minuta golpista, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e afirmou que, em sua opinião, a Justiça Eleitoral já cumpriu seu papel com medidas pontuais na ocasião da reunião . Ele também opinou que a reunião em si não produziu impactos sobre a eleição, e apontou que Bolsonaro não foi eleito pelos eleitores. Contudo, os argumentos acabaram refutados por outros ministros, como Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia — que votarão nesta sexta-feira — e pelo próprio Benedito Gonçalves. Diante do resultado quase certo no julgamento, Bolsonaro e seus aliados começam a traçar as estratégias políticas e jurídicas para os próximos anos. A começar pelo questionamento da decisão do TSE no Supremo Tribunal Federal (STF), algo que, na opinião dos ministros, não tem qualquer chance de prosperar. No campo político, há uma preocupação com os nomes que estarão nas cédulas nas duas próximas eleições, a municipal de 2024 e a geral em 2026, mas há mais dúvidas do que certezas. O Ao Ponto fecha a semana com uma análise dessa reta final do julgamento de Jair Bolsonaro no TSE, e quais devem ser os próximos capítulos de uma das principais histórias do meio político em 2023. Neste episódio, a repórter Mariana Muniz conta os bastidores do processo e o quais as chances do ex-presidente no Judiciário. O jornalista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas Thomas Traumann discute ainda como Bolsonaro deve usar seu capital político nos próximos anos.
6/30/202333 minutes
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As contratações bilionárias e o 'sportswashing' da Arábia Saudita

Os últimos dias foram tensos para o torcedor do Botafogo. Apesar da folgada liderança no Brasileirão, com sete pontos à frente do Grêmio, uma proposta milionária vinda da Arábia Saudita tem balançado o treinador da equipe, Luis Castro, apontado como um dos responsáveis pelo sucesso do time em campo. Ele tem sido alvo de investida do Al-Nassr, que além do dinheiro tem apostado na pressão direta do principal ídolo do time, ninguém menos que Cristiano Ronaldo. O assédio a Luis Castro é apenas mais um capítulo de uma recente ofensiva de clubes sauditas para turbinar seus elencos com nomes de primeiro escalão do esporte mundial. Além de Cristiano Ronaldo, também foram contratados craques como Karim Benzema, Rúben Neves e N'Golo Kanté, todos com salários milionários — também foi feito um grande esforço para trazer um dos maiores jogadores da História aos campos sauditas: Lionel Messi, que apesar da proposta bilionária do Al-Hilal, preferiu se mudar para os EUA, onde atuará no Inter Miami. Os investimentos bilionários não ocorrem apenas por amor ao esporte: para o regime comandado por Mohammad bin Salman, esse "sportswashing" (uso do esporte para fins políticos e de imagem), também visto em outras modalidades, como golfe e a Fórmula 1, faz parte de uma estratégia para mudar a imagem global da Arábia Saudita. O principal argumento é de que o país não é mais um deserto inóspito fechado ao exterior, mas sim uma nação moderna, agora aberta a turistas e a grandes eventos esportivos e culturais. Nos últimos anos, estrelas da música dos EUA e até da Coreia do Sul, como os grupos BTS e BlackPink, se apresentaram para platéias sauditas. Iniciativas econômicas querem apresentar a Arábia Saudita como um ambiente seguro para negócios, especialmente em tecnologia e transição energética. Mas mudar um passado não é simples: apesar dos posts no Instagram e comentários positivos mundo afora, a Arábia Saudita continua sendo um dos países mais opressores do Oriente Médio. Alegados avanços nos direitos das mulheres, como a possibilidade de concessão de carteiras de motoristas ou de trabalhar fora de casa, são tímidos se comparados aos vistos ao redor do mundo. Minorias continuam sendo reprimidas, e execuções públicas continuam a ser uma rotina. Neste episódio do Ao Ponto, o colunista do GLOBO Guga Chacra discute os objetivos da Arábia Saudita ao promover a política de "sportwashing" e se apresentar como um novo hub global de eventos, e se essa estratégia tem chances de mudar a impressão do regime e de seu líder de fato, Mohammad bin Salman.
6/29/202327 minutes, 49 seconds
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A nova ata do Copom e os planos para as metas de inflação

Depois de um comunicado duro na semana passada, quando decidiu manter as taxas de juros em 13,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (26) a ata da reunião, um documento que foi visto como um sinal de que a Selic poderá ser reduzida já em outubro. O texto reconhece um processo de queda da inflação no país, e adota um tom que sugere uma redução de 0,25 ponto percentual em agosto. O corte nos juros é uma demanda antiga do governo Lula, que aponta para a melhora de indicadores econômicos, como a inflação, além de medidas de compromisso com a responsabilidade fiscal, especialmente o novo arcabouço fiscal, hoje no Congresso, como argumentos que justificariam um corte imediato nos juros. O coro é reforçado por vários ministros, incluindo Fernando Haddad, da Fazenda, e parlamentares da base — alguns chegam a acusar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado nos tempos de Jair Bolsonaro, de agir deliberadamente contra a economia, o que ele nega. A divulgação da ata do Copom ocorreu dois dias antes de uma reunião no Conselho Monetário Nacional — formado por Haddad, Campos Neto e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet — discutir uma proposta de mudanças no estabelecimento de metas da inflação. Pelo plano, será adotada um modelo de meta contínua, utilizado hoje pela maior parte das economias, ao invés do modelo baseado no ano calendário, adotado atualmente no Brasil. Na prática, o objetivo de se manter dentro da meta seria perseguido num período mais longo, permitindo atuações mais suaves do BC. Isso deve impactar também nos rumos da taxa de juros do país no futuro. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter Manoel Ventura, da sucursal do GLOBO em Brasília, explica como devem ser essas mudanças no modelo de metas de inflação, e também como foi recebida em Brasília a ata do Copom sinalizando que a Selic pode sofrer um corte na reunião do Conselho de agosto, que já contará com dois nomes indicados por Lula para o BC, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino.
6/28/202320 minutes, 56 seconds
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A rebelião do Grupo Wagner e os desafios para Putin na Rússia

Em um dos momentos mais turbulentos nas mais de duas décadas de Vladimir Putin à frente da Rússia, um levante armado liderado pela milícia armada conhecida como Grupo Wagner provocou abalos sentidos não apenas dentro dos muros vermelhos do Kremlin, mas ao redor do mundo, e levantou algumas questões sobre a coesão do regime. O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigojin, é um velho conhecido de Putin, desde os tempos em que sua principal função era fornecer comida para eventos oficiais do governo. Mas desde 2014, ele deixou de lado os banquetes e passou a se dedicar a montar e manter uma milícia que, hoje, é essencial não apenas na invasão de Putin à Ucrânia, mas também para levar adiante uma diplomacia militar não oficial, que "leva" serviços de segurança a aliados no Oriente Médio e África. Ao lançar sua chamada "marcha pela justiça", nas primeiras horas de sábado, Prigojin escancarou uma das várias disputas internas dentro do círculo de poder na Rússia. Novas regras aprovadas pelo Parlamento puseram grupos paramilitares — como o Wagner — sob o guarda-chuva do Ministério da Defesa, algo apontado como uma sentença de morte à milícia por Prigojin. Suas críticas à condução da guerra na Ucrânia estavam se tornando mais frequentes e duras, e tiveram como auge o movimento de sábado, que levou as tropas do Grupo Wagner a cidades russas e a 200 km de Moscou. Neste episódio do Ao Ponto, o professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador da Universidade Harvard Vitelio Brustolin analisa os impactos a curto e médio prazo do motim do fim de semana, e se ele deve impactar nos rumos da guerra da Ucrânia, que está prestes a completar 500 dias e no momento em que os ucranianos tentam obter sucesso com uma aguardada contraofensiva.
6/27/202329 minutes, 51 seconds
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As histórias silenciosas dos mutilados por armas de fogo no Rio

Um jovem estudante de Direito que foi mantido refém por criminosos, acabou baleado com um fuzil pela polícia e precisou abandonar uma de suas maiores paixões, a música. Uma jovem baleada também com arma de grosso calibre quando saía de um baile funk e precisou enfrentar uma depressão. Um homem baleado e que soube, depois de acordar, no hospital, que sua vida só foi salva por uma decisão tomada por sua mulher. Histórias desconhecidas da maior parte das pessoas, e que compõem uma das facetas mais trágicas da violência no Rio de Janeiro: segundo uma longa investigação do GLOBO, o Projeto Mutilados, publicada no final de semana, entre 2008 e 2022 88 pessoas tiveram membros amputados no Rio por causa de incidentes com armas de fogo e explosivos — destas, 75 perderam pernas, braços, pés por conta de disparos, muitas vezes com armamentos utilizados em guerras. O impacto dessas armas no corpo é brutal: disparos de fuzis podem estraçalhar ossos, rasgar tecidos e até causar danos a outros órgãos, mesmo sem um impacto direto do projétil. A recuperação é longa, dolorosa e muitas vezes deixa sequelas que vão além dos membros amputados. O Ao Ponto dessa segunda-feira conta algumas das histórias das vítimas de armas de fogo no Rio de Janeiro, retratadas pelo Projeto Mutilados, uma iniciativa que analisou, por cinco meses, milhares de documentos oficiais, acompanhou plantões em hospitais e ouviu dezenas de pessoas afetadas direta e indiretamente pela violência na segunda maior cidade do Brasil. No estúdio, os repórteres Felipe Grinberg e Rafael Galdo contam os detalhes das pesquisas dos documentos, como foi conversar com pessoas muitas vezes traumatizadas pela violência, e discutem se há alguma resposta das autoridades a um problema como qual a população do Rio — e do Brasil — convive há décadas.
6/26/202333 minutes, 57 seconds
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O primeiro dia do julgamento de Bolsonaro no TSE

Depois de muita expectativa, pressão nos bastidores e uma quantidade considerável de provas, começou na quinta-feira o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que poderá tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. A ação movida pelo PDT, uma das 16 hoje em curso contra ele na Corte, é relacionada à reunião promovida por Bolsonaro com embaixadores, antes das eleições do ano passado, na qual ele fez uma série de acusações falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas. O primeiro dia do julgamento foi marcado pela leitura do relatório do processo, a cargo do ministro Benedito Gonçalves, que enumerou uma série de provas que, em sua visão, confirmam a ocorrência de crimes eleitorais por parte de Bolsonaro. A leitura também foi considerada uma espécie de "antecipação" do voto dele, previsto para ocorrer na próxima terça-feira, quando será retomada a sessão, e que deve ser pela condenação. Esse veredito também foi defendido pelo vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, que representou o Ministério Público Eleitoral e que defendeu que houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao realizar ataques ao sistema eleitoral. Para ele, o discurso do ex-presidente na reunião com os embaixadores e ao longo do processo eleitoral foi "apto a perturbar a tranquilidade institucional durante as eleições". O tom foi mantido pelo advogado que representa os autores da ação, Walber Agra, que acusou Bolsonaro de realizar “ataques sistêmicos a democracia”. Por outro lado, a defesa do ex-presidente buscou, em sua sustentação, ao menos suavizar a gravidade das denúncias. O advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, que foi ministro do TSE entre 2014 e 2021, afirmou que a reunião com os embaixadores se tratou de um "diálogo institucional", e que não guarda relação com atos posteriores, como os ataques terroristas do dia 8 de janeiro de 2023. Ele ainda questionou a inclusão da chamada "minuta golpista" encontrada na casa do ex-minstro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres — ele disse que essa inclusão é similar à que levou à rejeição, em 2017, da ação de investigação eleitoral que pedia a cassação da chapa Dilma-Temer. O Ao Ponto fecha a semana com a análise do primeiro dia do julgamento de Jair Bolsonaro no TSE, e os sinais que indicam que uma condenação pode ser o desfecho mais previsível. Neste episódio, a colunista Bela Megale conta os bastidores do julgamento, e comenta aquele que, hoje, é o maior fator de dúvida no processo: como votará o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro ao TSE. O advogado Rafael Morgental, mestre em Direito pela UFRGS, ex-Servidor da Justiça Eleitoral e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, explica os aspectos técnicos do processo, e fala sobre as mensagens que a Justiça Eleitoral sinaliza para os próximos pleitos.
6/23/202336 minutes, 34 seconds
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O mistério do submersível Titan no Oceano Atlântico

Desaparecido desde domingo, o submersível Titan se tornou um assunto de primeira hora nas páginas de jornais, canais de notícias, redes sociais e em conversas ao redor do mundo. Afinal, não se tem qualquer pista do que aconteceu com a embarcação, de tamanho similar ao de um carro, que tinha pela frente uma expedição prevista para durar algumas horas rumo aos destroços do Titanic, localizados a quase 4 mil metros de profundidade no Oceano Atlântico. Desde as primeiras horas do desaparecimento, equipes de resgate de vários países estão varrendo uma área ampla, usando aeronaves, sensores e radares, em uma operação que se torna mais complicada com o passar das horas, até porque, segundo projeções, mesmo se os tripulantes estiverem vivos, só haveria oxigênio para mais algumas horas. Há ainda outros fatores a serem considerados, como a ação de correntes marítimas e uma potencialmente letal falha na estrutura. Neste cenário, as especulações se amontoam, assim como as perguntas sem resposta. O submersível era mesmo capaz de ir até os arredores do Titanic em segurança? Por que pessoas que apontaram falhas de segurança no projeto foram demitidas nos últimos anos? Por que a comunicação com o Titan foi perdida de forma total e irreversível? E talvez a mais importante delas: há alguma chance de os tripulantes serem resgatados com vida? O Ao Ponto de hoje fala sobre o mistério em torno do submersível Titan, e sobre o que pode ter dado errado em uma viagem que prometia ser histórica. Neste episódio, a repórter Thayz Guimarães, da editoria Mundo, conta os detalhes da operação de resgate e quem eram as pessoas a bordo. O capitão de Mar e Guerra Luiz Eduardo Cetrim Maciel, da Marinha do Brasil, fala sobre os procedimentos em casos de acidentes do tipo, e sobre as características da embarcação desaparecida.
6/22/202326 minutes, 20 seconds
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O novo marco regulatório das criptomoedas no Brasil

Entrou em vigor na terça-feira o novo marco regulatório das criptomoedas no Brasil, uma série de normas que era aguardada há algum tempo pelo mercado e que promete ser um passo importante para um setor que era conhecido pela pouca transparência e pelos recorrentes golpes, que lesaram milhares de pessoas e provocaram bilhões de reais em prejuízos. Por definição do Palácio do Planalto, o Banco Central do Brasil(BC) estará à frente do trabalho de fiscalizar e supervisionar o setor, com poderes para eventualmente criar novos mecanismos e regras. De acordo com os planos do BC, uma consulta pública deve ser feita para entender os principais anseios do mercado, e depois disso serão estabelecidas condições e prazos para as adequações. Um dos pontos mais aguardados da nova regulamentação é sobre a atuação de grupos criminosos no setor de criptomoedas. Empresas que ofereciam lucros muito acima da média do mercado pipocaram país afora, levando pequenos, médios e grandes investidores a empenhar economias e rendimentos em propostas irreais, e que quase sempre acabavam em prejuízos catastróficos. Entre as mudanças previstas nas novas regras, está a inclusão, com mais clareza, dos crimes envolvendo moedas digitais no artigo 171 do Código Penal, que trata do crime de estelionato, e que pode levar a uma pena de até oito anos de prisão, além de multa. A nova regulamentação, embora seja um passo inicial, foi bem recebida pelo mercado, que vê nas normas um caminho para se ter um setor de criptomoedas mais previsível no Brasil, e que pode viabilizar a entrada de novas empresas e, especialmente, investidores. O Ao Ponto desta quarta-feira discute o novo marco regulatório das criptomoedas, e os impactos práticos das medidas já em vigor. Quem explica as mudanças é a repórter Letycia Cardoso, da editoria de Economia, que também dá algumas dicas de segurança para quem pensa em investir seu dinheiro no setor.
6/21/202318 minutes, 37 seconds
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A disparada das fraudes nos planos de saúde

Nos últimos anos, órgãos de fiscalização e planos de saúde têm detectado um número crescente de fraudes contra as operadoras, envolvendo especialmente reembolsos por exames, tratamentos, internações e outros tipos de intervenções. Segundo levantamento feito para o GLOBO pela Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), 135 inquéritos policiais foram abertos para apurar fraudes contra três das cinco maiores operadoras de planos de saúde do país no último ano. Mas isso, afirmam especialistas, é apenas a ponta do iceberg. Uma modalidade de fraude que é prevalente no país é na qual os golpistas usam dados dos beneficiários, como login e senha nos planos, para requisitar reembolsos de uma série de serviços, incluindo aqueles que sequer foram prestados. Para isso, são criadas até empresas de fachada, além de uma estrutura para tentar garantir os pagamentos por parte das empresas, algo que provoca um prejuízo anual bilionário para o setor. Um fator que em tese "facilitou" a vida dos golpistas foi a crescente digitalização dos serviços de saúde, tornando mais simples e rápido o acesso aos serviços. Em resposta, as operadoras vêm reforçando seus mecanismos para realizar os pagamentos, com maiores exigências — em certos casos, consumidores se queixam que as demandas poderiam ser classificadas como abusivas. Mas nem isso inibiu os criminosos, que já montam novos esquemas capazes de burlar algmas dessas políticas. O Ao Ponto de hoje fala sobre o aumento de casos de fraudes no setor dos planos de saúde, um problema que afeta as operadoras e, especialmente, o cliente, que tem mais dificuldade para obter reembolsos para serviços legítimos e também vê o impacto das fraudes nas mensalidades. E para traçar um retrato das fraudes registradas, conversamos com Luciana Casemiro, editora da coluna Defesa do Consumidor do GLOBO. Ela dá algumas dicas de ouro para evitar cair em golpes, e também como algumas práticas oferecidas como vantajosas por profissionais inescrupulosos podem causar muita dor de cabeça, e até problemas com a Justiça.
6/20/202331 minutes, 3 seconds
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A semana intensa do Judiciário em Brasília

Os próximos dias prometem ser intensos nas altas Cortes em Brasília nos próximos dias, com ações que prometem mexer com o meio político e também com discursos de todos os cantos do espectro ideológico. A começar pelo início, na quinta-feira, do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relacionado à reunião com embaixadores, antes da eleição de 2022, na qual apresentou alegações falsas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas. A ação, protocolada pelo PDT ainda em agosto do ano passado, é considerada hoje o risco mais iminente aos planos políticos do ex-presidente, uma vez que pode deixá-lo inelegível por oito anos. Nos corredores, a condenação é considerada certa, e as dúvidas ficam apenas em torno do placar — não são poucos os que apostam em uma condenação por unanimidade no TSE. Mas o julgamento no TSE não é o único a incomodar Bolsonaro. Sem foro privilegiado desde o fim de seu mandato, o ex-presidente é alvo de um número considerável de ações na Justiça, que vão desde pedidos de reparação por danos morais cometidos contra jornalistas — ele já foi condenado ao pagamento de multa em maio — até inquéritos que apuram sua culpa no caso das jóias dadas pelo regime da Arábia Saudita, ou uma eventual participação nos ataques de 8 de janeiro. Além do TSE, o Supremo Tribunal Federal (STF) também terá dias corridos pela frente. Na quarta-feira, será retomado o julgamento sobre a constitucionalidade do juiz de garantias, uma figura criada em 2019 no chamado "pacote anticrime", apresentado pelo então ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, hoje senador pelo Paraná. Assim como no processo do TSE, não há qualquer garantia de que o julgamento acabe nesta semana. Mais à frente, o STF deverá se ver diante de outras pautas que prometem causar alvoroço político e social. O julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal no Brasil deve ser retomado até o fim do mês, e a tendência é de que os juízes decidam pela liberação. Ainda sem data, deve ser pautada a descriminalização do aborto, hoje sob relatoria da ministra Rosa Weber, que se aposenta em outubro. A expectativa é de que ela paute a ação antes de deixar a Corte, uma vez que vê a questão como prioritária para seu legado no tribunal. O Ao Ponto começa a semana discutindo a movimentada pauta nos tribunais em Brasília, assim como os efeitos que as decisões podem provocar no país. Neste episódio, a convidada é a repórter Mariana Muniz, setorista de Judiciário em Brasília, que explica as ações e também conta os bastidores da iminente confirmação de Cristiano Zanin como novo ministro do STF — a sabatina no Senado está marcada para a quarta-feira.
6/19/202331 minutes, 55 seconds
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O que é o projeto que criminaliza a 'discriminação contra políticos'

Na noite de quarta-feira, um projeto que correu em regime de urgência e foi pautado a toque de caixa foi aprovado na Câmara dos Deputados. O texto, de autoria da deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), torna crime a ""discriminação contra pessoas politicamente expostas", uma categoria que abrange uma lista longa e complexa e que vai desde governadores até indicados para cargos comissionados — parentes e colaboradores também estão contemplados. A pena para o crime pode chegar a até quatro anos de prisão. A proposta inicial, que previa casos de injúria, algo já existente no Código Penal, acabou desidratada pelo relator, Claudio Cajado (PP-BA), mas um dos pontos que permaneceu no texto foi a proibição a bancos e instituições financeiras que impeçam a abertura de contas por parte das "pessoas politicamente expostas", algo que, segundo os defensores do plano, já aconteceu. Outro ponto importante foi a votação em si: a proposta contou com o apoio de deputados do Centrão e também do PT. Por outro lado, partidos de esquerda, como o Psol e boa parte do PL, votaram contra no final das discussões. No dia seguinte à aprovação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sinalizou que a pressa vista na Câmara não deverá se repetir na Casa: ao ser questionado por jornalistas, disse que não sabia da existência do texto. O Ao Ponto fecha a semana falando do projeto sobre a "discriminação contra políticos", e por que os seus defensores dizem que não se trata, como dizem os críticos, de criar mais uma barreira de segurança para pessoas que já possuem mais proteções do que a maior parte dos cidadãos. Para explicar os detalhes da polêmica, o episódio convida a repórter Julia Noia, da editoria de Política do GLOBO, que traz também os bastidores da votação de quarta-feira.
6/16/202327 minutes, 14 seconds
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As revelações bilionárias de fraude na Americanas

Cerca de cinco meses depois da revelação de uma "inconsistência contábil" nos balanços da Americanas, que levariam a um pedido de recuperação judicial ligado a uma dívida de R$ 40 bilhões, a empresa admitiu, na terça-feira, a presença de fraudes nos balanços, que ocultaram prejuízos e permitiram incrementar o resultado da companhia, ao longo do tempo, em R$ 25,3 bilhões. Segundo informações divulgadas na terça e na quarta-feira, as manobras incluíam contratos de propaganda e financiamentos a fornecedores fictícios ou maquiados, que permitiram alterar seus números de forma positiva. Em depoimento à CPI que investiga a recuperação judicial da Americanas, o novo CEO da empresa, Leonardo Coelho Pereira, usou sem parcimônia a palavra "fraude", e apresentou uma quantidade considerável de planilhas, mensagens e e-mails, citando nominalmente integrantes da antiga administração. Agora, os documentos serão analisados pelos membros da CPI na Câmara, que podem decidir pela convocação de alguns dos citados por Coelho Pereira, além de definir possíveis ações para obter mais provas de como a fraude foi orquestrada. Os deputados também sinalizaram que devem trabalhar em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que realizam suas próprias investigações. Este episódio do Ao Ponto analisa as novas revelações sobre a Americanas, assim como o efeito que elas tiveram no mercado. De São Paulo, o repórter Ivan Martínez-Vargas detalha as acusações reveladas pela nova direção da empresa e explica como elas se inserem no atual contexto de recuperação judicial. De Brasília, a repórter Victoria Abel conta como foi o depoimento do CEO da companhia à CPI, e se os três acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, correm o risco de serem convocados para prestar depoimento.
6/15/202333 minutes, 13 seconds
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O Ministério do Turismo e as relações entre Lula e o União Brasil

A semana em Brasília começou com rumores sobre mais uma mudança no ministério de Lula, agora no Turismo, hoje comandado por Daniela Carneiro, conhecida também como Daniela do Waguinho. Mas ao contrário de trocas de cadeiras passadas, a saída da ministra, que é dada como certa, não se daria pelo desempenho dela à frente da pasta, mas sim por questões relacionadas a um partido cuja relação com o Planalto talvez seja a mais complexa na atual legislatura, o União Brasil. Daniela está de saída do União Brasil, em um movimento relacionado a questões locais da sigla no Rio de Janeiro — o destino dela deve ser o Republicanos, para onde seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, seguiu em abril. Contudo, os líderes do União Brasil afirmam que, caso a mudança de sigla da ministra se concretize, o partido na prática perderia um ministério, e querem emplacar um novo nome à frente do Turismo. Um dos nomes mais cotados é o do deputado Celso Sabino, visto como próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro e malvisto por aliados de Lula. Agora, o presidente se vê diante de escolhas difíceis. Por um lado, precisa garantir ao menos parte dos votos do União Brasil na Câmara, algo que não tem acontecido da forma como o Planalto gostaria, apesar dos três ministérios sob comando do partido. Por outro, não pode abandonar Daniela e Waguinho no meio do caminho: Lula não esconde que é grato pelo apoio dos dois na eleição de 2022 na Baixada Fluminense, uma região dominada pelo bolsonarismo. Há ainda um outro movimento, focado nos cargos de segundo escalão: a Embratur, hoje comandada por Marcelo Freixo (PT), está na mira do União Brasil, mas essa mudança seria bem mais complexa, por envolver um nome de esquerda e aliado de longa data de Lula . Por enquanto, o Planalto afirma que não tem qualquer intenção de realizar mudanças no órgão. O Ao Ponto de hoje analisa essa difícil negociação entre o Planalto e o União Brasil, e quais são os caminhos prováveis a serem traçados pelo presidente. Neste episódio, a repórter Jeniffer Gularte conta os bastidores das negociações e da manutenção de Daniela Carneiro pelo menos até quinta-feira, e o colunista Bernardo Mello Franco explica os cálculos do governo e do União Brasil , e como o "fim" do orçamento secreto está ligado às turbulências nessa relação.
6/14/202328 minutes, 16 seconds
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O legado e as polêmicas de Silvio Berlusconi na Itália

A morte do ex-premier, magnata do setor de comunicações e bilionário Silvio Berlusconi, de 86 anos, marcou o fim de uma das histórias mais complexas e marcantes da Itália nas últimas décadas. Dono de um conglomerado de mídia que revolucionou a forma como as pessoas viam TV no país, ele entrou para a política ainda nos anos 1990, e comandou o governo de 1994 e 1995, de 2001 a 2006 e de 2008 a 2011 como primeiro ministro. Mesmo fora do poder, Berlusconi surgia como uma figura onipresente na vida política italiana, financiando partidos de todos os espectros ideológicos e influenciando na escolha dos primeiros-minstros. Em um de seus últimos atos na vida pública, foi peça crucial na montagem do Gabinete de Giorgia Meloni, uma ex-ministra de seus governos e representante da extrema direita italiana. E nem mesmo as condenações, entre elas a que levou à perda de sua cadeira no Senado em 2013, apagaram sua influência. Mas o cavaliere, como costumava ser chamado, também estampou as páginas de jornais com seus feitos longe da política. As conhecidas festas com garotas jovens, apelidadas de "bunga bunga", levaram a investigações por conta da suposta presença de menores. Sua proximidade de líderes autoritários, como o líbio Muammar Ghadafi — morto em 2011 — levantaram questões sobre seu compromisso com a democracia. Mais recentemente, foi criticado até por aliados por conta da defesa explícita do presidente russo, Vladimir Putin, a quem considerava um amigo próximo. Neste episódio, o Ao Ponto analisa o legado de Silvio Berlusconi na Itália e no meio político global. Afinal, Berlusconi foi um dos primeiros e mais relevantes nomes da "antipolítica", uma onda que varreria o mundo nas décadas seguintes. Nosso convidado, o jornalista do Valor Econômico e ex-correspondente em Roma Lucas Ferraz discute a importância do ex-premier para o país, além das semelhanças entre o fenômeno que o levou ao poder em 1994 e o contexto recente no Brasil.
6/13/202334 minutes, 40 seconds
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A cruzada ultraconservadora dos republicanos nos EUA

Na semana passada, o governador da Flórida Ron DeSantis anunciou no Twitter que, ao contrário do que afirmam rivais e a imprensa, seu governo não baniu um livro sequer de bibliotecas e escolas do estado, dizendo se tratar de uma "farsa". A declaração pode ter convencido alguns de seus aliados e eleitores, mas não encontra muito respaldo na realidade: DeSantis tem de fato atuado para retirar centenas de livros das estantes, especialmente títulos que, em sua concepção de mundo, são "impróprios" para crianças e adolescentes. Entre as obras banidas está "O Conto da Aia", de Margareth Atwood, que retrata um futuro distópico em que os EUA passam a ser controlados por extremistas religiosos, onde as mulheres vivem sob severas restrições — como sobre a leitura. Quem desobedece pode ser executada, mutilada ou mandada a colônias de trabalhos forçados onde a morte é quase certa. O veto aos livros, que se reproduz em outros estados controlados por republicanos, é uma faceta da autêntica cruzada ultraconservadora liderada por setores mais radicais do partido para controlar e silenciar vozes dissonantes. Os principais alvos são bandeiras relacionadas aos direitos de minorias, como a população LGBTQIAP+ e imigrantes, e políticas progressistas, incluindo o aborto, cada vez mais restrito depois da decisão da Suprema Corte, no ano passado, que derrubou esse direito constitucional estabelecido nos anos 1970. Esse cenário reflete uma mudança dentro do Partido Republicano, intensificada após a eleição de Donald Trump em 2016, na qual lideranças radicais, antes restritas a nichos, passaram a um papel de destaque. Além de bandeiras econômicas, ligadas à redução do papel do Estado na economia, a pauta de costumes se tornou prioritária, e pode ser central na eleição presidencial do ano que vem. Neste episódio do Ao Ponto, o colunista do GLOBO Guga Chacra explica as razões por trás dessa guinada ultraconservadora do Partido Republicano, e como ela deve determinar a escolha do nome da sigla na disputa de 2024, provavelmente contra o atual presidente, o democrata Joe Biden.
6/12/202331 minutes, 57 seconds
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Tebet e Galípolo debatem o novo arcabouço fiscal | E AGORA, BRASIL?

Recém-aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto do arcabouço fiscal é um novo marco para as contas públicas do país. Ao mesmo tempo em que impede o descontrole fiscal e tranquiliza o mercado financeiro, estabelece regras mais rígidas caso as metas não sejam atingidas. Para debater o tema e seus impactos na vida dos brasileiros, o E AGORA, BRASIL? recebe Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, e Gabriel Galípolo, secretário executivo do Ministério da Fazenda. A mediação foi realizada por Vera Magalhães, colunista do GLOBO, e Sérgio Lamucci, editor executivo do Valor Econômico. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações. Este é um resumo do debate, conduzido pela jornalista Roberta Pennafort.
6/10/202334 minutes, 25 seconds
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A importância e os desafios da COP30 em Belém

No final de maio, o presidente Lula confirmou que a cidade de Belém seria a sede da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), prevista para acontecer em 2025, confirmando um desejo dele e de sua equipe ambiental revelado ao mundo ainda em 2022, pouco depois de sua eleição, durante participação na COP27, em Sharm-el-Sheikh, no Egito. Para Lula, era crucial que a reunião fosse realizada em uma cidade amazônica, como forma de exaltar a importância da preservação da Amazônia, além do compromisso do governo que ele comandaria com a questão ambiental. Mas Lula e as autoridades do Pará e de Belém sabem que essa será uma tarefa árdua. A começar pela necessidade de ampliar a oferta de leitos na cidade — a estimativa mais conservadora é de que 70 mil pessoas compareçam aos eventos, podendo chegar a até 100 mil. Hoje, Belém tem apenas 25.367 leitos. Uma das soluções propostas seria repetir uma fórmula usada na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e na Copa do Mundo do Catar, em 2022, quando navios serviram de hotéis temporários. Há questões de infraestrutura, e o governo federal, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), anunciou um pacote de crédito e investimento no valor de R$ 5 bilhões. O dinheiro deverá ser usado em obras de mobilidade urbana, urbanização e renovação. Após reunião com o BNDES, o governador do Pará, Helder Barbalho, disse que o objetivo é “transformar Belém do primeiro case de transporte coletivo com uso de matriz energética renovável, seja um transporte elétrico ou a gás”. Mas a confirmação de Belém como sede da COP30 veio em um momento de reveses para a área ambiental. O texto final da Medida Provisória (MP) da organização dos ministérios do governo Lula retirou atribuições dos ministérios dos Povos Indígenas e, especialmente, do Meio Ambiente. A votação do projeto de lei (PL) do Marco Temporal, que ameaça demarcações indígenas, passou com folga na Câmara, enquanto o Senado examina um projeto que facilita a autorização para novos agrotóxicos, um texto que ganhou o apelido de "PL do Veneno". O Ao Ponto desta sexta-feira discute os preparativos para a COP30, que acontece exatos 10 anos depois da assinatura do Acordo de Paris, e que estabeleceu metas importantes de reduções de emissões para o mundo, metas que, hoje, parecem longe de serem cumpridas na totalidade. A repórter Ana Rosa Alves, que acompanhou a última COP, no Egito, conversou com autoridades e especialistas e explica a importância da reunião na cidade amazônica, e quais os desafios políticos que estarão lado a lado com as questões logísticas e estruturais até 2025.
6/9/202328 minutes, 25 seconds
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Como a destruição de uma barragem vai afetar a guerra na Ucrânia

A explosão da barragem de Nova Kakhovka, na região (oblast) de Kherson (Sul da Ucrânia), provocou um dos maiores alertas na região desde o início do conflito, em fevereiro do ano passado. Além de servir como uma das principais fontes de energia do país, através da hidrelétrica presente no local, ela ainda servia para fins agrícolas, de navegação e seus reservatórios ajudavam no resfriamento dos reatores da central nuclear de Zaporíjia, localizada também no rio Dnieper. Em meio à inundação de uma série de povoados, cujas populações se viram obrigadas a fugir para áreas mais altas, Rússia e Ucrânia passaram a trocar acusações sobre quem havia destruído a barragem, construída pelos soviéticos nos anos 1950. Informações de inteligência dos EUA apontam que os russos "provavelmente" são os responsáveis, e Kiev vinha há meses citando relatos de que as forças de Moscou estavam instalando explosivos no local. Os russos, por sua vez, acusam Kiev, e afirmam que um dos objetivos era atrapalhar o fornecimento de água para a Crimeia, a península ucraniana anexada por Moscou em 2014, em um movimento não reconhecido internacionalmente. O momento da explosão também deve ser destacado. Rússia e Ucrânia estavam prestes a lançar operações militares que coincidem com a chegada da primavera no Hemisfério Norte, com a expectativa de manter as áreas conquistadas, no caso russo, e de afastar os invasores, no caso ucraniano, contando também com as novas armas fornecidas pelo Ocidente. Agora, a expectativa é sobre possíveis mudanças nos planos depois da destruição de Nova Kakhovka. O Ao Ponto desta quarta-feira discute os impactos da explosão em Kherson, e as muitas questões envolvendo as ofensivas futuras na Ucrânia. Nosso convidado, o professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Gunther Rudzit, destaca ainda os problemas enfrentados pelas forças russas, incluindo disputas de alto escalão, e se há alguma probabilidade de falar em paz neste momento.
6/7/202322 minutes, 33 seconds
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O plano do governo para um impulso bilionário nas receitas com petróleo

O governo federal está preparando uma série de medidas que podem representar um reforço considerável para a arrecadação nos próximos anos, um dinheiro que deve vir especialmente do setor do petróleo. Segundo estimativas, esse reforço poderia chegar a R$ 30 bilhões anuais, que também beneficiaria municípios e estados produtores. Entre os planos, que envolvem a Receita Federal e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), estão mudanças nos critérios para calcular o preço do petróleo exportado para fins de cobrança de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das petroleiras que atuam no Brasil. Também está sendo formulado um novo preço de referência mínimo para o petróleo nacional, que será usado como base na hora dos governos cobrarem royalties e participações especiais. O plano surge no momento em que o governo federal busca meios para turbinar sua arrecadação e cumprir as metas de resultado das contas públicas presentes no arcabouço fiscal, aprovado na Câmara no mês passado e que está em tramitação no Senado, onde também deve passar sem problemas. Para o ano que vem, a expectativa do Ministério da Fazenda é zerar o déficit público. Conheça plataformas de Petróleo da Petrobrás pelo Brasil Neste episódio do Ao Ponto, o repórter Manoel Ventura, da sucursal do GLOBO em Brasília, explica os detalhes das medidas, assim como a Medida Provisória (MP) aprovada pelo Congresso, a 1.152/2022, que abriu caminho para as propostas vindas do governo federal. Ele também discute outro ponto envolvendo o setor de exploração de petróleo no Brasil: a decisão da Petrobras de retirar as sondas na Foz do Amazonas, depois da negativa do Ibama em permitir a exploração de petróleo na região.
6/6/202321 minutes, 9 seconds
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O debate sobre o 'PL do veneno' no Congresso

Em um momento de tensão envolvendo o setor ruralista e a área ambiental, um projeto de lei (PL) em tramitação no Senado tem o potencial de inflamar disputas. Se trata do PL 1.459/2022, também conhecido por ambientalistas como o "PL do veneno", que muda as regras para a liberação de agrotóxicos no Brasil, e é apontado como um risco à saúde de todos no país. Pela proposta, aprovada na Câmara em fevereiro do ano passado, toda a fiscalização e liberação de agrotóxicos passa à alçada do Ministério da Agricultura — hoje, o processo passa também pelo Ibama e pela Anvisa, que passariam a ser apenas órgãos consultivos. Segundo estimativas, isso poderia reduzir um processo de liberação de novas substâncias que normalmente leva até oito anos para dois anos. Haveria também uma redução nos poderes locais, de estados e municípios, para estabelecerem suas próprias regras no setor. O texto ainda está em tramitação nas comissões do Senado, e não há sequer um prazo para que seja levado a plenário. Para ambientalistas, sua aprovação seria um cenário assustador, uma vez que o país já vem de um período, o do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em que a aprovação de pesticidas, muitos deles comprovadamente danosos à saúde e ao meio ambiente, foi acelerada. Nos últimos quatro anos, foram 2.182 novos agrotóxicos autorizados, o maior ritmo em um só mandato desde 2003. A disputa promete ainda ter elementos políticos. Há setores no governo que são contra a medida, como o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, e siglas de esquerda, mas a força da bancada do agro, demonstrada em votações recentes, pode prevalecer, e entregar novas derrotas a uma pasta que sofreu reveses recentes. Foi o caso, por exemplo, da aprovação do Marco Temporal das terras indígenas, na Câmara, e da própria MP dos Ministérios, que retirou atribuições do ministério. O Ao Ponto começa a semana analisando o "PL do veneno", jogando luz sobre seus pontos mais polêmicos, suas chances de aprovação e por que os ambientalistas dizem que o texto é impossível de ser remendado ou transformado em uma proposta viável, ambientalmente falando. Neste episódio, as convidadas são a repórter Victoria Abel e a engenheira agrônoma do Greenpeace Brasil, Marina Lacôrte.
6/5/202334 minutes, 50 seconds
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Depois da MP, quais os desafios da relação de Lula com o Congresso

A poucas horas do fim do prazo final para a votação da medida provisória (MP) que oficializava a formação da Esplanada dos Ministérios do governo Lula, o texto foi aprovado pelo Senado por uma confortável margem, 59 votos a favor e 11 contra. Mas a aparente tranquilidade dos senadores contrastava com a verdadeira batalha travada na Câmara nos dias e, especialmente, na noite anterior, quarta-feira, quando o texto correu o risco de ser derrotado, algo que poderia ter efeitos catastróficos para o Palácio do Planalto. Na reta final das discussões, o tom dos argumentos esquentou, e os deputados escolheram um alvo preferencial: a articulação política do governo, que já vinha sendo criticada desde os primeiros dias da atual legislatura. Parlamentares reclamam da demora na liberação de emendas, indicações para cargos e, especialmente, do que veem como uma falta de empenho de Lula nas negociações diretas com o Congresso. Na reta final das discussões da MP, o presidente acabou entrando o circuito, e a intervenção foi considerada decisiva para a aprovação do texto na Câmara. Mas passada a "batalha campal" da quarta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira(PP-AL), mandou alguns recados ao Planalto. A começar pela articulação, que ele e seus aliados veem como confusa e pouco eficaz — há ainda uma cobrança por uma maior participação do presidente Lula nas conversas, e a sempre presente sugestão de uma reforma ministerial, algo que o Planalto, ao menos por enquanto, diz que não está nos planos. O Ao Ponto de hoje destrincha os intensos dias que levaram à aprovação da MP dos Ministérios, e conta bastidores das conversas e uma análise do que esperar da tensa relação entre o Congresso e o Palácio do Planalto. E para explicar os muitos detalhes do que acontece no Planalto Central, o episódio traz o repórter Lauriberto Pompeu e o coordenador de Política da sucursal em Brasília, Thiago Faria.
6/2/202334 minutes, 17 seconds
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O sinal de alerta que ecoou no setor empresarial no Brasil

Um levantamento realizado pela empresa de classificação de risco Fitch, compartilhado com a coluna Capital do Globo, revelou que sete companhias do país foram rebaixadas para o nível “CCC” ou pior. Na prática, isso significa que empresas nesta posição do ranking apresentam um risco de crédito muito alto, com o calote sendo “uma possibilidade real”. No ano passado, apenas três companhias se encontravam neste patamar. Esse cenário foi "proporcionado", segundo analistas, por uma conjunção de fatores, a começar pelas altas taxas de juros no país — a taxa básica está em um dos patamares mais elevados do mundo, em 13,75% ao ano, e sem perspectiva de redução a curto prazo. Esse patamar afeta a concessão de crédito para empresários, hoje mais escasso e mais caro do que em outros momentos mais favoráveis na economia nacional. Outros fatores internos são o ritmo lento de crescimento, que afeta especialmente as empresas que dependem do consumo, como as varejistas, além de recentes choques dentro do setor empresarial, como a crise envolvendo a Americanas. Além disso, turbulências internacionais, como as ligadas à guerra na Ucrânia, compõem uma "tempestade perfeita". O Ao Ponto de hoje analisa os alertas levantados pelo relatório da Fitch, e quais são os riscos para as empresas e para a economia brasileira como um todo. Neste episódio, o convidado é o repórter da coluna Capital, Rennan Setti. Ele destaca ainda que os problemas ligados à expansão das empresas e à concessão de crédito não são exclusivos do Brasil. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
6/1/202323 minutes, 26 seconds
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Venezuela, crises e integração: as mensagens da reunião de líderes sul-americanos em Brasília

Em uma das mais ambiciosas (talvez a mais ambiciosa) iniciativas diplomáticas do primeiro semestre de governo, o presidente Lula recebeu lideranças de 11 países da América do Sul, além de um representante do Peru, em Brasília, em reunião que teve a integração regional como pauta central, mas que também ficou marcada pelas falas do chefe de Estado brasileiro sobre a Venezuela. Na véspera do encontro, Lula fez declarações consideradas uma forma de normalização do regime venezuelano, acusado de cometer uma série de violações dos direitos humanos, como a prisão e tortura de opositores e o controle de instituições democráticas, impedindo, por exemplo, a realização de eleições livres no país. Lula acabou criticado por outros presidentes que participaram da reunião, mas defendeu a decisão de convidar o líder venezuelano a Brasília, como parte de uma estratégia de apresentar o Brasil como um ator de fato no diálogo entre o governo de Maduro e a oposição. A Venezuela realiza eleições no ano que vem, e informações de bastidores apontam que o objetivo de Lula é pressionar Caracas para que a votação seja limpa, com a participação de adversários do atual governo. Além da Venezuela, Lula queria que a reunião fosse um ponto de virada no papel do Brasil na América do Sul, após anos de relativo distanciamento do país de questões regionais. Pontos como a integração climática, econômica e de transportes estavam em uma lista de propostas do mandatário brasileiro, mas a tarefa não será simples. Afinal, os países têm seus problemas internos, que vão desde disputas setoriais até processos complexos, que podem levar à saída dos atuais presidentes. Neste episódio do Ao Ponto, o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Guilherme Casarões discute os principais pontos da reunião em Brasília, a primeira do tipo em anos, além dos questionamentos em torno da fala de Lula sobre a Venezuela, criticada também por organizações de defesa dos direitos humanos.
5/31/202334 minutes, 35 seconds
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O que esperar da vitória de Erdogan na Turquia

Jamais o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, havia enfrentado uma disputa tão acirrada em seus 20 anos à frente do país, seja na Presidência, seja como primeiro-ministro — no segundo turno, realizado no domingo, ele teve 52% dos votos, contra 48% do oposicionista Kemal Kilicdaroglu. Mas quem esperava um discurso pacificador para um país dividido ao meio pode ter se frustrado. Erdogan, seguindo um roteiro conhecido, atacou aqueles que vê como inimigos, como a oposição e grupos de defesa dos direitos da população LGBTQIAP+. Ao mesmo tempo, o presidente reforçou sua promessa de recolocar a economia do país, hoje afundada em uma inflação de quase 100% ao ano, nos eixos. Com um mandato previsto para durar até 2028, Erdogan deve intensificar o ritmo de mudanças que marcam a sociedade turca desde sua chegada ao poder, em 2003. Um maior papel da religião no Estado, lado a lado com a defesa do nacionalismo, caminham lado a lado com ações para garantir que as instituições democráticas estejam alinhadas a ele. Outra ferramenta conhecida do líder turco é a repressão a vozes contrárias a seu governo, especialmente na imprensa, que hoje é quase que inteiramente alinhada ao governo. A vitória de Erdogan também acontece em um momento em que líderes autocráticos ganham força mundo afora. Viktor Orbán, na Hungria, é alvo recorrente de ações da União Europeia, e tem sido eficaz em controlar a oposição. Mas analistas apontam que o presidente turco dá sinais de que está seguindo os passos de outro presidente cujo apreço aos pilares democráticos é questionado com certa frequência: o líder da Rússia, Vladimir Putin, de quem Erdogan tem se aproximado com mais empenho desde 2016, quando ocorreu a tentativa de golpe contra o presidente turco. Nesta edição do Ao Ponto, a professora do IDP e cofundadora e pesquisadora sênior do GEPOM (Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Oriente Médio), Monique Sochaczewski, fala sobre as duas décadas de Erdogan no poder, e destaca alguns pontos que devem ser observados nesses próximos anos, como as possíveis estratégias da oposição daqui para frente.
5/30/202324 minutes, 10 seconds
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As histórias de abuso sexual na Igreja no Brasil

Em 2018, em uma carta enviada aos bispos no Chile, o Papa Francisco admitiu o que considerou ser "erros graves" da Igreja Católica no enfrentamento a casos de abuso sexual cometidos por sacerdores e integrantes do clero, especialmente contra menores. Naquele mesmo ano, escreveu uma carta aos católicos de todo o mundo admitindo as falhas do Vaticano em identificar, punir e, especialmente, evitar que crianças e adolescentes fossem vítimas de verdadeiros predadores sexuais. Na época, disse que a Igreja abandonou "os pequenininhos". A preocupação de Francisco reflete a enxurrada de denúncias relacionadas a abusos cometidos por membros do clero reveladas nas últimas décadas, especialmente em países como Estados Unidos, Irlanda e Portugal. Contudo, como apontou Anne Barrett Doyle, da Bishop Accountability, uma organização que cataloga denúncias contra sacerdotes nos EUA, justamente o maior país católico do planeta, o Brasil, ainda engatinha nesse reconhecimento de uma realidade sombria. Em "Pedofilia na Igreja" (Editora Máquina de Livros), os editores do GLOBO Fábio Gusmão e Giampaolo Morgado Braga buscaram dar visibilidade e voz a casos de abuso por vezes abafados por autoridades e pela própria Igreja — crianças de até 3 anos de idade vítimas de abusadores que usavam a batina para tentarem se livrar de crimes hediondos, que deixam marcas por uma vida inteira em suas vítimas. Nesta edição do Ao Ponto, Fábio e Giampaolo contam como foi o longo processo de analisar mais de 25 mil páginas de processos no Brasil e no exterior, além das conversas com vítimas, parentes e autoridades responsáveis pelas investigações. Um trabalho que se estendeu por cerca de três anos, que sofreu atrasos por causa da pandemia da Covid-19, mas que servirá como um relato de um quadro desconhecido ou ignorado por boa parte da população, incluindo os católicos.
5/29/202339 minutes
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A difícil semana do governo no Congresso

A semana chega ao fim e pode-se dizer que ao menos alguns setores do governo estão mais do que aliviados com esse momento. Afinal, os últimos dias foram marcados por votações importantes e extenuantes, como a que aprovou o novo modelo de arcabouço fiscal, e a da medida provisória (MP) que alterou o formato da Esplanada dos Ministérios, esvaziando ministérios importantes, especialmente dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente. Mesmo na maior vitória do Planalto na Câmara dos Deputados, a do arcabouço fiscal, o texto não foi exatamente como queriam os governistas, impondo limitações aos gastos futuros dos ministérios. Contudo, a medida, por mais alterada que tenha sido, era essencial para os planos de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No caso da MP, houve muita reclamação por parte da ministra Marina Silva, figura central da agenda ambiental de Lula, e que nos últimos dias havia conseguido uma vitória própria, no caso, o veto do Ibama à exploração de petróleo na Foz do Amazonas. A relação tensa com um Congresso majoritariamente conservador, e que tem se mostrado hostil a boa parte da agenda de Lula, é talvez o maior desafio do terceiro mandato do petista, e demanda ações urgentes para azeitar os laços, para evitar novas derrotas e, especialmente, para aprovar medidas caras ao Planalto. Uma queixa recorrente é sobre o que é visto como falta de empenho do presidente nas negociações com os parlamentares, algo que interlocutores no governo afirmam que começará a ser ajustado. Outra questão que causará barulho nos corredores são as CPIs instaladas nesta semana, a do MST e dos Atos Golpistas. A oposição bolsonarista promete fazer barulho, especialmente na comissão que investiga as ações do MST — tanto que na comissão sobre os ataques de 8 de janeiro, o governo escalou uma tropa de choque para tentar expôr a oposição e tentar ligá-la aos atentados. Neste episódio do Ao Ponto, o jornalista Thomas Traumann analisa essa semana complexa do governo no Congresso, e quais os principais obstáculos que se apresentam e devem se apresentar nos próximos meses no Legislativo.
5/26/202326 minutes, 37 seconds
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Os novos planos do governo para regulamentar as armas de fogo

O governo Lula deve publicar em breve um decreto com novas regras para a venda, posse e uso de armas de fogo no Brasil, intensificando sua estratégia para reverter a política de afrouxamento dos controles de arsenais iniciada por Michel Temer e ampliada por Jair Bolsonaro. E de acordo com informações preliminares da minuta preparada pelo Ministério da Justiça e entregue ao presidente nesta quarta-feira, alguns trechos devem alterar de forma contundente as regulamentações atuais. Um ponto que já vinha sendo ventilado é sobre o papel central da Polícia Federal nas ações de controle e fiscalização das armas de fogo. A função vinha sendo exercida majoritariamente pelo Exército, que era alvo de muitas críticas pela forma como os militares lidavam com os cadastros dos CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) e das armas adquiridas por eles. Outra mudança deve focar na quantidade de armas que cada um dos CACs poderá adquirir: segundo informações preliminares, o governo deve restabelecer o sistema de níveis, abandonado por Bolsonaro, estabelecendo categorias distintas, cada qual com um limite específico. Contudo, o número, mesmo para os níveis mais elevados, deve ser consideravelmente menor do que o das regras dos tempos de Bolsonaro. O Ao Ponto desta quinta-feira discute os planos do governo para intensificar o controle de armas de fogo, e até que ponto as mudanças propostas, que ainda podem sofrer alterações, devem impactar os arsenais em circulação no Brasil. Para ajudar a entender o cenário, David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comenta alguns dos principais desafios para implementar uma política concisa e eficaz para o setor.
5/25/202324 minutes, 26 seconds
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O alerta no Brasil para a gripe aviária

A descoberta dos primeiros casos de gripe aviária, em aves silvestres, no Brasil provocaram reações quase que imediatas por parte de autoridades sanitárias, com o objetivo de identificar as áreas onde foram encontrados os animais contaminados e, acima de tudo, evitar a transmissão local de uma doença que pode ter graves impactos à economia e à saúde da população. Por enquanto, não há confirmação de casos entre humanos — há suspeitas em monitoramento, mas nenhuma das pessoas em observação apresenta sintomas mais graves. Essa é preocupação de especialistas, uma vez que o vírus responsável pela gripe aviária, o H5N1, causa problemas sérios, e possui uma elevada taxa de mortalidade, bem acima da registrada com a influenza comum ou mesmo com o coronavírus. Além da proteção das pessoas, a preocupação das autoridades é evitar uma catastrófica contaminação das criações de aves para consumo humano, algo que teria um impacto econômico considerável. Por causa da gripe aviária, foram sacrificadas milhões de aves em países como os EUA nos últimos anos, um cenário que se repetiu em outras regiões. Mas, vale ressaltar, não há qualquer risco no consumo de aves e produtos como ovos e derivados. O Ao Ponto de hoje esclarece dúvidas sobre a gripe aviária, e desvenda alguns mitos relacionados a uma doença que está no radar de governos e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que disse ver a situação hoje como "preocupante". Neste episódio, o repórter Bernardo Yoneshigue fala sobre as ações do governo e sobre a estratégia de monitoramento de casos suspeitos. Já a coordenadora do comitê de imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia, Rosana Richtman, fala sobre o vírus e sobre medidas de cautela que podem ser adotadas por todos.
5/24/202326 minutes, 53 seconds
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O impasse sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Na semana passada, a decisão do Ibama de negar um pedido da Petrobras para explorar petróleo na Foz do Rio Amazonas provocou abalos ao redor da Esplanada dos Ministérios. Por um lado, a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia queriam a aprovação do plano, que era visto com muitas ressalvas por ambientalistas e pelo Ministério do Meio Ambiente. Segundo o Ibama, a negativa se deu por conta do que chamou de “conjunto de inconsistências técnicas”, seguindo orientação da Diretoria de Licenciamento Ambiental, uma posição similar à de especialistas, que apontavam para a falta de uma série de estudos relacionados à iniciativa, como sobre o impacto a uma área sensível e de grande importância para a biodiversidade. Em resposta, setores que defendiam a exploração apontam que a empresa cumpriu todas as etapas necessárias para iniciar as perfurações, e destacam que os trabalhos ocorreriam a mais de 500 km da costa brasileira, potencialmente minimizando os impactos de um vazamento. Em uma das reações mais vocais, o senador Randolfe Rodrigues, que defende o projeto, anunciou que deixaria a Rede Sustentabilidade, mesma sigla da ministra Marina Silva. A decisão ocorreu na quinta-feira da semana passada, um dia depois da divulgação da decisão do Ibama. A briga em torno da exploração na Foz do Amazonas não é à toa: a região fica em uma área conhecida como Margem Equatorial, que se estende do litoral do Rio Grande do Norte até o Amapá, e que abrange outros países como o Suriname e a Guiana, que vive um boom do petróleo recente. Estudos mostram grandes reservas na região, algo que poderia ajudar a Petrobras a ampliar sua capacidade de produção. Diante do impasse, a decisão final deve ficar com o presidente Lula, que prometeu se debruçar sobre o assunto depois de seu retorno ao Brasil após viagem ao Japão. Ao mesmo tempo em que há pressão para que ele pressione pela liberação do projeto por questões econômicas, o lado ambiental e o papel de liderança global que o presidente quer que o Brasil ocupe no setor devem pesar. O Ao Ponto desta terça-feira discute o embate interno do governo em torno do futuro dos planos da Petrobras de explorar petróleo na Foz do Amazonas. E quem explica a questão são os repórteres Letycia Cardoso, da editoria Economia, e Manoel Ventura, da sucursal do GLOBO em Brasília.
5/23/202325 minutes, 26 seconds
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As novas (velhas) pautas que ligaram o alerta do governo no Congresso

Depois de amargar uma derrota na votação do decreto que tratava do Marco do Saneamento, o governo se vê diante da possibilidade de sofrer novos reveses no Congresso, com pautas que afetam bandeiras cruciais para o governo Lula, além do próprio funcionamento e estrutura dos ministérios. Por trás da iniciativa estão deputados do Centrão, além de interesses de bancadas específicas. Um dos textos que deve entrar na pauta nos próximos dias é o relativo ao marco temporal das terras indígenas, que estabelece que apenas os territórios ocupados por indígenas até a promulgação da Constituição, em 1988, podem ser demarcados. A proposta é apoiada pela bancada ruralista, e conta com aval de deputados que integram a base do governo, muito embora o Planalto, que tem na defesa dos povos indígenas uma de suas bandeiras, não a veja com bons olhos. A pressa para aprovar o pedido de urgência e o mérito do texto tem uma explicação: no dia 7 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem um julgamento sobre o mesmo tema. Outras propostas também têm potencial para incomodar o Planalto. Uma delas é a votação do decreto que restabeleceu vistos para cidadãos dos EUA, Canadá, Austrália e Japão, revertendo uma política do governo de Jair Bolsonaro. Há ainda a MP que mudou o desenho da Esplanada dos Ministérios, e que poderia mudar a distribuição de órgãos entre as pastas. Por fim, o Planalto quer reverter, no Senado, a derrota na votação do decreto que alterou trechos do Marco do Saneamento. Com os alertas ligados, o governo intensifica a articulação com um Congresso onde não tem, na atual configuração, uma base de apoio fiel, algo que nem a distribuição de cargos e ministérios a partidos do Centrão ajudou a consolidar. Por outro lado, há o temor de que a oposição consiga usar a CPI do MST, já instalada na Câmara, como palanque para atacar Lula, especialmente na parte agrária. O Ao Ponto começa a semana falando dos nem tão novos desafios do governo Lula no Congresso, e quais são as estratégias usadas pelo Planalto para evitar novas derrotas. E quem explica os bastidores dessas conversas é a repórter Camila Turtelli, da sucursal de Brasília.
5/22/202329 minutes, 16 seconds
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A 'morte cruzada' e a longa crise política no Equador

Na quarta-feira, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou uma medida extrema, dias depois do sinal verde para o segundo processo de impeachment que enfrenta desde sua vitória na eleição de 2021. Usando um mecanismo constitucional conhecido como "morte cruzada", Lasso dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições, o que também significa sua saída do cargo. Uma decisão ousada de um presidente muito impopular, com desaprovação de quase 80%. Informações preliminares dão conta de que uma eleição pode acontecer em meados de agosto, e ainda não se sabe quem estará na cédula — a manobra livrou Lasso do processo de impeachment e, teoricamente, ele pode se candidatar novamente, mas poucos acreditam que ele tope a empreitada ou que seja um candidato competitivo. Afinal, em seus dois anos no cargo ele enfrentou dois processos de impeachment, além de uma série de crises de segurança e protestos de organizações indígenas. Por sinal, a oposição dá sinais de que poderá contestar a "morte cruzada". O ex-presidente Rafael Correa, condenado no Equador mas hoje na Bélgica, sinalizou que o caso poderá ser judicializado, e uma nova mobilização das organizações indígenas que protagonizaram os protestos do ano passado não está descartada. Até o momento, as forças de segurança estão ao lado de Lasso. O Ao Ponto de hoje aborda esse novo ato da longa crise no Equador, e o que pode acontecer com o presidente Guillermo Lasso e como pode ser a definição de seu sucessor. Neste episódio, a repórter Marina Gonçalves, da editoria Mundo, detalha os principais pontos do quadro de instabilidade no país, e traz algumas opiniões de analistas sobre o que esperar dos próximos capítulos.
5/19/202319 minutes, 9 seconds
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O depoimento de Bolsonaro e os inquéritos envolvendo o ex-presidente

Na terça-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou novo depoimento à Polícia Federal, agora no contexto das investigações sobre uma suposta fraude nos cartões de vacinação dele, da filha, Laura, e de pessoas próximas. Como esperado, Bolsonaro seguiu um script previamente anunciado: negou ter conhecimento sobre a suposta fraude e sobre como e por qual razão seus dados relacionados à vacinação foram acessados. O ex-presidente ressaltou, como faz desde o anúncio de que os imunizantes estavam disponíveis à população, que não se vacinou tampouco pretende fazê-lo. Mas esse não era o único assunto na pauta dos investigadores. Eles também queriam ouvir de Bolsonaro respostas para questões ligadas aos ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília. Pessoas próximas ao ex-presidente, incluindo seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, são acusadas de planejar um golpe de Estado, com o objetivo de impedir a posse do presidente Lula depois de sua vitória em outubro do ano passado. Em diálogo obtido pela PF e divulgado pelo GLOBO, na terça-feira, Cid, o major reformado do Exército Ailton Gonçalves Barros, o coronel Elcio Franco e um militar ainda não identificado articularam detalhes da trama, que envolvia até a prisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Bolsonaro tentou se desvencilhar de qualquer possível ligação com a conversa e com supostos planos de golpe de Estado. Além do ex-presidente, as investigações passam a olhar com mais atenção para as movimentações financeiras de Michelle Bolsonaro. De acordo com conversas obtidas pela Polícia Federal, havia uma orientação para o pagamento em dinheiro em espécie de despesas da primeira-dama em seus dias no Palácio da Alvorada. No centro da investigação está Mauro Cid, que seria o responsável por emitir a orientação — há suspeitas de que ele tenha usado verba pública do Planalto para os pagamentos “de maneira ilegal”, com “saques em espécie” e depósitos em dinheiro vivo feitos “de maneira fracionada”, para dificultar a origem das quantias. O Ao Ponto de hoje mostra alguns dos muitos problemas envolvendo o ex-presidente e seus aliados e a Justiça, e qual é a estratégia para evitar um desfecho negativo, seja criminal, seja político. Para explicar os detalhes dos processos, o episódio recebe a colunista Bela Megale e o repórter da sucursal de Brasília Eduardo Gonçalves.
5/18/202328 minutes, 56 seconds
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A nova política de preços da Petrobras e o impacto no seu bolso

O anúncio da mudança na política de preços para a gasolina e do diesel praticados pela Petrobras, ontem (16), não foi exatamente uma surpresa. Afinal, o ponto central do plano, o abandono da chamada PPI (paridade de importação), adotada durante o governo de Michel Temer, era considerado algo certo desde o final de outubro, quando as urnas confirmaram a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro. Mas a maneira como o novo cálculo vai funcionar levantou algumas questões entre especialistas e dentro do mercado. A começar pela inclusão de novos elementos no valor dos combustíveis. Essa definição agora levará em conta custos internos de produção no país, o que inclui gastos com logística e refino, algo que poderá "regionalizar" os preços. Entrará no cálculo ainda um chamado "custo alternativo do cliente", que levará em consideração os valores praticados pela concorrência. Ao mesmo tempo, a Petrobras passa a aplicar os impactos eventuais de variações cambiais e no preço do barril do petróleo apenas em relação aos volumes importados, excluindo o que for produzido dentro do Brasil. Mas como a nova política funcionará na prática? Analistas se dividem entre as críticas relacionadas a uma eventual falta de transparência no processo de definição de preços, ao risco de interferências políticas nos preços e, em um cenário extremo, ao desabastecimento pontual de gasolina e diesel. Contudo, outras vozes consideram que pouco vai mudar na prática, e que o anúncio pode ter sido parte de uma estratégia do Planalto para ganhar musculatura antes de votações importantes no Congresso. Muitas dúvidas? O Ao Ponto de hoje tenta explicar essas mudanças na Petrobras, e como elas podem afetar o seu bolso. No estúdio recebemos o repórter da editoria de Economia Bruno Rosa, que na semana passada entrevistou o presidente da empresa, Jean Paul Prates, e detalha como a nova política deve funcionar na prática. Ele também comenta a reação do mercado ao anúncio — ao final do pregão no Ibovespa, as ações da estatal subiram mais de 2%.
5/17/202331 minutes, 11 seconds
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Erdogan x Kilicdaroglu: o segundo ato da eleição na Turquia

Se pudermos usar uma referência das corridas de cavalo, seria mais do que adequado afirmar que a eleição presidencial na Turquia foi definida, ao menos no primeiro turno, no photochart. De um lado, o atual líder turco, Recep Tayyip Erdogan, há 20 anos no poder, ficou a apenas meio ponto percentual de levar no primeiro turno. Do outro, Kemal Kilicdaroglu, o desafiante de oposição, ficou aquém do que apontavam as pesquisas de opinião, algo que pôs em xeque a real força de sua ampla coalizão. A certeza que fica é a de que o resultado não foi o esperado por nenhum dos dois principais candidatos, que nutriam a esperança de vencer logo no primeiro turno — agora, estarão frente a frente em um segundo turno no dia 28 de maio, e as primeiras sondagens apontam que a disputa será, mais uma vez, acirrada. A eleição deste ano na Turquia não deixa de ser um teste para a resiliência de Erdogan, que promoveu algumas transformações profundas em um país que tem os pés fincados na Europa e na Ásia. Se por um lado ele fez com que a nação se consolidasse como uma liderança regional, atuando diretamente em crises como a guerra na Síria e o conflito na Ucrânia, a forma como o presidente interferiu em instituições nacionais e atuou para controlar a imprensa acenderam sinais de alerta. Além do natural desgaste de duas décadas à frente do governo, Erdogan também paga o preço pelos muitos problemas associados à sua adminstração. A começar pela economia, que ostenta um dos maiores índices de inflação do planeta. Sua gestão após o terremoto de fevereiro, que deixou cerca de 50 mil mortos, também fizeram muitos buscarem alternativas nas urnas. Neste episódio do Ao Ponto, a correspondente Paola de Orte conta, direto de Istambul, como foi a eleição de domingo, e quais foram as questões envolvidas em uma votação cujos resultados podem reverberar bem além dos estreitos de Bósforo e Dardanelos.
5/16/202325 minutes, 37 seconds
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O que esperar da CPI do MST na Câmara

Enquanto os governistas se preparam para a CPMI dos Atos Golpistas, que deve ser comandada por aliados do Palácio do Planalto, a oposição tentará usar um outro inquérito na Câmara para construir aum contraponto às acusações que devem surgir na investigação sobre os ataques terroristas de 8 de janeiro em Brasília. E o alvo é um velho conhecido: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Há décadas a política de invasões de terras consideradas improdutivas é atacada por representantes do agronegócio, que agora se veem em número considerável no Congresso, e ganharam o reforço de parlamentares bolsonaristas. Segundo os defensores da CPI, é necessário apontar quem são os financiadores do MST, assim como determinar até que ponto ele está ligado com o governo Lula. Um dos nomes cotados para a relatoria é o do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e que já defendeu o uso de armas contra os sem-terra. Embora o foco da CPI ainda esteja pouco claro, os governistas já tentam se blindar contra os potenciais efeitos de um inquérito parlamentar conduzido por elementos vocais do bolsonarismo e da bancada ruralista. Já é certo que os aliados do Planalto serão minoria, e deverão ver alguns deputados de partidos que teoricamente fazem parte da base atuando ao lado da oposição. Ao mesmo tempo, recentes invasões causaram uma divisão dentro do governo, com ministros expressando publicamente seu descontentamento com o MST. O Ao Ponto começa a semana discutindo a formação da CPI do MST, prevista para os próximos dias, e como governo e oposição planejam encarar o inquérito, um dos vários autorizados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Neste episódio, recebemos os repórteres Luísa Marzullo e Gabriel Saboia.
5/15/202323 minutes, 32 seconds
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Prisão, bravatas e dívida: a semana intensa na política dos EUA

Assim como no Brasil, falta de assunto não é um problema enfrentado no noticiário político dos Estados Unidos. Mas nos últimos dias o "roteirista" parece ter apertado a mão nas reviravoltas, problemas legais e desafios, alguns deles estimados em trilhões de dólares. E, como não podia faltar, as notícias da editoria de Política se misturaram com as das páginas policiais. O ato mais impactante da semana foi a condenação do ex-presidente Donald Trump, em um caso em que era acusado de abusar sexualmente da escritora Elizabeth Jean Carroll. Além da condenação por abuso, ele também foi apontado como culpado por difamar Carroll, em um caso que remonta à última década do século passado. Trump foi condenado a pagar uma indenização de US$ 5 milhões, cerca de R$ 25 milhões, mas como o processo corria na esfera civil ele não corre o risco de ser preso, uma possibilidade que ronda um outro caso, o relacionado ao pagamento pelo silêncio da atriz Stormy Daniels, em 2016, e que pode ser julgado no início do ano que vem. Como esperado, Trump reagiu à moda Trump. Nas suas redes sociais, atacou o juiz do caso, os advogados de defesa, a vítima e, claro, a imprensa. Um dia depois, ele participou de uma entrevista no formato "town hall", promovida pela CNN, e desfilou uma sequência de bravatas, mentiras e narrativas fantasiosas, envolvendo até o ex-presidente Jair Bolsonaro, que também tem seus problemas com a Justiça. Mesmo assim, a plateia do programa, que tinha muitos trumpistas nas cadeiras, parecia vibrar com as falas bombásticas e até com a forma como tratava a apresentadora. Mas Trump não foi o único republicano a comparecer aos tribunais. Na quarta-feira, o deputado George Santos chegou a ser detido em um tribunal de Nova York, onde compareceu para ouvir as 13 acusações da Justiça Federal contra ele, incluindo fraude e lavagem de dinheiro. Santos chamou a atenção ao se eleger em um distrito historicamente democrata no ano passado, mas logo as muitas mentiras em seu currículo começaram a aparecer, desde diplomas da faculdade até sua religião. Ele se diz inocente, e até imitou Trump ao afirmar que é vítima de uma "caça às bruxas". Embora não tenha os mesmos problemas legais dos dois republicanos, o presidente democrata Joe Biden não pode dizer que está em um momento tranquilo. Também pré-candidato à Casa Branca, assim como Trump, ele corre contra o tempo para garantir uma saída para ampliar ou suspender o teto da dívida pública do governo até o mês que vem. O problema é recorrente para os ocupantes da Casa Branca, e depende de um acordo com o Congresso — contudo, a proliferação de deputados de extrema direita na Câmara, dominada pelos republicanos, pode dificultar um processo que já era complicado. Para ajudar a entender essa semana de muitas notícias, o Ao Ponto desta sexta-feira convida o colunista do GLOBO Guga Chacra, que também dá algumas pistas sobre a disputa interna dos partidos pela indicação à vaga na disputa presidencial do ano que vem.
5/12/202323 minutes, 47 seconds
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As novas denúncias de manipulação no futebol brasileiro

Pouco mais de um mês depois de uma série de prisões relacionadas à Operação Penalidade Máxima II, liderada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e que investiga suspeitas de manipulação de jogos no Campeonato Brasileiro do ano passado, foi apresentada uma nova denúncia à Justiça. Agora, a lista de atletas denunciados e de partidas sob suspeita foi ampliada, e passou a incluir jogos da Série A de 2022, além de mais uma partida da Série B e quatro de campeonatos estaduais já em 2023. Em comum, os atletas denunciados são acusados de receber dinheiro em troca de ações específicas em campo, como levar um cartão amarelo, forçar uma expulsão ou fazer um pênalti em determinado momento do jogo. Segundo a denúncia, alguns deles chegaram a receber R$ 50 mil reais, mas conversas citadas no inquérito apontam que uma oferta de R$ 500 mil foi feita em troca de uma expulsão, que acabou não acontecendo. Alguns dos atletas envolvidos chegaram a ser suspensos em seus clubes, que no momento são tratados como vítimas — vale lembrar que o estopim do inquérito inicial foi uma denúncia feita pelo presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que descobriu que um de seus atletas havia sido aliciado pelo esquema. A audácia de uma pessoa ligada ao esquema foi tamanha que ele chegou a exigir que Jorge Bravo devolvesse o dinheiro pago ao atleta, de forma antecipada, para que cometesse um pênalti em uma partida contra o Sport, em novembro do ano passado, algo que o jogador não fez. Por enquanto a CBF diz que não há chance de anulação de partidas, muito menos da suspensão do atual campeonato, postura compartilhada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Ao mesmo tempo, o mundo do futebol se vê em meio a discussões sobre a regulamentação do setor de apostas, hoje em ponto morto em Brasília, mas que pode, além de aumentar a arrecadação do governo, fornecer mecanismos para evitar manipulações em competições esportivas no Brasil. Neste episódio do Ao Ponto, o editor da coluna Panorama Esportivo Athos Moura explica em que pé estão as investigações, o que pesa contra os atletas citados e como os clubes e a própria CBF estão reagindo diante das denúncias.
5/11/202320 minutes, 44 seconds
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A mutante, revolucionária e eterna Rita Lee

A música brasileira ficou mais triste na terça-feira: Rita Lee, uma das maiores artistas de nossa História, deixou nosso plano, dois anos depois de ter sido diagnosticada com um câncer de pulmão. Segundo a família, ela morreu em casa, deixando saudosos milhões de fãs no Brasil e pelo mundo — mesmo sem a presença física de Rita Lee entre nós, ela sempre estará presente através de suas canções, entrevistas e atitudes que marcaram e marcarão para sempre nossa cultura. Da psicodelia dos tempos dos Mutantes, nos anos 1960, com seu som experimental e uma estética circense, Rita Lee transitou pelo rock mais bruto e, em meio a críticas de alguns "puristas", pelo pop com toques de discoteca e flertes com o Carnaval. Canções que quebravam as barreiras das gerações, sendo cantadas por mães e pais, filhos e netos — os fãs de novelas também se lembrarão de algumas das trilhas que embalaram tramas como "A Próxima Vítima", de Silvio de Abreu. Ao todo, foram mais de setenta faixas em trilhas de novelas, minisséries e especiais, muitas em parceria com seu companheiro de vida e jornada, Roberto de Carvalho. Mas Rita Lee ia bem além dos palcos e discos. Ela foi uma das grandes vozes do feminismo quando falar sobre o assunto era tabu, e podia até render alguns dias ou meses de cadeia. Chegou a ser presa na ditadura militar (1964-1985) e também no último show de sua carreira, em 2012, em Aracaju, depois de xingar policiais militares. Muitos desses episódios foram relatados sem filtros em suas duas autobiografias, uma publicada em 2016 e a outra, ainda inédita, que sairá no dia 22 de maio. Segundo o colunista Lauro Jardim, a escolha da data foi da própria Rita. O primeiro motivo foi que esse é o dia de Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis. O segundo, porque o dia vem uma semana depois do fim do temido mercúrio retrógrado. O Ao Ponto desta quarta-feira presta uma homenagem à rainha do rock brasileiro, e recebe o jornalista e historiador, Rodrigo Faour, autor de "História da Música Popular Brasileira Sem Preconceitos" e outras cinco obras consideradas de referência sobre a incrível e inigualável sonoridade do país. Como ela mesma se definia, "nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa".
5/10/202337 minutes, 57 seconds
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O impacto das derrotas na Câmara na articulação política do governo

A derrota do governo na semana passada na votação sobre mudanças no Marco do Saneamento, além do adiamento da votação do PL das Fake News, por conta do risco de derrota, acenderam o sinal amarelo no Palácio do Planalto. Afinal, Lula tem uma extensa pauta a ser aprovada no Legislativo, incluindo o novo arcabouço fiscal, e depende do aval dos parlamentares para implementar políticas consideradas prioritárias para a atual administração. Um fator central apontado por analistas e até por integrantes do governo é a pouca fidelidade de parlamentares da também pouco coesa base de apoio no Congresso. Um levantamento feito a pedido do GLOBO revelou que alguns deputados e senadores contrariaram as orientações da liderança do governo em uma em cada quatro votações este ano. Na segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que passará a cobrar mais os partidos da base, especialmente os que têm ministérios mas cujos integrantes têm votado contra os interesses do Planalto, como o União Brasil. Segundo Padilha e interlocutores no governo, Lula deve ampliar seu papel nas conversas com as lideranças dos partidos. Mas, segundo as informações de bastidores, sem o mesmo ímpeto visto em seus dois primeiros mandatos. Também há questionamento sobre o papel do próprio Alexandre Padilha, criticado por alguns parlamentares e que chegou a ganhar um "puxão de orelha" de Lula na semana passada — no fim de semana, contudo, o presidente fez elogios ao colega de partido. Além das votações, o governo tenta formar uma força unificada para a iminente CPMI dos Atos Golpistas, que ainda não tem data para começar. Teoricamente os governistas são maiorias, mas com os sinais trocados enviados por parlamentares da base, incluindo de partidos de esquerda, o Planalto tem intensificado as conversas, que devem ter a participação do próprio Lula. Neste episódio do Ao Ponto, vamos discutir os ruídos na articulação política do governo Lula. De Brasília, o repórter Sérgio Roxo conta como devem ser as ações para destravar eventuais divergências dentro da base, e qual deve ser o papel de Lula neste momento delicado. Também da capital federal, a repórter Camila Turtelli explica os principais questionamentos sobre a articulação do Planalto no Congresso, e as dúvidas que pairam sobre a formação da próxima CPMI.
5/9/202334 minutes, 59 seconds
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As suspeitas de prática de 'rachadinha' no gabinete de Carlos Bolsonaro

No meio de uma semana complicada para Jair Bolsonaro, incluindo uma operação de busca e apreensão na casa dele em Brasília, o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também se viu em meio a uma investigação na Justiça. No caso, sobre as suspeitas da prática de "rachadinha" no gabinete do vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O caso foi aberto em 2019, depois de uma reportagem da revista Época, e ganhou força após o fim das eleições do ano passado. Na semana passada, um laudo elaborado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e obtido pelo GLOBO comprovou a prática, listando seis servidores e apontando diretamente para o chefe do gabinete, Jorge Luiz Fernandes — segundo o laudo, ele recebeu um total de R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas dos seis servidores. Com a revelação, os promotores agora tentam avançar nas investigações, e tentam responder algumas perguntas. A primeira delas é entender se os pagamentos realizados foram pontuais ou regulares, o que poderia comprovar uma prática criminosa. Na segunda, caso se comprove a regularidade dos pagamentos, se o próprio Carlos Bolsonaro se beneficiou deles. As revelações ocorrem no momento em que o Ministério Público tenta retomar as investigações, também por suspeita de rachadinha, do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), na época em que era deputado estadual no Rio de Janeiro. O Ao Ponto desta segunda-feira conversa com o repórter especial Chico Otávio, que acompanha o caso desde o início, e que revelou o conteúdo do laudo do MP-RJ apontando a existência da prática no gabinete do vereador. Ele também discute os próximos passos da investigação, além dos rumos do caso de Flávio Bolsonaro.
5/8/202322 minutes, 11 seconds
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Tradições, ausências e uma conta milionária: como será a coroação de Charles III

Amanhã, milhões de pessoas ao redor do mundo estarão com as atenções voltadas para a Abadia de Westminster, em Londres, onde, quase nove meses depois de assumir o trono, Charles III será coroado rei do Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte. Aos 73 anos, ele sucedeu a mãe, a rainha Elizabeth II, a mais longeva das monarcas, depois de sua morte, em setembro do ano passado. Apesar de um pedido de Charles III para que a cerimônia não fosse tão opulenta, isso não significa que ela será pequena — pelo contrário. Serão cerca de dois mil convidados, incluindo chefes de Estado e governo, como o presidente Lula, além de integrantes de outras famílias reais e celebridades. O esquema de segurança será um dos maiores já vistos pela capital britânica em décadas, e as autoridades prometem não ter qualquer tipo de tolerância com eventuais protestos. A preocupação não é à toa. A cerimônia, que pode ter um custo de até £ 100 milhões (R$ 630 milhões), é questionada por muitos britânicos, no momento em que o país enfrenta uma grave crise econômica, que tem a escassez de produtos básicos e uma inflação de dois dígitos como protagonistas. Recentes declarações da princesa Anne, irmã de Charles III, se dizendo contrária à redução das verbas destinadas à família real britânica, deram força a um debate sobre a relevância de se manter a monarquia. No Ao Ponto de sexta-feira, a correspondente Vivian Oswald conta, diretamente de Londres, como estão os preparativos para a coroação de Charles III, assim como o clima entre moradores e turistas da capital britânica. Ela ainda fala sobre o debate sobre a própria monarquia, que também ganhou corpo em alguns países da Comunidade Britânica, como Canadá e Austrália, que têm Charles III como seu chefe de Estado. No sábado, você poderá acompanhar, a partir das três da manhã, a cobertura em tempo real da coroação de Charles III no site do GLOBO. Lá, você terá detalhes sobre a cerimônia, bastidores dos convidados e histórias sobre o novo rei e sobre a família real, incluindo sobre algumas ausências mais do que sentidas.
5/5/202326 minutes, 40 seconds
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A investigação sobre o certificado de vacina de Bolsonaro e os impactos políticos e criminais

Depois de uma jornada marcada pelo adiamento da votação do PL das Fake News e por uma visita relâmpago do presidente da Argentina, Alberto Fernández, Brasília acordou na quarta-feira em meio a uma operação da Polícia Federal (PF) que tinha como personagem principal o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A investigação apura a suspeita de que os cartões de vacinação de Bolsonaro, conhecido por sua postura contrária às vacinas contra a Covid-19, de sua filha, Laura, e de pessoas próximas teriam sido falsificados para mostrar a aplicação de doses que, na verdade, nunca foram administradas. A operação, autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, levou a uma ação de busca na casa do ex-presidente em Brasília, culminando com a apreensão do celular dele, além de seis prisões, incluindo a do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro quando ele estava no Palácio do Planalto. Segundo a PF, ele seria o personagem central do esquema, que teria envolvido a inserção de dados falsos no sistema do SUS, viabilizando a emissão de certificados de vacinação forjados, porém tecnicamente oficiais. Bolsonaro negou qualquer envolvimento com o suposto esquema, ao mesmo tempo em que reafirmou sua postura antivacina. O depoimento do ex-presidente à PF ainda não tem data para acontecer, mas provavelmente tornará sua situação diante da Justiça um tanto mais complicada. Afinal, ele já é investigado em diferentes processos, que vão desde a atuação de milícias digitais, passando por ataques ao processo eleitoral e, mais recentemente, sobre as jóias dadas pelo governo da Arábia Saudita em circunstâncias até hoje pouco claras. O Ao Ponto desta quinta-feira conta os detalhes da investigação contra o ex-presidente e figuras importantes de seu entorno político, e até que ponto as novas descobertas podem impactar sua situação diante da Justiça e seu futuro político, no momento em que tentava assumir um papel de liderança da oposição a Lula. Neste episódio, a repórter Paolla Serra, da sucursal do GLOBO em Brasília, conta os detalhes do processo e das investigações, e quem são as pessoas envolvidas no processo. A colunista Bela Megale traz os bastidores de mais um dia turbulento em Brasília, e revela quais devem ser os primeiros passos da defesa do ex-presidente.
5/4/202329 minutes, 28 seconds
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A crise na Argentina e a visita de Fernández a Lula

Acompanhado por uma missão composta por membros do alto escalão do governo, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, se encontrou com o presidente Lula em Brasília nesta terça-feira, levando na mala uma complexa pauta, destinada a enfrentar a grave crise econômica no país. Com uma inflação anual acima dos 100% pela primeira vez em três décadas, e com o peso perdendo valor diariamente, Fernández precisa de soluções eficazes e rápidas, muito embora esse cenário seja considerado difícil de se concretizar. No ponto central está um plano para uma linha de credito do governo brasileiro voltada às exportações de empresas brasileiras para a Argentina, garantindo o fornecimento de insumos ao país vizinho, mas também potencialmente elevando o déficit comercial que a Argentina tem com o Brasil. Fernández também quer obter compromissos de Lula sobre a parceria na construção de um gasoduto, que sairia de Vaca Muerta, na Argentina, até o Brasil. Os planos são complexos, e poderiam envolver o BNDES. Fernández tem pressa. Afinal, além dos impactos imediatos da crise, que também inclui a maior seca em décadas, o país enfrentará eleições em outubro, e as instabilidades econômicas parecem estar abrindo o caminho para a extrema direita chegar ao comando do país. Javier Milei, o economista que diz admirar Bolsonaro e vem usando o descontentamento para ampliar seu espaço no meio político, chegou a propor a dolarização da economia argentina, uma proposta considerada um tanto quanto fora da realidade por especialistas. Fernández não deve concorrer à reeleição, e outros pesos pesados do mundo político, como o ex-presidente Mauricio Macri e a ex-presidente e atual vice Cristina Kirchner, não estarão nas cédulas. No Ao Ponto desta quarta-feira, a reporter especial Janaina Figueiredo conta, direto de Buenos Aires, os fatores por trás da crise na Argentina, além dos planos de Fernández para tentar dar algum rumo às finanças locais — uma linha de ação passa por contatos frequentes com o FMI, e alguns já consideram que um ajuste brusco pode ser inevitável.
5/3/202328 minutes, 32 seconds
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O que está por trás da crise no Hurb e o que dizem os consumidores afetados

Nas últimas semanas, a agência digital de viagens Hurb está sendo soterrada por milhares de denúncias feitas por consumidores que acusam a empresa de não entregar pacotes comprados, de adiar indefinidamente os prazos de embarque e, em casos mais graves, de não oferecer o reembolso para quem desistiu de viajar. Segundo sites de assistência ao consumidor, foram mais de 7 mil reclamações desde o início de 2023, e mais de 20 mil no ano passado. A crise foi agravada por um vídeo, publicado em redes sociais, que mostra o agora ex-CEO da empresa, João Ricardo Mendes, xingando um cliente, e expondo os dados pessoais dele, sem qualquer corte. Em outro vídeo, do dia 12 de abril, ele debocha de hotéis e pousadas que vêm cobrando pagamentos atrasados da empresa, e que já começam a recusar reservas feitas através da empresa. O caso ganhou novos contornos na semana passada, quando o Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), passou a pressionar o Hurb para que comprovasse que tem recursos para honrar a execução contratual de novos pacotes de viagens. A Senacom também abriu processo contra a empresa por supostas violações aos direitos do consumidor, que podem levar a uma multa de até R$ 13 milhões. O Ao Ponto abre o mês de maio com uma conversa sobre a crise no Hurb, apontando os problemas mais urgentes da empresa, que se notabilizou por oferecer preços muito mais baixos do que agências, sites de viagens e companhias aéreas. Neste episódio, os convidados são Mariana Barbosa e Rennan Setti, da coluna Capital do GLOBO.
5/2/202325 minutes, 33 seconds
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O que esperar da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro

A abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos ataques de 8 de janeiro em Brasília foi um dos pontos marcantes da atual legislatura no Congresso, em um movimento que contou com reviravoltas de última hora e, segundo informações de bastidores, certo arrependimento por parte de alguns que lutaram pela sua concretização. A comissão ainda não tem data para começar os trabalhos, mas governistas e oposicionistas se movimentam para definir suas "tropas" na comissão, que deve incluir nomes como os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), que se notabilizaram pelos seus papéis na CPI da Covid, em 2021. Renan, por sinal, é cotado para ser o relator da nova CPMI, mas essa é uma definição que deve ficar para a última hora, assim como o nome do presidente. Ao mesmo tempo, os grupos traçam suas estratégias para a comissão: governistas querem mirar em Bolsonaro e sua suposta ligação com os ataques, assim como os financiadores e figuras públicas que apoiaram a invasão às sedes dos Três Poderes. A oposição, que foi a primeira a defender a CPMI, tentará constranger o governo Lula, mas algumas alas começam a dar sinais de arrependimento com a iniciativa, uma vez que temem amplificar o impacto negativo dos atos dos bolsonaristas radicais. Complexo? Neste episódio do Ao Ponto a repórter Camila Turtelli, da sucursal do GLOBO em Brasília, explica as intrincadas movimentações no Planalto Central, e detalha os planos dos dois lados de uma comissão que promete ser movimentada, tensa e marcada por discussões e cortes no TikTok.
4/28/202331 minutes, 16 seconds
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A crise no GSI e as mudanças (e demissões) adotadas pelo governo

No meio de um furacão depois da divulgação de imagens da invasão de bolsonaristas radicais ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) começa a sofrer mudanças que, para críticos, deveriam ter acontecido logo nos primeiros dias do governo Lula. Nesta quarta-feira, além da saída de dois integrantes remanescentes dos tempos de Jair Bolsonaro, o GSI anunciou a exoneração de 29 servidores — segundo o colunista Lauro Jardim, alguns foram indicados já no atual governo. Hoje fora do GSI, o antigo chefe do órgão, o general Gonçalves Dias, é um dos alvos favoritos de críticas, inclusive da oposição, que o apontam como leniente durante o ataque à sede do Executivo. Já Lula, que mantém uma longa relação com Dias, deu sinal verde para sua demissão, mas tem ordenado a seus aliados que evitem ataques diretos ao general. O próprio ministro interino, Ricardo Cappelli, atribuiu a inação dos agentes do GSI no dia 8/1 a uma herança da gestão anterior. O próximo passo no processo que foi chamado por Cappelli de "oxigenação" é a escolha de um novo ministro para o GSI. Apesar de pedidos para que um civil fosse indicado, ou mesmo que o órgão fosse extinto, Lula deve optar por um militar, segundo informações de bastidores. Além da preocupação em não gerar desgaste com as Forças Armadas, o Planalto também se preocupa com o uso da crise no GSI pela oposição durante a CPMI dos Atos Golpistas, instaurada na quarta-feira. O Ao Ponto desta quinta-feira explica os detalhes de como o governo planeja retomar a confiança no trabalho do GSI, assim como evitar que as falhas do dia 8 de janeiro possam ser usados contra o Planalto. Neste episódio, a repórter Jeniffer Gularte, da sucursal do GLOBO em Brasília, relata o que está sendo planejado nos bastidores, e o que esperar neste processo de "oxigenação" de um órgão que , durante o governo Bolsonaro, foi considerado um dos mais ideológicos.
4/27/202322 minutes, 21 seconds
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A candidatura de Biden à reeleição e o contexto político nos EUA

Depois de um pouco de suspense, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou na terça-feira que será candidato a mais um mandato à frente do país, afirmando, em curta mensagem divulgada em redes sociais, "que ainda há trabalho a ser feito". O presidente listou alguns feitos que considera serem cruciais para o eleitor na hora de ir às urnas em 2024, como a estabilização do mercado de trabalho, o combate à pandemia e, especialmente, a defesa da demociacia. Mas Biden sabe que a tarefa não será fácil. Seus índices de aprovação, sempre abaixo dos 50%, o acompanham há muitos meses, e uma boa parcela dos eleitores, incluindo democratas, republicanos e independentes, não quer que ele se candidate novamente. Entre os motivos está a idade do presidente, que terá 82 anos ao fim do mandato atual. Críticas ao governo, como as relacionadas à imigração e ao apoio bilionário com a guerra na Ucrânia, podem servir de munição para os republicanos, que também têm seus próprios problemas. Hoje, o ex-presidente Donald Trump, virtual dono do partido, é favorito nas primárias, mas ele pode acabar enfraquecido pelos vários processos na Justiça, que vão desde o pagamento pelo silêncio da atriz Stormy Daniels, em 2016, até o caso envolvendo a descoberta de documentos secretos do governo em sua casa de Mar-a-Lago. Os adversários, como o governador da Flórida, Ron DeSantis, observam de perto os passos de Trump, e a previsão de até doze debates promete esquentar a briga pela vaga do partido no ano que vem. Neste episódio do Ao Ponto, o colunista do GLOBO Guga Chacra explica quais são os percalços que esperam Biden nessa segunda disputa pela Presidência, e como a briga pela indicação republicana testará o protagonismo de Donald Trump dentro do partido, além de sua rejeição pelo público americano.
4/26/202322 minutes, 1 second
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O PL das Fake News e as propostas para o setor de tecnologia no Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vem afirmando que deve colocar em votação ainda esta semana o Projeto de Lei 2630/20, o chamado "PL das Fake News", que impõe novas regras para o setor de tecnologia no Brasil, especialmente sobre o uso das redes sociais. O texto, que está a cargo do deputado federal Orlando Silva (PC do B/SP), traz como grande novidade a responsabilização das empresas de tecnologia, as "big techs", pelos conteúdos que são veiculados em suas plataformas. Para especialistas e associações de imprensa, a aprovação do texto é necessária para controlar a publicação de conteúdos extremistas e falsos nas redes sociais, muitas vezes associados a movimentos políticos radicais e, mais recentemente, a atos de violência em ambientes escolares. Estudos recentes comprovaram ainda que criminosos vêm usando a ferramenta de impulsionamento pago de páginas para realizar golpes financeiros, causando prejuízos milionários a uma grande quantidade de pessoas. Por outro lado, políticos, incluindo setores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmam que o projeto se trata de uma "lei da mordaça", e atacam alguns mecanismos propostos, como a criação de um órgão supervisor — os defensores do texto afirmam que esse órgão funcionaria de maneira parecida com as agências regulatórias, independente de quem esteja à frente do Executivo. Já as empresas de tecnologia afirmam que a proposta, que tramita desde 2020, precisa de mais tempo para ser discutida com a sociedade. Neste episódio do Ao Ponto, o advogado e professor da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Gustavo Binenbojm, explica alguns dos pontos abordados pelo texto que deve ser votado na Câmara, e debate alguns dos principais tópicos discutidos ao longo dos últimos anos no Brasil.
4/25/202329 minutes, 57 seconds
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O aporte milionário dos EUA ao Fundo Amazônia e as novas ações ambientais do Brasil

Em um anúncio surpreendente pelo valor, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou na última quinta-feira que vai apresentar ao Congresso uma recomendação para que o país entre com um aporte de US$ 500 milhões (R$ 2,55 bilhões) no Fundo Amazônia, uma iniciativa multinacional para conter o desmatamento do bioma brasileiro. Caso aprovada, a participação tornará os americanos o segundo principal sócio da iniciativa, atrás apenas da Noruega. Na apresentação, Biden também confirmou que ampliará a participação dos EUA no Fundo Verde do Clima, uma iniciativa da ONU que busca estabelecer um fundo de investimentos global de US$ 100 bilhões (R$ 505 bilhões) para ações destinadas a conter os efeitos do aquecimento global e para reduzir as emissões, especialmente em nações em desenvolvimento. O plano, contudo, ainda não atingiu a meta estabelecida ainda na COP 21, em 2010, no México, e Biden afirmou esperar que sua ação sirva de exemplo para outros países ricos. Segundo alertas feitos pelos cientistas, essas medidas são mais que urgentes. No caso da Amazônia, há estudos mostrando que algumas áreas já atingiram o chamado ponto de não retorno, onde a mata original já não pode mais ser recuperada, algo que traz impactos graves no âmbito local e global. No final do ano passado, o relatório mais recente do painel de cientistas do clima da ONU (IPCC) apontou como "provável" que a temperatura do planeta chegue ao final do século 1,5ºC mais alta do que na era pré-Revolução Industrial, no século XVIII. O Ao Ponto desta segunda-feira discute a pressão do governo americano para os países se comprometam com ações climáticas mais contundentes, embora internamente a Casa Branca encontre dificuldades para aprovar e implementar seus próprios planos de transição energética e redução de emissões. Este episódio, que faz parte da iniciativa Um Só Planeta, traz Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, que fala do significado do aporte milionário dos EUA, de prioridades para o Brasil na questão ambiental e das perspectivas na redução do desmatamento no país. A repórter da editoria Mundo, Ana Rosa Alves, detalha os planos para o desembolso do dinheiro para o Fundo Amazônia, e também sobre como as instituições financeiras multilaterais, como o Banco Mundial e o FMI, estão sendo criticadas por agirem de forma considerada tímida.
4/24/202335 minutes, 17 seconds
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Como a crise no GSI pode atrasar a aprovação do novo arcabouço fiscal (e outros projetos)

Um dia depois de apresentar a proposta do novo arcabouço fiscal ao Congresso, um plano considerado central para o governo Lula, o Palácio do Planalto se viu em meio a uma grave crise interna, envolvendo o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias. Imagens do ataque de bolsonaristas radicais à sede do Executivo, no dia 8 de janeiro, divulgadas pela CNN Brasil, mostraram Gonçalves Dias no prédio, enquanto os extremistas ainda estavam no local. Apesar das explicações do militar, ele deixou o cargo, mas a crise está longe de ser debelada. O impacto no Congresso foi imediato. Uma CPMI sobre os ataques de 8 de janeiro, pedida pela oposição e que vinha sendo evitada pelo governo, passou a ser defendida pelos partidos da base, incluindo o PT, liderado por Gleisi Hoffmann. Se por um lado o governo quer tentar controlar os ímpetos dos oposicionistas na comissão, por outro ele já sabe que sairá perdendo com o provável atraso em votações importantes, a começar pelo novo arcabouço fiscal. A proposta, que tem como objetivo controlar os gastos do governo federal, substituindo o teto dos tempos de Michel Temer, tinha a promessa do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que tramitaria de forma rápida e que seria aprovada até o dia 10 de maio. Agora, com uma CPMI à vista, os prazos podem sofrer algumas mudanças, e não apenas no caso do arcabouço, mas também em outros projetos importantes para Lula, como algumas MPs e o projeto da reforma tributária. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter Gabriel Saboia, que acompanhou o dia no Congresso, fala sobre as reações dos líderes à mudança brusca na pauta e sobre as perspectivas para a aprovação do arcabouço. Também em Brasília, o repórter Manoel Ventura explica os detalhes do plano entregue à Câmara, e por que o mercado reagiu mal ao texto, que deve sofrer alterações.
4/20/202322 minutes, 51 seconds
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A crise nas empresas de saúde privada e os impactos para os consumidores

O ano de 2022 foi considerado desastroso para empresas do setor de saúde privada. Segundo dados oficiais, entre janeiro e setembro do ano passado, o prejuízo operacional chegou a R$ 10,9 bilhões. Imediatamente, ações como cortes internos de custos, maiores controles sobre os exames autorizados e, como esperado, reajustes maiores do que a média foram postas sobre a mesa. Mas ainda não se sabe se serão suficientes. Para o consumidor, especialmente dos planos coletivos, a expectativa é de planos mais enxutos, com uma cobertura mais regionalizada, e a preferência pelo atendimento primário, que recomendaria especialistas posteriormente. As empresas querem com isso reduzir custos e o que veem como gastos desnecessários durante o processo. Ao mesmo tempo, o consumidor, que já estará pagando mais caro pelo serviço, perderá liberdade na hora do atendimento, e pode se ver tentado a buscar outras formas de cobertura, como planos vinculados a hospitais específicos ou com redes próprias. Há ainda dúvidas sobre o ritmo de fusões e aquisições, que se acelerou nos últimos anos. Para especialistas, ainda há espaço para movimentações, mas elas devem ocorrer a um ritmo bem menos intenso do que em tempos recentes. O Ao Ponto desta quarta-feira analisa o cenário do setor de saúde privada no Brasil, e recebe a editora da coluna Defesa do Consumidor, Luciana Casemiro, que explica como o atual estado dos planos de saúde pode mexer com as coberturas e com o bolso dos brasileiros.
4/19/202325 minutes, 26 seconds
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A posição do Brasil na guerra na Ucrânia e as relações com Rússia e China

Nos últimos dias, uma série de declarações polêmicas do presidente Lula sobre a guerra na Ucrânia provocaram críticas de analistas, politicos de oposição e de representantes de governos como o dos Estados Unidos e de países da União Europeia. Em uma das falas, o presidente acusou os países ocidentais de ajudarem na continuidade do conflito ao fornecerem armas a Kiev. Em outra, afirmou que Rússia e Ucrânia são responsáveis pela guerra, repetindo uma afirmação que ele havia feito em 2022. Oficialmente, o Brasil não condenou a invasão russa da Ucrânia, e tem resistido em atender aos pedidos de países ocidentais e do presidente Volodymyr Zelensky para fornecer armamentos aos ucranianos, incluindo munições. Em outra frente, Lula defende a criação de uma frente multilateral para negociar o fim do conflito, apresentando o Brasil como um dos potenciais participantes. Além da guerra, o governo também quer estreitar seus laços com a China, hoje principal parceiro comercial do Brasil. Na semana passada, Lula esteve em Pequim para uma viagem ampla, com direito à assinatura de 15 acordos comerciais e a uma visita a uma fábrica da Huawei, empresa considerada uma ameaça à segurança nacional dos EUA. O presidente também voltou a defender a desdolarização da economia global, uma proposta que tampouco agrada Washington. Neste episódio do Ao Ponto, o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Guilherme Casarões fala sobre os possíveis impactos diplomáticos das falas de Lula, explica a estratégia de aproximação com a China e destaca a visão de pragmatismo que marca a política externa brasileira neste momento.
4/18/202329 minutes, 22 seconds
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Como documentos secretos do Pentágono foram parar em um fórum obscuro na internet

No começo de abril, autoridades dos EUA descobriram um dos mais comprometedores vazamentos de documentos secretos do Pentágono dos últimos anos. Entre as informações estavam dados relacionados ao papel do país na guerra na Ucrânia, incluindo previsões mais pessimistas do que as normalmente veiculadas, e detalhes de como os americanos conseguiram se infiltrar nos altos escalões do Ministério da Defesa da Rússia. Mas os dados não se referem apenas à guerra ou a inimigos: os documentos mostram como países aliados, como a Coreia do Sul e Israel, foram monitorados em detalhes, trazendo à memória as revelações, feitas em 2015, de como a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA espionou os celulares de lideres mundiais, incluindo a então presidente Dilma Rousseff (PT). O autor do vazamento, Jack Teixeira, de 21 anos, faz parte da Guarda Aérea Nacional do estado de Massachusetts, passou semanas divulgando as informações em um fórum privado, onde um grupo restrito compartilhava informações sobre jogos eletrônicos e conteúdos apontados como extremistas. Teixeira foi preso na semana passada, mas o caso também jogou luz sobre os próprios mecanismos de segurança do governo americano. Afinal, não são poucos os casos em que informações ultrassecretas acabaram publicadas na internet, comprometendo a imagem da Casa Branca e, em determinados casos, de dezenas de pessoas que colaboravam com Washington. No Ao Ponto desta segunda-feira, o editor de Mundo do GLOBO, Henrique Gomes Batista, conta os detalhes do caso, e como as informações reveladas podem ser mais um problema na política externa de Joe Biden.
4/17/202318 minutes
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O tumultuado início de ano na Câmara dos Deputados

Na terça-feira, uma confusão de grandes proporções durante uma sessão da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados levou à saída antecipada do ministro da Justiça, Flávio Dino, que havia sido convocado previamente. Durante sua rápida permanência na sala, Dino (e todos que acompanhavam) presenciou trocas de palavras ríspidas, e que segundo alguns vídeos nas redes sociais incluíram até palavrões. Em um determinado momento, a Polícia Legislativa preciso agir para acalmar os ânimos. As cenas, que poderiam estar presentes em alguma obra de ficção, não foram isoladas, e se inserem em uma espécie de novo contexto na Câmara, com o decoro parlamentar sendo por vezes deixado de lado e substituído por discursos polêmicos e os constantes embates diante das câmeras. Acusações de transfobia e assédio sexual já foram apresentadas por governistas e oposicionistas. Enquanto isso, o plenário da Câmara segue em compasso de espera para as aguardadas primeiras votações do governo Lula, como a do novo arcabouço fiscal, da reforma tributária e sobre mudanças no marco do saneamento, na qual o Planalto teme sair derrotado. Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a formação do maior bloco da Casa, com mais de 170 deputados — em entrevista à GloboNews, Lira disse que seu objetivo não é "chantagear" o governo. No episódio de sexta-feira do Ao Ponto, o colunista do GLOBO Bernardo Mello Franco fala sobre esse novo cenário "extremo" na Câmara dos Deputados, e detalha as dificuldades que estão pela frente para o governo Lula aprovar pautas importantes. O repórter Lauriberto Pompeu, da sucursal de Brasília, conta os bastidores da articulação de Lira para manter e ampliar seu poder na Casa.
4/14/202326 minutes, 35 seconds
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Os impactos da aposentadoria de Ricardo Lewandowski no STF

Dezessete anos depois de ser indicado pelo presidente Lula, então em seu primeiro mandato, Ricardo Lewandowski se aposentou como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira, deixando em aberto uma questão que permeia o meio político e jurídico desde o resultado das eleições do ano passado: quem será seu sucessor na Corte? Por enquanto, o ex-advogado de Lula, Cristiano Zanin, é apontado como favorito absoluto, e as conversas prévias para sua aprovação pelo Senado já começaram. Contudo, uma decisão definitiva sobre a indicação só deve ser tomada após a viagem à China, iniciada nesta quarta-feira. O novo juiz deverá herdar algumas das ações que estavam a cargo de Lewandowski, mas ainda não se sabe se Zanin, caso seja de fato confirmado, vai se declarar impedido em processos relacionados à Operação Lava Jato, quando atuou na defesa de Lula. Lewandowski não saiu em defesa aberta de um nome para ocupar sua cadeira no plenário, e nas últimas entrevistas destacou sua atuação no STF nessas quase duas décadas, quando adotou uma postura garantista, e teve papel de destaque em processos históricos, como o do Mensalão e o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Neste episódio do Ao Ponto, a repórter Mariana Muniz, setorista do STF no GLOBO, fala sobre alguns capítulos dos 17 anos de Lewandowski na Corte, e como sua saída mexe no meio político e jurídico.
4/13/202326 minutes, 24 seconds
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As ações para barrar conteúdos extremistas em redes sociais

A repetição de ataques em escolas, um fenômeno relativamente novo no Brasil, levantou uma série de discussões entre autoridades, educadores e estudantes. Afinal, como evitar cenas que se tornaram roitina em escolas e universidades nos EUA também se tornem uma trágica rotina no país? Em meio a propostas para se aumentar a presença de policiais armados nas escolas, o papel das redes sociais na propagação de ideias extremistas, que por vezes servem como combustível para os ataques, é impossível de ser deixado em segundo plano. Na segunda-feira, o ministro da Justiça, Flávio Dino, se reuniu com representantes de empresas do setor de tecnologia, e ouviu de uma pessoa ligada ao Twitter que imagens de responsáveis por ataques em escolas publicadas na plataforma não seriam removidas, uma vez que, segundo ela, não violam as regras de uso. A declaração provocou espanto entre os presentes, incluindo o próprio Dino, e na terça-feira, o Ministério Público Federal (MPF) pediu explicações ao Twitter sobre quais ações a empresa está tomando para retirar conteúdos que incitem a violência e promovam ataques a escolas. Neste episódio do Ao Ponto, o professor da Universidade de São Paulo e colunista do GLOBO, Pablo Ortellado, detalha alguns dos pontos de uma proposta apresentada pelo governo para impor regras mais estritas às empresas de tecnologia, e aponta questões que precisam ser levados em conta nesse debate que envolve segurança pública, controle de conteúdo e liberdade de expressão.
4/12/202324 minutes, 3 seconds
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Os planos para regulamentar o setor de apostas esportivas no Brasil

Confirmando um plano anunciado ainda durante a transição, o governo Lula deve anunciar nas próximas semanas, uma medida provisória com novas regras para empresas de apostas esportivas, um setor que se expandiu a um ritmo atordoante desde que esse tipo de operação foi liberada no país em 2018. Um dos pontos centrais do plano, além da exigência de que as empresas tenham sede no Brasil e se submetam às leis locais, é o pagamento de impostos e de uma taxa, que poderia chegar a R$ 30 milhões. O plano faz parte da iniciativa liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para turbinar as receitas públicas. Em entrevista recente para a GloboNews, Haddad afirmou que o governo espera arrecadar até R$ 15 bilhões com a taxação do setor, mas especialistas dizem que o valor pode ser mais modesto. Hoje, as empresas de apostas esportivas têm cotas generosas de patrocínios de clubes, federações e torneios, especialmente no futebol, e movimentam alguns bilhões de reais por ano. Por conta disso, os clubes e a própria CBF vêm pedindo para serem ouvidas na elaboração do texto. Nos bastidores, alguns dirigentes não escondem o temor de ver uma queda nas suas receitas. No episódio desta terça-feira do Ao Ponto, o repórter Athos Moura, da editoria de Esportes, explica alguns dos pontos que devem aparecer na medida provisória do governo, e por que um pedido feito pela CBF provocou críticas vindas de todos os lados. O colunista do GLOBO Rodrigo Capelo explica como as "bets" conseguiram se expandir dessa forma no Brasil, e como uma regulamentação de fato pode impactar o esporte no Brasil.
4/11/202322 minutes, 24 seconds
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Os 100 dias do governo Lula e os (muitos) desafios do terceiro mandato do presidente

Nesta segunda-feira, o terceiro mandato de Lula à frente do Palácio do Planalto completa 100 dias, que foram marcados por uma quebra com políticas que eram centrais para Jair Bolsonaro (PL), por uma tentativa de golpe de Estado liderada por apoiadores radicais do ex-presidente, e por uma relação peculiar com o Congresso e com sua base no Legislativo. Lula apostou na "reedição" de alguns programas que marcaram seus governos e o da ex-presidente Dilma Rousseff, como o Mais Médicos e o seu carro-chefe, o Bolsa Família, agora "turbinado" com valores acima dos que eram pagos nos últimos anos. O petista ainda destacou que o Brasil quer romper o isolamento diplomático que marcou o mandato de Jair Bolsonaro, e que o país pretende ser uma das principais vozes em temas como o meio ambiente e até a guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, o próprio governo reconhece que ainda há muito a ser feito. A economia dá sinais de desaceleração, e o Planalto quer aprovar, o quanto antes, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, propostas consideradas centrais para Lula. Mas, para isso, o presidente terá que negociar com uma base por vezes instável — segundo as lideranças no Congresso, há disposição para passar pautas econômicas, mas a questão pode ser mais complicada em temas considerados ideológicos. No Ao Ponto desta segunda-feira, a repórter Jeniffer Gularte, da sucursal do GLOBO em Brasília, enumera algumas das ações feitas pelo governo Lula nestes 100 dias, e quais são as prioridades do Palácio do Planalto daqui pra frente. O editor-executivo do GLOBO, Paulo Celso Pereira, faz uma análise sobre as medidas adotadas e anunciadas pelo governo nestes 100 dias, e aponta alguns pontos teoricamente frágeis para Lula, e que devem ser observados com atenção.
4/10/202335 minutes, 4 seconds
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O novo ensino médio e o 'freio de arrumação' anunciado pelo governo Lula

Na quarta-feira, o Ministério da Educação (MEC), publicou no Diário Oficial a portaria que suspende, por 60 dias, o cronograma de implementação do novo ensino médio, que estava em curso desde 2017, ainda durante o governo de Michel Temer (PMDB). Para o ministro da Educação, Camilo Santana, é necessário um diálogo mais amplo com a sociedade relacionado às mudanças propostas no currículo, e que desde seu início são alvo de muitas críticas. Para alguns especialistas, o projeto foi aprovado de forma muito rápida, sem uma discussão necessária com educadores, professores e alunos. Há críticas sobre o formato dos novos currículos, que abrem espaço para novas disciplinas, muitas vezes ligadas a questões contemporâneas, ao mesmo tempo em que evidenciam o abismo entre instituições particulares e públicas, que muitas vezes não têm condições básicas ou mesmo profissionais treinados para este novo cenário. Por outro lado, os defensores da reforma, incluindo secretários de Educação de vários estados, afirmam que as mudanças são o caminho certo, e que o novo currículo prepara melhor os jovens para o mercado de trabalho. Essa divergência entre os que querem manter a reforma, entre os que defendem mudanças e entre os que pedem sua revogação total deve pautar as discussões futuras , e tornar qualquer definição por parte do governo federal uma tarefa espinhosa. No Ao Ponto desta quinta-feira, a repórter Paula Ferreira detalha como a suspensão impacta a adoção da reforma no ensino médio, e como especialistas veem as ações do governo Lula e o embate entre as muitas posições adversas sobre a reforma. Alexandre Schneider, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas e ex-secretário de Educação de São Paulo, destaca a necessidade de se pensar em como estão sendo levados adiante os planos para o novo ensino médio, e aponta para a necessidade de se ouvir e preparar os profissionais do ensino, além dos próprios alunos.
4/6/202333 minutes, 44 seconds
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Trump agora é réu: como o meio político vai reagir a uma situação inédita nos EUA

A apresentação de 34 acusações de falsificação de documentos comerciais feitas contra o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em um tribunal de Nova York marcaram mais um ponto de destaque em uma carreira política meteórica e infestada de polêmicas. Dessa vez, o republicano, que se apresentou como pré-candidato a mais um mandato na Casa Branca, também se tornou o primeiro ex-presidente a se tornar réu em um processo criminal nos EUA. Ele chegou a ser detido, e deverá comparecer mais uma vez perante o juiz em dezembro. Trump, por sua vez, afirma que as acusações de que teria pago pelo silêncio da atriz pornô Stormy Daniels, em 2016, seria apenas um pretexto para tirá-lo da disputa pela Presidência no ano que vem, e chama o processo de "Caça às Bruxas". O discurso é, em parte, corroborado por algus elementos dentro do Partido Republicano, incluindo alguns de seus potenciais rivais nas primárias do partido, como o governador da Flórida, Ron DeSantis. Até o momento, Trump segue favorito à indicação republicana, apesar de seus muitos problemas com a Justiça: além do caso dos pagamentos, ele ainda é investigado no caso dos documentos sigilosos encontrados em sua casa, na Flórida, além de problemas com suas empresas. Entre os democratas, a ordem é manter o silêncio, e evitar o antagonismo aberto com o ex-presidente. Hoje, o partido ainda não definiu como chegará à eleição do ano que vem: Joe Biden vem sinalizando que pode se apresentar à reeleição, apesar das pesquisas mostrarem que os eleitores querem um nome diferente. O problema é que não há, hoje, qualquer candidato ou candidata que se mostre palatável a um eleitorado que, em parte, votou em Biden especialmente para derrotar Trump. Neste episódio do Ao Ponto, Carlos Gustavo Poggio, professor do Departamento de Ciência Política do Berea College, nos Estados Unidos, explica os motivos que ainda mantêm o republicano como o principal ator do cenário político americano, e como ele vem conseguindo desviar das muitas acusações surgidas nos últimos anos.
4/5/202324 minutes, 10 seconds
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Como armas compradas legalmente por CACs foram parar nas mãos da milícia no Rio

Uma reportagem publicada no GLOBO na segunda-feira traçou o caminho que armas compradas de forma legal, por pessoas com registro de CAC (Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador), fizeram entre as fábricas que as produziram até as mãos de integrantes de milícias no Rio de Janeiro, onde foram usadas em crimes. Um ponto a se destacar foi a rapidez com que esse trajeto foi feito: em um passado recente, por vezes eram necessários anos até que armas legais fossem usadas por organizações criminosas. Agora, o "processo" acontece em questão de meses. Esse "roteiro" destaca como organizações criminosas se aproveitaram das flexibilizações ocorridas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para ampliarem seus arsenais, não apenas com revólveres e pistolas, mas também com carabinas e fuzis antes restritos às forças de segurança. Apesar da mudança de postura do Ministério da Justiça, agora comandado por Flávio Dino, as próprias autoridades reconhecem que há um verdadeiro apagão de informações sobre as armas em circulação e sobre seus donos. Um recadastramento, que teve o prazo ampliado até maio, é considerado um passo inicial para esclarecer a situação, mas é apenas uma etapa inicial neste processo. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter Rafael Soares, que refez o caminho das armas que foram usadas pelos milicianos, fala sobre a dificuldade em obter dados sobre o mercado das armas no Brasil, e conta como organizações criminosas usam o sistema de CACs para "economizar" na montagem de seus arsenais. O policial federal e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Roberto Uchôa também destaca, em sua participação no Ao Ponto, as brechas que seguem abertas na legislação, e como a indústria de armas no país deve ser incluída nesse debate sobre o controle de quem pode ter armas, e quais tipos podem ser vendidos a civis.
4/4/202331 minutes, 58 seconds
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Os debates sobre o presente e o futuro da inteligência artificial

Uma carta aberta assinada por mais de mil representantes do meio empresarial e acadêmico, divulgada na semana passada, levou a uma série de questionamentos sobre os avanços da inteligência artificial (IA), hoje tema favorito de dez entre dez diálogos sobre tecnologia. O texto, que trazia Elon Musk e Steve Wozniak entre seus signatários, defende uma pausa no desenvolvimento de novos sistemas de IA, e afirmam que podemos estar diante de uma “guerra armamentista” no setor, que eventualmente pode sair de nosso controle. Um temor de alguns teóricos é o de que, em um cenário catastrófico, surja algum sistema que possa eventualmente borrar as linhas entre o que é feito pelo homem e o que é feito pela máquina, confundindo nossa própria percepção da realidade. Em termos mais imediatos, especialistas destacam que ainda não sabemos o impacto que a IA poderá provocar em alguns setores de nossa economia, como a potencial eliminação de milhões de empregos até então seguros. Com isso, o Estado pode se ver obrigado a eventualmente expandir seus serviços de assistência à população e desenvolver novas formas de preparar as pessoas para esse novo mercado de trabalho. Outro ponto diz respeito aos regimes democráticos como conhecemos. Ferramentas como as deep fakes, usadas em campanhas eleitorais recentes, devem ser substituídas por modelos mais precisos, e que podem criar novas realidades em campanhas, mesmo que elas não tenham qualquer relação com a realidade. Em um ambiente já polarizado, como do Brasil e dos EUA, pode ser o fósforo que faltava para explodir o barril de pólvora. Neste episódio do Ao Ponto, o jornalista e colunista do GLOBO, Pedro Dória, traz algumas dessas discussões sobre o impacto da IA sobre nossas vidas, e destaca que, hoje, os Estados, inclusive o brasileiro, não estão prestando a devida atenção aos novos e urgentes desafios que começam a se desenhar no horizonte.
4/3/202321 minutes, 39 seconds
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Queixas, planos futuros e espumante: os bastidores do retorno de Bolsonaro ao Brasil

Depois de semanas de especulações, idas e vindas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou na quinta-feira sua passagem de cerca de três meses pelos Estados Unidos, onde participou de eventos ligados a grupos conservadores, deu algumas entrevistas e tirou muitas fotos com seus apoiadores. Antes do embarque no aeroporto de Orlando, no estado da Flórida, ouviu mais alguns elogios de brasileiros que passavam pelo local, e se recusou a conversar com a maior parte dos veículos de imprensa, incluindo O GLOBO. Dentro do voo, Bolsonaro manteve um tom mais discreto, como acompanhado pelo repórter especial Eduardo Graça, que também estava a bordo do avião, cuja temática de Harry Potter gerou alguns memes nas redes sociais. Depois de uma taça de espumante antes da decolagem, o ex-presidente novamente ouviu uma mistura de gritos de apoio e, em menor número, de críticas. Um tom aparentemente sereno que contrasta com os muitos problemas políticos e jurídicos que o aguardam nos próximos meses. Já em Brasília, Bolsonaro participou de uma reunião no PL, e confirmou que, em sua opinião, não será o líder da direita no país. Ao mesmo tempo em que evitou ataques diretos ao presidente Lula, ele se queixou de não ter carros blindados à sua disposição no Brasil. Também deixou claro que, ao menos por enquanto, sua mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, não será candidata a cargos no Executivo, como vem sendo ventilado recentemente. O Ao Ponto desta sexta-feira conta os detalhes da viagem de retorno de Bolsonaro, e traz o relato em primeira mão do repórter especial Eduardo Graça, que se sentou a poucas cadeiras de distância do ex-presidente no voo entre Orlando e Brasília. As repórteres da sucursal do GLOBO na capital federal, Alice Cravo e Jeniffer Gularte, relatam as primeiras reuniões de Bolsonaro depois de deixar o poder, e como o Palácio do Planalto pretende lidar com ele a partir de agora.
3/31/202331 minutes, 52 seconds
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O retorno de Bolsonaro ao Brasil e os próximos passos do ex-presidente

Ao embarcar no voo que o levou de Orlando, nos EUA, onde passou os últimos três meses, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pôs fim à espécie de hiato autoimposto dias antes da posse de Lula, que o derrotou nas urnas em outubro do ano passado. A maior expectativa é sobre o papel que ele deve exercer na oposição ao atual governo, mas a questão pode ser bem mais complexa. Já na semana que vem, Bolsonaro terá que prestar depoimento à Polícia Federal no caso que investiga as jóias dadas pelo regime da Arábia Saudita, e que não foram devidamente incorporadas ao acervo da União, como se esperaria em casos de presentes de alto valor. O ex-presidente também enfrenta uma série de processos que podem torná-lo inelegível, e onde sua condenação é dada como certa mesmo por aliados. Ao mesmo tempo, caciques do PL já dão algumas pistas sobre o que esperam de Bolsonaro. A começar pelas eleições municipais do ano que vem, nas quais ele é visto como um potencial cabo eleitoral que pode viabilizar vitórias importantes para a oposição. Algumas viagens, como ao Nordeste e ao Rio de Janeiro, já estão previstas, mas vale ressaltar que, no caso de Bolsonaro, surpresas sempre são possíveis e até esperadas. O Ao Ponto de hoje analisa o retorno de Bolsonaro ao Brasil, e como ele deve se inserir em um contexto político diferente do que ele viu pouco antes de deixar o país. No episódio, a colunista Bela Megale detalha as maiores preocupações no entorno de Bolsonaro, e os riscos eleitorais e jurídicos que aparecem no seu radar. O repórter Gabriel Sabóia, da sucursal do GLOBO em Brasília, conta quais devem ser os primeiros passos do ex-presidente depois de sair do aeroporto, e qual o papel da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, nesta equação.
3/30/202321 minutes, 41 seconds
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O reajuste no preço dos remédios e como economizar na próxima ida à farmácia

Na próxima sexta-feira, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) vai anunciar o reajuste anual no preço de mais de 28 mil medicamentos, e a expectatva é de que o aumento seja de até 5,6%. Contudo, esse não deve ser o aumento que os consumidores verão nas prateleiras e nos balcões das farmácias a partir da terça-feira: na prática, é possível que não haja aumento algum. Isso porque o reajuste incide sobre o teto estabelecido pela Cmed para o valor dos medicamentos, que é muito acima do preço no varejo. No caso dos chamados medicamentos de referência, o valor pode ser até 90% maior — no caso dos genéricos, até 384% mais alto. Essa grande discrepância explica as razões pelas quais farmácias por vezes na mesma rua têm preços diferentes para os mesmos medicamentos. Deu um nó na cabeça? Calma que o Ao Ponto desta quarta-feira te explica o funcionamento desse sistema, além das críticas que são feitas a ele. Além disso, na parte que mais importa, a editora da coluna Defesa do Consumidor, Luciana Casemiro, vai dar dicas de como poupar alguns (ou muitos) reais na hora de ir à farmácia. Além de barganhar no balcão, de aproveitar os descontos e, com algum grau de cautela, os aplicativos e cadastros nas lojas, ela explica que até a hora e o dia do mês influenciam os preços. E a diferença pode ser bem maior do que você imagina.
3/29/202323 minutes, 53 seconds
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As novas ameaças nucleares de Putin e a 'guerra dos drones' na Ucrânia

O anúncio, no sábado, de que a Russia quer posicionar armas nucleares táticas na Bielorrússia marcou mais um capítulo na já longeva retórica do presidente Vladimir Putin envolvendo o vasto arsenal do país, herdado da União Soviética. Embora não haja detalhes sobre essa suposta transferência, e mesmo se ela acontecerá, a declaração de Putin levantou algumas questões entre governos e analistas mundo afora. A primeira sobre a eficácia dessa movimentação de arsenais. Afinal, a Rússia já tem armas nucleares posicionadas no enclave de Kaliningrado, posicionado entre a Polônia e a Lituânia. A segunda, essa mais importante, sobre as projeções de Putin para a invasão iniciada por ele há pouco mais de um ano: ao recorrer com frequência à carta nuclear, o presidente russo quer deixar claro também que não aceitará uma derrota no campo de batalha, como querem os ucranianos e seus aliados ocidentais. Ao mesmo tempo, a guerra na Ucrânia também está sendo marcada pelo uso de uma arma que, embora menos potente do que as nucleares, tem causado grandes estragos, dos dois lados do front: os drones. Os russos têm usado esse equipamento, em boa parte fornecido pelo Irã, para ataques contra posições militares e áreas urbanas, incluindo Kiev. Já os ucranianos, embora não reconheçam publicamente, lançaram seus drones contra áreas dentro do território russo, algumas a centenas de quilômetros das fronteiras. O atual cenário da guerra da Ucrânia e as perspectivas para os próximos meses são o tema do Ao Ponto desta terça-feira. Neste episódio, Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, coronel da reserva e mestre em Ciências Militares, faz um retrato do cenário no front, e explica como cada um dos lados está usando os fatos do campo de batalha (e as ameaças públicas) para construir sua própria narrativa do conflito.
3/28/202328 minutes, 27 seconds
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A primeira apreensão de fentanil no Brasil, a droga que mais mata nos EUA

No mês passado, durante uma apreensão de drogas em Cariacica (ES), a Polícia Civil do Espírito Santo encontrou, em meio a pacotes de cocaína, maconha e drogas sintéticas, 31 ampolas de fentanil, um dos mais potentes anestésicos hoje disponíveis, e que está por trás de uma grave crise sanitária nos Estados Unidos. O que chamou a atenção dos agentes foi o fato de ser a primeira vez que a droga é encontrada fora do ambiente hospitalar, o que acendeu muitos sinais de alerta. Segundo o Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), apenas em 2021, o fentanil esteve por trás de mais de 70 mil mortes por overdose no país, se tornando a principal causa de mortes evitáveis entre pessoas de 18 a 45 anos nos EUA, acima de suicídio, acidentes de trânsito e violência armada. Além dos preços baixos nas ruas, viabilizados pelas operações comandadas por cartéis mexicanos, uma cultura criada pela própria indústria farmacêutica, a dos opióides, nos anos 1980, contribui para um cenário classificado como catastrófico por especialistas e autoridades. A apreensão do fentanil no Espírito Santo, por enquanto, é observada com atenção por autoridades de todo o Brasil e até dos EUA. Segundo especialistas, o uso da droga no país é extremamente controlado, assim como as substâncias necessárias para sua fabricação. Além disso, as altas taxas de letalidade associadas ao consumo sem acompanhamento médico podem "afastar" traficantes. Contido, há casos de pessoas que são dependentes químicas da droga no Brasil. O Ao Ponto desta segunda-feira revela os detalhes da apreensão de fentanil no Espírito Santo, e quais são os riscos associados ao seu consumo não acompanhado. O repórter Bernardo Yoneshigue, da editoria de Saúde, explica como a Polícia Civil do Espírito Santo descobriu a droga, e mostra como o fentanil impactou de maneira dura a vida de milhares de pessoas nos Estados Unidos e Canadá.A a coordenadora científica de Anestesiologia da Associação Paulista de Medicina (APM), Claudia Marquez Simões, fala sobre como o mecanismo age no nosso corpo, e destaca que o uso fora do ambiente hospitalar, ainda mais associado a outras substâncias, pode levar à morte.
3/27/202325 minutes, 11 seconds
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As expectativas em torno da viagem de Lula à China

Ao desembarcar em Pequim para o início de uma longa viagem à China, o presidente Lula levará, além de uma comitiva de cerca de 250 pessoas, uma longa pauta de temas considerados prioritários por seu governo. Ações para combater as mudanças do clima, investimentos em setores estratégicos e propostas para uma saída diplomática para a guerra na Ucrânia devem marcar a terceira viagem do presidente ao país, somando seus dois mandatos anteriores. O formato da viagem também serve como uma mensagem de que, em seu governo, a relação com a China será prioritária, após quatro anos de ruídos na diplomacia de Jair Bolsonaro. Apesar da conhecida postura pragmática dos chineses, rusgas públicas, como as relacionadas à pandemia da Covid-19, causaram certa insatisfação em Pequim, e Lula quer afirmar que os dias de discussões em redes sociais ficaram para trás. Ao mesmo tempo, a viagem será acompanhada de perto pelos Estdos Unidos, que tentam limitar o que veem como avanços chineses em diversas regiões do planeta, incluindo na América Latina. Um ponto destacado por especialistas é que, ao contrário da viagem de Lula a Washington, que foi centrada na reunião com Joe Biden, a visita à China terá um forte componente econômico — um dos pontos altos deve ser uma provável visita de Lula a uma fábrica da Huawei, a gigante do setor de telecomunicações acusada pelos EUA de praticar espionagem a serviço de Pequim. As expectativas em torno da viagem de Lula à China são o tema do Ao Ponto desta sexta-feira. Na conversa, a repórter Janaina Figueiredo trouxe os bastidores da viagem, e detalhou algumas das expectativas que o governo leva até Pequim. O professor de Política Internacional da Universidade Federal de Minas Gerais, Dawisson Belém Lopes, explica a estratégia de Lula para as relações com a China, e como o governo pretende equilibrar seus interesses em meio às disputas entre chineses e americanos.
3/24/202332 minutes, 9 seconds
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Os planos de uma facção criminosa para realizar ataques contra autoridades

A prisão de nove integrantes de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios tornou pública uma investigação iniciada no começo do ano, e que tinha como alvo um plano para atacar autoridades, incluindo o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Segundo a Polícia Federal, os criminosos monitoraram, por semanas, todos os passos dos alvos e de seus familiares, chegando ao ponto de alugar imóveis que supostamente poderiam servir de cativeiros para sequestros. A investigação ainda não terminou, mas os policias e o ministro da Justiça, Flávio Dino, apontaram que os ataques seriam uma resposta a ações tomadas contra a facção nos últimos anos, incluindo a transferência de lideranças e novas regras, como o veto a visitas íntimas em penitenciárias federais. Contudo, Dino fez duras críticas às tentativas de politizar a investigação, e destacou que a Polícia Federal agiu de forma isenta e destacou o fato de um político de oposição, no caso Moro, ter sido protegido pelas ações do atual governo. Mesmo assim, oposicionistas alfinetaram o presidente Lula, ainda mais depois de uma entrevista considerada "infeliz" por aliados, que envolvia Sergio Moro. Em um comentário no Twitter, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma falsa associação entre a esquerda, o plano descoberto pela PF e o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em 2002, e o atentado sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), na campanha presidencial de 2018. Nesta edição do Ao Ponto, a repórter Paolla Serra, da editoria Rio, explica os detalhes do plano da facção criminosa, e traz detalhes das investigações. De Brasília, a colunista Bela Megale fala sobre as reações no meio político, e sobre uma conversa que ela teve com a deputada Rosangela Moro (União Brasil - SP), mulher de Moro.
3/23/202322 minutes, 12 seconds
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O plano de recuperação judicial da Americanas e os próximos passos do processo

A apresentação da primeira versão do plano de recuperação judicial da Americanas, na segunda-feira, foi um passo importante em um processo que promete ser longo e complexo. Pela proposta, a empresa prevê um aporte de R$ 10 bilhões, a ser feito pelos acionistas de referência, Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann, que são sócios da 3G Capital. Há ainda a previsão de venda de algumas das marcas do portfolio da empresa, como a rede de mercados Hortifruti/Natural da Terra, o grupo Uni.Co (dono das marcas Puket, Imaginarium e Love Brands) e uma participação na Vem Conveniência, joint venture com a Vibra (ex-BR Distribuidora). Nesse caso, a expectativa é de que os negócios rendam cerca de R$ 2 bilhões. Contudo, o plano não agradou, ao menos nessa primeira versão. Entre as críticas está o valor do aporte a ser feito pelos acionistas — no mercado, havia a expectativa de que o valor ficasse entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. Hoje, a dívida da Americanas está perto de R$ 42 bilhões de reais, e desde o começo de janeiro a empresa está no olho de furacão depois da revelação de que "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões foram encontradas nos balanços. No Ao Ponto desta quarta-feira, o repórter Bruno Rosa, da editoria de Economia, explica os primeiros passos de um processo que promete guardar alguns capítulos envolvendo a Americanas, seus credores e seus acionistas. Ele fala ainda sobre o risco de um corte nas operações, que pode envolver o fechamento de lojas e demissões, algo que a empresa, até o momento, nega.
3/22/202329 minutes, 18 seconds
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O alerta do novo relatório do IPCC sobre o aquecimento global

A divulgação do novo relatório do O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), na segunda-feira, trouxe um alerta a toda a Humanidade: de acordo com o documento, elaborado por um grupo de cientistas no âmbito da ONU, é "provável" que a temperatura do planeta chegue ao fim do século 1,5ºC acima dos níveis vistos antes da Revolução Industrial, no século XIX. O limite no aquecimento está previsto no Acordo de Paris, de 2015, e o relatório divulgado ontem afirma que os países não estão fazendo o suficiente para enfrentar a questão climática. Com temperaturas mais altas, além de dias muito quentes, como os vistos no verão que chegou ao fim ontem, os eventos climáticos extremos estão cada vez mais comuns. Ondas de frio extremo nos EUA e Canadá, secas prolongadas que provocam grandes incêndios florestais na Europa e temporais que despejam, em pouco mais de uma hora, o volume de chuva esperado para um mês, como ocorreu no Litoral Norte de São Paulo este ano. Neste episódio do Ao Ponto, que integra o projeto Um Só Planeta, o repórter Rafael Garcia, que acompanhou a divulgação do relatório, explica quais são seus pontos principais, e como os cientistas afirmam que, apesar das perspectivas sombrias, ainda há espaço para ação. Já Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), destaca como os governos precisam tomar atitudes mais ousadas para enfrentar as mudanças climáticas, e destaca que há tecnologia e meios de financiamento suficientes para a tarefa.
3/21/202323 minutes, 33 seconds
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O SXSW e os debates sobre o futuro da tecnologia

Durante pouco mais de uma semana, milhares de pessoas vindas de todos os cantos do planeta se reuniram em Austin, no Texas (EUA) para um festival criado no final dos anos 1980 que adquiriu um lugar único no cenário pop e, mais recentemente, de tecnologia. O South by Southwest, ou SXSW, traz uma conjunção de shows, apresentações e debates sobre o futuro do entretenimento, sobre política e, no tema que mais atrai as atenções, sobre o futuro. A grande estrela do festival que terminou no domingo foi a inteligência artificial (IA). Amparados pelo frenesi em torno do ChatGPT, dezenas de especialistas discutiram como essa tecnologia poderá ser usada em campos que vão desde a medicina até o ensino em salas de aula. Contudo, novas tecnologias trazem novos dilemas: até que ponto poderemos contar com a IA para ações hoje realizadas por humanos? E como resolver possíveis dilemas éticos, morais e legais que provavelmente andarão lado a lado com os anúncios de inovações no setor. Além da IA, outra "estrela" do festival foi o aplicativo Tik Tok, que esteve por trás de uma série de eventos patrocinados e foi tema de discussões sobre seu uso, especialmente entre os mais jovens, seu principal público. Em meio ao festival, o governo dos Estados Unidos apertou o cerco à chinesa Byte Dance, dona do aplicativo e acusada por Washington de ceder dados de usuários americanos ao governo da China, o que a empresa nega. O risco do aplicativo ser banido dos EUA voltou, como nos tempos de Donald Trump, com toda força. O Ao Ponto desta segunda-feira se debruça sobre o que foi assunto no festival, e recebe os editores-executivos do GLOBO André Miranda e Luiza Baptista, que estiveram em Austin e acompanharam os principais eventos.
3/20/202329 minutes, 44 seconds
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Fernando Haddad e a reforma tributária | E AGORA, BRASIL?

Realizada em 13 de março, a primeira edição de 2023 do E AGORA, BRASIL? discutiu a reforma tributária, um dos pontos fundamentais do ano para o atual governo federal. No evento, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, conversou com Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Fernando Exman, chefe da redação em Brasília do Valor Econômico. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações. Este podcast é um resumo da entrevista, sob apresentação da jornalista Roberta Pennafort.
3/18/202335 minutes, 28 seconds
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Os gestos do governo Lula e dos militares para pacificar as relações

Um dos movimentos mais marcantes dos primeiros meses do governo Lula diz respeito às relações com as Forças Armadas. Apontados como ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e com grande presença na administração anterior, os militares se viram no centro do furacão depois dos atentados terroristas de 8 de janeiro em Brasília, com acusações de que teriam sido lenientes e até apoiado os vândalos que invadiram as sedes dos três poderes. Contudo, Lula tem dado sinais de que planeja ao menos estabelecer uma política de boa vizinhança com os chefes das Forças Armadas. O presidente se reuniu com os novos comandantes, contando com a interlocução do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e sinaliza que deve comparecer mais a cerimônias militares — na quinta-feira, ele esteve na posse dos novos presidente e vice-presidente do Superior Tribunal Militar, (STM) e tem sinalizado que pretende ir a formaturas em academias militares, algo que era recorrente na agenda de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, o Planalto deixou claro que quer despolitizar as Forças Armadas. A Marinha, seguindo essa linha, deu um prazo de 90 dias para que militares da ativa se desfiliem de partidos políticos O Ministério da Defesa também elabora um projeto que deve dificultar a vida de militares que pretendem entrar na política. Contudo, um desejo de aliados do governo de mudar a redação do Artigo 142 da Carta, usado de foma enganosa por alguns bolsonaristas e mesmo integrantes das Forças Armadas, não deve sair do papel, ao menos por enquanto. Para entender esses movimentos, o Ao Ponto desta sexta-feira recebe a repórter Jeniffer Gularte, da sucursal do GLOBO em Brasília. Ela explica a estratégia do Planalto para amenizar as relações com a caserna, assim como as reações dos militares às propostas do governo Lula, que também incluem ações para modernizar as forças e a indústria do setor de Defesa no Brasil.
3/17/202322 minutes, 50 seconds
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Os detalhes do esquema que causou um prejuízo milionário para jogadores de futebol

Desde a semana passada, a revelação de que os jogadores Gustavo Scarpa e Mayke perderam mais de R$ 10 milhões em um esquema que prometia ganhos muito acima da média do mercado vem movimentando não apenas os bastidores do esporte, mas também do meio financeiro. Contudo, ver atletas perdendo dinheiro em esquemas pouco claros não é exatamente algo novo: no começo do ano, Usain Bolt, o homem mais rápido da História, revelou um prejuízo de US$ 10 milhões em um esquema na Jamaica, e até agora não conseguiu reaver o dinheiro. No caso brasileiro, um elemento chama a atenção: um ex-colega dos dois jogadores no Palmeiras, William Bigode, hoje no Fluminense, é sócio de uma das empresas envolvidas no investimento, que prometia ganhos de até 5% ao mês. Em mensagens reveladas pelo Fantástico, no fim de semana, William, ao ouvir as queixas de Scarpa, recomenda ao ex-colega de clube "orar" — em uma rede social, Scarpa, hoje no Nottingham Forest (Inglaterra), ironizou dizendo que "precisa orar mais". As declarações rapidamente viralizaram nas redes sociais. Mas nem só atletas são vítimas de casos do tipo. Glaidson Acácio dos Santos, também conhecido como "Faraó dos Bitcoins", está preso desde agosto do ano passado acusado de operar um esquema de pirâmide financeira que lesou milhares de pessoas, e que provocou um prejuízo estimado em bilhões de reais. Também no ano passado, Francisley Valdevino da Silva, o "Sheikh dos Bitcoins", foi preso sob acusação de operar um esquema envolvendo criptomoedas. Entre seus clientes estavam artistas e jogadores de futebol. No Ao Ponto desta quinta-feira, o repórter Rafael Oliveira, da editoria de Esportes explica os detalhes do esquema que provocou um prejuízo considerável a pelo menos dois ex-jogadores do Palmeiras. Já a repórter Letycia Cardoso, da editoria de Economia, fala sobre os muitos tipos de esquemas fazendo promessas por vezes inatingíveis, e dá dicas sobre como evitar ser mais uma vítima.
3/16/202323 minutes, 53 seconds
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Como a Abin usou um programa secreto de monitoramento no governo Bolsonaro

A revelação, feita pelo GLOBO, de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usou um programa secreto para monitorar milhares de pessoas no Brasil provocou um terremoto político em Brasília. A começar pelo governo Lula, que já vinha adotando mudanças na agência desde a posse, a começar pela transferência dela da alçada do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para a Casa Civil. Ainda na terça-feira, autoridades do Planalto prometeram investigar as denúncias e sinalizaram planos para mudanças profundas no funcionamento da Abin. Segundo a reportagem, o programa secreto, o FirstMile, tinha a capacidade de monitorar até dez mil números diferentes de celular a cada doze meses. Ele foi comprado em um processo sem licitação ainda no governo de Michel Temer, mas só começou a ser usado de fato com Jair Bolsonaro. Não se tem informações sobre quantas pessoas teriam sido monitoradas até o fim da utilização do software, em 2021. Ao GLOBO, o ex-ministro do GSI, Augusto Heleno, disse não ter responsabilidade sobre a utilização, apesar da Abin estar sob sua alçada. No passado, a Abin foi acusada de agir para favorecer interesses pessoais de Bolsonaro e seu círculo próximo. Para especialistas, o uso da ferramenta pode ter violado alguns preceitos constitucionais, e a alegação de que esse tipo de monitoramento se encontrava em um "limbo legal" não justifica o monitoramento dos passos de milhares de alvos. Por outro lado, há um debate intenso sobre a falta de regulamentações claras para o setor de inteligência no Brasil, apontado como vulnerável, ainda mais diante do poderio de vigilância de outros países, como os EUA. Neste episódio do Ao Ponto, os repórteres Patrik Camporez e Dimitrius Dantas, que revelaram a existência do programa secreto da Abin, falam sobre como funcionava a ferramenta e como reagiu o mundo político em Brasília. Já Denilson Feitoza Pacheco, presidente da Associação Internacional para Estudos de Segurança e Inteligência (Inasis), vê falhas na argumentação dos antigos dirigentes da Abin, e defende medidas para fortalecer a inteligência brasileira, o quanto antes.
3/15/202332 minutes, 17 seconds
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As negociações para a sucessão no STF e os planos de mudanças na Corte

Daqui a algumas semanas, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, deixará a Corte após chegar à idade limite de 75 anos para ocupar o cargo. Contudo, as negociações para definir seu sucessor ou sua sucessora já estavam em curso antes mesmo da posse do presidente Lula. Nos bastidores e em uma entrevista recente à Rede Bandeirantes, o presidente sinalizou que o advogado Cristiano Zanin, que o defendeu nos processos ligados à Operação Lava Jato, pode ser seu escolhido. Ao mesmo tempo, cresce na sociedade o número de vozes que defendem a escolha de uma jurista mulher e negra, seguindo os passos de Ketanji Brown, a primeira mulher negra a ser indicada à Suprema Corte dos EUA, no caso, por Joe Biden em 2020. Mesmo dentro do governo, alguns ministros, como Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e da Cidadania, e Anielle Franco, da Igualdade Racial, são favoráveis à ideia. Além da sucessão no STF, o Congresso e alguns ministros do Supremo discutem mudanças no formato da Corte, como a adoção de mandatos fixos para os magistrados. Algumas propostas já circulam na Câmara e no Senado, mas os chefes das duas Casas pregam a moderação, até porque o tema já foi usado por bolsonaristas para atacar o Judiciário no passado. Há ainda discussões, ainda em estágio inicial, sobre a sucessão na PGR: o mandato do atual procurador-geral, Augusto Aras, acaba em setembro, e Lula não confirmou ainda se vai ou não seguir a lista tríplice, elaborada por procuradores federais e que foi ignorada por Jair Bolsonaro. Para explicar os bastidores das escolhas no Supremo e na PGR, a repórter Mariana Muniz, da sucursal do GLOBO em Brasília, é a convidada desta terça-feira do Ao Ponto.
3/14/202329 minutes, 41 seconds
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O julgamento das Big Techs na Suprema Corte dos EUA e os impactos para o Brasil (e o mundo)

Daqui a alguns meses, a Suprema Corte dos EUA vai julgar dois casos que podem, segundo especialistas, mexer com as estruturas da internet como conhecemos hoje. Os autores dos processos alegam que a atual legislação do país para o setor, conhecida como Seção 230, de 1996, blinda as empresas de tecnologia de qualquer responsabilidade pelos conteúdos que são publicados em suas plataformas. As ações que devem ser julgadas em meados de junho estão sendo movidas por famílias de vítimas de ataques terroristas na Turquia e na França, na década passada, realizados pelo grupo Estado Islâmico — a mãe de uma das vítimas, Beatriz Gonzalez, que perdeu a filha nos atentados em Paris, em 2015, disse em depoimento ao GLOBO que a falta de uma moderação eficaz permitiu a divulgação de conteúdo extremista levou à radicalização de muitas pessoas, possivelmente alguns dos autores do ataque na capital francesa. Os críticos da legislação apontam que ela foi criada em uma época em que as redes sociais e sites de compartilhamento de vídeos eram algo que só existia na imaginação de alguns engenheiros, e que, hoje, serve de barreira legal para impedir que as empresas sofram as consequências do que é publicado em plataformas como o YouTube, o Twitter e o Facebook. As empresas afirmam que suas ferramentas atuais de controle de conteúdo impróprio são eficazes, apesar de algumas falhas. Mais do que alterar as regras do setor de tecnologia nos EUA, a decisão da Suprema Corte pode impactar outros países, como o Brasil, que baseou boa parte de sua legislação nas regras americanas. Hoje, há uma discussão sobre mudanças no Marco Civil da Internet, que embora seja considerado um ponto histórico no país, já é considerado anacrônico em alguns trechos. Para discutir o tema, o Ao Ponto começa a semana recebendo a repórter Glauce Cavalcanti, da editoria de Economia, e Ricardo Campos, diretor do Legal Grounds Institute. Eles explicam os detalhes do julgamento nos EUA, e especialmente como ele pode impactar as nossas vidas digitais.
3/13/202328 minutes, 55 seconds
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O 'plano antidemocrático' de Netanyahu e a crise política em Israel

As ruas de Israel são cenário, há semanas, de protestos contra o governo de Benjamin Netanyahu, que desde seu retorno ao poder após as eleições do ano passado tenta aprovar um projeto acusado de ser um golpe contra a democracia do país: pelo plano, que tem grandes chances de ser aprovado, os deputados ganham poderes de anular decisões judiciais da Suprema Corte e de escolher juízes para os tribunais, algo que impactaria a divisão de poderes. Segundo a oposição, o objetivo de Netanyahu é tentar se livrar dos processos que enfrenta na Justiça por corrupção, e que podem levá-lo à cadeia. Além do projeto de reforma judicial, Netanyahu vem sendo criticado pela presença de elementos de ultradireita no Gabinete, incluindo Itamar Ben-Gvir, hoje ministro de Segurança Nacional. No passado, Ben-Gvir era considerada uma das figuras mais tóxicas do meio político israelense, e está diretamente associado a organizações consideradas terroristas. Outro ministro, Bezalel Smotrich, à frente da pasta de Finanças, foi acusado de incitar atos de violência contra palestinos e disse que as paradas do orgulho LGBTQIAP+ eram "piores do que a bestialidade". Além dos riscos à democracia isralense, o gabinete ultraconservador de Netanyahu é um risco à paz na região. Operações contra áreas palestinas na Cisjordânia têm se multiplicado, assim como ataques de colonos em assentamentos na região, considerados ilegais pelas leis internacionais. Com isso, a possibilidade de uma terceira Intifada, uma insurreição dos palestinos contra as forças israelenses, é considerada cada vez mais alta. Para explicar as questões envolvendo o novo governo Netanyahu, o Ao Ponto recebe nesta sexta-feira o colunista Guga Chacra, que também fala sobre como os Estados Unidos e os países árabes estão vendo a crise naquele que se autointitulava "o mais estável país" do Oriente Médio.
3/10/202328 minutes, 51 seconds
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As acusações contra o regime de Daniel Ortega na Nicarágua e a posição do Brasil

Na sexta-feira da semana passada, foi apresentado no Conselho de Direitos Humanos da ONU aquele que é considerado o mais contundente relatório contra o regime de Daniel Ortega na Nicarágua. No texto, elaborado com a ajuda de informantes internos e dissidentes, a ONU afirma que o atual governo do país pratica uma perseguição sistemática de seus opositores, e que mantém a população refém de uma política de repressão, que por vezes atinge até mesmo aliados do regime. Durante a reunião, a posição brasileira foi posta em xeque. Inicialmente, o país evitou assinar resoluções condenando o regime de Ortega, ao mesmo tempo em que outros países comandados pela esquerda na América Latina, como Chile e México, defenderam a condenação. Na terça-feira, o representante brasileiro em Genebra, em uma aparente correção de curso, apontou para as alegações de violações e mostrou a disposição do Brasil de receber cerca de 300 dissidentes que tiveram suas nacionalidades retiradas por Ortega. O presidente Lula tem ligações antigas com a Nicarágua, que datam dos anos 1980, e em diversas ocasiões foi criticado por não repreender Ortega, mesmo quando as violações já eram públicas. O tema voltou à tona durante a campanha presidencial do ano passado, e ao mesmo tempo em que há uma pressão para o Brasil ser mais duro com Manágua, setores da esquerda, e do próprio PT, evitam uma linguagem mais dura. No episódio desta quinta-feira do Ao Ponto, a repórter Janaína Figueiredo explica, com informações de bastidores, as movimentações no Itamaraty e no Palácio do Planalto sobre a Nicarágua, e revela que, dentro do governo, surge um certo "cansaço" com as ações de Ortega, ainda mais no momento em que o Brasil tenta se reinserir como uma liderança regional na América Latina.
3/9/202328 minutes, 7 seconds
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O escândalo das joias sauditas e o impacto político para o bolsonarismo

Desde a noite de sexta-feira, quando o jornal Estado de São Paulo denunciou a tentativa frustrada do governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) receber joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, ainda retidas pela Receita Federal, o entorno do bolsonarismo se viu em meio a uma saraivada de denúncias, críticas e à sombra de mais problemas com a Justiça. As jóias, que não foram declaradas à Receita, foram recebidas como um presente da Arábia Saudita em 2021, e estão retidas desde então, apesar da pressão vinda de várias esferas do governo, incluindo do próprio Bolsonaro. Até o momento, não foi apresentada uma versão coesa para os fatos, tampouco se a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, suposta destinatária das joias, tinha conhecimento sobre a ofensiva liderada pelo então presidente. Em uma rede social, ela ironizou as acusações, e em caráter privado tem repetido que não tinha conhecimento das ações. Bolsonaro, por sua vez, segue nos EUA, e segundo informações de bastidores, teria ficado assustado com a repercussão do caso. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter Rafael Moraes Moura, da coluna da Malu Gaspar, explica os impactos políticos das denúncias, incluindo para nomes do governo Lula, e como o caso das joias pode mexer na composição das forças políticas nos próximos anos.
3/8/202326 minutes, 46 seconds
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'Red pill', 'incel', 'machosfera': como o discurso misógino está se espalhando nas redes

A denúncia feita pela atriz Livia La Gatto contra o coach Thiago Schutz, acusado de ameaçá-la de morte, jogou luz sobre um movimento que vem crescendo nos últimos anos, especialmente nas redes sociais: espalhado por várias siglas e nomes, como "red pill", o discurso misógino, que menospreza as mulheres e glorifica ações que as diminuam, não apenas tem cada vez mais seguidores, mas também acabou produzindo um mercado milionário de assinaturas de vídeos, livros e palestras. Especialistas veem uma série de riscos nesse movimento. O primeiro é o mais óbvio: ao atacar mulheres que, na visão dessas pessoas, estão cerceando suas masculinidades, o discurso serve como pretexto para ameaças, como no caso de Schutz, ou mesmo ataques com mortes. Outro ponto é uma "normalização" de ideias misóginas, algo que, em parte, pode ser atribuído à falta de ações mais contundentes das empresas de tecnologia. Afinal, as comunidades, canais e contas seguem no ar mesmo depois de ameaças explícitas. O Ao Ponto desta terça-feira discute o crescimento do discurso misógino no Brasil, e os impactos sobre as vidas das pessoas, especialmente as mulheres. Neste episódio, as convidadas são a repórter da editoria Brasil Pâmela Dias, e a socióloga Camila Galetti.
3/7/202331 minutes, 32 seconds
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Covid-19, Taiwan, balões e TikTok: as muitas frentes da disputa entre EUA e China

Nos últimos dias, pelo menos dois relatórios — um do Departamento de Energia e outro do FBI — do governo americano levantaram uma tese até agora deixada em segundo plano sobre o surgimento da Covid-19. Ao contrário da ideia de que o vírus se alastrou de animais para humanos de maneira natural, informações de inteligência, de diferentes níveis, apontaram que a doença pode ter vazado de um laboratório na cidade de Wuhan, na China, onde surgiram as primeiras notificações. Como esperado, a China rejeitou a hipótese, e afirmou que se tratava de mais uma peça de propaganda liderada pelo governo dos EUA. O episódio foi mais um exemplo de como as duas maiores economias do planeta mantêm uma relação tensa, e que inclui questões militares, como o status de Taiwan, e até o aplicativo TikTok, que será vetado em equipamentos eletrônicos do governo dos EUA (e outros países). Os laços chineses com a Rússia também são vistos de forma crítica por Washington, que alerta contra qualquer tentativa de Pequim fornecer armas para a invasão da Ucrânia. Neste episódio do Ao Ponto, analisamos as principais questões em aberto entre os dois países, e como elas podem impactar outras nações, inclusive o Brasil. As convidadas são a repórter de Mundo, Marina Gonçalves, e Letícia Simões, professora do Unilasalle-RJ e da UFF, e pesquisadora do CEA (Centro de Estudos sobre China Contemporânea e Ásia).
3/6/202329 minutes, 14 seconds
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As questões envolvendo Waldez Góes, Davi Alcolumbre e um contrato de R$ 100 milhões no Amapá

Uma reportagem do GLOBO publicada na quinta-feira mostrou que, um dia antes de deixar o governo do Amapá, o hoje ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, assinou o contrato para uma obra de pavimentação de uma rodovia ligando Macapá até o Sul do estado. O valor: R$ 100 milhões. Mas os detalhes da iniciativa levantam algumas questões, a começar pela empresa responsável pela obra, que é de propriedade do empresário Breno Chaves Pinto, segundo suplente do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), principal responsável pela indicação de Góes ao ministério. Outro ponto é a origem dos recursos: boa parte deles, R$ 58,7 milhões, vieram das chamadas emendas de relator, também conhecido como "orçamento secreto", uma verba que foi celebrada publicamente por Alcolumbre. Todos os citados dizem que a licitação para a obra ocorreu de maneira legal, e o senador declara que não teve qualquer influência na escolha da empresa de Chaves. No ano passado, o empresário foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que investigava denúncias de movimentação irregular de créditos florestais para “esquentamento” de madeiras de origem ilegal no sistema do Ibama. Na ação, a PF também verificou a existência de superfaturamento em uma outra obra tocada por uma empresa de Breno Chaves Pinto na BR-156, também no Amapá. Ele nega todas as acusações. Neste episódio de Ao Ponto, os repórteres Dimitrius Dantas e Patrik Camporez, responsáveis pela reportagem, explicam os detalhes da história, e o coordenador de Política da sucursal do GLOBO em Brasília, Thiago Faria, faz uma análise sobre os papéis de Góes, Alcolumbre e do União Brasil no governo Lula, uma relação marcada por muitos sobressaltos.
3/3/202329 minutes, 29 seconds
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A operação contra o trabalho escravo na Serra Gaúcha e as respostas das autoridades

A descoberta de quase 200 trabalhadores vivendo em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves (RS), na Serra Gaúcha, deu início a uma ampla investigação por parte da Polícia Federal e do Ministério do Trabalho para apurar responsabilidades e punir responsáveis. Os trabalhadores, que vieram de fora do Rio Grande do Sul, estavam sendo, de acordo com relatos, submetidos a violência constante e eram impedidos de deixar os alojamentos, inclusive por homens armados. Logo depois da denúncia, o governo do RS anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar e evitar novos casos de trabalho escravo, especialmente em empresas que oferecem serviços para vinícolas e cooperativas. Em entrevista, o governador Eduardo Leite afirmou ainda que o simples fato de se terceirizar uma determinada atividade não significa que a empresa contratante não tenha responsabilidade pelo bem-estar dos trabalhadores. O surgimento das denúncias também repercutiu nas redes sociais, com muitas pessoas defendendo o boicote aos produtos das empresas citadas. Algumas notas emitidas depois da denúncia, inclusive associando a suposta falta de trabalhadores da região aos programas de transferência de renda, provocaram reações negativas, mas a fala de tom xenófobo do vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, rendeu mais do que postagens em redes sociais: ele acabou expulso do partido dele, o Patriotas. O Ao Ponto desta quinta-feira conta os detalhes das investigações no Rio Grande do Sul, e quais estão sendo as respostas das autoridades, especialmente em relação aos trabalhadores resgatados. Neste episódio, a convidada é a repórter Ana Flávia Pilar, da editoria de Economia.
3/2/202324 minutes, 11 seconds
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A reoneração dos combustíveis e as possíveis mudanças de política da Petrobras

O aguardado anúncio da reoneração da gasolina e do etanol, feito ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veio cheio de recados ao mercado e ao meio político. Em entrevista coletiva, o ministro reafirmou que a medida, embora possa ter soado impopular entre alguns setores do PT, era necessária para recolocar as contas do país em ordem. Ele também voltou a criticar a taxa de juros, mas adotou um tom mais conciliador em relação ao Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto. Horas antes do anúncio, a Petrobras confirmou uma redução nos preços da gasolina e no diesel nas refinarias — na prática, a decisão amenizou o aumento dos impostos da gasolina e, como não houve cobrança de tributos federais sobre o diesel, o combustível pode ficar mais barato ao consumidor. Contudo, o impacto real só deve ser sentido nos próximos dias. Além de números, as declarações de terça-feira sinalizaram alguns movimentos que poderão ser adotados pelo governo federal. O aumento de outros impostos, como o IPI, poderá ser uma saída para recompor as contas e reduzir o déficit do governo. Em uma estratégia de médio e longo prazo, a Petrobras pode adotar mudanças na distribuição de dividendos a acionistas e na política de preços, ambas criticadas pelo presidente Lula (PT). O Ao Ponto desta quarta-feira explica as medidas adotadas pelo governo para os combustíveis, e traz bastidores das negociações em Brasília dentro da Esplanada dos Ministérios. Neste episódio, os convidados são Bruno Rosa, repórter de Economia, e Sergio Roxo, repórter da sucursal do GLOBO em Brasília.
3/1/202330 minutes
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A aplicação da vacina bivalente contra a Covid e os desafios de ampliar a imunização no Brasil

Dezoito capitais brasileiras começaram a aplicar ontem as primeiras doses de uma nova vacina contra a Covid-19: além da proteção contra as primeiras cepas, ela também eleva a imunização contra a variante Ômicron, hoje prevalente e responsável pelos recentes surtos da doença pelo mundo. Inicialmente, apenas uma parcela da população, como pessoas acima de 70 anos e imunossuprimidos, será vacinada, mas o governo deve ampliar o acesso em breve. A intenção do Ministério da Saúde, além de aplicar a vacina bivalente, é também elevar o número de pessoas vacinadas com as doses de reforço, incluindo as crianças, cujas taxas vacinais estão bem abaixo do esperado. Um grande desafio das autoridades é quebrar com a cadeia de notícias falsas ligadas aos imunizantes, disseminadas à exaustão nos últimos anos e que atrapalham as estratégias de contenção da pandemia. Além da Covid-19, o governo deve tomar ações concretas para retomar a vacinação contra outras doenças, como a pólio, sarampo e contra o HPV, cujas taxas estão abaixo dos níveis históricos. Anos de negacionismo, alavancados por dados falsos publicados na internet, se mostraram um risco à saúde pública, com a possibilidade do reaparecimento de doenças erradicadas ou controladas no Brasil. O Ao Ponto desta terça-feira discute a aplicação da vacina bivalente contra a Covid e os planos do governo Lula para ampliar o número de crianças e jovens vacinados. Neste episódio, o convidado é o infectologista Julio Croda, da Fiocruz.
2/28/202324 minutes, 5 seconds
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Os bastidores da história de Dona Vitória, ou Joana da Paz, a idosa que filmou o tráfico em Copacabana

O anúncio da morte da idosa que, entre 2003 e 2004, filmou a ação de traficantes da janela de seu apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, pôs fim a um mistério de 17 anos: Dona Vitória, como ficou conhecida a senhora que fez as imagens com uma câmera caseira, na verdade se chamava Joana da Paz, e vivia há alguns anos em Salvador, como parte do programa de proteção de testemunhas. As imagens de dona Joana, que inicialmente não foram tratadas com a devida seriedade pelas autoridades, acabaram descobertas pelo então repórter do Extra, Fabio Gusmão — após um longo processo de negociações, idas e vindas, as denúncias ganharam um caderno especial do jornal em 2005, e rapidamente se tornaram destaque na imprensa do Brasil e do mundo. Elas levaram à prisão de dezenas de pessoas, incluindo policiais militares. Mais do que uma história, Gusmão estabeleceu uma relação com dona Joana, que permaneceu mesmo durante os anos em que ela esteve protegida pelo programa de testemunhas. Neste episódio do Ao Ponto, o próprio Fabio Gusmão, hoje editor do GLOBO e do Extra, conta os detalhes dessa série de denúncias que marcaram história no início da década de 2000. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e na Globoplay.
2/27/202328 minutes, 13 seconds
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Um ano de guerra na Ucrânia: quais as perspectivas de um conflito sem solução à vista

A madrugada do dia 24 de fevereiro de 2022 marcou e marcará a História da Ucrânia, da Rússia e da Europa. A invasão das tropas russas confirmava os alertas feitos por semanas por serviços de inteligência ocidentais, e comprovou que os discursos do Kremlin, especialmente do presidente russo Vladimir Putin, negando a intenção de atacar o país vizinho eram apenas uma tentativa de ganhar tempo. Desde então, uma parte considerável do território ucraniano foi devastada pelos combates, que mataram dezenas de milhares de pessoas e levaram à fuga de mais de oito milhões de ucranianos. Um ano depois, não há qualquer perspectiva de uma saída negociada para a guerra. Do lado russo, o presidente Putin, sob pressão das sanções e das perdas no campo de batalhas, vem acirrando suas palavras, inclusive com menções ao uso de armas nucleares, e tenta atrair aliados, como a China, de quem hoje depende para manter sua economia funcionando. Do lado ucraniano, Kiev conta com o apoio de potências ocidentais para receber armas potentes, incluindo tanques, e rejeita qualquer tipo de concessão territorial, como quer o Kremlin. Neste contexto, o papel da comunidade internacional foi posto em xeque. Afinal, mais uma vez os mecanismos internacionais não impediram que uma nação soberana fosse invadida sem uma justificativa clara. Muitos recordaram da invasão dos Estados Unidos ao Iraque, há quase 20 anos, e que teve como pretexto uma suposta (e falsa) acusação de que o regime de Saddam Hussein mantinha armas químicas em seus arsenais. O Ao Ponto de hoje se debruça sobre o estado da guerra na Ucrânia, e sobre como o conflito já modificou o sistema internacional. Neste episódio, recebemos Sabrina Medeiros, professora de Relações Internacionais da Universidade Lusófona de Lisboa e pesquisadora do InterAgency Institute e do Instituto da Defesa Nacional de Portugal.
2/24/202330 minutes, 46 seconds
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A tragédia no litoral de SP e o debate sobre políticas urbanas no Brasil

A tragédia no litoral de São Paulo, provocada por uma das mais intensas chuvas da história recente, trouxe um enredo que, infelizmente, se repete todos os anos no Brasil. Dezenas de mortos e desaparecidos, e centenas de pessoas que viram suas vidas ruírem após a série de deslizamentos e enchentes, e que agora tentam juntar os pedaços para um recomeço. As cenas de destruição também servem como um lembrete a governantes de todas as esferas de Poder: afinal, as tragédias poderiam, se não ser evitadas, ao menos amenizadas através de políticas públicas para evitar a expansão das cidades rumo a áreas de risco, como as encostas de São Sebastião As mudanças no clima do planeta, que provocam eventos extremos cada vez mais frequentes, servem como mais um lembrete de que o tema é prioritário, e de que não há tempo a perder. O Ao Ponto desta quinta-feira entra no debate sobre políticas urbanas no Brasil, e sobre quais ações são as mais urgentes, não apenas em áreas de risco. Neste episódio, o convidado é o arquiteto e urbanista Washington Fajardo.
2/23/202329 minutes, 2 seconds
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O que é a síndrome do burnout e quais são os impactos sobre a nossa saúde

Embora tenha sido relatada pela primeira vez nos anos 1930, a síndrome do burnout é uma das principais questões de saúde nos últimos anos. Ela está diretamente ligada ao trabalho, e pode se manifestar em ambientes de extrema pressão, alta cobrança e quando existe a percepção de que o profissional está sofrendo perseguição ou que não tem seu trabalho reconhecido. Durante a pandemia da Covid-19, profissionais do setor de saúde foram especialmente atingidos pelo burnout — pesquisas realizadas nos últimos três anos revelam que até 80% deles sofreram ao menos um episódio de esgotamento crônico, ligado às longas jornadas e ao sofrimento extremo de pacientes e pessoas próximas, muitas delas vítimas da Covid-19. Contudo, o burnout também é percebido como um todo na economia, e uma outra pesquisa, de outubro do ano passado, mostrou que um em cada cinco profissionais de grandes empresas brasileiras foi diagnosticado com a síndrome. O Ao Ponto desta quarta-feira de cinzas explica as diferenças entre aquele cansaço após um dia de trabalho e o burnout, e o que fazer se perceber alguns dos sinais de alerta. O convidado do episódio é Arthur H. Danila, médico psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
2/22/202327 minutes, 14 seconds
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Como as denúncias de manipulação de resultados na Série B impactam o futebol no Brasil

Meses antes do início da Série B de 2023, uma denúncia de manipulação de jogos no torneio do ano passado movimenta os bastidores do futebol nacional. Segundo o Ministério Público de Goiás, que comanda as investigações, ao menos três partidas estão na mira dos promotores: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina. O esquema, afirmam os investigadores, seria comandado por um grupo especializado em manipular resultados de partidas, com o objetivo de ganhar dinheiro em sites de apostas. Um ponto central do esquema seria a cooptação de atletas profissionais, que em troca de uma quantia em dinheiro cometeriam ações específicas ao longo das partidas, como um número determinado de pênaltis, escanteios ou faltas. Caso as ações fossem bem sucedidas, os jogadores poderiam receber até R$ 150 mil, enquanto os envolvidos no esquema lucrariam até R$ 2 milhões de reais. Os promotores investigam ainda indícios de que outras partidas em outros torneios, como estaduais, também possam ter sofrido tentativas de manipulação. As primeiras denúncias surgiram ainda no ano passado, e partiram do Vila Nova, um dos clubes citados nas investigações. Não há qualquer indício da participação de dirigentes, mas nos bastidores eles não escondem o temor de que, além dos processos penais, haja punições na esfera esportiva, como a perda de pontos ou a anulação de partidas. Muitos lembram da chamada Máfia do Apito, que em 2005 levou a uma série de prisões e à anulação de 11 partidas da Série A daquele ano. No Ao Ponto desta sexta-feira, o repórter Athos Moura, da editoria de Esportes, explica as principais linhas de investigações do MP-GO, e se há algum risco da Série B de 2023 já começar marcada por um escândalo.
2/17/202328 minutes, 6 seconds
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As ações contra Bolsonaro nos tribunais e os riscos jurídicos ao ex-presidente

Embora ainda esteja nos Estados Unidos e sem uma data certa para retornar, o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda se faz presente em Brasília, embora com mais intensidade nos tribunais. Ele é alvo de uma série de processos na Justiça, envolvendo acusações ligadas à eleição, aos ataques golpistas de 8 de janeiro e a declarações suas feitas no passado, como sobre a pandemia e contra parlamentares. Aliados de Bolsonaro e integrantes do Judiciário afirmam nos bastidores que o principal risco é o de que o ex-presidente se torne inelegível — algumas das ações estão em estágio avançado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e podem começar a ser julgadas ainda no primeiro semestre. Em entrevista ao Wall Street Journal, na terça-feira, Bolsonaro admitiu ainda o temor de ser preso, uma vez que alguns dos casos passaram para tribunais de primeira instância. No Ao Ponto desta quinta-feira, a colunista Bela Megale e a repórter Mariana Muniz, da sucursal do GLOBO em Brasília, falam sobre quais são esses processos correndo na Justiça, e quais são os possíveis desfechos para Jair Bolsonaro, meses depois do fim de seu mandato. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
2/16/202328 minutes, 22 seconds
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O aumento do número de armas no Brasil e as estratégias para controlar esse arsenal

Um levantamento feito pelos institutos Igarapé e Sou da Paz revelou um cenário preocupante no Brasil: hoje, há cerca de três milhões de armas particulares no país, quase o dobro do registrado há cinco anos. Esse salto está diretamente relacionado à flexibilização das regras para a venda de armamentos, inclusive alguns que, até pouco tempo, só podiam ser usados por forças de segurança, como fuzis. Mesmo antes da chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, o governo de Michel Temer começou a mudar algumas das regras que dificultavam a venda de armamentos, ainda em 2017. Bolsonaro, que tinha nas armas uma bandeira de campanha, acelerou esse processo, que também incluiu a expansão de clubes de tiros e lojas de armas — estima-se que cerca de um clube e duas lojas tenham sido abertos por dia entre 2018 e 2022. Os resultados dessa política são vistos no país. Crimes como o feminicídio, muitas vezes cometido com armas de fogo, tiveram um forte aumento nos últimos quatro anos. Acidentes com armas se multiplicaram, assim como casos de jovens realizando (ou tentando realizar) ataques em escolas. Pessoas com permissão para a compra de armamentos também foram presas acusadas de repassar pistolas, fuzis e munição para organizações criminosas. O Ao Ponto desta quarta-feira discute o relatório sobre as armas no Brasil e as ações do governo Lula para reverter as políticas que estavam em vigor até o fim de 2022. Neste episódio, a convdada é Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/15/202323 minutes, 50 seconds
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O mistério dos Óvnis e balões avistados sobre os EUA e Canadá

A descoberta de uma série de objetos voadores não identificados pelas autoridades de EUA e Canadá deu origem a muitas teorias da conspiração nas redes sociais, algumas delas envolvendo aliens e mensagens cifradas — contudo, a realidade tem menos a ver com homenzinhos verdes e mais com aquela que é a principal disputa geopolítica hoje, entre EUA e China. No começo do mês, um balão chinês foi avistado pelas autoridades americanas, e rapidamente surgiu a acusação de que seria um equipamento de espionagem. Pequim negou as alegações, e protestou veementemente depois que os EUA derrubaram o balão sobre o mar. Dias depois, outros objetos foram avistados e abatidos, mas o tom de sigilo em torno deles permitiu o surgimento das especulações, inclusive as conspiratórias. Balões de monitoramento não são algo novo, e provavelmente algum deles pode ter passado por cima de nossas casas sem que tenhamos percebido. Contudo, conforme os países parecem estar mais atentos para esse tipo de espionagem, episódios como os que testemunhamos hoje podem se tornar recorrentes, elevando os riscos envolvidos, inclusive militares. O Ao Ponto desta terça-feira explica o que podem ser os objetos avistados e abatidos pelos EUA nos últimos dias, e como eles se inserem na disputa entre Pequim e Washington. Neste episódio, os convidados são André Duchiade, repórter da editoria Mundo, e Lucas Leite, professor de Relações Internacionais na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/14/202329 minutes, 52 seconds
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A operação para retirar os garimpeiros das terras Yanomami e os próximos desafios na região

Em meio à operação para retirar os milhares de garimpeiros que trabalham de maneira ilegal na Territória Indígena Yanomami, iniciada na semana passada, as autoridades adotaram uma estratégia para tentar forçar as milhares de pessoas para fora das áreas de proteção, e tentar ao máximo evitar confrontos. Com a fuga dos garimpeiros, equipamentos e veículos de transporte, incluindo helicópteros, estão sendo destruídos pelos agentes federais, como do Ibama. Mas a operação também tem seus riscos. Há o temor de que alguns garimpeiros sigam para outras áreas de proteção, ou que entrem em contato com povos isolados, algo que, segundo especialistas, pode fazer com que esses indígenas sejam expostos a doenças para as quais não têm imunidade. Relatos também apontam que grupos estão seguindo para outras áreas onde há extração de minério, e onde há um histórico de violência localizada. O Ao Ponto desta segunda-feira aborda a operação para retirar os garimperos das terras Yanomami, e as complexidades enfrentadas pelas autoridades locais e federais. Neste episódio, os convidados são o repórter da sucursal de Brasília Eduardo Gonçalves e a advogada do Instituto Socioambiental Juliana de Paula Batista. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/13/202329 minutes, 33 seconds
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A primeira reunião entre Lula e Biden e a retomada das relações entre os dois países

Nesta sexta-feira, os presidentes Lula e Joe Biden, dos EUA, se encontrarão pela primeira vez desde a posse do líder brasileiro, e terão pela frente uma pauta extensa. A começar pelo compromisso dos dois com a defesa da democracia na região: ambos enfrentaram um forte movimento de questionamento de suas vitórias nas urnas, e viram opositores radicais tentarem uma ruptura violenta da ordem democrática. Nos EUA, a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, e os ataques em Brasília, em janeiro de 2023. Biden foi um dos primeiros líderes internacionais a parabenizar Lula pela eleição, em outubro do ano passado, e prestou solidariedade ao presidente brasileiro após as invasões de bolsonaristas radicais do dia 8 de janeiro. Além de buscar em Lula um aliado na defesa da democracia, Biden também quer usar o encontro desta sexta-feira como um marco para a retomada das relações entre Brasil e EUA, parcialmente congeladas nos últimos dois anos de governo de Jair Bolsonaro. O Ao Ponto desta sexta-feira analisa a possível pauta da reunião, e discute os temas que devem pautar as relações entre dois governos que estão em grande parte alinhados. Neste episódio, a convidada é a repórter Janaina Figueiredo. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/10/202328 minutes, 59 seconds
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A disputa entre o governo Lula e o Banco Central e os possíveis impactos na economia

Nas últimas semanas, o tom das críticas do presidente Lula à atuação do Banco Central, em especial sobre a taxa de juros, ganhou força, e conversas sobre uma eventual mudança na instituição, mesmo embrionárias, começam a ganhar corpo. Na semana passada, a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 13,75%, mesmo patamar desde setembro do ano passado, levou o presidente a afirmar que se tratava de "uma vergonha". O embate também traz algumas críticas ao modelo de autonomia do Banco Central, adotado em fevereiro de 2021, e que garante a permanência do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, até o final de 2024. Indicado por Jair Bolsonaro, ele é apontado como um representante do governo anterior, e que ainda tem laços com antigos ministros e figuras políticas aliadas do ex-presidente. Contudo, analistas veem riscos nesse embate, a começar pelo impacto que as falas de Lula provocam no mercado, que vem elevando as projeções futuras para inflação nos próximos quatro anos de mandato. O cenário poderá levar o Banco Central a manter, mais uma vez, os juros em um patamar elevado, sem perspectiva de corte. Ao mesmo tempo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem tentando apagar os incêndios, e considerou que a ata da reunião do Copom, divulgada na terça-feira, foi um sinal positivo ao novo governo. O Ao Ponto desta quinta-feira explica os motivos por trás do embate entre o Planalto e o Banco Central, e quais são os riscos para a economia e sua recuperação. O convidado do episódio é o colunista do GLOBO Alvaro Gribel. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/9/202325 minutes, 29 seconds
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'Uma crise dentro de uma crise': os impactos humanos dos terremotos na Turquia e na Síria

Desde a madrugada de segunda-feira — noite de domingo no Brasil — milhões de pessoas na Síria e na Turquia estão diante de uma devastação poucas vezes vista na História recente: a região próxima à fronteira entre os dois países foi atingida por mais de 100 terremotos, sendo que dois deles de 7,8 e 7,5 na escala Richter. O número de vítimas não para de aumentar, e a Organização Mundial da Saúde afirma que mais de 20 mil pessoas podem ter morrido. A ajuda internacional começa a chegar, vinda de todos os cantos do mundo, mas a péssima condição de aeroportos e estradas, parcialmente destruídas pelos tremores, atrasa o transporte de equipes de resgate e mantimentos às áreas próximas aos epicentros. As baixas temperaturas na região são um risco não apenas à retirada de sobreviventes dos escombros, mas também àqueles que sobreviveram e agora estão em abrigos improvisados ou ao relento. Vale destacar que os terremotos aconteceram em uma região que já enfrentava sua própria crise humanitária: a Guerra Civil da Síria, iniciada em 2011, ainda não terminou, e cidades como Alepo ainda conviviam com os estragos provocados pelo conflito que deixou cerca de meio milhão de mortos e fez com que mais de cinco milhões de pessoas fugissem para outros países, especialmente a Turquia. O governo de Ancara também tem seus problemas internos: o país está diante de uma inflação fora de controle, perto de 100% ao ano, e em alguns meses o presidente Recep Tayyip Erdogan enfrentará aquela que pode ser a mais difícil eleição desde que chegou ao poder. O Ao Ponto desta quarta-feira fala sobre a devastação na Turquia e na Síria, e sobre os riscos à população de áreas que já enfrentavam graves problemas antes mesmo dos terremotos. Neste episódio, o convidado é Marcello Bonatto, fundador da Re:Coded, uma organização sem fins lucrativos nos EUA com programas no Oriente Médio e Norte da África. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/8/202322 minutes, 33 seconds
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Como Facebook e Instagram permitiram anúncios de teor golpista em suas plataformas

A divulgação de um estudo revelando que a Meta, empresa responsável pelo Facebook e pelo Instagram, permitiu a publicação de 185 anúncios de teor golpistas nas duas plataformas deu início a uma discussão ampla sobre os mecanismos de controle e aprovação desse tipo de publicidade. Afinal, a empresa sabia do conteúdo do que seria publicado, e as postagens passaram por uma análise preliminar que, teoricamente, deveria barrar tais discursos, ainda mais de forma paga. Um ponto importante é a falta de transparência nos processos, incluindo os critérios usados para vetar um anúncio. O mecanismo da autoclassificação, no qual o anunciante declara se o seu conteúdo é sensível, também é visto como falho por especialistas. As empresas de tecnologia, como a Meta, reafirmam seu compromisso com a retirada de conteúdos golpistas, mas não é difícil encontrar esse tipo de publicação — seja paga ou não — nas redes sociais, mesmo depois dos ataques de 8 de janeiro em Brasília. Neste episódio do Ao Ponto, os convidados são o repórter da editoria de Política Marlen Couto, e a professora e pesquisadora da UFRJ Rose Marie Santini, que coordena o NetLab, laboratório da universidade que participou da elaboração do levantamento. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
2/7/202329 minutes, 37 seconds
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'Sportswashing': como alguns países usam o esporte para melhorar suas imagens no mundo

A chegada de Cristiano Ronaldo ao Al Nassr, da Arábia Saudita, pegou o mundo do esporte de surpresa. Não só pelo fato de um dos maiores jogadores do século, que atuou em ligas de primeira linha, como na Espanha e na Inglaterra, escolher atuar em um país sem tanta tradição no esporte, mas também pelas cifras envolvidas na transação: € 200 milhões, ou cerca de R$ 1 bilhão por temporada. Mais do que uma transferência milionária, a ida de Cristiano Ronaldo para a Arábia Saudita é considerada uma forma do reino usar o esporte (e seu imenso poder de investimento) para tentar mudar a imagem que o país tem no exterior. Ao invés de uma nação cuja economia é baseada na indústria petrolífera, o príncipe herdeiro do país, Mohammad bin Salman, quer apresentar uma Arábia Saudita moderna, que investe no esporte e em grandes eventos de entretenimento. Mas organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, afirmam que essa é uma forma de maquiar acusações graves de violações contra a própria população, em uma estratégia conhecida como "sportswashing". O uso do esporte como ferramenta política não é recente: países como Catar, Rússia e China, criticados por questões ligadas à democracia e aos direitos humanos, sediaram Copas do Mundo e Olimpíadas nos últimos anos. No século passado, a Argentina recebeu o Mundial de 1978 em meio à ditadura militar — quatro anos antes, em 1974, um sanguinário Mobuto Sese Seko patrocinou uma das mais famosas lutas de boxe da História, entre Muhammad Ali e George Foreman, no então Zaire (hoje República Democrática do Congo). O Ao Ponto de hoje fala sobre como as nações do Golfo Pérsico vêm intensificando seus investimentos no esporte como uma ferramenta de diversificar seus negócios e, especialmente, de relações públicas. O convidado do episódio é o professor do curso de Relações Internacionais da Unicuritiba Andrew Traumann.
2/6/202329 minutes, 37 seconds
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A crise nas terras Yanomami e as ações contra Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional

Mesmo antes das imagens da grave crise humanitária nas terras indígenas Yanomami ganharem o mundo no mês passado, levando a uma onda de condenações e ações das autoridades, especialistas e organizações que trabalham com os povos originários já alertavam sobre a grave situação. Segundo eles, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro negligenciou o acesso à saúde dos Yanomami nos últimos quatro anos, e abriu caminho para a exploração ilegal de madeira e para o garimpo. Na segunda-feira, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou apurar se o governo Bolsonaro cometeu o crime de genocídio contra as comunidades indígenas, em uma investigação que pode eventualmente atingir outros integrantes da administração anterior, incluindo o ex-presidente. Além dessa investigação interna, há uma série de ações contra Bolsonaro por genocídio e por crime contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI), a primeira delas aberta em 2019. Contudo, o caminho para as acusações é complexo, e um processo do tipo pode levar décadas até um julgamento e um eventual veredito, seja ele qual for. O Ao Ponto desta sexta-feira detalha as acusações feitas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Tribunal de Haia, e como tramitam na Corte processos do tipo. Neste episódio, conversamos com Sylvia Steiner, que foi juíza do TPI entre 2003 e 2012, e com a advogada Eloísa Machado, membro apoiadora da Comissão Arns — que apresentou uma das ações contra Bolsonaro em Haia — e integrante do CADHu (Coletivo de Advogados em Direitos Humanos).
2/3/202326 minutes, 22 seconds
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As vitórias de Lira e Pacheco e as novas relações de forças no Congresso

Na abertura do ano legislativo, duas eleições distintas escolheram os chefes das duas Casas do Congresso. Na Câmara, um resultado já esperado, mas que chamou a atenção pelos números finais: Arthur Lira (PP-AL), atual presidente, teve 464 votos, angariando o apoio de partidos como PT, do presidente Lula, e PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já no Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também buscava a reeleição, era apontado como favorito, mas o avanço do ex-ministro de Bolsonaro Rogério Marinho (PL-RN) levou a uma movimentação de última hora de aliados de Pacheco e de governistas: afinal, o Palácio do Planalto queria a reeleição do senador mineiro, e evitar que um bolsonarista comandasse a Casa. Ao final do dia, Pacheco teve 49 votos, oito a menos do que em 2021, mas que lhe garantiram mais dois anos no cargo — Marinho teve 32 votos. O Ao Ponto desta quinta-feira conta os detalhes das votações, assim como das negociações de última hora, dos acertos para cargos estratégicos, como as comissões, e das estratégias do governo Lula para aprovar pautas importantes, como as da área econômica e medidas contra atos golpistas. Neste episódio, o programa recebe os repórteres Jussara Soares e Gabriel Sabóia, da sucursal do GLOBO de Brasília, e o jornalista Thomas Traumann, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas.
2/2/202333 minutes, 48 seconds
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Como um chefe do tráfico aproveitou uma sequência de falhas para fugir de Bangu 6

A notícia de que três criminosos de alta periculosidade haviam escapado da penitenciária de Bangu 6, no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro, além de causar surpresa a autoridades de segurança do estado, levantou uma série de questões por causa das circunstâncias da fuga: os três pularam dois muros com a ajuda de uma escada feita com lençóis, uma versão mais sofisticada da conhecida "teresa", e contaram com falhas nos sistemas de câmeras e de telefonia da unidade. Havia poucos agentes de segurança no local, e os cachorros de guarda, que deveriam estar soltos, permaneceram dentro dos canis. A conjunção de fatores chamou a atenção das autoridades do sistema prisional do Rio de Janeiro, e uma investigação já está em curso para apurar se houve qualquer tipo de ajuda interna. Ao mesmo tempo, a polícia está à procura dos fugitivos, especialmente de Jean Carlos do Nascimento dos Santos, o Jean do Dezoito, chefe do Morro do Dezoito, na Água Santa, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele cumpria pena de 66 anos de prisão por vários crimes, incluindo a invasão do Fórum de Bangu, em 2013, para libertar dois de seus comparsas. O Ao Ponto desta quarta-feira conta os detalhes da fuga, e como ela se insere em uma recente onda de violência na Zona Oeste da cidade, causada por confrontos entre milicianos e traficantes. A convidada do episódio é a repórter Carolina Heringer, da editoria Rio.
2/1/202325 minutes, 42 seconds
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O novo Congresso e a extensa pauta econômica do governo Lula

Quando o novo Congresso iniciar os trabalhos do ano legislativo na quarta-feira, os parlamentares já terão pela frente uma série de votações de temas de interesse do governo Lula, em especial da pauta econômica, capitaneada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além de medidas provisórias, como a sobre mudanças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o Planalto quer ver os primeiros passos da prometida reforma tributária serem dados, visando uma aprovação já nos próximos meses. Contudo, a tarefa não é das mais simples: Lula ainda não tem maioria para aprovar, por exemplo, uma mudança na Constituição, e precisaria negociar votos com setores que, até pouco tempo, estavam ao lado de Jair Bolsonaro. Há ainda pautas pendentes em outras pastas, como da Justiça, incluindo os planos para endurecer as punições a atos antidemocráticos. No Senado, embora o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seja o favorito à reeleição, houve uma intensificação dos trabalhos nos bastidores para evitar uma potencialmente danosa ao Planalto vitória de Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e apoiado por aliados do ex-presidente. Para explicar os bastidores das pautas econômicas do governo, no momento em que um novo Congresso toma posse, o Ao Ponto desta terça-feira recebe o repórter Manoel Ventura, da sucursal d'O GLOBO em Brasília.
1/31/202324 minutes, 27 seconds
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O ChatGPT e o debate sobre os avanços no campo da inteligência artificial

Nos últimos meses, uma nova plataforma vem atraindo atenções e bilhões de dólares em investimentos no setor de tecnologia: o ChatGPT, uma ferramenta que além de conversar com o usuário, consegue gerar conteúdo escrito — de textos simples a poemas — inédito, usando como base informações disponíveis na internet. A ideia é considerada revolucionária, e já movimentou empresas de tecnologia, que anunciaram investimentos na plataforma e ações para criar concorrentes. Contudo, alguns dilemas começaram a surgir: professores temem que alunos comecem a usar o ChatGPT para fraudar provas e trabalhos, e algumas cidades, como Nova York, baniram a plataforma do sistema público de ensino. Por outro lado, especialistas analisam como ela poderia servir de apoio ao corpo docente, aumentando a capacidade de produção. Empresas de comunicação também analisam como ela poderia ser aplicada em redações, embora suas limitações não signifiquem um risco aos empregos de profissionais que trabalham com texto. O debate sobre o ChatGPT se insere em uma discussão mais ampla e antiga, sobre os avanços da inteligência artificial (IA). Mesmo sem você saber, muitas de suas atividades cotidianas, como a sugestão de um filme em um serviço de streaming ou um alerta de movimentações suspeitas em sua conta de banco, já contam com a IA. Ao mesmo tempo, ela também serve para setores políticos aumentarem a eficácia de ações de desinformação através dos deepfakes. O Ao Ponto começa a última semana de janeiro discutindo como a inteligência artificial pode impactar nossas vidas, e até que ponto devemos nos preocupar com alguns de seus usos. O convidado do episódio é Diogo Cortiz, professor da PUC-SP, especialista no tema.
1/30/202329 minutes, 53 seconds
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O que está (e o que não está) na pauta de julgamentos do STF no primeiro semestre de 2023

Menos de um mês depois do ataque de bolsonaristas radicais contra as sedes dos Poderes em Brasília, na semana que vem começarão os trabalhos de 2023 no Legislativo e no Judiciário. E enquanto Senado e Câmara escolhem suas lideranças, no Supremo Tribunal Federal a hora será de abrir a pauta de votações, que promete ser intensa no primeiro semestre. Questões tributárias, como sobre o índice de correção do FGTS, econômicas, como sobre o monopólio dos Correios sobre o serviço postal, e mesmo criminais, como sobre a possibilidade de decretação de interceptação telefônica por um juiz sem provocação das partes, já têm datas marcadas para irem a plenário. Contudo, questões mais sensíveis, como a descriminalização do aborto e o marco temporal das terras indígenas, não estão listadas, no que pode ser uma estratégia da ministra Rosa Weber, presidente da Corte, para evitar atritos em um momento de tensões políticas elevadas em Brasília. Neste episódio do Ao Ponto, vamos analisar as pautas previstas e as não previstas para o Supremo, além da posição do ministro Alexandre de Moraes, hoje um protagonista da Corte por seu papel na investigação dos atos golpistas e de ações contra o sistema eleitoral. A convidada desta sexta-feira é a repórter Mariana Muniz, da sucursal do GLOBO em Brasília.
1/27/202329 minutes, 34 seconds
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A acusação de agressão sexual contra Daniel Alves e os rumos do caso na Espanha

Uma denúncia de agressão sexual contra o jogador Daniel Alves provocou abalos no mundo do futebol. O atleta, um dos mais conhecidos e vitoriosos do planeta, foi acusado de ter agredido e estuprado uma mulher dentro do banheiro de uma boate em Barcelona, na Espanha. O suposto crime aconteceu no final de dezembro, e se tornou público dias depois: Daniel, que mora no México, foi preso ao chegar à Espanha, e agora aguarda o andamento do processo. Contra o atleta pesam o contundente depoimento da suposta vítima, as evidências colhidas pela polícia, incluindo amostras de DNA, e os relatos de testemunhas. As muitas inconsistências no depoimento de Daniel Alves, que mudou sua versão mais de uma vez, também complicam a sua defesa, que agora tem como principal objetivo garantir sua saída do presídio em Barcelona. Apesar de algumas reações iniciais, como o rompimento do contrato que ele tinha com o Pumas, do México, onde jogava desde o ano passado, as declarações de condenação vindas de pessoas ligadas ao futebol foram raras. Um levantamento feito pelo GLOBO revelou que o caso produziu bem menos reações indignadas nas redes do que a convocação de Daniel Alves para a Copa do Mundo do Catar. No Ao Ponto desta quinta-feira, o repórter da editoria de Esportes Vitor Seta explica os detalhes do processo, que deve começar a andar nos próximos dias, e discute se o caso poderá ter efeitos futuros sobre o comportamento de atletas, treinadores e demais profissionais do meio.
1/26/202323 minutes, 41 seconds
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A viagem de Lula à Argentina e a retomada dos laços com a América Latina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez esta semana a primeira viagem ao exterior em seu terceiro mandato, para a Argentina, onde se reuniu com o presidente Alberto Fernández, um aliado próximo, e sacramentou o retorno do Brasil à Celac, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, da qual o país havia saído em 2021, no governo de Jair Bolsonaro (PL). Lula vem reiterando desde sua eleição que deseja ver o Brasil em um papel de protagonismo, e a América Latina é uma prioridade. Contudo, a região enfrenta novos e profundos desafios, como as turbulências políticas no Peru e Bolívia, a pressão sobre outras lideranças de centro-esquerda, como no Chile, além do crescimento da extrema direita. As crises em Cuba, Nicarágua e Venezuela, embora não tenham mais o mesmo apelo em Washington, ainda são temas complexos, nos quais o Brasil pode ser chamado a agir. A visita ainda tem um aspecto direto em relação à Argentina: Lula e Fernández destacaram a importância de incrementar as relações econômicas, e já ventilam a possibilidade de uma moeda comum que seria utilizada nas transações, tema que provoca polêmica já em seu estágio embrionário. No Ao Ponto desta quarta-feira, o professor de Política Internacional da Universidade Federal de Minas Gerais, Dawisson Belém Lopes, comenta as declarações de Lula na Argentina, e explica quais serão os principais desafios nesse "retorno" do Brasil ao multilateralismo na América Latina.
1/25/202328 minutes, 45 seconds
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Como o território ianomâmi se tornou cenário de uma grave crise humanitária

O anúncio do decreto de emergência de saúde pública no território ianomâmi por parte do Ministério da Saúde jogou, mais uma vez, luz sobre uma crise humanitária que não é exatamente nova, mas que se agravou após anos de descaso por parte das autoridades em vários níveis de governo. Números revelados nas últimas semanas apontam para um aumento exponencial de casos de malária e outras doenças, além de um número sem precedentes de pessoas desnutridas: segundo o Ministério da Saúde, 570 crianças ianomâmi morreram de desnutrição entre 2019 e 2022. As causas são conhecidas e enumeradas pelos especialistas: a redução da oferta de serviços médicos às comunidades ianomâmi, o corte de verbas destinadas a ações de assistência e uma aparente leniência com o garimpo ilegal, intimamente relacionado ao aumento de doenças, ao crescente uso de drogas e álcool, e a episódios frequentes de violência. O governo de Jair Bolsonaro é constantemente acusado de ser responsável pelo agravamento da situação, mas o ex-presidente rebate, afirmando ter realizado ações amplas, e diz que as críticas são uma "farsa da esquerda". Já o presidente Lula, que esteve em Roraima no fim de semana, prometeu intensificar o apoio ao povo ianomâmi, e disse que quer acabar com o garimpo ilegal em áreas indígenas. O Ao Ponto de terça-feira discute a crise humanitária na terra ianomâmi, e esclarece quais podem ser os caminhos para se mudar o quadro. O convidado do episódio é o pesquisador do Instituto Socioambiental Estêvão Benfica Senra.
1/24/202326 minutes, 56 seconds
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Os esforços para ampliar o acesso a uma terapia individualizada para o câncer no Brasil

Hoje restrito a um número muito pequeno de pessoas, a terapia conhecida como CAR-T é considerada um dos mais revolucionários para pacientes com leucemia e linfoma não-Hodgkins. As taxas de recuperação, ao menos de acordo com os resultados obtidos até hoje, são animadoras, especialmente se comparadas com outras terapias disponíveis. Contudo, o custo do tratamento pode superar os R$ 2,5 milhões, virtualmente inacessível à ampla maioria da população mundial. Contudo, um projeto liderado pelo Hemocentro de Ribeirão Preto (SP), quer ampliar o acesso à terapia no Brasil, e passar a incluí-la no SUS. O ponto central é permitir que todo o processo seja realizado no país, reduzindo o custo drasticamente e permitindo que mais pessoas possam se beneficiar: até 2025, a expectativa é de que 300 pacientes recebam o tratamento, contra apenas 10 hoje em dia no país. No Ao Ponto desta segunda-feira, vamos explicar o que é a terapia CAR-T, as razões pelas quais ela está sendo considerada revolucionária pelos médicos, e se ela poderá, no futuro, ser aplicada em outros tipos de câncer. Neste episódio, o convidado é o repórter da editoria de Saúde, Rafael Garcia. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e também na Globoplay.
1/23/202321 minutes, 19 seconds
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A nova alta do desmatamento da Amazônia em 2022 e os desafios na área ambiental

A divulgação, na quarta-feira, de que o desmatamento na Amazônia em 2022 foi o maior em 15 anos acendeu sinais de alerta entre ambientalistas e autoridades do governo Lula. Afinal, como apontaram os números do Imazon, uma área equivalente a 3 mil campos de futebol foi devastada por dia no ano passado, e os impactos das mudanças nas políticas ambientais ainda devem levar algum tempo para serem sentidas. Mesmo assim, a impressão geral é de que o país deve retomar medidas abandonadas nos últimos anos, como uma fiscalização mais dura e uma cobrança de fato de multas ambientais — estimativas mostram que apenas uma pequena parte das multas foi de fato paga. A reversão de decretos assinados nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro, incluindo os que flexibilizaram a exploração de madeira em reservas indígenas, foi encarada como um sinal desse novo rumo. Em Davos, na Suíça, a ministra Marina Silva afirmou que, a partir de agora, o Brasil vai "liderar pelo exemplo". No Ao Ponto desta sexta-feira, Paulo Barreto, co-fundador e pesquisador sênior do instituto Imazon, explica os recentes números do desmatamento, aponta desafios para o novo governo e destaca algumas ações que vê como urgentes. O episódio integra o projeto Um Só Planeta.
1/20/202329 minutes, 5 seconds
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Os protestos no Peru e a crise política sem fim no país

Desde a tentativa frustrada do agora ex-presidente peruano Pedro Castillo de fechar o Congresso, em dezembro do ano passado, o Peru se viu diante de uma violenta onda de protestos que deixaram quase 50 mortos, e que deixaram evidente a gravidade da crise política no país. Desde o fim do mandato de Ollanta Humala, último presidente eleito a completar o mandato, em 2016, seis chefes de Estado se sucederam à frente do Executivo, e a atual ocupante do cargo, Dina Boluarte, também está sob pressão. Como um elemento adicional de pressão, milhares de partidários de Castillo, especialmente do Sul peruano, seguiram rumo a Lima para uma grande manifestação nesta quinta-feira, que tem como pautas principais a saída de Boluarte, o fechamento do Congresso e a realização imediata de eleições. A presidente defende uma nova votação, mas apenas em 2024, e os parlamentares ainda não deram sinal verde para a proposta — originalmente, a eleição presidencial deveria acontecer apenas em 2026. No Ao Ponto desta quinta-feira, o Ao Ponto discute a crise sem fim no Peru, e algumas das razões que tornaram o país virtualmente ingovernável. Para isso, o episódio tem como convidada a repórter Thayz Guimarães, da editoria Mundo.
1/19/202329 minutes, 26 seconds
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As disputas entre Americanas e credores e os próximos passos na crise na empresa

Desde a semana passada, quando a Americanas fez o anúncio bombástico de que havia encontrado uma "inconsistência contábil" de R$ 20 bilhões, de acordo com uma análise inicial, grandes credores, como bancos, vêm discutindo formas de garantir o pagamento das dívidas, inclusive através de ações na Justiça. Contudo, decisões favoráveis à gigante varejista permitiram que esse pagamento fosse adiado por pelo menos trinta dias, apesar da pressão do setor financeiro. Enquanto isso, os reais impactos da revelação, que foi seguida pela saída do CEO Sérgio Rial depois de apenas nove dias no cargo, ainda não estão claros. O valor total da dívida da Americanas pode chegar a R$ 40 bilhões, uma vez que a empresa já tinha um endividamento prévio também de R$ 20 bilhões. Pequenos investidores, muitos deles afetados pelo esfarelamento das ações na bolsa, também aguardam respostas, assim como os fornecedores e os cerca de 100 mil funcionários, que não escondem o medo de um corte nas operações e eventuais demissões. No Ao Ponto desta quarta-feira, os repórteres da editoria de Economia Glauce Cavalcanti e Bruno Rosa contam alguns dos detalhes de uma crise que envolve uma parte importante da economia brasileira, incluindo bancos públicos, e alertam que os problemas não devem ser resolvidos rapidamente.
1/18/202328 minutes, 46 seconds
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As chances de Bolsonaro se tornar inelegível e as próximas mudanças no TSE

Alvo de uma série de processos na Justiça Eleitoral, e também incluído pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre os ataques em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terá muito com o que se preocupar quando retornar de Orlando, nos EUA, onde está desde o fim do ano passado. Em Brasília, muitos já dão como certa uma decisão sobre sua inelegibilidade, mesmo entre seus aliados. Se a situação já era complicada para o ex-presidente, as invasões lideradas por bolsonaristas radicais podem dar novos elementos para uma condenação, e os autores de denúncias contra Bolsonaro, como o PT, acreditam que possam até acelerar uma decisão por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mudanças previstas para a Corte até o final do ano, como a troca do corregedor-geral Benedito Gonçalves, aliado de Alexandre de Moraes, por Raul Araújo, considerado mais “palatável” pelos bolsonaristas, também fazem com que os petistas cobrem mais pressa nos processos. O episódio desta terça-feira do Ao Ponto discute os muitos problemas de Jair Bolsonaro com a Justiça Eleitoral, e até que ponto os ataques em Brasília podem prejudicá-lo nos tribunais. Para tal, o programa recebe o repórter Rafael Moraes Moura, da coluna da Malu Gaspar, que traz os bastidores diretamente de Brasília.
1/17/202327 minutes, 32 seconds
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Os rumos da guerra na Ucrânia, quase um ano depois do início da invasão russa

Perto de completar um ano, a guerra na Ucrânia parece cada vez mais distante de um desfecho. As ofensivas e bombardeios se mantiveram ao longo do inverno, e os avanços são cada vez mais difíceis e têm um custo humano cada vez maior. No momento, há combates intensos no Sul e Leste do país, deixando cidades inteiras inabitáveis. No campo político, contudo, há diferenças a pontuar. Do lado russo, a troca do comando da guerra, agora a cargo do chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, leal a Vladimir Putin, pode sinalizar que o Kremlin perdeu a confiança em seus comandantes militares, e quer trazer para dentro de suas muralhas as decisões do front. Do lado ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky conseguiu manter e intensificar o apoio do Ocidente, no momento em que seu país enfrenta problemas com fornecimento de água, luz e aquecimento. Nem mesmo o aperto energético, provocado pelas reduções no fornecimento de gás russo, causou abalos sensíveis na Europa, que vem aumentando o fornecimento de dinheiro e armas, ao lado dos EUA e seus pacotes bilionários de ajuda. Quais são os rumos da guerra na Ucrânia, que está entrando em seu segundo ano, e o que pode nortear as decisões em Kiev, Moscou e capitais como Washington e Pequim? Para ajudar a entender essas questões, o Ao Ponto desta segunda-feira conversa com Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, coronel da reserva do Exército e mestre em Ciências Militares.
1/16/202326 minutes
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A 'inconsistência' contábil de R$ 20 bilhões da Americanas e o impacto no setor varejista

O anúncio de uma "inconsistência" contábil de R$ 20 bilhões na Americanas, uma das gigantes do setor varejista do Brasil, caiu como uma bomba entre investidores, acionistas, colaboradores e fornecedores da empresa. O CEO, Sérgio Rial, no posto desde o dia 2, foi o responsável por transmitir a notícia, e revelou se ver diante de uma "escolha de Sofia" ao ser informado sobre o rombo: afinal, ele poderia esperar os resultados finais da auditoria para fazer o anúncio, mas preferiu se adiantar. Rial também confirmou que deixou o cargo. A revelação foi seguida por uma série de dúvidas: como um rombo dessa magnitude, em uma empresa do porte da Americanas, passou sem ser percebida por tanto tempo? Haverá consequências de curto, médio ou longo prazo às operações? Rial disse que a Americanas não tem problemas de caixa, mas que provavelmente precisará de capital externo — de onde virá o dinheiro não foi especificado, tampouco se os bilionários da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que controlaram o negócio por quatro décadas, terão parte na operação. No mercado, a reação foi a esperada: os papéis da Americanas tiveram forte perda, arrastando as ações de outras empresas do setor varejista e bancário. Alguns investidores cogitam ações legais para responsabilizar a empresa pelas perdas, que ainda não foram quantificadas. O Ao Ponto desta sexta-feira vai contar o que pode estar por trás do rombo bilionário na Americanas, e se a empresa e seus dirigentes poderão sofrer consequências no campo dos negócios e enfrentar problemas com as autoridade. Na conversa estarão os repórteres da editoria de Economia Rennan Setti e Ivan Martínez-Vargas.
1/13/202327 minutes, 24 seconds